Mudou Minha Vida!

Um testemunho fácil de se ouvir hoje em dia é esse: Aquele encontro mudou minha vida! Aquele sermão mudou minha vida! Foi uma viagem que mudou minha vida!  Esta música mudou minha vida... e por aí vai. Numa rápida pesquisa na internet encontramos literalmente centenas de testemunhos de como um orkut, uma poesia, um filme, uma academia, um remédio, um produto de beleza, uma dieta, uma paisagem, mudou a vida de alguém. Será? Será mesmo tão fácil mudar vidas?

Lembro-me, certa vez, de ter sido convidado a ser vendedor/promotor de uma gama de produtos. A explicação era simples: havia toda uma gama de produtos de certa marca. Eram supostamente os melhores do mercado. Através de um sistema elaborado eu podia comprá-los e promovê-los. Tudo que eu gastasse e conseguisse que outros gastassem reverteria para mim. Se um dos meus compradores angaria-se mais vendedores também reverteria para mim. No fim, eu ficaria rico e quase não precisaria trabalhar. Resolvi ver como funcionava.

Numa bela noite veio então à minha casa uma advogada, que era nos seus tempos livres promotora do material, para me explicar melhor. Ela começou dando um testemunho curto e claro do tipo "antes disso" e "depois disso". Segundo a sua palavra, aquele produto mudara sua vida completamente e lhe trouxera razão de viver. O testemunho foi brilhante e convincente. Aquela advogada separara tempo de sua noite depois de um dia de trabalho para vir a minha casa dar seu testemunho. Quando ela saiu eu estava arrasado! Não restava nenhuma dúvida em mim que NÃO teria nada a ver com aquele material. O testemunho que ouvira deveria ter sido dado por mim, mas sobre JESUS e isso me envergonhara! O que aquela mulher viera fazer em minha casa eu deveria ter feito, mas sobre o poder do evangelho.

Num tempo de soluções rápidas queremos comida rápida, transporte rápido, comunicação rápida, educação rápida, informação rápida, remédios rápidos. Para nós hoje, rápido é bom, rápido é bonito. O problema é que queremos também relacionamentos rápidos, sabedoria rápida, mudanças de vida rápidas e isso não existe. Relacionamentos levam tempo para se tornarem significativos. Sabedoria só se adquire com o passar dos anos e o amadurecer das experiências. Vidas não se mudam de um momento para o outro. Vidas não se transformam num culto, num congresso ou num retiro, por melhor que seja, por mais famoso que seja o pregador e melhor que seja o louvor. Vidas são formadas por hábitos que se adquirem e se perdem com tempo, prática e paciência. Não são mudadas de um momento para o outro. É um processo que as muda, não um evento.

A Igreja tem sido culpada de criar crentes dependentes de eventos. Temos toda uma geração de viciados em eventos. Vivem precisando desses acontecimentos para "encher as baterias". Nunca aprenderam a se alimentar da palavra. Não sabem o que é vida de oração. Desconhecem as profundidades da comunhão e por isso dependem da emoção fácil dos eventos, que ameaça transformar, mas cuja mudança não passa da epiderme, não dura mais que alguns efervescentes momentos.

Muito do que fazemos hoje na igreja acontece exatamente por isso. Precisamos de campanhas de evangelização porque os crentes não evangelizam, não são capazes de contar aos outros sobre Jesus porque Ele na verdade significa pouco para eles. Precisamos de congressos de missões porque as igrejas não se interessam pela obra missionária. Só se lembram dos campos quando mostramos vídeos e informações dramáticas sobre a realidade dos que morrem sem ouvir falar da Cruz. De evento em evento vamos tentando suprir o que apenas uma vida de comunhão diária com Deus e uma igreja verdadeiramente "Família de Deus" pode dar. Muitos de nossos pastores se tornaram mestres em mensagens de auto-apoio, pregações psicologicamente corretas, leves e agradáveis, mas que não levam a presença do Todo-poderoso, não aprofundam o conhecimento da palavra, não podem realmente ajudar a mudar vidas.

Jesus veio prometendo vida nova, abundante, transbordante. E ela existe, é real, é espantosamente rica e abençoada bem como abençoadora. Mas há que pagar um preço, entrar pela porta estreita, caminhar no caminho apertado, negar-se a si mesmo, tomar a cruz e ser discípulo do Senhor diariamente. Isso tudo tem seu preço. A graça barata oferecida hoje em muitos templos é como produto de loja chinesa, bonito no pacote, mas quebra quando se abre a embalagem. Graça SIM, barata NÃO! Louvemos pela graça e façamos a nossa parte para viver vidas transformadas pelo Senhor a cada novo dia.

Peixe, Perfume, Madeira e Fumaça!

Nossa memória olfativa é extraordinária. Somos capazes de guardar muitos cheiros e por meio deles nos recordarmos de lugares, ocasiões e pessoas. Algumas de nossas melhores recordações estão ligadas a cheiros. Pense no cheiro do seu quarto, no perfume de sua avó querida ou no aroma da cozinha em dia de festa!  Pode ser a colónia que usamos em certa ocasião ou que a pessoa amada usava quando nos conhecemos. Não é comum cheirarmos a roupa de um ente querido que partiu na tentativa de senti-lo perto de nós?

Que cheiros cercariam Jesus? Que aromas encheriam o ar perto dele quando andou por este mundo? Por qual cheiro recordaríamos a presença do Filho de Deus neste nosso planeta e o que esses odores nos ensinam sobre o que Ele representa? Meditando nisso pensei em 3 cheiros que certamente marcaram a vida de Jesus e pelos quais o conheceríamos ou lembraríamos. Pense comigo.

1) Madeira
Jesus foi carpinteiro até os 30 anos. A maior parte de sua vida foi gasta numa oficina rude trabalhando madeira. O cheiro de madeira recém cortada certamente seria uma de suas marcas.

Tenho recordações gostosas do cheirinho de madeira da oficina de meu avô Edmundo, que foi marceneiro. No Alto da Lapa, em São Paulo, eu me sentava no chão sob o efeito macio de um montinho de serradura brincando com os pedacinhos de madeira que sobravam de seus trabalhos. Até hoje tenho que parar quando passo por uma oficina de carpintaria e, apesar de entender pouco do assunto, amo trabalhar com madeira, em boa parte por causa dessa recordação.

O Cheiro a madeira em Jesus nos lembra Trabalho. Ele sempre valorizou o serviço, sempre trabalhou e parte de suas analogias do reino foram sobre trabalhadores. Deus nos criou com a capacidade de ocuparmos nossos dias com algo produtivo e desse modo também somos bênção para o próximo. Lembrar que meu Senhor cheirava a madeira me faz valorizar meu trabalho diário. Ele o fez, certamente quer que eu o faça!

2) Peixe
Jesus escolheu seus discípulos de entre o povo simples da Galiléia. Seu núcleo mais chegado era formado por Pedro, Tiago e João (num barquinho) e eles eram todos pescadores. Jesus fez de Cafarnaum, cidade piscatória, seu quartel-general. Ministrou junto ao lago, usou um barco como púlpito e multiplicou peixinhos. Sabemos que o peixe tem um cheiro forte que se impregna e dificilmente sai. Perto de Jesus cheirava a peixe!

Saber isso me faz pensar na simplicidade do Senhor. Ele não escolheu os palácios de Jerusalém ou Roma para circular. Viveu, trabalhou e ministrou entre o povo simples. Não se importou de cheirar a peixe mesmo que isso representasse algum desprezo de seus adversários. Ele veio exatamente para esse povo simples e oprimido que mais facilmente se aproximava da mensagem do evangelho. Meu Senhor cheirava a peixe e isso me faz lembrar de manter a simplicidade quando o mundo pede sofisticação.

3) Fumaça
Muitas vezes vemos nos evangelhos o Senhor ministrando à volta de uma mesa de refeição. Nesse local privilegiado de convívio Ele falava de coisas profundas e mexia com os corações. Os recintos onde se reunia com as pessoas eram iluminados por lâmpadas de azeite que deitam uma fumaça característica que enche o ar e fica nas roupas dando-lhes um aroma distinto de fumo que o Senhor conhecia bem. Jesus cheirava a fumaça!

Lembrar disso me faz ver o quanto era importante para Jesus a comunhão. Ele instituiu a Ceia no meio de uma refeição comunitária. Não foi um pedacinho de pão ou um gole de vinho. Foi um banquete de celebração em que esses elementos em abundância serviram para falar de seu sacrifício. Os ágapes da igreja primitiva eram assim também, festas com mesa farta e a celebração da ceia no seu contexto.

Jesus desejou que a igreja fosse uma família, uma comunidade onde a unidade fosse marca distinta e atrativa. Ele não nos legou uma instituição, uma organização ou um projeto social, mas uma irmandade unida pelo seu amor a nós, o nosso amor ao próximo e a busca de viver dentro de sua vontade. O cheiro a fumaça nas vestes de Jesus eram o cheiro dessa comunidade.

4) Perfume
Sendo verdade que Jesus cheirava a madeira, peixe e fumaça também é bíblico dizer que muitas vezes cheirou a perfume. No seu nascimento os magos trouxeram perfumes caros como presente e Maria pode ter usado isso para perfumar a casa. Na sua vida e ministério lemos das ocasiões em que mulheres banharam seus pés com perfumes caros em testemunho de seu amor pelo Mestre e o texto diz que esse cheiro encheu a casa. Em sua morte foi untado com esses odores ricos para retardar uma decomposição que nunca aconteceria. Meu Senhor cheirava a perfume caro também!

Verificar isso me recorda o sacrifício, a dedicação extravagante de quem era capaz de despejar num único ato de amor todo um ano de salário aos pés do Senhor. Esse mesmo amor extraordinário que ELE retribuiria de modo perfeito e cabal dando sua própria vida por nós. O cheiro de perfume nas vestes do Mestre nos lembram que servi-lo requer dedicação, serviço altruísta, amor extravagante e apaixonado. Conhecer Jesus de verdade é ficar louco por Ele!

Os cheiros à volta de nosso Senhor são paradoxais como sua vida e mensagem. Aparentemente peixe e perfume não combinam. Mas ELE veio combinar o incombinável, juntar o aparentemente irreconciliável e nos ensinar a viver de verdade.

Respire fundo, sinta os cheiros e VIVA!

A caminho da Clandestinidade!

A Igreja em nossos tempos, se quiser continuar fiel às escrituras e às leis de Deus e, ao mesmo tempo evitar confrontos com as autoridades seculares deverá caminhar no sentido da clandestinidade. Essa é a conclusão lógica que chegamos se avaliarmos a direção que as legislações tem tomado e a necessidade de sermos, por um lado, fiéis às leis dos homens sem por outro lado irmos contra a lei de Deus.

Durante as últimas décadas a Igreja se beneficiou do estatuto de pessoa jurídica que lhe deu vantagens diante das leis com benefícios fiscais diversos e isenções de taxas. Os governos estão agora mudando de atitude e apertando o cerco à Igreja. Acham-se no direito de exigir das igrejas certas atitudes que não condizem com as escrituras. Em muitos lugares do mundo ocidental, por conta de um crescente liberalismo, vemos governos começando a querer impor à igreja leis e regras que a levarão a atitudes anti-bíblicas.

Tomemos um exemplo simples: o casamento homossexual. Alguns países já o tornaram legal, como é o caso recente de Portugal. As Igrejas reconhecidas pelo estado, por outro lado, tem o direito de fazer casamentos religiosos com valor civil, ou seja, se as regras forem cumpridas o casamento feito na igreja pode valer pelo do cartório. Se somarmos essas duas coisas poderemos chegar ao dia em que uma dupla homossexual pode exigir fazer seu casamento numa igreja, com pompa e circunstância. Terão direito legal a isso. E a Igreja que se recusar estará indo contra a lei. O que faremos?

A Bíblia é clara no seu ensino sobre as autoridades. Somos chamados a ser cidadãos exemplares. Devemos ser os primeiros a obedecer, pagar os impostos, seguir as regras. Paulo deixou isso claro em Romanos 13:1 a 7 por exemplo. Mas a mesma palavra nos diz que quando as leis humanas nos querem forçar a ir contra as leis divinas devemos dar preferência sempre ao Senhor. Basta lembrarmos um exemplo do Antigo e outro do Novo Testamento: Em Daniel 3 lemos da recusa dos amigos de Daniel em se curvar diante da estátua de Nabucodonosor; em Atos 4:19 Pedro responde ao Sinédrio que mais vale ouvir a Deus do que aos homens. Em ambos os casos o Senhor abençoou seus filhos.

A solução parece bastante óbvia. A Igreja, para se manter fiel à palavra e não se tornar anti-bíblica vai caminhar para a clandestinidade. Teremos, provavelmente, que voltar aos primórdios, quando a igreja se reunia nos lares. Esse foi o inicio do Cristianismo e foi exatamente por causa desse inicio que o evangelho prosperou e ganhou o império Romano.

Desde Jerusalém  até às cartas de Paulo encontramos registros da Igreja fazendo seus cultos nos domicílios dos crentes. Notemos algumas vantagens significativas desse tipo de reuniões:

- Oferecia um ambiente caloroso para a comunhão dos crentes;

- Dava à igreja uma experiência prática de família de Deus;

- Favorecia muitíssimo a integração dos novos convertidos;

- Permitia uma entreajuda muito mais significativa dos crentes de cada pequeno grupo;

- Fortalecia muito o senso de pertença ao grupo;

- Servia de base para a formação de líderes permitindo a muito mais crentes exercerem seus dons e talentos;

- Vencia o problema da construção e manutenção de prédios que tanto dificulta as igrejas modernas;

- Incorporava de modo magnífico as virtudes da hospitalidade Cristã;

- Era um modelo que permitia um crescimento e multiplicação mais rápido pois adaptava-se em qualquer cultura e lugar do mundo;

- Era muito mais eficaz no ensino e no discipulado por permitir uma interação mais próxima entre pastor e ovelha;

Conscientes dessa realidade as igrejas devem começar a se ajustar. Algum tipo de encontro doméstico deve ser iniciado. Podemos chama-lo grupos familiares, pequenos grupos, igrejas nos lares, grupos de comunhão ou outro nome que ajude a entender seu objetivo. As Igrejas que tiverem esse tipo de ministério poderão mais facilmente se adaptar a uma provável mudança. As que insistirem em manter apenas o estilo tradicional correrão riscos, porque quer queiramos ou não o caminho para nós é o da clandestinidade.

Como destruir seu Ministério em 7 passos!

O título parece tirado de algum manual de auto-ajuda, desses que fazem sucesso no mercado evangélico atual. Perdoem-me os leitores habituais deste blog, mas não resisti à tentação de usar um título assim. Na verdade, queremos gastar algum tempo meditando no reinado de Saul, conforme o relato de I Samuel, e na forma como começou tão bem e terminou tão mau.

Saul foi a resposta dada ao povo de Israel quando pediram a Deus um Rei. Era fisicamente portentoso. Foi escolhido e ungido por Deus (10:24) e começou bem, cheio do Espírito Santo e com uma vitória esmagadora sobre os amonitas (11:6 e 11). Mas logo o vemos decaindo e se tornando um estorvo para o desenvolvimento do povo. Analisa sua queda e aprenda como destruir um ministério em apenas 7 passos!

1) TENTANDO MELHORAR O PLANO DE DEUS
Saul era um indivíduo pouco paciente. Era dado a rompantes de mau humor e isso lhe custou bastante caro. A certa altura não quis esperar pelo sacrifício. Sabia que a ordem clara de Deus era que apenas os sacerdotes podiam oferecer os sacrifícios. Mas ele não quis esperar. Era Rei e podia "melhorar" o plano de Deus. Então ofereceu ele mesmo o holocausto (13:9) apenas para ver chegar Samuel logo a seguir e repreende-lo publicamente.

Pouco depois o Senhor ainda lhe dá outra oportunidade ao orientar a destruição dos Amalequitas. As ordens foram explícitas, mas Saul achou que podia fazer melhor e guardou os animais para um sacrifício (15:9 e 21). Ele queria adorar, mas do seu jeito. Achava que podia melhorar o que Deus estabelecera. Eis um passo garantido para fazer cair um ministério.

Há diretrizes muito claras na Palavra. A responsabilidade primeira dos servos de Deus é para com ELE e sua palavra. Não há ciência humana válida quando suas diretrizes são contrárias à Palavra. Não temos como "melhorar" o plano do Senhor. Temos é que conhecê-lo e obedecer, ou veremos nosso ministério cair.

2) PREOCUPANDO-SE COM O QUE OS OUTROS PENSAM
Saul preocupava-se demasiado com a aprovação do povo. Cedeu ao povo na separação dos animais dos Amalequitas (15:21 e 24). Em vez de obedecer o que sabia ser o certo, temeu o povo e sua opinião. Depois, ao ser rejeitado por Deus e pela palavra dura de Samuel, em vez de se arrepender e cair em contrição (como Davi irá fazer mais tarde ao errar) ele continua preocupado com livrar a face diante dos anciãos (15:30). Estava tão preocupado em ouvir a voz do povo que vai simplesmente deixa de ouvir a voz de Deus.

O ministro precisa ser capaz de estar suficientemente próximo do povo para poder ouvi-lo, mas não pode se deixar levar pelo populismo. Temos que ouvir aqueles a quem ministramos, mas não podemos deixar que essas opiniões guiem nosso trabalho. A vida é curta e a opinião pública demasiado volátil para nos deixarmos guiar pelo que os outros pensam. A única opinião realmente importante é a do Senhor. Ouçamos, avaliemos, mas roguemos o discernimento para ser guiados pelo Espírito e não a carne. O ditado que diz que "a voz do povo é a voz de Deus" é espúrio e não se encontra na Bíblia.

3) FUGINDO DE SUAS RESPONSABILIDADES
Quando o povo pediu um rei uma das principais razões era ter um líder que os dirigisse em batalha (8:20). Queriam ter, como os outros povos, um campeão que os liderasse em guerra. Logo, Saul tinha essa responsabilidade. Quando Golias, o gigante de Gate desafiou Israel (17:8) o desafio era em primeiro lugar para Saul e ele fugiu de sua responsabilidade. Tremeu e temeu (17:11) e tentou escapar prometendo mundos e fundos a quem enfrentasse o gigante (17:25). Fora eleito para isso mas não assumiu!
No ministério há tarefas que não agradam. Algumas fazemos com mais facilidade e prazer pois tem a ver com nossos dons e talentos. Outras são mais difíceis mas igualmente necessárias. Aquela visita incómoda, aquele aconselhamento cansativo, aquela situação que pode até trazer medo e insegurança também faz parte do ministério e não podemos fugir. Deixar de assumir nossas responsabilidades é passo certo para destruir nosso ministério.

4) IMPONDO AOS OUTROS SUAS ESTRATÉGIAS
Saul não somente não assumia o que era seu dever assumir como queria dizer aos outros como fazer seu trabalho. Quando Davi se dispõe a corajosamente enfrentar o inimigo que Saul temia, este tentou lhe impor sua armadura (17:38). Era evidente para qualquer que olhasse que eles tinham estaturas diferentes, corpo diferente. Como poderia Davi lutar com a armadura de Saul? Seria o orgulho de depois dizer que o jovem vencera usando suas armas? Seria a consciência pesada sabendo que era ele que devia ir lutar?
O Senhor não abençoa armaduras, abençoa pessoas. ELE não abençoa estratégias, planos, métodos, abençoa homens e mulheres submissos. Não interessa se um plano foi provado e funcionou anteriormente. Pode ser maravilhoso! A questão não é essa e sim; "será o caminho de Deus nesta situação?" Muitas vezes a tentativa de impor sobre os outros nossos próprios planos apenas mostra nossa fraqueza e a incapacidade de perceber que o Espírito não habita em estratégias feitas por mentes de homens. ELE pode até dar a estratégia, mas a visão tem que ser individual e própria para o momento, o local e as pessoas. Para Davi era simplesmente uma funda e 5 pedrinhas.

5) INVEJANDO OUTROS MINISTÉRIOS
Davi foi bem sucedido em tudo que fazia. Seu "ministério" floresceu e logo Saul passou a invejá-lo mortalmente (18:8). Invejava o sucesso de Davi, a aprovação da multidão, as palavras elogiosas que eram dirigidas ao jovem. Tudo em Davi passou a ser odioso para ele até ficar completamente cego de ciúme, deixar de governar para perseguir o outro. Destruiu assim seu reinado facilitando a tomada de posição dos filisteus.

Tristemente vemos isso refletido em nosso meio. Parece que só conseguimos apreciar ministérios grandes e populares. Olhamos para os números! Não há nada de errado com números, mas, o certo é que revelam pouco. Há muitas maneiras de se obter números e nem todas são de Deus. A mentalidade que valoriza apenas ministérios grandes é a mesma que se impressiona com Golias, vendo apenas o tamanho.

Daí o pastor cuja igreja não cresce, em vez de se humilhar e buscar ao Senhor para saber o que fazer , passa a fazer uma campanha contra o outro ministério, procurando as suas possíveis falhas. E, é claro que as encontrará. Não é difícil, todos os ministérios têm pontos menos positivos. Mas não foi para isso que fomos chamados. Não fomos eleitos para ficarmos criticando ou lutando contra outros ministérios. Esse tipo de inveja tem destruído congregações, separado igrejas e esgotado servos que poderiam ser bênção.

Se outro é abençoado, devo louvar e aprender. Louvar por vidas que estão sendo alcançadas e pelo agir do Espírito. Aprender com o que há de certo, de inspirativo, de exemplar. Não é copiar. Copiar é trabalho de máquina de fotocópias. Mas podemos e devemos observar e ver o que de bom posso aplicar a minha vida e trabalho.

6) DISCIPLINANDO ERRADAMENTE
Este ponto está intimamente ligado ao anterior. A inveja do sucesso de Davi vai levar Saul a uma de suas maiores atrocidades. Movido pelo ciúme e levado pela intriga vai matar os sacerdotes de Nobe (Cap. 22). Esse ato de disciplina extremo é movido pela denúncia de um homem mau, aproveitador e oportunista (Doegue) e será uma das maiores manchas do reinado de Saul. Foi uma disciplina motivada por ciúme e descontentamento e nada teve a ver com as verdadeiras razões para uma disciplina.

A disciplina faz parte da vida da igreja e de qualquer ministério. Feita cuidadosamente, é um ato de amor à igreja e aos crentes, bem como ao próprio infrator porque tem como alvo final a sua recuperação. Trata-se de algo necessário e útil à vida da igreja.

Infelizmente, muitas vezes a disciplina eclesiástica é usada para afastar pessoas vistas como concorrentes ou membros que mostrem discordar de certas linhas tomadas pelo ministério. Por vezes, surge motivada por denúncias falsas ou mal intencionadas, não devidamente verificadas e nesses casos demonstra falta de segurança do ministro. A disciplina feita a pensar no cargo é sempre um péssimo princípio e um passo no caminho da destruição do ministério.

7) RECORRENDO A QUALQUER ARTIFÍCIO
PARA FICAR NO TOPO
Saul errou tanto, desprezou tanto o governo, que o fim tinha que chegar sem apelação. Os Filisteus percebendo sua fraqueza e sabendo que não contava com seu mais precioso elemento (Davi) lançaram novo ataque que prometia ser fatal para Israel ou pelo menos para o reinado. Saul desespera. Presente que não vai escapar desta investida e recorre a uma feiticeira em Endor (cap. 28). Aqui não cabe uma discussão sobre o que acontece nesse episódio. A verdade que quero realçar é que Saul recorre a um artifício que sabia ser contrário à vontade de Deus. Ele mesmo expulsara os feiticeiros da terra (28:9), mas agora recorre a uma. Medida que só poderia acabar como acabou, com sua morte na batalha seguinte.

Os ministérios são como tudo na vida. Têm princípio, meio e fim. Saber acabar é tão importante quanto saber começar e crescer. Infelizmente, algo comum na vida espiritual é começar bem e acabar mal. Por vezes, verifica-se que para se manter num cargo ou ministério o ministro recorre a artimanhas que provavelmente denunciou anteriormente. Isso é sinal de que as coisas estão muito mal e se perdeu de vista a obra de Deus e a importância da igreja.

Quando contrastamos a naturalidade com que Davi passou seu reinado e morreu em paz com a agonia de Saul no campo de batalha fica mais uma vez patente porque o salmista era um homem segundo o coração de Deus. Encarar com naturalidade o fim de um ministério faz parte da maturidade desejada nos servos do Senhor. Louvo a Deus por líderes que tenho conhecido e que souberam sair bem, delegando responsabilidades e passando o ministério na hora certa de Deus.

Conclusão: Saul fica como um triste testemunho do que não deve ser feito. Como tantos outros reis, ele começou bem e terminou mal. Outros exemplos como Salomão ou Uzias servem de alerta. Que estes passos possam ser evitados por nós em nossa caminhada no serviço do Senhor.
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