O ESPÍRITO DO NATAL!


Quando se aproxima o fim do ano e as luzes começam a ser instaladas, as noites se prolongam e o frio vai chegando, pensamos em noites junto à lareira (ou aquecedor), reuniões familiares, ceias especiais. O Espírito do Natal está no ar. Mesmo quem não é religioso e não liga ao Natal como celebração cristã, não consegue deixar de evitar essa sensação quase palpável de que esta é uma quadra diferente. Há um clima especial no ar. Mas qual é o verdadeiro espírito de natal?

Há muitas respostas para essa questão. O conto mais tradicional de Natal é exactamente “Um Conto de Natal” de Charles Dickens, mas nele o espírito de Natal é um fantasma pelo que será melhor descartá-lo. Para alguns o espírito de natal é sobretudo um espírito de festa que lembra comida, bebida, sabores especiais, chocolate, bacalhau… mas será esse o espírito certo?

Para outros o espírito de Natal será um de consumismo. As pessoas são literalmente atacadas com propagandas e descontos. As lojas trabalham em frenesim e o subsídio de natal (quando existe) alimenta essa noção: compre, gaste, aproveite os descontos, é natal. E Natal passou a ser conotado com comércio. Basta lembrar que hoje parece assente que o vermelho é cor natalina. Mas essa noção é recente, tem poucas décadas. Foi produto de uma campanha da Coca Cola que vestiu o Pai Natal de vermelho (anteriormente vestia-se de castanho) e com isso deu uma nova cor ao Natal. Mas será esse o espírito certo?

Para alguns, natal é um tempo triste de recordar os que se foram. A lembrança de natais mais cheios e abundantes ou com mais família pode trazer tristeza. A recordação de um filho que não pode presentear pode levar a melancolia. A falta de recursos para dar a um filho uma prenda desejada pode trazer angustia. Mas será esse o espírito de natal?

Provavelmente a maioria prefere entender que Natal é um tempo alegre e caracterizado por prendas e defenderia que o espírito de Natal é de altruísmo, de dádiva. E estarão certos em muitos sentidos. O que marca o Natal afinal de contas, são as prendas que damos aos nossos amados. O tempo que gastamos a pensar no que vamos dar, o cuidado em esconder o que vamos dar, o secretismo, o esforço para um, a prenda de maior valor… tudo indica uma dedicação ao outro que dá ao natal um clima especial. Dar faz bem a alma, alegra o coração, estreita ligações, fortalece amizades e proporciona momentos de intensa satisfação. Seria este o espírito de natal?

O que aconteceu no 1º natal? O que caracterizou o 1º natal e fez dele algo especial? O que podemos dizer biblicamente que é sua marca, seu espírito?

“Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens. E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam” Lucas 2:8-18

O Espírito de natal, segundo as escrituras, é um espírito de adoração, de louvor. Note bem que os céus descem a terra em adoração. Os anjos vêm para louvar, para cantar, para adorar. Eles louvam a Deus com alegria e magnificência e no fim do texto os pastores também irão fazê-lo. Mas todo o natal será marcado por isso. Quando Isabel recebe a visita de sua prima Maria grávida ela louva a Deus. Quando Maria percebe o louvor de Isabel ela irrompe num salmo de adoração conhecido como o Magnificat que adora a Deus de modo maravilhoso. Quando o menino é levado ao templo os idosos Ana e Simeão louvam com alegria enorme. Quando os magos chegam do oriente eles se prostram diante do menino e o adoram. Louvor e Louvor é o que acontece centro – o espírito do natal. E Porque se louva no natal:

Louvor pela Presença de Deus
No Natal Deus está presente. Emanuel – Deus connosco. O Senhor Criador não ficou de longe indiferente a nossa dificuldade no mundo. Ele veio para estar entre nós, viver nossa vida, passar por nossa dor. Natal é a admissão extraordinária que o Deus Criador entrou em nossa realidade espaço temporal para habitar com a humanidade.

Louvor pela Salvação de Deus
E Deus veio para nos Salvar. Ele sabia que o homem não tinha como resolver seu maior problema – a separação do Senhor. Longe de Deus por conta de nosso pecado, não tínhamos como encontrar sentido na vida, razão de ser e propósito de viver. Só com Deus podemos redescobrir nossa vida em sentido real e caminhar para um futuro melhor. Só Deus poderia resolver esse dilema vindo para nos salvar e o fez em Jesus. Ele nasceu para morrer na cruz levando nossa culpa, nossa vergonha, nosso pecado e nos devolvendo a possibilidade de andar com Deus.

Louvor pela Graça de Deus

E Natal é Graça – Dádiva imerecida. O Senhor veio habitar entre nós (algo que certamente não merecíamos) para morrer por nós e assim nos dar a salvação (graça pura). Natal é presente de Deus, a salvação de graça; não porque não teve custo, porque o seu custo foi o maior possível, mas porque Deus a oferece a quem nunca poderia obtê-la. E este é o Espírito do Natal. Adoração pela prenda maior de Deus para cada homem e mulher do mundo. Já recebeu? Já recebeu a prenda de Deus? Não passe mais um Natal sem ela.

Família Segundo o Coração de Deus


 
 
A família está em crise! Frase batida, desagastada e que já nos cansa ouvir. Sabemos que a crise está aí. Os divórcios são muitos, os filhos não se dão com os pais (choque de gerações?), os idosos morrem sozinhos em casa ou ficam abandonados em lares, as crianças não obedecem ninguém… a crise está patente, mas não começou agora. Provavelmente o primeiro que disse isso (a família está em crise) foi Adão, no dia em que Caim matou Abel. A crise não é nova e a razão dela é a mais antiga possível – o pecado.

A primeira crise conjugal aconteceu assim que o pecado entrou no mundo. Adão culpou Eva (desporto favorito dos homens desde então) e Eva culpou a serpente. E continuamos a culpar os outros. É o governo que não melhora as leis e aumenta os impostos, o patrão que paga mal e fora de horas, os professores que não educam os filhos, a mídia que polui as mentes de nossos jovens e crianças, a falta de segurança nas ruas que nos fecha em casa, a igreja que não converte nossos queridos… há sempre alguém culpado, que não nós. E a cultura moderna nos diz que essa é a solução. Culpe alguém, arranje um bode expiatório e vai se sentir melhor. Mas culpamos toda a gente e a crise continua e nosso coração não tem paz porque o problema maior não está lá fora, está em nossos corações.
A solução não está num bode, mas no cordeiro. Não vamos achar paz culpando outros mas reconhecendo nosso mal, nos arrependendo de nosso pecado, pedindo perdão a Deus e aceitando sua oferta de salvação pelo sangue do Cordeiro que levou a nossa culpa. Só assim voltamos a paz com Deus. Só assim teremos famílias segundo o plano original e sairemos da crise. E como serão essas famílias? Como é uma família segundo o coração de Deus?
Efésios 5: 22 a 6:4

Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja,

sendo ele próprio o salvador do corpo.
De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo,

 assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.

 Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja,

e a si mesmo se entregou por ela,
Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,
Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,

 nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
 Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos.

Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.

 Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta,

como também o Senhor à igreja;
Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos.
Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher;

 e serão dois numa carne.
Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.
Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo,

e a mulher reverencie o marido.
Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.
Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa;
Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.
E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos,
mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.
Eis um quadro digno de ser pintado. Eis uma família equilibrada no amor de Deus e em paz consigo mesma. Eis um testemunho do que o Senhor queria. A família segundo o coração de Deus é aquela onde cada elemento sabe seu lugar e cumpre sua função e o texto nos auxilia nisso:
Marido
O homem foi criado por Deus para liderar, ele foi feito para ser o cabeça da família, o sacerdote do lar. Mas, biblicamente, isso não significa mandão, autoritário ou despótico. Quando falamos da liderança masculina logo há quem nos chame de chauvinistas e machões, mas não é isso que lemos no texto. Liderança na Bíblia equivale a serviço, serviço sacrificial e responsabilidade. Longe de ser um senhor feudal que é servido no lar o que vemos é que marido deve amar como Cristo amou, sacrificialmente, em serviço, em dedicação, em plenitude.
Vivemos um tempo em que os homens fogem de suas responsabilidades, abandonam as esposas ao lar e a criação dos filhos e buscam seu próprio prazer em 1º lugar. São homens inconstantes, inseguros e cobardes. Que vivem para o trabalho e alguma possível conquista extra conjugal, que se animam com pouco mais que o futebol, que vem o lar como local de seu conforto e os membros da família como seus servidores. Não admira que não consigam manter os casamentos e os filhos não os respeitem.
O marido segundo o coração de Deus ama sua esposa com dedicação e fidelidade. Preserva suas forças para sua esposa e amada. Supre a casa e a sustenta. Protege e lidera com carinho e firmeza. Assume as responsabilidades e as decisões, não sem consultar ou ouvir, mas entendendo sua função e assumindo seus riscos. É um homem que dedica seu tempo a casa, a esposa e aos filhos. Que ajuda em casa e na criação dos herdeiros. Que ocupa a posição de sacerdote do lar em oração e ensino da palavra. Que leva sua família a devoção e a igreja. Que entende que em seu amor a família florescerá e terá vida. A esposa sentirá seu amor e os filhos receberão direção. Será Homem com H grande e ninguém em casa terá dificuldade em aceitar sua liderança.
Esposa
A mulher foi criada como companheira, complemento e ajuda ao homem. Feita em igualdade com ele no que toca a dignidade, valor, importância e qualidade. Mas feita para funções diferentes. Ela foi criada para a maternidade, com uma suavidade diferente, uma capacidade de sacrifício própria, uma sensibilidade especial.
Em nossa sociedade porém, a mulher resolveu reivindicar uma igualdade que a empobrece. Basta olharmos e fica evidente que há diferenças. A igualdade que faz da mulher um homem de saias é contrária a natureza. A mulher que quer ser moderna, mas que vê nisso uma liberdade para a promiscuidade sem compromisso, uma maternidade sem sacrifício, relacionamentos sem responsabilidade e dedicação à carreira como alvo maior está longe do que Deus preparou, não traz a satisfação prometida e nos lega uma realidade triste de abortos sem sentido, casamentos sem amor, filhos sem educação ou amor.
A mulher segundo o coração de Deus entende sua função de ajudadora. Isso não a relega a segundo plano mas a ajuda a perceber suas características. Ela é a mulher virtuosa que ajuda o marido, enriquece a casa, se satisfaz profissionalmente mas se mantém mãe presente e educadora, dona de casa cuidadosa que cria a atmosfera de segurança e carinho, a amante que completa seu marido em cada aspecto da vida, a companheira e amiga com quem ele partilha cada passo e cada curva da estrada. Mulher assim encontra a satisfação de ser o que Deus idealizou para ela e de ser amada e apreciada por cada um em casa.
Filhos
Os filhos são bênção de Deus, a certeza da continuidade, o milagre da vida, a possibilidade de melhoria em cada geração. Foram feitos para o ambiente do lar, com pai e mãe, com segurança, amor, carinho mas também firmeza e direção. Foram feitos para enriquecer a família e dar seguimento a linhagem de Deus de modo a preservar em cada geração o testemunho do Senhor.
Infelizmente, em nosso contexto atual, os filhos se tornaram os senhores do lar. Por falta de tempo para dedicar a eles, os pais os entregam a terceiros para sua criação e com a consciência culpada de não lhes dar a educação que deviam, os pais erram segunda vez deixando as crianças ocuparem uma posição para a qual não foram criadas. Cada vez mais temos lares em que os filhos mandam e decidem. Fazem chantagem com os pais desde cedo. Manipulam os sentimentos, expressam seus medos e ansiedades da pior maneira possível e subjugam os elementos da família a seus caprichos e os pais assim permitem para não os “traumatizar” para não os “castrar”. A consequência é uma geração mimada, sem responsabilidade, que acha que o mundo lhes deve alguma coisa, prontos para embirrar ao primeiro sinal de problema e a tomar anti depressivos na adolescência.
Filhos segundo o coração de Deus entendem que são filhos e não senhores. Aprendem que os pais são dignos de respeito e gratidão. São filhos que obedecem por entender que isso é o melhor e o que agrada a Deus. Filhos que ocupam seu lugar na hierarquia do lar, que honram os pais na presença e na ausência, que devolvem o amor recebido com gratidão sincera e honesta, que recebem a bênção dos pais e florescem no mundo aproveitando toda a direção daqueles que o Senhor colocou para os guiar na vida.
Pais
O lar foi feito para abençoar. Quando Deus chamou Abraão ele prometeu uma família e que em Abraão todas as famílias da terra seriam abençoadas. Pais foram feitos para liderar esse lar, essa família, para dar sustento físico, emocional e espiritual, para levar seus filhos a um patamar superior ao seu próprio.
No entanto, os pais modernos têm mostrado profunda ambiguidade em seu comportamento. Por um lado parece que querem ainda viver como se fossem solteiros. Não querem abrir mão de nenhum programa, nenhuma atividade social, nenhum investimento seu. Parece que os filhos são apenas um embaraço para satisfazer os avós ou garantir continuidade. Por outro lado, no assumir da paternidade, vemos os pais modernos a dar aos filhos as rédeas da casa. Abrem mão da sua responsabilidade de comandar e deixam as crianças dirigir o lar como se tivessem capacidade para isso.
Pais segundo o coração de Deus assumem sua responsabilidade de ensinar e dirigir. Amam incondicionalmente e sacrificialmente mas corrigem com carinho e firmeza. Sabem que filhos precisam de liderança clara e providenciam a mesma com base na Palavra de Deus e com a oração como alicerce sabendo que sem Deus não temos a capacidade necessária para liderar com a sabedoria precisa.
O casamento e a família segundo o coração de Deus não são utopia para discurso de domingo de manhã. Tampouco são uma família perfeita no sentido de sem faltas. Nesta vida lutamos com o pecado sempre, mas temos vitória em Cristo. Amor incondicional implica também em pedido de perdão e em perdão, em paciência e tolerância, compreensão e apoio. Tudo isso faz parte do que o ES produz em nós.

Cristãos com a vida centrada em Deus podem criar famílias centradas em Deus para bênção de seus elementos e para bênção da igreja e da comunidade. Podemos ser famílias assim. Sejamos famílias assim.

 

Missões, profissão e Oportunidade


O dia amanheceu frio e chuvoso. No caminho do trabalho faço a oração habitual para que o Senhor me auxilie a dar bom testemunho, a ser um bom profissional e dar louvor ao seu nome revelar sua Glória e que Ele me dê boas oportunidades para mostrar e falar de sua Graça.

Antes de iniciar as consultas uma profissional de informação médica pede uma palavrinha. Repara na pulseira que uso dos 4 pontos (método evangelístico com um pulseira com os símbolos de coração, X de erro, Cruz de Cristo e ? para decisão) e me pergunta o que é. Serão 15 minutos de oportunidade para falar de Jesus. Ela está em meio a um problema conjugal e familiar e o testemunho a comove. O dia começou bem.
Começo as consultas. Os problemas vão se alternando entre gripes próprias do outono europeu, crises de Hipertensão, controle de diabetes, os tradicionais exames de rotina e uma eventual patologia nova. A 3ª paciente está em depressão profunda. Precisa muito mais de ouvir da esperança em Jesus que de anti depressivos ou ansiolíticos. Aproveito para lhe falar da esperança que há em nós. O 7º paciente viu sua empresa falir e está com a tensão descontrolada e nos nervos muito alterados. Necessita de uma palavra de ânimo e de uma vida nova que só Cristo pode dar. Uma colega de trabalho pede apoio numa situação difícil que esta a viver em casa. Paro para orar com ela e lhe falar da paz que encontramos ao depositar nossos fardos nas mãos de Deus. A 12ª utente descobre que tem uma doença cancerosa que lhe traz uma nova luta pela vida. Sua esperança precisa ser renovada para a luta e para a eternidade e isso só no evangelho. Os doentes finais são um casal de idosos que precisam de uma consulta calma e de quem os ouça. Agradecem minha atenção e aproveito para explicar que sou um servo de Jesus e por isso os atendo desse modo.
Meu horário acaba mas surge uma doente que já é na verdade uma amiga. Uma fibromialgia com crises dolorosas terríveis que venho acompanhando há 3 anos. Atendo fora de horas e fico 40 minutos além do meu serviço para a ouvir e apoiar. No fim as lágrimas em seus olhos me garantem que o testemunho vai penetrando em seu coração. Ela me garante que vai assistir um culto em nossa igreja.
Saio atrasado para um almoço tardio. Há ainda tanto que fazer. Há trabalho missionário de apoio aos colegas no leste europeu. Cartas para ler, relatórios para acompanhar, orientações a passar, agendas a controlar. Há trabalho pastoral a fazer. Mensagens e estudos bíblicos a preparar, agenda da sessão a elaborar, visitas a doentes a fazer. O dia promete. E a pergunta vem: O que você é? Médico, Missionário, ou Pastor.
Minha resposta é simples: Sou discípulo de Jesus. Procuro no meu cotidiano mostrar os princípios e conceitos coerentes com minha fé: valorização do trabalho, honestidade e profissionalismo na profissão, respeito pelos colegas e clientes, amor ao próximo revelado em serviço alegre, testemunho oportuno da verdade de Jesus para mim, uma busca constante de revelar a Glória de Deus em meu viver, pela sua Graça. Estes são os valores de um seguidor de Jesus em qualquer lugar ou posição. O Senhor precisa de pedreiros, pintores, domésticas, cozinheiras, professoras, médicos, advogados, executivos, engenheiros, estudantes e tantos outros a viverem assim. Mostrando na vida e nas palavras o amor de Deus e a graça de Jesus.
É claro que o Senhor vai chamar alguns para um trabalho específico em missões fora de sua terra com um perfil transcultural e a necessidade de adaptação a outras línguas e gentes. Mas isso não significa que a missão de Deus se cumpra só com esses. O Senhor escolheu todo um povo, uma nação santa, um sacerdócio real, que somos nós a igreja de Jesus. É preciso fé em Cristo e novo nascimento, consciência da missão de Deus em nossas vidas e abertura para as oportunidades que ELE certamente vai providenciar. Missão, profissão e oportunidade. E brilhamos como luz e salgamos como bom sal e cumprimos o desejo do Senhor – alcançar os povos até os confins da terra.

Dia da Bíblia - Regra de Fé e Prática



Todo nós precisamos de alguma orientação na vida em relação as questões básicas sobre: o que crer e o que fazer. O que cremos define o conjunto de verdades que aceitamos como nosso guia para a vida, o conjunto de conceitos, princípios e valores que nos servem de orientação. Esse conjunto forma uma maneira de pensar e estabelece um padrão para nossas decisões e acções. O que fazer em cada momento da vida vai depender em boa parte do que cremos mas faz parte também do nosso padrão mental.

Vivemos uma batalha por nossas mentes, pelo que cremos e fazemos. A TV, a rádio, os jornais e revistas, a media em geral, a internet, todos se juntam para nos dizer o que fazer e o que crer. Programas de TV tentam ditar as regras para nossas vidas nos dizendo o que é verdade (logo o que devemos crer) e como devemos viver (logo o que devemos fazer). 

Há lições tão elaboradas como as que procuram nos indicar uma filosofia de vida até as mais simples que procuram nos mostrar o que comer, como nos exercitar, o que ler e como pensar. Há desde reportagens de fundo e editoriais de jornais, entrevistas a doutores e autoridades famosas até as dicas de psicologia barata ou o horóscopo do dia. Parece que todos querem nos dar direcção e a competição é grande. Mas onde está a verdade? Onde temos a certeza? Onde basear nossa fé e nossa ética?

Devemos perceber que essa luta não é recente. Ela começou há muito tempo num belo jardim quando Deus deu ao homem a sua Palavra para que fosse sua direcção e garantisse a vida plena que o Criador desejava para a criatura. A Palavra de Deus então, era dada directamente ao homem a cada dia, em perfeita comunhão. Surgiu porém outro ser, maligno e manhoso, que sugeriu outras verdades, outra forma de vida, uma alternativa aliciante e aparentemente mais animada e divertida. E o homem, o pai da humanidade, aceitou as propostas e assim se separou de Deus para desgraça sua, da humanidade e da criação. O pecado do homem foi de desobediência da ordem de Deus, mas teve a ver com o rejeitar da palavra de Deus como base última para a vida humana.

Mas o Senhor não deixou o homem sem direcção. Sua palavra não foi perdida de modo irremediável. Ele a fez chegar ao homem por meio de escritores que a compilaram e por fim por meio da encarnação da palavra em Jesus que foi a Palavra entre nós, a palavra viva e trazendo vida, a palavra em forma de gente vivendo e mostrando como viver, morrendo mas ressuscitando para nos garantir a volta a vida com Deus. A conclusão daquele que conhece o Senhor e a sua Palavra é a do salmista:

 " A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices.
Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos.
O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.
Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos." Salmos 19:7-11

 Logo, temos a palavra de Deus em confronto com o mundo e temos que fazer a escolha: qual delas seguiremos? Não podemos seguir a ambas. Ou seguimos a palavra de Deus como base para a vida, como nossa verdade, ou seguimos as mensagens sempre em mudança que o mundo oferece.

E onde temos a palavra de Deus? Esta questão pode parecer sem sentido para crentes numa igreja evangélica, mas há pelo menos três grupos significativos que não aceitarão essa noção facilmente. Um segmento faz parte mesmo do que se designa por cristandade, os outros serão avessos a Cristo. Por um lado, temos os católicos, que vêem como Palavra de Deus a Bíblia, mas também a tradição e as palavras infalíveis dos Papas. Por outro lado, todas as religiões que alegam ter outra revelação que julgam ser palavra de Deus como o Corão muçulmano, por exemplo. E ainda outro grupo de ateus e agnósticos que negarão valor a Bíblia que classificarão como apenas um livro antigo repleto de mitos e lendas e histórias inaceitáveis para a mente moderna, cheio de falhas e que não é digno de confiança. O que responderemos?

Comecemos pelos ateus e outras religiões. Apesar de dizerem coisas diferentes podem receber uma mesma resposta que servirá para combater as suas alegações em conjunto.
A Bíblia suporta os mais rigorosos testes que lhe façam. Mostra assim sua veracidade (em relação aos cépticos) e sua superioridade (em relação a outras religiões). Nenhum livro foi tão atacado como a Bíblia. Nenhum livro foi tão combatido e acusado, desprezado e desrespeitado, agredido e vasculhado e, no entanto, permaneceu o mais valioso de todos. Durante séculos tentaram acabar com a Bíblia queimando-a em praça pública, fazendo com que fosse crime tê-la ou lê-la e ainda hoje é proibida em dezenas de países. Mas a Bíblia resistiu!

A Palavra de Deus é um conjunto de 66 livros únicos. E Apesar de muitos “doutores” a combaterem vai se revelando cada vez mais correta. Quanto mais o tempo passa e mais estudos e achados são feitos, mais a Bíblia se mostra a verdade total. Muito do que foi dito para a combater e ridicularizar foi aceito por falta de provas contrárias mas que com o tempo acabaram por ser encontradas. A arqueologia, o estudo de textos antigos, a história, tudo tem contribuído para nos mostrar um material único. 

Alguns tentam em desespero negar o seu valor, criticar suas traduções, culpar seus copistas, inventar contradições ou apresentar textos concorrentes (evangelhos apócrifos por exemplo). Tentativas vãs. Nenhum texto antigo tem tantas cópias e tão próximas do original como os livros da Bíblia tanto do AT como do NT e as provas só escapam aos desinteressados e mal-intencionados. Os cépticos continuarão a desconfiar e injuriar, mas para sua própria condenação, porque se apresentando como mentes científicas, na verdade não querem admitir as evidências que lhes são contrárias, o que é uma forma muito pouco científica de pensar.

Um conjunto de 40 homens, vivendo em terras tão distantes, pertencendo a classes sociais distintas e extremas (pescadores e agricultores, Reis e mestres), escrevendo em línguas diferentes, vivendo com até mil anos de distância entre si, produz uma obra completa, coerente, com uma linha única, com começo e fim, com alvos e finalidades claros. 

Como seria isso possível? Só se houvesse um autor comum e é isso que acontece com a Bíblia. O autor é Deus e isso se evidencia pelas páginas de toda a Escritura. Essa é sua superioridade clara sobre toda outra obra religiosa que não tem qualquer semelhança ou proximidade. Nenhum outro livro religioso se aproxima da clareza e da maravilha da Bíblia em seu conjunto. Uma avaliação séria e imparcial sempre o mostrará.

Em relação à Igreja Romana, somos devedores à Reforma protestante que nos trouxe o princípio de Sola Scriptura (Só a Escritura). Foi uma das pedras de toque de Lutero. Rejeitando as tradições humanas, os escritos valiosos, mas de claro carácter falível e as afirmações papais sujeitas à politica e lutas regionais, e certamente sujeitas a falhas, Lutero se cingiu a escritura e determinou que a Igreja usasse apenas a Bíblia para seu padrão.

Como herdeiros da reforma defendemos e a Bíblia é nossa única regra de fé e prática.
Isso significa que A Palavra de Deus, a Bíblia é nossa única bússola na vida. Nela encontramos os artigos que regem nossa fé e as grandes respostas para a vida como:
·         Quem Somos?
·         De onde viemos?
·         O que fazemos neste mundo?
·         O que levou o mundo a se deteriorar tanto?
·         Como solucionar essa questão?
·         Quem é Deus?
·         Como podemos conhece-lo?
·         Como podemos andar com Deus?
·         Como devemos viver nossa vida?
·         Como podemos nos relacionar com os outros?

E a Palavra continua a mostrar como deve ser a vida de trabalho, de negócios, de vizinhança, de casamento, de família e tudo Mais ela é um manancial inesgotável de sabedoria para a Vida dado pelo próprio Criador para nossa orientação e guia e para nos levar a uma Vida mais próxima daquela para a qual fomos criados. Tendo isso em mente e tendo a Bíblia em nossas mãos e em nossa língua de forma livre e quase gratuita devemos:
·         Ler a Palavra (devocional diário)
·         Ouvir a Palavra (CD’s de áudio, mensagens gravadas, cultos)
·         Meditar na Palavra (a partir do que lemos e ouvimos)
·         Estudar a Palavra (para melhor a conhecer)
·         Decorar a Palavra (para tê-la disponível na mente para as ocasiões diversas)
·         Usar a Palavra (Na prática e na conversação)


Um testemunho que me tocou foi o de um colega missionário presbiteriano Ronaldo Lidório, que trabalhou no Gana.  Ele traduziu a Bíblia para um dos dialectos do povo Konkomba. Antes porém, do trabalho pronto, havia apenas alguns textos traduzidos e os líderes das igrejas nas aldeias vinham periodicamente para a aldeia onde vivia o missionário. Ali recebiam ensino para levar às aldeias e assim aprendiam 13 versos de cor para levar a seu povo. 

Certa feita, uma senhora idosa estava entre os discipulados. Ela viera de uma aldeia que ficava há vários dias de viagem a pé. Após o treinamento ela seguiu em direcção à sua casa. Na segunda manhã, depois de acordar percebeu que esquecera um dos versículos. Sem hesitar, ela voltou dois dias a pé para a aldeia do obreiro. Ali a receberam com surpresa: “O que aconteceu irmã?” Sua resposta tranquila, apesar de cansada foi: “A palavra de Deus é preciosa demais para ficar perdida no caminho”. Sola Scriptura!


A Dúvida Honesta do Crente


A aula está prestes a terminar e o professor faz a pergunta chave: alguma dúvida? O silêncio que se segue não é indicador da falta de dúvida, mas sim da vontade de terminar logo a aula e seguir para o intervalo. Os alunos suprimem as dificuldades e o professor faz de conta que acredita. A aula acaba e todos parecem satisfeitos. Mas a pergunta ainda ecoa: alguma dúvida?
Dizer que não temos dúvidas é mentir. A dúvida nos acompanha todos os dias de múltiplas formas. Há a dúvida banal como querer saber a hora, se vai chover ou quando passa o próximo transporte que preciso usar. Há a dúvida interesseira como saber o que há para o almoço. Há a dúvida vaidosa como pensar no que vou vestir. Há a dúvida existencial e global de saber quem somos e o que fazemos neste mundo. Mas dúvidas não faltam.
Na vida cristã a dúvida também esta bem presente. O cristão que diz não duvidar não está na verdade fazendo uma boa afirmação de sua fé mas de sua falta de avaliação e raciocínio. Pensar é duvidar. Viver é passar por dúvidas e o crente mais sincero e fiel as teve como podemos encontrar em todos os capítulos da história bem como no AT e NT. A dúvida honesta não é o contrário da fé, mas pode até ser a melhor maneira desta crescer. O que a Bíblia nos fala sobre a dúvida? Que tipos de dúvida encontramos na escritura e como lidar com elas?
Dúvida Obstinada
Comecemos pela pior forma de dúvida mas que existe em todos os lados – a dúvida obstinada. Um bom exemplo é o que encontramos em Mateus12:38. Os fariseus e seus acólitos pedem um sinal a Jesus com a desculpa de que se ele mostrar mais um sinal talvez possam crer que ele é o Messias ou pelo menos um profeta especial como aparenta ser. Mas a dúvida deles era obstinada. Convencidos de sua superioridade, desprezando Jesus por sua criação galileia e seu sotaque de interior, negando sua sabedoria apenas com base nem sua falta de treino académico, os fariseus não queiram crer.
Durante meses e mesmo anos seguiram Jesus. Estudaram sua vida, suas palavras e viram seus milagres. Presenciaram coisas inauditas e ficaram sem saber como responder. Juntaram as mentes mais brilhantes a fim de o desmascarar e fazer cair. Montaram armadilhas as mais espertas com o intuito de o derrubar. Tudo em vão. A vida de Jesus era limpa, sua memória inatacável, seu procedimento o mais correto, sua sabedoria inigualável, seus milagres abertos, claros e sem questionamento possível. Conclusão: dúvida obstinada. Eles não queriam crer.
Talvez o momento mais marcante seja a ressuscitação de Lázaro. O que poderia ser mais conclusivo que o morto sair da sepultura depois de 4 dias? Não seria a prova final? O momento da mudança de mente? Mas quando viram o milagre dos milagres, o Senhor da Vida em pleno, então é que fecharam mais ainda seus corações e tomaram a firme decisão de o matar. Se não podiam derruba-lo então o matariam. A dúvida que tinham sobre Jesus não era solucionável porque era obstinada, permanente e sem remédio. Era a blasfémia conta o ES, o pecado sem salvação.
Hoje temos essa posição ganhando muitos adeptos. As respostas bíblicas e cristãs às questões da vida nunca foram tão acessíveis. A quantidade de mentes brilhantes que adotaram a fé e que a defendem nas mais variadas áreas do conhecimento humano é inigualável em termos históricos. Nunca tivemos tantos crentes de formação superior elevada e em posições tão importantes, mesmo nos organismos e instituições mais reconhecidos do mundo. Da filosofia à física, passando pela medicina e genética, cristãos têm respondido às questões levantadas contra a fé de forma credível, séria e sistemática e no entanto os ateus aí estão. Alguns filosoficamente firmes, outros apenas seguros em sua ignorância e com perguntas gastas e cansadas, mas que não serão respondidas por uma razão simples: eles não querem saber!
Diante da dúvida obstinada e sistemática, a dúvida pela dúvida, não há muito que possamos fazer. Nem o Senhor pode vencer aqueles que não querem crer porque simplesmente não querem. Sua dúvida não é racional, é muito mais emocional e sem dúvida volitiva. Não há como ultrapassar. Sendo assim o mais que podemos fazer é orar, esperar e acreditar que enquanto há vida há a esperança de que algo na vida ajude esses duvidosos a abrir a mente para as evidências.
Dúvida pela Impossibilidade
Um tipo de dúvidas mais aceitável e também comum é a dúvida pela impossibilidade. Exemplo bíblico bom seria Zacarias em Lucas 1:18. Fazendo eco da dúvida de sara no AT, o velho sacerdote não conseguiu aceitar facilmente que sua esposa já idosa pudesse ser mãe. Algo semelhante aconteceu com maria quando questionou o anjo sobre a impossibilidade de engravidar sendo virgem. 
Esta dúvida não é maldosa e nem renitente, é apenas lógica. Como pode acontecer algo que contraria as regras? Como acontecer algo que nunca foi visto antes? Há o que se pode esperar. Há o que é comum, o que é frequente e depois o que acontece pouco e raramente. Mas se nunca aconteceu, se é a 1ª vez, a dúvida se instala. Será possível?
A dúvida da impossibilidade, no entanto, é repreendida no caso de Zacarias e em outros casos (a dificuldade dos discípulos em aceitarem a ressurreição de Jesus por exemplo). O Senhor não esta limitado por nada. O tempo para Ele não existe e a matéria é totalmente manipulável. Nada é impossível para Deus. Jesus curou todas as doenças, andou sobre as águas de u mar tempestuoso, transformou água em vinho e multiplicou 5 pães e 2 peixes para mais de 10 mil pessoas. O que é impossível para nós é banal para o Deus que é todo-poderoso. Além disso, devemos lembrar que todos os dias acontecem coisas que nunca tinham acontecido antes. Todos os dias há uma 1ª vez de algo. Logo, tudo é possível no reino de Deus e nas mãos do Senhor. A questão para Deus nunca é de possibilidade mas de vontade já que Ele em sua santa e sábia vontade sabe o que é melhor, quando e como acontecer.
Dúvida que surge da Mágoa
Mas o tipo mais comum de dúvida na vida do crente é aquela que surge da mágoa. É a dificuldade de entender o que esta a acontecer que leva a questionar o poder, o amor, a presença interessada de Deus. Um bom exemplo disso será o de João Batista conforme lemos em Lucas 7:18. João tinha vivido uma vida justa, uma vida digna, uma vida consagrada a Deus. Fora profeta e segundo o próprio Jesus fora o maior de todos. Não temera nada nem ninguém em sua proclamação arrojada da necessidade de arrependimento. Mas embatera justamente com o homem mais perverso da terra – Herodes.
A família de Herodes era famosa pela ganancia do poder e pela vida desregrada. Herodes pai, chamado o Grande, governara a Judeia toda sob autorização romana e vivera obcecado com a paranoia de um golpe de estado. Matou esposas e filhos nessa obsessão. Ao morrer deixou filhos fracos que não conseguiram manter o poder. Seu filho Herodes Antipas acabou por governar só a Galileia na partição quadrupla da terra, daí ser chamado o tetrarca. Entre suas falhas de carácter estava a de ter seduzido a esposa de seu irmão Filipe, de nome Herodias, que era simultaneamente sua sobrinha. João não se intimidara e falara contra tal união incestuosa e maligna. Herodes o mandou prender na fortaleza de Machaerus a alguns quilómetros do mar morto, numa colina da Pereia uma das residências de férias dos Herodes.
E agora que João estava preso. Como explicar isso sendo Jesus o Messias? Ele que era seu primo, que conhecia tão bem as histórias de seu nascimento e do nascimento de Jesus. Ele que dera testemunho de Cristo ao mundo e que o mostrara como o messias, agora duvidava. Estava preso há cerca de 1 ano e sem saída. Na prisão, em agonia, as dúvidas começavam a chegar. Seria afinal engano? Seria Jesus o messias na verdade? Seria possível que o justo passasse por tudo aquilo? Como Elias um dia, duvidou mas em grande parte porque esperou algo diferente do que Deus prometera. Como entender isso? Como aceitar isso? Não era Jesus o Messias? Esse tipo de mágoa que seria natural em João era também eco de uma expectativa errada.
Outro episódio que nos leva a dúvida pela mágoa é o de Tomé que temos em João 20:23. Temos a tendência de criticar Tomé e temos algumas razões para isso mas também devemos no colocar em seu lugar. Ele vira Jesus fazer coisas incríveis por 3 anos. Durante todo desde tempo criara junto com os outros uma expectativa enorme em relação ao que Jesus seria e faria e de repente, justamente na semana em que tudo se conjugava para um sucesso tremendo, eis o golpe, eis a surpresa macabra. Jesus preso, condenado, crucificado. Como vencer essa mágoa? Como ultrapassar a morte do mestre? Como entender e explicar que o messias deles tinha sido torturado até a morte de forma tão cruel. E a mágoa era tanta que quando chega a notícia de uma ressurreição ele não pode crer, não consegue crer, age com total incredulidade e declara com petulância: só se eu vir e tocar. Dúvida sincera, de quem crera e queria crer mas cuja mágoa era grande demais para facilitar.
Outra forma da dúvida ou causa comum dela nesses momentos de mágoa é a dúvida que surge de expectativas erradas. Um bom exemplo será o dos discípulos no caminho de Emaús em Lucas 24:21. Eles não conseguiam crer na possibilidade da ressurreição, descartavam o testemunho das mulheres e seguiam profundamente desanimados. Mas além da mágoa pela morte de Jesus a razão principal de sua dúvida e dificuldade estava na frase “nós esperávamos”. A sua expectativa de um messias com características políticas, militares e governativas tinha criado uma atitude mental que não possibilitava a morte de Jesus e não entendia a sua ressurreição. Esperavam algo que o Senhor não prometera. Na verdade, até esperavam algo que era contrário as profecias e ao que o próprio Jesus já tinha dito e isso os colocava em rota de colisão com a realidade.
Uma das razões porque Jesus encontrou tanta fé fora de Israel, como no caso do centurião romano ou da mulher cananeia, era que eles não tinham essas expectativas erradas a respeito de um messias. Não esperavam nada. Não contavam com nada e por isso acabavam tão maravilhados com Jesus. Sua fé era simples e sem esperanças falsas e se entregavam sem limitação por isso mesmo.
Em todos esses casos de dúvida pela mágoa e pelas expectativas erradas Jesus se mostra compreensível e sua resposta tem a ver com a nossa necessidade de estar mais perto do Pai. Aos discípulos de Emaús ele explica a escritura, a João ele manda um relato do que está a acontecer e a Tomé ele aparece em pessoa. O que falta nessas horas de dúvida é chegar mais perto, confiar que quando não entendo, o seu amor não diminuiu e que a esperança nele é sempre renovada.
Dúvida Honesta do Crente
A Bíblia não nega assim a dúvida na vida do crente e até a aceita como natural mas não deixa de nos mostrar como encara-la. Talvez a melhor maneira de lidar com a dúvida seja reagir honestamente como aquele homem que levou seu filho endemoninhado para Jesus curar. Encontramos suas palavras marcantes em Marcos 9:24. Provavelmente mais que todos os demais, este episódio nos ajuda mais que qualquer outro no entendimento da dúvida honesta do crente.
Este pai passara por várias fases no caminho da dúvida. Primeiro a dúvida da incredulidade: isso não pode estar a acontecer bem na minha família. Depois a dúvida da cronicidade pois os ataques se sucediam e nada os parava e a vida se tornara um inferno. Então a dúvida da desilusão magoada, os discípulos nada tinham conseguido. Não eram eles os discípulos de Jesus? Não tinham recebido dele o poder? Será que esse Jesus era só conversa? Seria ele como os outros que o tinham enganado?
Mas ele quer crer. Sabe que sua fé é pequena mas está desesperado. Resta só um pouco de esperança e sem querer sua boca acaba mostrando seu coração “se puderes” e Jesus o questiona: se? Que fé é essa? Que tipo de pedido é esse? Você duvida diante do Senhor da vida? Como quer ajuda com essa atitude? E o homem humildemente, sem querer perder a bênção, sem poder corrigir o que já mostrou de seu coração clama: eu quero crer, mas sou fraco, eu creio, mas com uma  fé microscópica, Senhor tenha misericórdia e ajuda a minha fé, entende a minha dúvida, auxilia a minha incredulidade. E a maravilha é que Jesus faz exatamente isso – Ele cura o menino.
O crente honesto terá que reconhecer momentos de dúvida. São humanas, são quase impossíveis de evitar. Por vezes sentiremos mesmo que nossa fé não está a altura das circunstâncias.
Lembre-se: o amor do Senhor não muda; Seu poder não se altera; Sua sabedoria sabe o melhor; Sua soberania controla e providencia.
Entregue seu coração com sinceridade, abra sua alma e ore com paixão: eu creio Senhor, ajuda a minha pequena fé!

 

Sucessão Pastoral - Quatro princípios a ter em conta!


Trata-se de uma velha história repetida até a exaustão com frequência assustadora. Acontece em Igrejas, ministérios para-eclesiásticos, campos missionários, seminários e escolas de treinamento e até na direção de uma EBD ou classe de estudo bíblico.

Um novo líder se levanta ou é indicado. À chegada traz as suas experiências, seu conhecimento, seus preconceitos e dramas pessoais. Chega, avalia a obra feita e rapidamente, com o olhar claro de quem veio de fora sentencia: está tudo errado!

Por vezes, a história até acaba menos mal. O novo líder com o tempo vai se adaptando e tendo sucesso. Outras vezes é complicado ou mesmo desastroso porque em sua ânsia de resolver os "problemas" deixados pelo antecessor, o recém-chegado destrói mais do que constrói e logo tem que ser substituído para que algo sobreviva. Já vimos isso em muitos lugares e realidades diferentes, desde ministérios pastorais locais de igrejas pequenas e grandes a ministérios missionários transculturais.

Haverá princípios a ter em conta que possam ajudar essas transições?
 Podemos vencer os traumas que elas trazem?

 Meditemos um pouco nessa realidade à luz da verdade bíblica evangélica.

1) Respeito

Provavelmente o princípio inicial deva ser o do respeito. A Palavra ensina a amar o próximo, a considerar os outros mais do que nós, a ser paciente, a mostrar um amor altruísta. Certamente tudo isso se manifesta também em respeito. No caso em conta respeito significa cuidado com o que se fala, cuidado com os comentários, criticas e sentenças, valorização do trabalho dos outros.

Segundo Jesus a regra áurea é fazer aos outros o que gostariam que fizessem conosco. É uma regra pró-ativa. Não apenas não fazer o mal mas fazer positivamente o bem. Como gostaria de ser lembrado de onde saiu? Como gostaria que falassem de si nos lugares onde já trabalhou? Que cuidado desejaria que fosse dado a sua memória? Responda a isso com sinceridade e saberá como tratar aquele que vai substituir.

Facilmente encontramos quem tenha algo para falar criticando o trabalho do seu líder. Devemos lembrar que alguém que faz isso com facilidade também nos irá criticar com facilidade, talvez em pouco tempo. Dar corda a essas conversas é começar da pior maneira.

Procure os fiéis do ministério anterior porque , uma vez que tenham entendido a nova visão, serão os seus auxiliares.

2) Paciência

A paciência necessária aqui deve existir por duas razões. Uma para se conhecer a verdade do ministério em causa, outra porque mudança precisa de tempo. Comecemos pela primeira. Antes de criticar ou mesmo avaliar precisamos conhecer. Chegar tirando conclusões é sinal de imaturidade e precipitação. É preciso paciência para se conhecer e entender um trabalho. Com o tempo perceberemos porque as coisas são como são, o que levou a certas decisões, que razões estão por trás de tradições e costumes que podem nos parecer estranhos ou incorretos. Com tempo poderemos chegar a admirar quem inicialmente tínhamos disposição para criticar, mas é preciso paciência.

Trata-se de coisa fácil a arte de encontrar defeitos. Todos temos e nenhum trabalho será perfeito. Entender porque as coisas caminharam como caminharam é bem mais demorado mas também muito mais elucidativo. Abster-se de comentar o que na verdade não entendemos é uma medida sensata, afinal, até o louco quando se cala passa por sábio.

Mas é evidente que novo líder significa em geral mudanças.

Mudanças são necessárias constantemente. Posso entender porque algo é feito de certo modo e até concordar com o rumo tomado na altura em que foi tomado e mesmo assim entender que agora é preciso outra abordagem. Aquilo que era natural há 10 anos, 5 anos ou mesmo 1 ano pode já não ser o ideal hoje. Mas mudanças exigem paciência. Mudar sem entender, sem estar preparado e suficientemente motivado pode muitas vezes significar mudar para pior. Nesses casos há em breve um regresso ao modo antigo e muito mais enraizado porque já se tentou "novidades" e não funcionaram.

A regra então é paciência. A sabedoria demanda paciência e perseverança para qualquer alvo digno de ser alcançado. Então caminhemos com a paz do Senhor e a certeza de que ELE nos auxilia nas medidas necessárias.

3) Principio vs Forma

Vivemos hoje obcecados pelas formas. Desde a forma física ao design, tudo parece se render ao domínio dos sentidos que nos dizem que a formas mandam. Poucas coisas tem prejudicado tanto as vidas e mesmo a obra do Reino porque, na verdade de Deus, o mais importante são o princípio. Quando olhamos para a criação vemos que as formas de vida são incontáveis, mas os princípios de vida são os mesmos sempre se repetindo seja em animais sejam em vegetais.

Normalmente o que mais discutimos são as formas. Vemos algo dando certo e logo queremos copiar a forma. Se não temos o mesmo sucesso é porque não conseguimos ter a mesma forma. Se um casal amigo tem um casamento sólido e faz férias nas Bahamas logo julgamos que é por isso e lamentamos não ter condições para tirar essas férias. Se a igreja X tem um ministério bem sucedido com certos tipos de eventos logo lamentamos não poder ter o mesmo resultado porque não há condições de ter os eventos.

A verdade é que o casamento bem sucedido nunca depende apenas de umas férias anuais e um ministério feliz não é produzido só por certo tipo de eventos. Imitar formas leva a desilusão, traz cansaço e irritação e depois ainda deixa o gosto amargo do fracasso. Precisamos aprender a reconhecer os princípios que fazem a diferença. Numa sucessão pastoral algumas formas podem até mudar, mas não é isso que fará a diferença se não houver respeito pelos princípios básicos do reino de Deus.

Avalie os princípios bíblicos, veja que estejam sendo aplicados e o mais, lembre-se, é passageiro, mutável e negociável.

4) Amor à Obra

Seja uma igreja, uma campo missionário, um ministério ou uma classe de EBD, o importante numa sucessão é o amor que preserva e respeita. Certas sucessões avançam por meio da quebra de padrões e costumes, sem o menor respeito ou cuidado com a obra, sem o menor respeito aos que lá estão e sem o cuidar dos corações.

Sob a capa das mudanças necessárias e com auto justificação autoritária atitudes são tomadas que até poderiam ser necessárias, mas que por sua maneira de acontecer causam escândalo, tristeza, desânimo e derrubam corações. Não temos o direito de agir assim.

Antes do orgulho pessoal está a Igreja pela qual Jesus morreu, mesmo que tenha que me sacrificar.

Paulo lembrava os crentes das igrejas a quem escrevia que se algo escandalizava o irmão, mesmo que não fosse pecado, mesmo que não fosse errado, mesmo que pudesse faze-lo de consciência livre, deixaria de o fazer por amor ao irmão e a obra. A isso se chama maturidade, a capacidade de suportar em prol do bem de outro

Será Deus Amor? Porque temos tanta facilidade em crer no amor de Deus?



“Deus é amor” ouvimos com frequência, mesmo de quem não sabe que isso é uma citação bíblica direta de João. “Somos todos filhos de Deus” também se ouve no sentido de enfatizar que todos temos algum direito a receber dele algo de bom. Por outro lado, a maior acusação dos ateus é que diante do sofrimento não se pode aceitar um deus de Amor. O que significa que eles também partem do princípio de que Deus é amor. A noção geral parece ir no sentido de que Deus é bom, amável e que no fim há de salvar a todos com exceção talvez de algumas figuras como Hitler, Pol Pot e outros grande criminosos. Dizer que Deus é amor é entender, na maioria das vezes, um  Deus que não julga e que sobretudo não condena. Não foi Jesus que proibiu o julgamento das pessoas? Não foi ele amigo dos pecadores? O verso mais conhecido da Bíblia talvez possa ajudar pois nos fala de Deus em amor. Em João 3:16 vemos um Deus que ama e dá. Será por isso que temos facilidade de pensar assim? Porque temos tanta facilidade em falar de um Deus de amor?

Talvez seja porque a ideia nos veio do tempo de Jesus quando Deus era visto assim. Será? Uma avaliação mesmo superficial negará isso. A esmagadora maioria da população no Império Romano era pagã, seguindo uma lista quase infindável de deuses. Os deuses pagãos eram fortes, poderosos, por vezes justos, por vezes cruéis, por regra arbitrários e seletivos, mas nunca apresentados como amor. As deusas apresentadas como do amor eram deusas do amor físico, do sexo, não da compaixão ou amor altruísta. Nada no meio pagão falava de um Deus que se auto sacrificasse pelo homem. Na visão pagã os deuses viviam por regra em total indiferença para com os humanos, daí que eram necessárias ofertas e presentes para os atrair e agradar.

Talvez a ideia tenha vindo dos judeus de onde surgiu o Cristianismo. Novamente errado. Para a maioria dos judeus Deus era um Ser tremendo em poder e majestade e deveria ser temido e respeitado. Era poderoso, justo e fiel mas sobretudo legalista e rigoroso além de muito ciumento. Não havia a noção de um Deus amoroso no sentido cristão de amor incondicional e sacrificial. A noção de um messias que era Deus encarnado e que vinha para viver uma vida de serviço aos pobres e depois morrer pelo homem era ridícula e mesmo ofensiva. Jesus foi morto por a proclamar essa mensagem e assumir esse papel.

Talvez a noção venha então da população mundial atual. Mas se olharmos melhor ficaremos assustados. Os Budistas não aceitam um Deus pessoal e a vida para eles é só sofrimento (são cerca de 380 milhões), as religiões tradicionais chinesas com perto de 400 milhões de adeptos são filosofia sem um Deus central, a religião Hindu tem milhões de deuses e nenhum deles é amor no sentido cristão e eles são cerca de 1 bilhão, para os Muçulmanos Deus é justo e fiel mas muito longe de ser amoroso mesmo que falem dele como misericordioso, na verdade é vingativo e por vezes cruel e os muçulmanos são mais de 1,2 bilhões. Se acrescentarmos os ateus que não aceitam a Deus e as religiões tradicionais Africanas em que Deus é em geral distante e sem interesse no homem teremos mais algumas centenas de pessoas. Ou seja, desses mais de 4 mil milhões de pessoas, mais de metade da população mundial, nenhum vê Deus como amor. Porque então nós falamos assim?

Falamos de Deus como amor porque vivemos no ocidente numa cultura que ainda tem muito de influência cristã, que aprendeu e cresceu com a noção bíblica de um Deus que ama, que dá, que se sacrifica pela sua criatura. Vivemos ainda numa cultura que foi marcada pelos princípios de bondade e altruísmo, de sacrifício pessoal. Uma cultura que deu origem a serviços públicos, escolas, hospitais, leprosários, bibliotecas, bombeiros e outras instituições de apoio ao povo. Essa mentalidade nos faz pensar em Deus como amor. Mas o que significa isso? O que a Bíblia realmente diz sobre o amor de Deus? Estará o povo correto em sua visão de um Deus que ama de um modo incondicional? Será correto pensar em um Deus que não julga e não condena porque ama? Pensemos na revelação Bíblica.
Deus Ama
Realmente a Bíblia revela um Deus que ama. Novidade especial na revelação e surpresa para os povos em geral. Um Deus pessoal, relacional e que ama é algo bom demais. Mas é o que a Bíblia diz dele. Deus nos criou em amor e deseja ter uma relação de amor connosco e esse é todo o enredo da Bíblia. Como tivemos esse amor em modo perfeito, como o perdemos no Éden e como Deus agiu para que o recuperássemos. 
Deus Convida
O amor de Deus na Bíblia é um amor convidativo. Deus apela, chama, convida, apela. Como amante que tenta puxar para si o ser amado o Senhor age em relação ao homem. Desde o pecado de Adão que temos o Senhor na história bíblica a chamar o homem para si de muitas formas, por meio de bênçãos, milagres, libertação e profecias. E o homem resiste a esse chamado de forma por vezes violenta, mas sempre insensata.
Deus ama incondicionalmente
E a Bíblia nos fala realmente de um amor incondicional. Deus nos ama quando somos pecadores, quando somos inimigos, quando fazemos o mal. Ele ama o pecador, o criminoso o adúltero, o ofensor. Esse amor é por vezes descrito como o de um marido traído ou um pai abandonado. Na parábola do filho pródigo, Jesus coloca Deus como um pai que corre e beija um filho que ofendera, violentara, roubara e desperdiçara a fortuna do Pai de maneiras as mais terríveis. É figura máxima de um amor sem condições. Deus ama mesmo quando o deixamos de lado e nada queremos com Ele.
Amor seletivo e relativo
Mas não é só isso que a Bíblia diz. Ela também diz que o amor de Deus é seletivo. Ele ama o justo e aborrece o impio. Ele abençoa o justo e condena o pecador. E dizemos: há contradição? Será? Pensemos. Amo meu filho. Amo-o incondicionalmente. Ele é um bom filho que fez seu curso na faculdade e está a trabalhar para fazer carreira. Eu o amo por isso também. Agora imagine que ele fosse em vez de um bom aluno e um trabalhador dedicado um traficante de drogas? Imagine que fosse um criminoso na noite de lisboa? Deixaria de o amar? Não. Mas poderia lhe dar o mesmo tipo de amor e aprovação? Não. Não se for justo, se for honesto, se for verdadeiro e correto em meu amor. Posso ainda ama-lo e o amarei por ser meu filho mas terei que o condenar pelo que faz. Posso apelar para que ele se emende e continuar a amar mesmo que me rejeite, mas se ele recusar terei que o entregar a polícia para correção, para seu bem e dos outros.
Ora, se eu que sou limitado sei isso e posso agir assim. Como é que um Deus santo e justo seria diferente? Como iria Deus amar sem sentido dando a salvação a um malvado criminoso que não se arrepende ou a um homem que simplesmente faz de conta que Ele não existe se fazendo Deus em sua vida? Não é possível. Não é isso que a Bíblia diz. Seria isso julgamento? Não disse Jesus não para julgarmos? O que Jesus disse foi para não nos fazermos juízes quando não sabemos a estória toda, não sermos preconceituosos em nossos relacionamentos e não limitarmos a nossa boa ação mas também disse: pelos frutos os conhecereis. Também falou de hipócritas e mentirosos e falou da condenação mais do que qualquer outro pregador do NT. Não nos enganemos, Deus não pode amar todos como gostaria. Simplesmente não pode salvar todos como gostaria porque seria simplesmente errado, injusto e Ele é Deus santo e perfeito.
A medida do Amor
A medida desse amor é Jesus. A medida maior que nenhum pagão poderia conceber e nenhum judeu conseguiu naturalmente entender. O amor de Deus em Jesus foi escândalo total para todos. Só quem recebeu a iluminação do ES no seu espirito pode entender esse amor tão extraordinário. Um Deus que vem viver entre nós, que vive a nossa dor, que partilha a nossa vida de sofrimento mas que mais que isso, leva o nosso pecado, carrega as nossas culpas, passa pela nossa vergonha para nos dar uma vida nova. Essa é a medida infindável e gigantesca do amor de Deus. E foi necessária porque não havia outra maneira de haver reconciliação. Deus amou em Jesus até a cruz para que nós pudéssemos voltar a viver dentro de seu amor gracioso.
Amor que exige Resposta
E esse amor exige resposta. Não é um amor que recebamos simplesmente deixando estar. Deixa avida, vive como queres e Deus te ama… não é assim. Ficamos felizes de ouvir de um amor tão grande, mas algo assim não pode ser adquirido sem alguma resposta, sem uma entrega verdadeira. Deus deu, mas só usufrui da dádiva o que nele crê. Se não aceitar, se não crer, se não houver arrependimento e fé, haverá morte eterna mesmo com todo amor que Deus tem.

Como responderemos? Que o amor de Deus, tão anunciado, não seja motivo para deixarmos de fazer a nossa parte. Esse amor maravilhoso exige resposta e aí entra novamente a graça de Deus que nos dá liberdade para escolher. Escolhamos Vida e recebamos de forma plena esse amor maior.

A Radicalidade da Coerência


 
Ser Radical já foi um dia algo negativo, mas hoje é moda e é sinonimo de fazer coisas ousadas e mesmo perigosas como desportos radicais ou outras coisas que colocam a vida em risco. Mas quando falo de radical não me refiro a manobras de carros em alta velocidade ou desportos que exigem muita adrenalina, mas de uma vida coerente. Vai sendo cada vez mais radical viver de forma coerente neste mundo. Deixem-me dar alguns exemplos:

Hoje se fala muito em liberdade. É mesmo um dos conceitos mais valorizados no mundo. Ser livre é essencial. Mas o que a cultura ocidental entende por liberdade? Será realmente liberdade no sentido verdadeiro da palavra? A liberdade moderna é no fundo uma falta de restrições. Ser livre significa fazer o que quero, como quero, quando quero e com quem eu quiser. Isso não é liberdade. É falta de princípios e moral; é viver como os animais, liderado por instintos e prazeres. A liberdade que se exige é a que vem com respeito e valorização do outro. Sem isso a vida fica insustentável.

Outro conceito muito valorizado é o da Tolerância. Provavelmente a maior crítica actual ao Cristianismo Evangélico é que é intolerante. Para o mundo, tolerância é a aceitação de toda e qualquer prática, escolha ou forma de vida. Ser tolerante é aceitar o homossexual, a lésbica, a prostituição, o aborto, a eutanásia activa, o uso de drogas leves, a mudança de sexo e outras coisas mais, consideradas modernas e próprias de quem tem a mente aberta. Quem não aceita isso é considerado retrógrado, ignorante, talvez mesmo estúpido e quem sabe até digno de ser eliminado (muito tolerante essa posição…)

É nesse contexto que somos chamados a ser coerentes e com isso, radicais. “Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” dizia Paulo ao escrever 2 Timóteo 1:12. Ele nos lembrava que “não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Romanos 1:16. E nós queremos fazer coro com Paulo. Num mundo em que defender convicções é ser considerado teimoso, onde lutar por princípios de fé e ética é chamado de intolerante, onde defender a Fé Cristã e a Divindade de Jesus é dito loucura, nós somos radicais. Radicais como o próprio Jesus foi. E felizes em o ser.

Coerência é saber o que cremos e viver pela nossa fé e princípios. É não ser levado por cada correnteza ou vento novo que a moda dita mas estar firme em nossas convicções. É estar seguro do que se crê em vez de ser deixar dominar pelas opiniões que são impostas por supostas celebridades. É Conhecer o Deus que professo, saber porque creio nele e viver de acordo com isso cada dia e a cada decisão. Isso é coerência. Isso é radical. No mundo em que tudo é cada vez mais relativo, essa é a radicalidade da Coerência.

A Grande Heresia


Há uma heresia dizimando as igrejas e as vidas de cristãos evangélicos no mundo ocidental de uma maneira devastadora. Trata-se do maior e mais bem planejado ataque do inimigo às fileiras cristãs.

Não é um tema necessariamente de teologia profunda. Não é algo que ponha em causa a soberania de Deus ou a Divindade de Jesus. Não tem a ver com a atuação mais ou menos intensão do Espírito Santo ou a diversidade de dons. Não são as testemunhas de Jeová, os adventistas ou mórmons.

Seu resumo é simples e seria o seguinte: Para ser salvo você só precisa de uma oração rápida de aceitação de Jesus e pronto…
Esta heresia mata a possibilidade de vida nova em milhões. Gente em busca de Deus que entende que por meio de uma espécie de reza ou de um simples levantar da mão tudo vai mudar meio que instantaneamente.  A vida será melhor e Deus vai solucionar todos os seus problemas, como num passe de mágica. Estes,  depois de uns tempos abandonam o evangelho dececionadas ou se tornam mais um elemento de um batalhão de bebés espirituais, longe de qualquer sinal de verdadeira maturidade na senda de Cristo.
Esta heresia ensina ao novo convertido que o discipulado de Jesus é opcional, que o compromisso é uma segunda escolha, que trabalhar para crescer na fé é só para uns poucos privilegiados.  

Informa que frutificar para o Senhor é uma coisa excecional e que a maioria foi mesmo chamada para assistir o trabalho dos outros e desfrutar de seus esforços. Para aproveitar muito bem todas as bênçãos que Deus dará a partir desta "decisão" e que não é preciso fazer mais nada. 

Esquecem-se da conhecida frase: Nossa Salvação foi de graça, mas teve um alto custo, o sangue de Jesus. 
Faz entender que a salvação é, no fundo, só para a eternidade e que aqui nesta vida cada um faz o melhor que pode e escolhe a vida que quiser levar e depois nos vemos no céu.

Um cristão que seguiu o discipulado torna-se maduro e frutifica! Não basta levantar o braço e fazer a oração que o pastor ordenou. Há todo um processo de livrar-se dos conceitos mundanos e relativistas e passar a pensar como Cristo.

 

O Mundial da nossa insatisfação

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Não interessa se gostamos ou não de futebol. Durante as próximas semanas é só dele que se vai falar. A cada 4 anos é assim. O mundo pára e centenas de milhões acompanham avidamente todas as notícias de seus ídolos e cada movimento dos jogos. Mas quando nos damos ao trabalho de olhar a verdade por trás do mundial não podemos deixar de ficar insatisfeitos.

O campeonato do mundo de futebol se realiza no Brasil. País grande e rico em recursos, mas com uma das piores distribuições de renda do mundo, onde faltam estruturas de todo tipo. Mesmo as mais básicas, como escolas, hospitais e centros de saúde. Onde há milhões que vivem em bairros de lata (favelas) e milhares que habitam as ruas das grandes cidades. Nessa realidade se gastaram biliões para construir… estádios de futebol. Estruturas faraónicas para umas poucas horas de lazer e desporto ocasional. Construções que na sua maioria ficarão dentro de um mês desocupadas e sem sentido. Monumentos a má utilização do dinheiro público. Não é possível ficar contente com esse panorama.

O mundial de futebol chama a atenção para a futilidade de nossa sociedade. Num pequeno país como o nosso em que a crise domina e milhares estão sem emprego, pouco mais se fala a não ser de um jovem frívolo e vaidoso que por acaso é um bom atleta e tem jeito na manobra de uma bola de couro. Ouvimos falar de orgulho nacional. Ora Portugal tem muito de que se orgulhar em sua história e na resiliência de seu povo. Temos gente de artes, ciência, literatura e diplomacia que ocupa posições importantes no mundo. Devemos nos orgulhar do que merece verdadeiro orgulho. Diante da frivolidade e inutilidade real do mundial não podemos ficar satisfeitos.

Mas, nossa maior insatisfação tem a ver com o facto de que o mundial representa apenas uma pequena parte de toda uma indústria mundial de entretenimento que visa adormecer, anestesiar o homem moderno. Em meio aos dramas da vida, casamentos desfeitos, famílias destruídas, empregos precários, crianças mal criadas, idosos abandonados e uma crescente multidão de deprimidos, somos mergulhados em diversão e distracção para tirar nossas mentes e corações do que realmente interessa – Que valor tem a vida? O que fazemos aqui? Para onde iremos um dia?

Como Cristãos é nosso dever manter a chama profética. No linha dos profetas do Senhor no Antigo e Novo Testamento somos chamados a avisar, a despertar, a agitar o mundo ao nosso redor com as verdades necessárias. Somos seres criados por um Deus Eterno. Somos seres espirituais e o material nunca nos satisfará plenamente. Precisamos de voltar a comunhão com o nosso Criador e tudo isso só é possível por meio de Jesus Cristo, sua vida, seu ensino, sua morte e sua ressurreição. Pode ser que as atenções nestes tempos se voltem para uma bola mas a igreja precisa continuar a anunciar uma CRUZ!


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