Dr. Joed, de onde o senhor veio?

Esta é uma pergunta feita a mim com muita frequência. Meu sotaque é de um português perfeito, mas tenho aparência de estrangeiro, do Leste europeu ou talvez alemão? Meu nome tem um toque de italiano, mas o primeiro nome é tão estranho como os nomes brasileiros. Afinal, de onde você é?

Responder a esta questão é bem mais complicado do que parece, pois como filho de missionário vivi a maior parte da minha vida fora do Brasil. Os filhos de missionários vivem uma terceira cultura, pois não vivi na cultura de meus pais (Brasil), mas absorvi muito da cultura do país onde fui criado por 24 anos (Portugal). Após ter vivido como missionário entre muçulmanos da Guiné-Bissau e mergulhado na cultura Fula por 12 anos estou de volta a Portugal, portanto, posso dizer que não tenho pátria. Sinto-me um forasteiro neste mundo, um cidadão do céu, aguardando o retorno do meu Senhor.

É assim a vida de um missionário e creio que "uma vez missionário, sempre missionário". Missões está em nosso sangue! Nosso coração arde ouvindo colegas contarem seus desafios e lutas. Ficamos ansiosos por compartilhar ideias, orar, interceder e ficar na brecha por eles, mesmo que não estejamos no mesmo campo, porque sabemos o que sentem, já vivemos, já passamos pela mesma ponte e podemos contar-lhes de todos os perigos que estão do outro lado.

Depois de 12 anos de trabalho na Guiné-Bissau retornamos ao Brasil em 2008, numa fase de reestruturação da JMM. A PIB de Campo Grande/RJ nos recebeu com muito carinho e foi um tempo de refrigério e bênção poder conviver com estes queridos irmãos. Porém, por impedimentos burocráticos, teria que esperar 3 anos para exercer novamente medicina. A solução foi retornar a Portugal, onde meu trabalho médico é muito valorizado. Temos atuado na medicina e ministrado na Terceira Igreja Batista de Lisboa, bem como professor no Seminário Baptista e pregado em conferências e cultos em todo o país. Mas, Missões sempre continuou em nosso coração.

Foi com alegria que recebemos o convite-apelo do Pr. João Marcos para voltar a colaborar com a JMM. O novo executivo falou-nos de seus planos e sonhos e através de suas palavras pudemos vislumbrar seu amor por missões e sua determinação em prosseguir e ampliar esta obra grandiosa.

Aceitamos o desafio, pois sentimos que desse modo poderemos usar toda a experiência adquirida ao longo de todos estes anos para o benefício dos missionários batistas brasileiros. Manteremos nossas atividades em Portugal e apoiaremos os colegas de campo como Orientador Estratégico e Pastoral do Leste Europeu.

Missionários também precisam ser pastoreados, aconselhados, ouvidos e acarinhados, pois a guerra faz muitos feridos e nossa função é renová-los e enviá-los novamente à frente de batalha. Estamos felizes por sentir que o Pr. João Marcos tem como prioridade o cuidado do missionário, pois se este está motivado seu trabalho é muito mais eficaz e duradouro. Portanto, estamos de volta à JMM para continuar a ser bênção para os batistas brasileiros. Rogamos aos amados leitores e intercessores que continuem na brecha orando por nós a cada dia.

(Artigo escrito originalmente para o Jornal de Missões)

Voltando ao Básico!

Eram os primeiros treinos do meu filho na escolinha de futebol. A ansiedade era grande! Ali se formavam craques e todo garoto sonha, pelo menos uma vez na vida, ser um jogador de futebol famoso. Porém o desânimo era visível ao fim de cada treino. Fui assistir para ver qual seria o problema. Na verdade era simples. O treino consistia em 1 hora e 45 minutos de corrida, passes entre companheiros, chutes a gol e outros fundamentos do jogo e então, no final do treino, 15 minutinhos de jogo corrido. Meu filhote queria jogar! Esse negócio de ficar trocando passes por 20 minutos e ter apenas um joguinho rápido no fim do treino o desiludiu. Ele não queria gastar tempo com o básico!

Quando vemos atletas fazendo maravilhas, músicos tocando magnificamente e outros profissionais mostrando habilidade singular ficamos impressionados e queremos imitá-los. Mas o que desconhecemos é que por trás de uma bela pirueta no ar, um gol de placa, um cesto fantástico, uma peça bem tocada, uma habilidade fora do comum estão horas e horas de prática do básico. O jogador de basquete passa horas treinando lances livres; o pianista passa horas a cada dia tocando escalas. Se pudéssemos ver as horas de esforço a que esses profissionais se submetem para chegar onde chegam ficaríamos assustados. NADA substitui o básico!

Se um time jogou mal, provavelmente vai ter que gastar mais tempo no básico: a troca de passes. Se um bolo ou prato sai errado, o melhor é voltar ao básico: a receita. Se a montagem de uma peça ou a utilização de um aparelho está com problema é bom dar uma olhada no básico: o manual. Parece conselho óbvio, mas é realmente importante.

A vida espiritual não pode ser diferente. Como em quase tudo nesta nossa cultura moderna queremos que as coisas do Espírito andem depressa. Queremos resultados, impacto, números, êxtase, maravilhas em ritmo acelerado. Recorremos a qualquer expediente novo que nos seja apresentado, desde que prometa solução veloz.

Multiplicam-se os livros de auto ajuda espiritual: "Como ser um crente perfeito em 10 lições"; "Como ter uma igreja grande em 5 passos"; "Os 3 fundamentos para fazer seu ministério bombar".Compramos livros e CD’s, vamos a conferências e congressos, vasculhamos a internet, participamos de palestras e retiros quase sempre a espera de algo que nos mude instantaneamente e nos faça gigantes espirituais do dia para a noite. Tudo só para descobrirmos nos dias seguintes que continuamos os mesmos, carnais, fracos, inseguros, repetindo ainda os mesmos erros...

TEMOS QUE VOLTAR AO BÁSICO!
Temos que entender que a vida espiritual é VIDA. Não se passa aos soluços, não avança em espasmos, não acontece por saltos. Vive-se no dia-a-dia, crescendo passo a passo, evoluindo lenta mas seguramente para a medida de varão perfeito que nos foi deixada pelo Mestre. E quais são os básicos da vida cristã? Você já sabe, mas deixe-me refrescar sua memória.

Os básicos da vida cristã são Bíblia e Oração.

BÍBLIA: Que falta temos de Bíblia! Entenda-me bem. Temos bíblias até demais nas nossas livrarias e nas nossas casas. Há para todos os gostos, feitios, cores e tamanhos, com e sem comentários, e mesmo para quem quer disfarçar e andar com ela sem parecer que a leva. O que nos falta é Bíblia no quotidiano, Bíblia na mente e no coração. Falta leitura, falta meditação, falta estudo, falta respeito. Nossa visão da Bíblia é mesquinha e egoísta. Pensamos que é um livro para nos dar umas ajudas e dicas quando as coisas ficam difíceis. E quando a buscamos nessas ocasiões ainda nos surpreendemos porque é que ela não faz sentido.

Precisamos retornar à reverência da Palavra. Precisamos resgatar o temor e o tremor do povo na base do Sinai quando o Senhor começou a dar sua revelação. Entender que esse livro é a revelação do Deus Todo-poderoso. São palavras de Vida. São a manifestação do eterno em forma escrita. A palavra de Deus que está em nossas mãos é única. Fez-se carne e habitou entre nós em Jesus, mas hoje está ao nosso alcance para leitura, crescimento e maturação desde que a busquemos em espírito e em verdade.

Precisamos olhar a história do povo de Deus e ver como a Palavra sempre foi central. Todo o culto centrado nela, em sua leitura. Todo o tabernáculo construído para no seu lugar mais sagrado, na arca da aliança, ser preservada uma cópia. Todos os festivais que Deus ordenou para que ela fosse lida periodicamente pelo povo reunido. Devemos lembrar que foi a falta dela que levou o povo ao cativeiro. Foi sua leitura que marcou a restauração. E então, no exílio, quando já não havia templo ou sacrifício, edificaram sinagogas onde todo o culto era centrado na leitura da palavra. Toda a educação dos meninos voltada para o aprendizado da leitura da palavra. A festa de passagem à vida adulta marcada pela capacidade do garoto de ler a palavra. Jesus criado no estudo e reverência da palavra e com ela desbaratando as tentações do maligno.

A Bíblia tem que regressar a um lugar central em nossas vidas e nos nossos cultos. Hoje temos cultos voltados para os sentimentos, com louvor que parece querer essencialmente agradar os sentidos e as emoções. Pouco espaço sobrou para a leitura Bíblica no culto. Pena, porque para muitos na igreja era a única leitura bíblica de sua semana. Assim não conseguiremos avançar nunca. Teremos sempre igrejas-berçários, cheios de bebes em Cristo. Temos que voltar ao Básico!

ORAÇÃO: Que falta temos de oração. Parece que as únicas orações que fazemos são aquelas desesperadas ou as fugazes orações das refeições. Onde fica o tempo a sós com Deus? O que é feito do silêncio na presença do Senhor na expectativa de sua voz? Onde o período de conversa amorosa com o Pai? Onde as mentes voltadas a Deus em cada atividade do dia.

Amo o filme "Violino no Telhado" sobre judeus na Rússia. O personagem principal, Reb Tevye, passa o filme em oração. Ele faz as orações rituais do shabat, mas muito mais que isso, passa o tempo todo pensando na esfera Divina. Conversa com Deus sobre tudo, desde os casamentos das filhas, as decisões de negócios ao machucado na pata de seu cavalo. Abre seu coração com Deus expressando alegrias, frustrações e sonhos. Isso é oração! Conversar com Deus sobre o que estamos fazendo juntos!

Precisamos recuperar a emoção da oração, a expectativa da conversa com o Pai, a maravilha desse acesso direto ao Senhor. Um querido amigo da Guiné-Bissau, que levamos a Cristo vindo do Islamismo, tinha como texto favorito Efésios 3:12 onde Paulo fala de Cristo "pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele". Vindo de uma religião onde o acesso a Deus é negado, ele exultava por essa nova realidade de poder chegar a presença do Senhor a cada instante. Fora um muçulmano praticante e sincero. Porém, em Cristo encontrara algo totalmente novo e não cessava de se alegrar e maravilhar nessa bênção extraordinária da oração.

Precisamos de parar de falar sobre oração, parar de ler sobre oração, parar de ouvir sobre oração e simplesmente orar. Orar a sós, orar em família, orar no trabalho, orar como igreja, orar como grupo de comunhão, orar sem cessar. Precisamos orar para viver como se nossas vidas dependessem disso e na verdade dependem, pelo menos uma vida espiritual saudável e frutífera.

Queridos, pode parecer simples e até banal dizer o que disse. E aí está parte do problema. A familiaridade banalizou o essencial e nos deixou órfãos espirituais. Mas o regresso é sempre possível. Teremos tempo no momento que entendermos seu valor. Precisamos mais de Cristo, mais do Espírito e para isso teremos que voltar ao básico, Bíblia e Oração, o coração da vida Cristã!

EUTANÁSIA ECLESIÁSTICA


A eutanásia vem sendo assunto controverso ao longo de vários anos. Trata-se da prática pela qual se abrevia a vida de um doente incurável de maneira controlada e assistida por um profissional. Foi oficialmente aprovada na Holanda em 2001. Nesse mesmo país se discute agora o direito de pessoas acima dos 70 anos cometerem suicidio assistido. Foram levantadas mais de 125 mil assinaturas para que o assunto fosse ao parlamento.

Mas, o que nos preocupa aqui neste espaço é a eutanásia eclesiástica, a prática pela qual se abrevia a vida de uma igreja por meios controlados e assistidos por seus membros e líderes.
Temos visto isso acontecer com uma triste frequência. Igrejas que foram um dia vivas e ativas, vão esmorecendo aos poucos com claros sinais de decadência e a caminho da morte certa. São igrejas que caminham para a extinção sob o comando, por vezes bastante firme, de membros e líderes. Em geral são pessoas que se consideram "donos da igreja" que fazem essa eutanásia. Outras vezes são lideranças equivocadas ou simplesmente medrosas demais para sair do marasmo ou pedir ajuda. Outras igrejas ainda, estão na verdade mortas mas não foram encerradas e são quadro agonizante do que o evangelho não deve ser. Quais são então as práticas que compõem a eutanásia eclesiástica?

1) Deixar de Orar (ITessalonicenses 5:17)
O poder e a vida da Igreja advêm da presença e atuação do Espirito Santo de Deus. Nosso acesso a Ele se dá por meio da oração. Logo, a oração é fundamento da vida da igreja. Uma igreja que não ora, caminha para a morte. membros que não se envolvem na vida de oração de suas igrejas ajudam ao processo de eutanásia eclesiástica.

É claro que todos dirão que todas as igrejas oram. Mas não falamos daquelas orações formais dos cultos dominicais ou dos famosos cultos de oração onde na verdade se levantam duas ou três preces, em regra pelos mesmos de sempre. Quando falamos da igreja em oração falamos de reuniões exclusivas para orar, de sermões voltados para a prática da oração, de grupos na igreja voltados à intercessão pelos membros e suas dificuldades e pelo ministério. Falamos da prática sã do jejum bíblico, de intercessores durante os cultos, de visitadores que oram nos lares, de ministérios voltados só para a oração que formam cadeias de intercessão.

Sempre que o Espirito Santo explodiu em avivamento aconteceu num contexto de oração verdadeira e intensa. A oração está para a vida cristã como a respiração para a vida física. Sem ela, ficamos privados do oxigénio espiritual e murchamos dominados pelas toxinas do pecado e da vida atribulada. Uma igreja que não prioriza a oração comete eutanásia espiritual.

2) Deixar de Testemunhar (Atos 1:8)
A Igreja de Jesus é necessariamente confessante. O Senhor nos chamou à confissão com a promessa de nos confessar também nos céus (Mateus 10: 32 e 33). O testemunho surge de modo natural na vida íntima com Deus. Quando temos uma vida de oração que cresce na comunhão, o testemunho não é uma técnica que aprendemos ou uma tarefa a cumprir, é uma verdadeira necessidade, uma fluência lógica do tipo de vida que levamos.

A igreja tem deixado o testemunho para supostos "especialistas". Vemos a tarefa da evangelização como sendo de uma pequenina parte da congregação. Os pastores, os missionários, os evangelistas e alguns irmãos mais extrovertidos que não conseguem ficar quietos. A maioria do crentes porém, se exclui dessa tarefa com as desculpas mais fracas de que "não tem dom", " não tem formação", ou simplesmente porque têm vergonha.

Os evangélicos costumam criticar grupos como as autodenominadas Testemunhas de Jeová, mas eles têm cerca de 90% de envolvimento de seus membros no testemunho. Também criticamos a doutrina Mórmon, mas a maioria de seus jovens tem dois anos de experiência missionária transcultural como parte obrigatória de sua formação. Já imaginaram o que seria o testemunho do evangelho se tivessemos números assim?

Quando a igreja deixa de ter os seus membros envolvidos efetivamente no testemunho, pode ter muitas coisas, e até crescer numéricamente, mas no mundo espiritual está cometendo eutanásia.

3) Deixar de Discipular (Mateus 28:19 e 20)
Normalmente, a fraqueza precede à morte. O corpo perde vigor, vai ficando cada vez mais fraco até que deixa de funcionar. Muitas igrejas hoje estão em fase adiantada deste processo. Enfraquecem a olhos vistos. Seus membros são fracos, suas familias são fracas e logo, a igreja é fraca. E porque isso? A resposta é simples: falta de discipulado!
A orientação de Jesus foi tão clara que dispensava comentários. Ele enviou os discipulos a reproduzir o tipo de ministério que Ele teve. "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vós" João 20:21. Jesus investiu em discipulado. Deixou homens preparados para o trabalho. Paulo seguiu a mesma linha. Plantou igrejas, pregou e evangelizou, mas investiu em lideres, em futuros pastores e mestres. Discipulou a muitos para que o trabalho continuasse.

Hoje, o discipulado é resumido a uma aula de preparação para o batismo. O novo convertido não recebe apoio fora disso. Ninguém o acompanha para ajudar na formação de uma nova cosmovisão de acordo com a Biblia. Não admira que tenhamos candidatos a batismo que saibam repetir certas respostas fáceis, mas que continuam pensando essencialmente como pensavam antes da conversão. Sem acompanhamento, como poderão mudar da mentalidade mundana por uma bíblica?

Crentes sem discipulado são crentes fracos, que não crescem. Depois de anos na igreja mal sabem abrir a Biblia e ainda pensam como o mundo, na maioria das coisas. Não foram discipulados e evidentemente não sabem e não podem discipular. O caminho de Jesus foi abandonado, deixando em seu lugar crentes raquíticos e igrejas enfraquecidas. Verdadeira eutanásia eclesiástica!

4) Deixar de combater o mal (Mateus 15:18)
O Senhor não nos chamou para fugir do mundo ou sair dele (João 17:15). Ele nos envia como luzes no mundo para brilhar e sal para fazer a diferença (Mateus 5:13 a 16). Os servos de Deus incomodam e deve ser assim. No Antigo Testamento lemos de Elias como o perturbador de Israel porque se opunha ao mau governo de Acabe (I Reis 18:17) e no Novo Testamento os cristãos eram aqueles que tinham transtornado o mundo (Atos 17:6).

Infelizmente, a Igreja atual tem se mostrado covarde e/ou incipiente na sua luta contra o mal. Limita-se, na maioria das vezes, a criticar de dentro da segurança das quatro paredes, mas não toma atitudes condizentes e não se mobiliza contra o mal. Tudo o que homens maus precisam para triunfar com mais facilidade é de uma igreja retraída e escondida atrás de suas portas.

Sabemos por exemplo do mal que a TV tem feito com seus programas banalizando a violência, a prostituição, o divórcio, o homossexualismo, o aborto e a corrupção. Mas não vemos a igreja tomando uma posição clara sobre nenhum desses temas. Trata-se do medo de sermos perseguidos ou talvez o receio de incomodar a maioria. Ora, o pecado incomoda e porque não temos lidado com ele de forma direta, está incomodando nossos lares. Imagine se a igreja, por exemplo, boicotasse as novelas, deixasse de comprar certos produtos ou de usar certas marcas ligadas ao mal? A diferença seria imensa! Mas, o que vemos são crentes e  filhos de crentes sendo influenciados pelo mal e levando-o para dentro da igreja.

Há um risco inerente ao combate contra o mal. Durante a segunda guerra mundial aqueles da Igreja que tiveram a coragem de se erguer para falar contra o nazismo foram presos, torturados e mortos. Hoje, na maioria dos países ocidentais não corremos esse risco. Mas, poderemos vir a ser maltratados, injuriados, perseguidos e até podemos ir para à cadeia. Mas, não foi isso que Jesus disse que seria o normal para seus seguidores fiéis? (Mateus 5:11; 10: 16 a 23 e 34 a 39; 24:9 a 11).

A Igreja pode se calar e pensar que ao fazê-lo ganha a simpatia do mundo e facilita a pregação. A verdade é que ao agir assim torna-se alvo do desprezo geral, perde sua capacidade de salgar e comete eutanásia direta.

Conclusão
Temos vivido tempos em que o mundo está assustado. Assustado com as catástrofes naturais e a falta de esperança generalizada. Os países pobres não sabem como sair da crise e os países ricos sabem que seus sistemas sociais caminham para a bancarrota. O homem precisa de Deus, mas, em seu orgulho, cada vez mais se afasta dele. É a Igreja de Jesus que detém a palavra da vida que pode dar ao homem o que ele precisa.

Não deixemos a Igreja morrer! Não contribuamos para que morra por meio de atos que a levam a definhar. Lembremos que a Igreja precisa da oração como base da comunhão, do testemunho e discipulado para um crescimento sólido e de um combate sério contra o maligno no mundo como parte fundamental do nosso chamado profético.

Assim, teremos lutas,
mas teremos, certamente,
 vitórias e sobretudo
uma IGREJA VIVA!

Uma nuvem do tamanho da mão de um homem!

Tinham se passado três anos sem chuva. A terra estava esturricada, os animais morriam o povo desesperava. Elias sabia que era a hora de se ver chuva novamente. Mas não havia sinais no céu de chuva iminente. Elias então orou e sucessivamente mandou seu moço olhar o céu para as bandas do mar. À sétima vez o moço voltou e disse: "Eis que se levanta do mar uma nuvem pequena como a palma da mão do homem" (I Reis 18:44). Isso foi suficiente para o profeta que logo mandou avisar o rei Acabe: A chuva está chegando!

Parece que a igreja e os crentes modernos só se movem com terremotos de poder e maravilhas fantásticas. Corremos atrás de grandes números, de estádios cheios, de ministérios milionários. Perdemos a habilidade de ver Deus nas pequenas coisas e como consequência raramente o vemos. E pior ainda, concluímos que ELE está ausente. Precisamos urgentemente de renovar nossa fé. Esta fé que consegue enxergar uma tempestade vendo apenas uma nuvem do tamanho da mão de um homem e saber que ali está a resposta da oração de três anos!

Não estou falando de crendice fácil ou de fé barata ou ainda de satisfação com insignificâncias. Estou pensando na habilidade demonstrada por muitos servos do Senhor e pelo Mestre de ver aquilo que os olhos humanos não entendem. De ver além do mero raciocínio. De crer nas pequenas demonstrações da ação de Deus. Se há algo que a Bíblia nos ensina é a não menosprezar a ação de Deus. Meditemos um pouco em alguns episódios bíblicos.

Imagine que você fosse o faraó do Egito. Vê chegando ao palácio um velhote de 80 anos andando apoiado num bordão, sujo do deserto, cheirando a ovelhas que lhe diz que vem da parte do Deus altíssimo. Acreditarias? Daria ouvidos a seu discurso? Era uma nuvem pequena demais... mas era o homem de Deus para o momento e pelo poder do Senhor o Egito se curvou diante daquele bordão de pastor( Êxodo 4:18-31).

Imagine que você fosse um habitante de Belém e visse duas mulheres chegando de Moabe. Uma delas, já idosa, e a outra com características claras de ser uma estrangeira. Daria algum valor? Tiraria alguma conclusão? Era uma nuvem pequena demais... mas da descendência daquela mulher estrangeira nasceria o maior rei da história de Israel, aquele que daria nome à sua capital e seria o antecedente do Messias( Rute 1:16-22).

Imagine que acompanhava Samuel à casa de Jessé e depois de ver passarem seus belos filhos mais velhos, Eliabe, Aminadabe e Samá via chegar o caçula, ruivo, de aspecto ainda um tanto pueril de olhar límpido e barba rala clarinha. Faria grande julgamento dele? Acreditaria em seu potencial? Era uma nuvem pequena demais... mas era ele o escolhido de Deus, o ungido do Senhor, o vencedor de Golias, o fundador da dinastia eterna, o grande Davi ( I Samuel 16:1-13).

Imagine que estava às portas de Babilônia e via chegando um bando de prisioneiros. Entre eles, alguns jovens de olhar assustado. Um deles com ar medidativo e abstraído do que se passava. Eram escravos, de um povo conquistado, numa terra estrangeira e cheia de novidades desconhecidas. Que se poderia dar por eles? Como acreditar em seu futuro? Logo estariam assimilados. Eram nuvens pequenas demais... mas ali estava um que seria primeiro ministro de Nabucodonosor e sobreviveria ao próprio império babilônico para ser ainda grande na dominação dos Persas ( Daniel 1:1-21; 2:47-49).
"Nosso Deus gosta de usar as coisas pequenas deste mundo para confundir as grandes! "

Jesus foi o Mestre das nuvens pequenas. Ele valorizou a oferta minúscula da viúva pobre, recebeu crianças pequenas sem valor, gastou tempo com a mulher samaritana (levaria ao ganho de toda a aldeia para o reino), viu Zaqueu escondido na árvore. Jesus não desprezava as nuvens pequenas porque sabia ver nelas a chuva da abundante graça de Deus.

Quero ver melhor. Quero olhar o céu e mesmo quando só puder ver uma nuvenzinha do tamanho da mão de um homem saber que é sinal de chuva grossa. Quero aprender a avaliar como o meu Senhor a ver o meu Deus nas pequenas coisas e não só nas grandes. E o convido a entrar nessa senda comigo. É um caminho estreito, mas abençoado. Pouco percorrido, mas feliz. De pouca divulgação, mas muita glória. É o caminho daqueles que crescem na capacidade de ver com os olhos da fé. Pela misericórdia do Deus que sejamos despertados para essa caminhada.

GPS - não erre o caminho!

GPS – Global Positioning system, ou sistema de posicionamento global. Algo que até uns poucos anos parecia ficção científica própria de James Bond, hoje se tornou quase obrigatório. Já usou um? Tem um no seu carro? Uma voz feminina que lhe indica o caminho, vai dizendo quantos quilómetros faltam, quanto tempo falta, avisando antecipadamente que curva vai fazer. É o máximo! Você não faz ideia onde é o lugar mas chega sem erros...

Ou talvez sua experiência não seja tão clara assim. O GPS o mandou para um lugar totalmente diferente, mas com o mesmo nome. Ou então levou-o por uma estrada secundária, cheia de buracos e passagens estranhas, quando havia uma estrada mais fácil, apesar de um pouco mais demorada. Ou ainda pode ser que o GPS simplesmente não tenha informação sobre o lugar ou a estrada porque ainda não foi colocado no sistema. Enfim, o maravilhoso GPS não é tão infalível assim!

E é claro que você pode ser daqueles que resolveu experimentar o tal do GPS num caminho que já conhecia, só para experimentar, e de repente, se viu discutindo com a voz no aparelho que aquela não é uma boa escolha de estrada, esquecendo que está brigando com uma gravação e não com a esposa.

Na verdade, todos precisamos de direção. A vida é feita de muitas viagens, curtas e longas, muitas curvas mais ou menos apertadas e todos temos dúvidas, questionamentos e perguntas. Ora, um GPS serve exatamente para esses momentos, só que o GPS mais usado hoje em dia e mais divulgado é outro. Trata-se de um GPS, mas com iniciais que significam: GUIE-SE POR SI. Ou seja, guie-se por si mesmo!

Filmes, seriados de TV, best-sellers internacionais, mestres em psicologia, apresentadores de talk show e manuais de auto ajuda repetem um verdadeiro mantra da cultura ocidental moderna: Siga seu coração, olhe para dentro de si mesmo, faça seu próprio destino! Essa mensagem começa nos filmes da Disney e vai se repetindo por toda a mídia, em todos os níveis.

O que essa mensagem indica é que você deve tomar suas decisões basicamente seguindo seus instintos e sentimentos. Nem sequer há grande apelo ao raciocínio. A mensagem do mundo é que se olhar para dentro de si vai saber a resposta. Algo meio “elementar” vai lhe dizer o caminho. Uma espécie de GPS cósmico vai dirigir você. Siga seus instintos primitivos, faça o que seus sentimentos pedirem, dê asas a sua imaginação e lembre-se de que é dono de seu nariz e de seu destino...mensagens perigosas e nocivas!

Essa mensagem não somente não é bíblica como tem levado milhões a becos sem saída. Como um GPS desactualizado, leva multidões a atos de loucura, gestos de insanidade, palavras de maldição. Com base nos instintos e sentimentos crianças se matam, adolescentes desgraçam suas vidas, jovens cometem barbaridades e adultos inventam aberrações. Semanalmente vemos nas noticias ou ouvimos de amigos e conhecidos acerca de decisões que estragaram vidas, famílias, carreiras e relacionamentos. Tudo porque as pessoas tem se deixado levar pelo maldito GPS, "Guie-se por sí"

A Palavra de Deus nos afirma que o Senhor deve estar em primeiro lugar em nossas vidas e nos mostra um verdadeiro GPS celestial: o GUIE-SE PELO SENHOR!. Leia suas coordenadas e veja como são simples:

1) SEGUINDO A PALAVRA
 “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho
Salmo 119:105

Temos na Bíblia direção segura naquela que é a revelação da vida, vinda do Criador para a criatura.
A palavra de Deus edifica, anima, consola, corrige, mostra, dirige.
Toda Escritura Divinamente inspirada é proveitosa
 para ensinar, para redarguir, para corrigir,
para instruir em justiça;
 para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
 instruído para toda a boa obra” II Timóteo 3:16 e 17.
 Num mundo de instintos selvagens a Palavra nos mostra um caminho melhor e ninguém que a siga ficará confundido ou sem saída.

2) OUVINDO CONSELHOS
 “Não havendo sábia direção o povo cai;
 mas na multidão de conselheiros há segurança
Provérbios 11:14
Melhor do que qualquer GPS é a orientação segura de um amigo. O GPS pode errar, mas um amigo que conhece a estrada me guia com segurança, me leva num ritmo que posso seguir, me avisa dos buracos, me mantém alerta aos problemas. Porque deveria confiar em instintos animais quando posso conversar com quem já percorreu este caminho? Porque depender de sentimentos se há sabedoria nos que já viveram esse dilema? Aquele que procura conselho com os sábios certamente encontrará mais segurança do que o afoito por mais corajoso que seja.
3) VIVENDO A COMUNHÃO
Consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor
e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como Igreja,
segundo o costume de alguns, mas procuremos
 encorajar-nos uns aos outros...” Hebreus 10:24 e 25

O Senhor deixou-nos a Igreja exatamente porque sabia que a caminhada é difícil, as distâncias são longas, as curvas são confusas e a perseverança é fundamental.
Melhor é serem dois do que um, porque tem melhor paga do seu trabalho.
Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro:
mas ai do que estiver só; pois caindo,
não haverá outro que o levante” Eclesiastes 4:9 e 10.

O individualismo moderno é incentivado pelo inimigo de nossas almas exatamente porque ele sabe que é muito mais fácil derrubar aquele que segue sozinho. Se esse que vai sozinho decidir viver pelos instintos e sentimentos, então será presa das mais fáceis. Mas aquele que vive a comunhão da igreja de Cristo descobre a realidade da nova humanidade em Cristo. Uma relação criada por Deus, alimentada pelo Espírito Santo onde há encorajamento, consolo e direção. Aquele que vive a comunhão na igreja certamente terá muito maior segurança na caminhada do que aquele que segue por seu próprio instinto.

A Escolha, como sempre, acaba por ser nossa. Algum tipo de GPS usará. Pode ser o Guie-se por si do mundo ou o Guie-se pelo Senhor da Palavra. Escolha a segurança dos braços do Pai e não discuta. Seja abençoado no caminho e abençoe!
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SONHO DE DEMBA (VERSÃO REVISADA)

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