A Febre dos “Super-heróis”

Andava recentemente com a família em um centro comercial em hora de lazer e reparei nos cartazes de filmes em exposição. Haveria algo para se ver no cinema? Ali no painel, lado a lado estavam o “Lanterna verde” e o “Capitão América”. Não pude evitar um sorriso. Nos meus tempos de garoto esses personagens de banda desenhada eram coisa de criança. Nenhum adulto sério, que se prezasse, gastava tempo lendo essas histórias. Era algo fantasioso, juvenil, banal, ficção barata para juniores impressionáveis. Agora é um entretenimento mundial.

Vivemos uma verdadeira febre de super-heróis. Ressuscitaram o Super-homem, fizeram então uma série de filmes com Hulk, Homem de Ferro, O Flash, Batman, Homem Aranha, Thor, Conan e Demolidor (que me lembre agora). De repente eles passaram a ser a elite de Hollywood e já se fala num filme com todos eles juntos. E o que isso nos diz sobre o mundo em que vivemos? Pensemos brevemente neles.
Os super-heróis são uma forma mágica de escape da vida real e dura, do trabalho quotidiano e do esforço contínuo para vencer na vida. Os super são uma fuga. Eles são em geral fracotes que se tornam heróis, e todos gostamos dessas histórias. Sua transformação porém é milagrosa e instantânea. Seja um choque radioativo, uma experiência científica meio falhada, a visita de um alienígena ou a picada de uma aranha, tanto faz, o garoto é um derrotado num momento e no seguinte esta pronto a vencer o mundo inteiro de vilania.

Os super-heróis fazem tudo no superlativo. A força, agilidade, pontaria e visão são sempre extraordinárias ou então seus brinquedinhos são capazes de torná-los ultraespeciais. Nada de trabalho disciplinado, nada de perseverança para alcançar os alvos propostos. Tudo num estalar de dedos. A fantasia suprema! Tornar-se um semideus no proferir de uma fórmula mágica.
Mas é interessante notar também que os super têm seus problemas. Apesar de terem se tornado o padrão de todo homem e o sonho de cada mulher, eles vivem em crise. Identidades secretas, pontos fracos (que podem ser uma simples pedra verde) e uma enorme e constante dificuldade nos relacionamentos. Era como se o próprio mito se autodestruísse. Os super não sabem conviver. Eles chegam, resolvem os problemas dos outros de modo rápido e indolor e desaparecem para suas crises solitárias pessoais. Quando mais íntima a relação, mais os super se dão mal. É por isso que não casam. Onde já se viu um super casado, lavando a louça ou trocando fralda? Estragaria todo o charme, toda a publicidade.

A predileção pelos super-heróis atuais nos fala de um mundo deprimido e cansado do ordinário que sonha com uma vida melhor que venha por obra de algo mágico e que o torne super vencedor. Um mundo que deseja soluções rápidas, comprimidos de felicidade, pílulas de sabedoria, cápsulas de prazer que o faça fugir da disciplina necessária e dos relacionamentos difíceis. As pessoas querem ir ao cinema e esquecer a vida diária, a dívida da casa, a doença do filho, os testes da escola, a incapacidade de ser aquilo que desejavam ser.
O que a Bíblia diz sobre isso? Vaidade! Tudo isso é vaidade e engano! Parece que por trás disso tudo podemos ouvir a vozinha da serpente a segredar: “sereis como deus...” E a resposta Divina é Vida! Relacionamento! Convívio diário, disciplina que faz crescer, aceitação grata das bênçãos pontuais, um aprendizado de vida que nos leva a paz e comunhão com o Criador.

Os verdadeiros heróis nunca surgem instantaneamente. As verdadeiras soluções nunca brotam do chão. Os relacionamentos que duram e tornam a vida digna de ser vivida são feitos de pequenas palavras e gestos que tomam proporção especial com o tempo e a prática. Essa vida é real e pode ser maravilhosa. Não anda na velocidade da luz, não quebra rochas com os punhos, mas faz vibrar os corações e transforma destinos!

Construção ou Demolição?

Nesta vida há inúmeras maneiras de classificar pessoas. Algumas são bastante elaboradas, como a teoria dos temperamentos (sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático), outras mais simples como a ideia de que somos produtores ou somos consumidores ou ainda a dicotomia fazedores/espectadores. Na sua maioria, essas propostas expressam alguma verdade e têm utilidade para nos fazer pensar. Uma delas é essa: De que equipe fazemos parte? Da equipe de construção ou da de demolição?

No que diz respeito a prédios, temos necessidade de ambos os tipos de equipas. Mas nas relações humanas a figura muda. Precisamos saber claramente a que grupo pertencemos, porque faz e fará grande diferença para nós, nossos amigos e familiares o impacto que deixaremos ao nosso redor.
Membros da equipe de demolição do maligno trabalham na destruição de vidas. Usam seus olhos para descobrir os erros e defeitos, usam seus ouvidos para ouvir a maledicência a qualquer hora e em qualquer lugar, usam seus lábios para desmotivar, criticar, desmoralizar e entristecer os que os rodeiam. No meio de uma casa nova encontram um defeito na parede ou uma rachadura na vidraça. Em meio à alegria de uma festa descobrem o que não está funcionando no serviço ou uma falha nas casas de banho. No fim de um culto abençoado são capazes de referir um erro gramatical da mensagem pastoral ou um desafino do coral. Diante de uma pessoa bonita e bem vestida são capazes de encontrar motivo de crítica, que mais não seja o custo da roupa.
Os membros da equipe de demolição do inimigo não reconhecem que o sejam. Não é como se andassem por aí com uma etiqueta presa em suas camisas ou um boné com a insígnia de demolição. Na verdade, eles em geral se julgam “realistas” e “sinceros” e acham que todos deveriam ser como eles. Gostam de falar bem alto que “dizem a verdade doa a quem doer” e acrescentam “não sou de falinhas mansas” ou ainda “as verdades são para se dizer”. Desse modo se autojustificam para todas as palavras desagradáveis e malignas que vão deixando na sua passagem. E que rastro deixam...
Membros da equipe de construção de Deus trabalham para edificar vidas. Usam seus olhos para perceber potencial e capacidade, usam seus ouvidos para discernir elogios e bênçãos, usam seus lábios para animar, encorajar, alegrar e encaminhar. Em meio a tristeza de uma perda familiar tem uma palavra de consolo que conforta. Em meio a uma apresentação falhada conseguem ver aspectos positivos que prometem um amanhã melhor. No fim de um culto que a muitos pareceu monótono e cansativo encontram razões para louvar a Deus e agradecer ao pastor. Diante de uma pessoa com trajes simples e aspecto banal são capazes de descobrir um traço de beleza que mais ninguém viu.
Muitas vezes os membros da equipe de construção de Deus nem sabem que o são. Na verdade sua alegria flui de uma vida grata de comunhão com um Deus maravilhoso que criou muitas maravilhas. Procuram seguir as palavras do Mestre que dizia que devíamos fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós e por isso não sentem que fazem mais do que sua obrigação.
Todos já sentimos a angústia de estar perto de um demolidor e também a alegria de estar perto de um construtor. Na verdade, nós também fazemos parte de uma dessas duas equipes. Qual será? Avaliemos com sinceridade. É mais fácil demolir que construir. Sempre foi e sempre será. Mas é bem mais glorioso e abençoado fazer parte da equipe de Deus que edifica. Vamos trabalhar meu irmão. Há vidas e construir, ânimos a restaurar, corações a consolar e almas a ganhar. Esta tudo no poder da tua e da minha palavra usadas pelo Senhor da Palavra.

Factos e Verdades

Costuma-se dizer: “Contra factos não há argumentos”. E, no geral, podemos dizer que essa afirmação se aplica bastante bem. Mas, será que factos e verdades são a mesma coisa? Será que podemos apenas analisar os factos e viver baseados nisso? Será essa atitude, em geral chamada de realista, a melhor para se viver? Será a maneira cristã de se viver? Partimos do princípio que factos são verdades, mas será? Ora, factos são coisas que acontecem e podem ser verificadas e nesse sentido são verdades.

Mas serão os factos sempre o reflexo da verdade eterna? NÃO! Para o discípulo de Jesus a Palavra de Deus é a verdade eterna e muitas vezes os fatos estão contra ela. Nesses casos, os fatcos não são a mesma coisa que a verdade.

Vamos exemplificar: Os factos nos mostram que nos dias de hoje cerca de metade dos casamentos acabam em divórcio. Ou seja, metade das pessoas que prometeram amor eterno chegaram à conclusão de que esse amor acabou e romperam seu compromisso. Desses factos se poderia tirar a verdade de que o amor é algo que acaba, é passageiro. Mas não é isso que a Palavra diz. O texto bíblico é claro: “o amor jamais acaba” (I Coríntios 13:8).

Os factos diários nos mostram que os espertinhos ganham vantagem, os que ludibriam as leis escapam impunes e os corruptos ficam mais ricos que os cidadãos cumpridores. Por esses fatos seríamos tentados a concluir que a verdade é que os ímpios triunfam. Mas não é essa a verdade das escrituras. A palavra diz que “os perversos não prevalecerão no juízo” (Salmo1:5). Quando Asafe avaliou os fatos e foi tentado a concluir de acordo com eles, buscou o Senhor e percebeu que o fim dos ímpios é bem diferente do que os factos mostram (Salmo 73). A verdade é outra.

Os factos dizem que na maioria das vezes não vale a pena fazermos o bem. O bonzinho é considerado tolo pelo mundo pois os factos não favorecem a bondade ou a generosidade. Mas a Palavra diz: “Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome” (Hebreus 6:10), porque o “nosso trabalho não é vão no Senhor” (I Coríntios 15:58).

Os factos dizem que a vida humana é fútil. Essa tem sido a conclusão de multidões que vivem vidas sem sentido. Há mais suicídios que pessoas a morrer com SIDA a cada ano. Porque? Porque acreditaram no facto de que a vida não tem razão de ser. Homens considerados grandes pensadores e filósofos atestam esse facto de modo contundente. Mas, a Palavra diz o contrário. Lemos que “fomos resgatados da nossa vã maneira de viver” (I Pedro 1:18). A Verdade bíblica nos ensina que a vida não acaba, simplesmente muda de realidade e que podemos vivê-la de modo pleno aqui e além. A palavra diz que em Jesus encontramos vida abundante e multidões têm experimentado essa verdade.
Devemos então concluir com cuidado diante dos “factos”.

O mundo de hoje gosta de se orientar pelas últimas pesquisas, como se fossem a fonte de toda a verdade. Pesquisas podem ser úteis e ajudar a entender algumas coisas, mas não são necessariamente a expressão da verdade. O cristão sabe que o mundo jaz no maligno e que as pesquisas são em grande medida a expressão dessa verdade bíblica. Não nos guiamos pela vista, mas pela fé. Não nos guiamos pelos factos, por mais avassaladores que sejam, mas pela Palavra Eterna do Senhor que é a sua revelação escrita, o firme fundamento que não muda através dos tempos e nos dá alicerce e direção para a vida.

Encantada


Uma das bênçãos do pastorado é a visitação. Bênção para quem é visitado e recebe uma palavra de conforto e ânimo mas também para o pastor que adquire maior conhecimento de seu rebanho, descobre novas maneiras através das quais o Senhor trabalha, e recebe as bênçãos do testemunho cristão genuíno. Muitas tem sido as vezes em que visitei ovelhas e recebi bem mais do que o que levei. Abençoado ministério!
Recentemente visitei uma irmã com mais de 90 anos. Ela me convidou para um chá de tarde. Fui com alegria mas também um certo receio. O que dizer para animar uma pessoa de 90 anos? O que transmitir que ela ainda não ouviu? Como ser bênção para quem já viveu por tanta coisa? Seria eu capaz de me mostrar útil? Pensamento talvez egocêntrico, mas perdoe-me o leitor, somos de carne e osso.
A experiência foi marcante pela positiva. Que irmã animada, que entusiasmo! Que vontade, que vida ela demonstra já na 9ª década de peregrinação. Durante mais de 2 horas eu e minha esposa ouvimos as histórias de vida dessa querida irmã contadas com um sorriso permanente. Nada de queixas, nada de mazelas físicas ou emocionais, nada de reclamações ou acusações. O que mais me admirou no discurso da irmãzinha foi o uso recorrente da palavra “encantada”. Ele tinha ficado encantada com a pessoa X, com a situação Y, com a experiência Z. E fiquei com a firme convicção de que a irmã realmente vivia esse encanto no Senhor.

Meditando na visita pensei no quanto somos prejudicados pela familiaridade. Perdemos a capacidade de nos maravilharmos. Adão e Eva estavam no paraíso, mas se familiarizaram até com um paraíso e logo queriam o conhecimento que fora proibido. O povo de Israel viu maravilhas tais que derrotaram o Egito, mas logo se cansaram de milagres e queriam voltar aos pepinos. O povo no tempo de Jesus via o Senhor fazer coisas impressionantes para no dia seguinte procurá-lo para novo milagre. E nós?
Quando desejamos algo novo nos enchemos de vida. Pode ser uma casa, um carro, um aparelho ou outra coisa. No inicio nos deslumbramos e quando o Senhor nos abençoa ficamos gratos e louvamos. Mas depois... o tempo e a familiaridade nos fazem esquecer a maravilha. O carro que antes políamos quase diariamente, passa um mês sem ser lavado; a casa que era literalmente adorada passa a ser apenas um imóvel a ser pago; aparelhos que precisávamos ter para mudar nossa vida já têm outros modelos no mercado.

E a Igreja? E a oração? Aquele pedido que fizemos durante meses e foi finalmente atendido logo fica esquecido. A igreja onde encontramos alegria e vida logo passa a ser local onde há gente que não gostamos e passamos os cultos olhando o relógio para ver a hora. O pastor que pregava tão bem há 6 meses é hoje só mais um dos que vai ocupar o espaço de tempo entre mim e o meu almoço de domingo... Familiaridade a mais. Perdemos a maravilha. Perdemos o encanto.
Aprendi com a querida irmã na visita realizada a bênção do encantamento. O segredo que a levou a viver até depois dos 90 com um sorriso nos lábios não é a riqueza (ela vive de uma magra pensão), ou a falta de problemas (teve e tem muitos ao seu redor), não é a saúde perfeita (pois tem inúmeras dificuldades físicas) ou as pessoas que a cercam (ainda mora sozinha até hoje por escolha própria). Seu segredo é que encontrou no Senhor a bênção do encantamento. Ela vive encantada com o que Deus é e com o que ELE faz. Que coisa linda. Que bênção fantástica. Que milagre do céu. Ó Pai, faz-me encantado! Dá-me a tua satisfação. “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo regozijai-vos” Filipenses 4:4
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