O DEUS DO PRAZER

Há muitas idéias equivocadas sobre Deus. Uma delas diz que Deus é contra o prazer. Ele é descrito ou visualizado como uma espécie de policial cósmico que de sobrolho carregado espia a humanidade e pune qualquer sinal de prazer ou satisfação. Essa idéia anda de mãos dadas com a que mostra o Senhor como um Juiz desagradável que vive arranjando leis e regras a que chamamos mandamentos e que são todas desagradáveis e limitantes. Essas noções são generalizadas, mas são também totalmente erradas quando olhamos para aquilo que a Bíblia nos mostra sobre o Pai Celeste.

Comecemos pelo principio, olhemos para Gênesis. Meditemos ligeiramente sobre mandamentos e prazer, duas coisas que parecem contraditórias. Se lermos atentamente os primeiros capítulos de Gênesis sobre a criação do homem descobriremos coisas interessantes. Em 1:28 e 29 lemos que logo depois de criar o Homem, Deus lhe deu a seguinte ordem: "Sejam férteis e cresçam, encham a terra e dominem-na; dominem sobre os peixes do mar e as aves do céu e sobre todos os animais que andam na terra; dou-vos todas as plantas que produzem semente e que existem em qualquer parte da terra e todas as árvores de fruto para vossa alimentação".

Interessante notar que no primeiro mandamento de Deus ao homem estava a procriação, a alimentação e o dominação/cuidado da terra. Ou seja, 3 coisas que dão prazer ao homem - sexo, comida e poder, estavam logo nas primeiras ordens do Senhor. Foi Deus que criou o homem com a função sexual e lhe deu a capacidade de sentir esse prazer e ainda ordenou que fosse prolífico nessa atividade. Foi Deus que lhe deu toda a comida para comer livremente (veja também Gênesis 2:16 em que todas as árvores com exceção da prejudicial são colocadas a seu dispor). Foi Deus que criou o homem com o desejo e o poder de mandar, organizar, dominar. Porque será então que achamos que Deus não aprecia o prazer e que seus mandamentos são desagradáveis?

Regras, leis e mandamentos fazem parte da vida. Se estabelecidos por ditadores cruéis podem ser terríveis, mas quando estipulados por bons governantes permitem uma vida pacifica e ordeira que beneficia a todos. Pensar nos mandamentos de Deus como apenas limitantes é pensar de modo bitolado. Todos nós seguimos regras e na esmagadora maioria dos casos elas nos ajudam. Pense num GPS. Eu uso GPS porque não conheço bem as ruas de minha cidade. Quando sigo as instruções (mandamentos) do GPS posso pensar que estou limitado. SE vou seguir o GPS á risca não tenho a liberdade de entrar por ruas e estradas que ele não indica. Mas a verdade é que seguindo os mandamentos ou direções do GPS eu não fico perdido e acabo chegando ao meu destino mais depressa e com segurança. Posso até passar por lugares que desconheço e posso até me assustar com alguns deles, mas fico com medo. Vou tranquilo porque sei que o GPS vai me guiar bem.

As leis do Senhor são feitas assim, à nossa medida. E à medida da vida. Servem para nos guiar, dar propósito e direção. Com elas vamos seguros. Podemos ter algumas limitações, mas são positivas e impedem que andemos perdidos sem rumo, correndo riscos desnecessários. Os mandamentos de Deus colocam alguns limites exatamente porque ELE nos criou desse modo e criou o prazer para ser extraordinário dentro desses limites.

Você pode comer tudo que quiser e na quantidade que quiser. Mas todos sabemos que, se não nos limitarmos, iremos sofrer. Se abusarmos da alimentação em termos de quantidade e qualidade iremos depois colher os resultados. Pode ser uma indigestão, uma diarréia ou algo mais grave. Uma vida a comer gorduras termina em artérias entupidas e muitos problemas de saúde. Temos que entender que a limitação é benéfica e nos abençoa.

Igualmente no sexo. Podemos viver promiscuamente. Mas depois teremos que arcar com as consequências físicas, psíquicas e espirituais. Fisicamente poderemos ter desde pequenas irritações de pele a doenças potencialmente fatais. Psiquicamente ficaremos confusos e insatisfeitos, vivendo uma insegurança própria da falta de relações comprometidas. Espiritualmente o promíscuo ficará com a sua vida em pedaços porque não fomos feitos para copular como animais no cio.

Mas o sexo dentro dos limites que Deus criou, no casamento, com amor e como manifestação mais especial do carinho entre marido e mulher pode ser uma benção extraordinária porque para isso foi criado por Deus. O Senhor não é contra o prazer, apenas contra seu abuso porque nos conhece e sabe melhor do que nós mesmos o que precisamos.

A conclusão parece óbvia. Deixemos de olhar para o Senhor como um Deus iracundo que é antagonista do prazer. Louvemo-lo pelo que é - o criador do prazer. Entendamos que os limites por ELE colocados são para nosso bem e desfrutemos das alegrias e dos prazeres que ELE nos deu.

NÃO COMO O MUNDO!

“Deixo-vos a paz, minha paz vos dou;
não vo-la dou como o mundo a dá."  João 14:27

Paz é uma comodidade rara em nossos tempos. Vivemos dias de pressão, depressão e comoção. A humanidade vive insone, irritada, insatisfeita e ansiosa.

 Precisamos urgentemente de paz. Paz nacional, paz social, paz emocional e interior. Paz nos lares, nas escolas, nos trabalhos, nos parlamentos, nos governos, nas fronteiras. Mas a paz parece nos escapar por entre guerras estúpidas, disputas religiosas inúteis, brigas familiares sem sentido e conflitos internos indecifráveis. Como necessitamos da promessa de Jesus. Sua paz, a que Ele prometeu é única. E Ele prometeu que a daria de um modo diferente do conhecido. Notemos o que isso significa.

Não como o mundo, não pela aparência
O mundo avalia praticamente só pela aparência. Se parece então deve ser. Importante é parecer. Parece em paz, mas estará? Não interessa. Só queremos ver a cara. O mundo dá de acordo com o visual. Se o que se vê agrada, se esta de acordo com a moda, então o mundo dá. Senão é melhor ir bater a outra porta. Se o visual destoa, se aos olhos não parece bem, o mundo só tem desdém e escárnio.

Jesus dá sem olhar a aparência, sem se preocupar com o visual, sem avaliar a moda, a forma ou o que os olhos podem ver. Ele olha dentro e dá de acordo com o que está dentro. Ele vê além das ações, as intenções. Olha para lá da fachada e nota a autenticidade. Que alivio para a maioria de nós saber que para Jesus o que conta não é o exterior.

Não como o mundo, não pelos contatos
"Você conhece alguém?" Esta foi a pergunta que me fizeram quando meu processo pareceu encravar. Se queria que as coisas andassem não bastava andar na lei, não bastava ter a razão, não era suficiente ter a justiça do meu lado. O mundo estava pronto a dar, mas era preciso conhecer alguém, ter algum contato, receber uma indicação. E eu saí de mãos vazias.

Mas Jesus não dá assim. Ele não pede credenciais, não verifica currículos, não recebe telefonemas de pessoas "importantes". Ele recusou o príncipe Nicodemos e perdoou a mulher adultera, rejeitou o moço rico e deixou lavar os pés por uma mulher de fama duvidosa, repreendeu os poderosos e abençoou as crianças, tocou o leproso, curou o cego, libertou o possesso. Para ele não havia intermediários. O chamado era direto, "vinde a mim" e ele dá sem olhar a contatos ou conhecimentos.

Não como o mundo, não passageiramente
O mundo é perito em vender prazer, alugar felicidade e emprestar alegria... Tudo por uma módica quantia e com prazo de validade determinado. Tome esta droga e será feliz... Temporariamente; compre este produto e será realizado... Passageiramente; vá nessa viagem e encontrará aventura... Fortuitamente; viva neste bairro e compre este carro, faça este curso e tudo lhe será maravilhoso... Enquanto durar.

Como é diferente a paz de Jesus! Ele prometeu uma vida de qualidade diferente, em quantidade diferente e por um tempo infinito. Sua paz não tem fim! Não vem com prazo de validade, não se desgasta com o tempo e dura literalmente uma eternidade! O investimento NELE é garantido e é para sempre. Começa aqui, continua ali e durará sem fim após esta vida mudar e passarmos a outra dimensão. Essa sim é paz desejável.

Não como o mundo, não superficialmente
A paz do mundo e tudo o mais que oferece fica-se pela epiderme. Dura pouco exatamente porque não tem raiz. Normalmente afeta apenas os sentidos, e quando parece muito boa chega somente aos sentimentos e todos nós sabemos como esses mudam, como se alteram, como são pouco dignos de confiança. A paz do mundo é como o ansiolítico e antidepressivo. Coloca a pessoa a dormir, mas não cura seus problemas, não resolve seus dilemas, não responde suas questões. Se o próprio mundo não conhece as soluções e não sabe o caminho como pode dar algo mais? Não se pode tirar de onde não existe.

Jesus veio para que entendêssemos a vida que se podia viver. O mundo diz: "acho que esta ali". Jesus diz: "Eu sou a vida". Ele não tentou adivinhar, sabia. Não filosofou sobre o assunto, viveu. Não levantou hipóteses a testar, provou-as no mais pleno das possibilidades. O mundo diz como o adesivo de automóvel: "Não me siga estou perdido!". Jesus diz: "Eu sou o caminho, a verdade... a porta... quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida... de seu interior fluirão rios de água viva". Que diferença. Certamente não é como o mundo.

Nestes tempos difíceis que vivemos deixemos as tentativas patéticas do mundo e nos entreguemos às certezas do Mestre. Ele é VIDA. Sua paz é perfeita, profunda, eterna. Quando tantos se arvoram em orientadores nos dizendo o que devemos fazer, Ele nos mostra o que podemos ser. É sua paz que nos deixou. É sua paz que precisamos.
Não como a do mundo...
Mas a verdadeira.

A VIRTUDE ESQUECIDA!

Gabrielle Andersen
Nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, a suíça Gabrielle Andersen, desidratada, desorientada e com uma cãibra na perna esquerda, caminhou os últimos 200 metros da maratona levando 10 minutos para completá-los.

 Ao cruzar a linha de chegada, Gabrielle caiu desacordada nos braços dos médicos. Após a prova, a atleta disse que queria terminar o percurso, pois aquela talvez fosse sua única oportunidade de participar dos jogos devido a sua idade.

 Ela chegou apenas na 37ª posição entre 44 corredoras, e fez o tempo de 2h48min42s, mas foi mais aplaudida que a medalhista de ouro, a norte-americana Joan Benoit. O fato é considerado um dos maiores exemplos de perseverança, garra e espírito olímpico. Porém  poucos têm a virtude de continuar e esperar pelos resultados.

Hoje queremos tudo "fast" desde nossa comida, nossos computadores, nossos telefones e, é claro, no nosso tratamento médico queremos que o remédio faça efeito imediato. É verdade que admiramos quem consegue fazer coisas que exigem tempo e admiramos a garra de uma corredora que quer chegar ao fim da corrida, mesmo que não seja a primeira. Mas a verdade permanece, a virtude hoje esquecida é certamente a Perseverança.

Apesar da pressa que caracteriza a vida moderna continua presente a necessidade da perseverança. Há tanta coisa neste mundo que não se pode fazer sem perseverar que já era para o homem ter aprendido a lição. As colheitas não se fazem de um dia para outro, os relacionamentos não se firmam de uma semana para outra, hábitos só se formam com o tempo e muda-los exige também paciência e continuidade. Vejamos algumas das áreas em que palavra nos manda perseverar:

1) Na Salvação (Mateus 24:13 e Marcos 13:13)
A Palavra é clara, há que perseverar para se alcançar a salvação. Isso não retira em nada o mérito de Jesus mas descarta a graça facilitada e a salvação sem mudança de vida que hoje se verifica. Aquele que perseverar até o fim será salvo, é uma advertência bem clara e fácil de entender. A nova vida em Cristo exige luta, continuidade, persistência.

2) Na Oração (Lucas 18:1)
Orações tipo fast-prayer não existem. Há ocasiões raras em que o Senhor responde de imediato, mas há muito mais situações em que somos chamados a lutar e perseverar em oração. Jesus disse que era nosso dever. Se vale a pena incomodar o Senhor com isso então vale a pena insistir, continuar, levar anos com essa questão até vê-la atendida. Precisamos de intercessores que não desistam ao fim da primeira semana. Já ouvi testemunhos de irmãos que oraram décadas por uma conversão. É desse tipo de crente que a Igreja tem falta hoje.

3) Na Obra de Deus (I Coríntios 15:58)
Texto conhecido e muito usado que nos lembra que é preciso ser perseverantes na obra. As coisas de Deus não se fazem da noite para o dia. Qualquer obreiro experiente sabe isso. Por isso Jesus disse que o que pega o arado e olha para trás não é digno dEle. Estamos hoje com uma vaga de missionários que não quer ficar mais de uns meses ou no máximo 2 anos no campo. Pastores que trocam de igreja a cada 2 ou 3 anos. Deixamos de ter a perseverança necessária para ver a obra se desenvolver como é preciso.

4) Para Reinar (II Timóteo 2:12)
Certamente queremos reinar com Cristo. Os evangelhos fáceis de hoje o prometem com muita rapidez. Mas o texto bíblico é claro. Para chegar a reinar é preciso perseverar. Sem firmeza seremos encontrados em falta e ficaremos de fora.

5) Na Fé (Tiago 1:5 a 8)
A fé precisa ser perseverante. Tiago alude aos crentes onda do mar que vivem num ciclo de maré alta, maré baixa. Crer e duvidar constante. É evidente que há um questionar próprio da vida mas para o crente a fé é essencial. Crer sem duvidar, crer de modo perseverante. Somos chamados a deixar a instabilidade.

6) Para Cumprir a Vontade de Deus (Hebreus 10:36)
Se desejamos ver a vontade do Senhor manifesta em nossas vidas então precisamos aprender a perseverança, a continuidade, a constância. Sem ela dificilmente veremos as coisas do Senhor acontecendo em nossas vidas.

Conclusão:
Muitos outros textos poderiam ser citados. Fica a mensagem clara. Perseverança é uma virtude essencial a vida cristã. Entendemos que é preciso perseverar numa dieta para se perder peso, num tratamento para ficar com saúde, num instrumento para se tocar bem, numa relação para se ter confiança... porque seria diferente na vida cristã? Certamente não. Trata-se de uma virtude esquecida em nosso mundo de coisas rápidas. Não deixemos porém de lembrá-la. Dela dependemos.

COMO CRIANÇAS, MAS NÃO COMO CRIANÇAS ( Integral)

Em meio a um debate sobre a importância de cada discípulo o Mestre pegou uma criança e colocou-a no centro das atenções. Então, com seu jeito único, atordoante e profundo disse: “... Se não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus...” (Mateus 18:3). Algumas décadas mais tarde, o Apostolo Paulo repreendeu os crentes de Corinto por serem crianças dizendo: “... Não vos pude falar como a espirituais e sim como a carnais, como a crianças em Cristo...” (I Coríntios 3.1) e mais perto do fim da carta salienta que quando amadureceu na fé “deixou as coisas próprias de meninos” (I Coríntios 13:11). Afinal, em que ficamos? Devemos ser ou não como crianças?

Evidentemente que a dificuldade só existe numa primeira abordagem do tema e um olhar mais profundo mostra que Jesus e Paulo não estão se contradizendo mas se complementando. Queremos avaliar as duas afirmações em sequência. Pensemos primeiro nas palavras de Jesus. No que devemos ser como crianças?

1-SIMPLICIDADE
As crianças são simples e diretas, sem subterfúgios, sem fingimentos, sem máscaras. Ser como crianças nesse sentido é deixar de lado a hipocrisia e a representação que aprendemos da vida social a medida que crescemos. Ser criança é ser puro, sem malícia, sem segundas intenções, dizer o que realmente sente e expressar de modo franco a mente. Não precisando ser rude para isso, mas sem a maquilhagem que os anos trazem.

2- CONFIANÇA
As crianças têm uma incrível capacidade para crer. Como a conhecida história da igreja que em meio a uma terrível seca se reuniu para orar. Todos vieram mas uma menininha sobressaía do grupo porque trazia um guarda-chuva. Quando lhe tentaram mostrar o ridículo de sua situação carregando um guarda-chuva num tempo de secura total ela devolveu o ridículo: “não vamos orar por chuva? Então, vamos precisar de guarda-chuva”. O episódio termina com a menina triunfante regressando a casa protegida no meio de um verdadeiro temporal. Ser criança é acreditar.

3- DESPREOCUPAÇÃO
As crianças têm um grau mínimo de preocupação. Não gastam tempo pensando se vão ter o que comer ou casa para morar. Não se preocupam com o que os outros vão pensar de suas roupas ou modos. Simplesmente descansam que vai haver comida na mesa, cama no quarto e que todos irão entender seu jeito. A ansiedade não é natural numa criança. Ela simplesmente não se preocupa anão ser quando os adultos começam a instilar dúvidas em seus corações.

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Como Crianças, mas não como Crianças (Parte 2)

Na última postagem pensamos nas palavras de Jesus em Mateus 18:3 de como devemos ser como crianças e notamos as características infantis que devemos ter. Temos, no entanto, em I Coríntios 3:1 uma advertência de Paulo para que não sejamos crianças. Nessa mesma carta ele diz que ao amadurecer em Cristo “deixou as coisas de menino” I Coríntios 13:11. Já meditamos em como devemos ser crianças. Pensemos agora em que devemos evitar ser como crianças.

As crianças pequenas não desenvolveram ainda aquilo que a psicologia chama de “permanência do objeto”, ou seja, a capacidade de entender a presença de algo que não se vê. Uma criança pequena brinca com algo e se diverte, mas se essa coisa, por exemplo, uma bola, sair de seu campo de visão, ela imediatamente se esquece dela. Para a criança a bola deixou de existir. Ela ainda não desenvolveu a capacidade de saber que está lá, talvez debaixo de um móvel, mesmo que ela não a esteja vendo.

Há crentes assim. Como Tomé só aceitam o que vêm, não conseguem crescer na fé já que essa é a “certeza das coisas que não se vêm” (Hebreus 11:1). Ora sem fé é impossível agradar a Deus e impossível viver e crescer no caminho de Jesus. Somos chamados a deixar de ser crianças e viver da fé, não da vista.

Relacionada com essa característica está a aprendizagem da ausência. A razão porque as crianças choram tanto nos primeiros dias de escola é que não conseguem entender que a mãe vai voltar no fim do dia. Para elas, ao serem deixadas pela mãe e ao deixarem de vê-la foram abandonadas. Serão precisos muitos dias de aula para que a criança perceba que a mãe voltará, mesmo que não pareça. Que apesar do interminável dia, a hora vai chegar em que verá aquele sorriso conhecido e receberá aquele abraço desejado.

Muitos crentes vivem dependentes da ação visível de Deus. Quando há atuação direta, quando há resposta rápida a oração, quando há milagres acontecendo, então são felizes. Mas basta o silêncio do céu durar mais de umas semanas e estão em depressão. Ainda não venceram a fase infantil da fé. Não conseguem entender a presença de Deus sem ver milagres. Não percebem que o Senhor está presente a não ser nas vitórias. Têm muito que crescer ainda.

Uma terceira característica das crianças pequenas é a necessidade de gratificação imediata. A criança tem que comer, beber, mudar de posição, trocar de fralda, ter sua chupeta em base instantânea. Como não pode fazer isso sozinha e depende de outros, sua única reação é chorar e usa essa estratégia de modo insistente e ensurdecedor até ser atendida. E infelizmente temos irmãos e irmãs que parecem bebés chorões. Sempre reclamando de algo que não aconteceu, de uma bênção que não chegou, de um pedido que não foi atendido, de uma pessoa que passou a sua frente. Sem gratificação imediata acham que o mundo vai acabar. Esse tipo de vivência cristã demonstra imaturidade. A esses, Paulo dizia, cresçam e deixem de ser como crianças.

Por último, lembramos do egocentrismo próprio da criança pequena. Ela se julga o centro do universo. Só existe o que lhe diz respeito e tudo o que existe é de algum modo para servi-la em suas necessidades. Entre as primeiras coisas que a criança aprende a dizer está o pronome possessivo “meu”. “É meu” sai depressa de seus lábios. Partilha é algo que levará anos a aprender. Serviço então nem se fala, terá que ser imposto de um modo ou outro pois a criança naturalmente não servirá.

Jesus insistiu que a vida cristã é centrada em Deus e no serviço ao próximo. Crentes egocêntricos, que acham que Jesus veio apenas para salva-los e o Pai existe apenas para responder suas orações, são os que dão mais trabalho. Para eles, a igreja, os irmãos e o pastor, estão lá para tratar de suas necessidades. A esses, Paulo diria: cresçam, deixem de ser como meninos, amadureçam e coloquem de lado as coisas de criança.

A vida cristã é cheia de paradoxos. Somos chamados a ser como crianças na simplicidade, confiança plena, apetência para o ensino, humildade no clamor, alegria grata, mas a deixar de lado a incapacidade de lidar com a aparente ausência do Pai e o egocentrismo que exige gratificação imediata. Sejamos pois como crianças...porém não como crianças.
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