FLORES OU JARDINS?

O homem foi inicialmente criado para viver num jardim, ou pelo menos é assim que nos conta o Gênesis. Creio que essa descrição da forma como fomos criados ajuda bastante a entender a razão pela qual o homem gosta tanto de flores. Fomos feitos para viver num jardim e nosso primeiro trabalho foi jardinagem, e o cuidado das flores. Amamos vê-las, sentir seu perfume. Fazemos arranjos florais, capturamos seus cheiros em aerossóis para o bem-estar da casa, pintamos e esculpimos flores por todo lado e até nomeamos nossas filhas com nomes florais: Rosa, Margarida, Violeta...
Para desfrutar do prazer especial das flores temos dois métodos básicos: colher flores ou comprá-las numa loja ou então plantar um jardim. Colher flores ou comprá-las é rápido, fácil, na maioria dos casos barato e seguro. Entramos na loja ou no campo, escolhemos o que nos agrada e pegamos. Levamos para casa e escolhemos um jarro e um canto para ornamentar a sala, o quarto ou o hall de entrada. Tudo sem grande esforço e já está! Ali estão elas, as flores, trazendo a alegria, o perfume e a beleza que queríamos. Há evidentemente um senão nessa história. Flores fora do chão murcham. Podem durar 1 ou mais dias, mas por mais resistentes que sejam não passarão de uma semana. Murchas, serão lançadas no lixo e teremos que substituí-las por outras e começamos o processo novamente. Procura, pega, paga, arranja e já está.

A outra forma de ter flores é bem mais trabalhosa. Para isso temos que plantar um jardim. É preciso escolher a terra, comprar adubo, separar as sementes, regar, tirar ervas daninhas, podar, regar novamente e isso em base diária. O custo é bem maior, e exige muito mais tempo. Há risco de nos cortamos com os materiais de jardinagem, há o perigo de nos constiparmos ao pegar uma chuvada ou um vento mais forte ou ainda uma insolação. Mas aqueles que pagam o preço têm outro tipo de flores e de prazer com elas. Têm flores sempre, desfrutam de sua presença e aroma o ano inteiro. A qualquer momento um ou outro canteiro floresce com vida, enquanto o outro amadurece a semente. No jardim a profusão de vida é muito mais exuberante e eventualmente quando algumas flores morrerem, servirão de adubo as próximas e logo o ciclo se reinicia.

Na vida espiritual temos também esse tipo de atitudes. Há os que colhem flores e há os que plantam jardins. Os colhedores investem pouco, querem resultados imediatos, de curto prazo, prezam o momento, amam o evento, vivem na superficialidade da emoção rápida e passageira. Pulam de igreja em igreja, correm atrás de oradores famosos, lêem o livro da moda, escutam o CD da banda ou do cantor da hora, tudo para terem a alegria veloz e a satisfação imediata de seus desejos. Vivem tendo que jogar fora os restos mortais de seus esforços momentâneos e passam a vida procurando uma nova florista onde reacender a chama que dura pouco.

Os plantadores pagam o preço de investir na comunhão. Passam tempo com Deus, valorizam as disciplinas. Adubam seu coração com a palavra e o regam com a oração. Plantam sementes selecionadas e estão atentos às ervas daninhas. É um trabalho por vezes lento. Há sementes que demoram para brotar. Há plantas que exigem muita atenção e cuidado. Mas, ó que glorioso jardim suas vidas é. Florescem e perfumam tudo ao redor. Permanecem e persistem, mesmo nos dias maus. Vicejam com abundância na estação certa. Abençoam tudo que está em sua volta.

Que tipo de apreciadores de flores somos nós? Que tipo de florescimento espiritual queremos? Flores exuberantes por certa quantia de dinheiro ou jardins regados com valor infinito? Vamos plantar jardins espirituais. Vamos arregaçar as mangas, dobrar os joelhos e mergulhar as mãos na terra. Os resultados serão muito mais compensadores.
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