A Igreja em nossos tempos, se quiser continuar fiel às escrituras e às leis de Deus e, ao mesmo tempo evitar confrontos com as autoridades seculares deverá caminhar no sentido da clandestinidade. Essa é a conclusão lógica que chegamos se avaliarmos a direção que as legislações tem tomado e a necessidade de sermos, por um lado, fiéis às leis dos homens sem por outro lado irmos contra a lei de Deus.
Durante as últimas décadas a Igreja se beneficiou do estatuto de pessoa jurídica que lhe deu vantagens diante das leis com benefícios fiscais diversos e isenções de taxas. Os governos estão agora mudando de atitude e apertando o cerco à Igreja. Acham-se no direito de exigir das igrejas certas atitudes que não condizem com as escrituras. Em muitos lugares do mundo ocidental, por conta de um crescente liberalismo, vemos governos começando a querer impor à igreja leis e regras que a levarão a atitudes anti-bíblicas.

A Bíblia é clara no seu ensino sobre as autoridades. Somos chamados a ser cidadãos exemplares. Devemos ser os primeiros a obedecer, pagar os impostos, seguir as regras. Paulo deixou isso claro em Romanos 13:1 a 7 por exemplo. Mas a mesma palavra nos diz que quando as leis humanas nos querem forçar a ir contra as leis divinas devemos dar preferência sempre ao Senhor. Basta lembrarmos um exemplo do Antigo e outro do Novo Testamento: Em Daniel 3 lemos da recusa dos amigos de Daniel em se curvar diante da estátua de Nabucodonosor; em Atos 4:19 Pedro responde ao Sinédrio que mais vale ouvir a Deus do que aos homens. Em ambos os casos o Senhor abençoou seus filhos.
A solução parece bastante óbvia. A Igreja, para se manter fiel à palavra e não se tornar anti-bíblica vai caminhar para a clandestinidade. Teremos, provavelmente, que voltar aos primórdios, quando a igreja se reunia nos lares. Esse foi o inicio do Cristianismo e foi exatamente por causa desse inicio que o evangelho prosperou e ganhou o império Romano.
Desde Jerusalém até às cartas de Paulo encontramos registros da Igreja fazendo seus cultos nos domicílios dos crentes. Notemos algumas vantagens significativas desse tipo de reuniões:
- Oferecia um ambiente caloroso para a comunhão dos crentes;
- Dava à igreja uma experiência prática de família de Deus;
- Favorecia muitíssimo a integração dos novos convertidos;
- Permitia uma entreajuda muito mais significativa dos crentes de cada pequeno grupo;
- Fortalecia muito o senso de pertença ao grupo;
- Servia de base para a formação de líderes permitindo a muito mais crentes exercerem seus dons e talentos;
- Vencia o problema da construção e manutenção de prédios que tanto dificulta as igrejas modernas;
- Incorporava de modo magnífico as virtudes da hospitalidade Cristã;
- Era um modelo que permitia um crescimento e multiplicação mais rápido pois adaptava-se em qualquer cultura e lugar do mundo;
- Era muito mais eficaz no ensino e no discipulado por permitir uma interação mais próxima entre pastor e ovelha;
Conscientes dessa realidade as igrejas devem começar a se ajustar. Algum tipo de encontro doméstico deve ser iniciado. Podemos chama-lo grupos familiares, pequenos grupos, igrejas nos lares, grupos de comunhão ou outro nome que ajude a entender seu objetivo. As Igrejas que tiverem esse tipo de ministério poderão mais facilmente se adaptar a uma provável mudança. As que insistirem em manter apenas o estilo tradicional correrão riscos, porque quer queiramos ou não o caminho para nós é o da clandestinidade.
2 comentários:
Excelente texto! Muito oportuno mesmo! Que a glória de Deus se manifeste nas atitudes de sua igreja.
Verdade. Não há outra saída. Tenho pensado nisso há tempos...
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