Escola Batista de Bafatá - RECRIANDO SONHOS!

REFERÊNCIA  NACIONAL DE EXCELÊNCIA!



A turma se espremia numa pequena sala de aula, em carteiras toscas de madeira. O ar quente e seco enchia o ar, enquanto a professora tentava manter a atenção das crianças.
- O que você quer ser quando crescer? perguntou a mestra aos alunos de olhos arregalados.
- Eu quero ter um quarto só meu (disse um menino na ponta)
- Eu quero não morrer ao ter meu primeiro filho (disse uma menina tristemente)
- Quero casar e ter muitos filhos (sorriu uma garota bem na frente)
- Quero ser motorista de candonga (van)! Falou o mais ousado da turma.

E as mãos iam se levantando e enquanto as crianças falavam revelavam uma quase completa falta de ambição. Afinal, o que aquelas crianças no interior de um dos países mais pobres do mundo poderiam aspirar? No seu bairro, a única escola até então era um velho container de alumínio onde se tinham aberto janelas e uma peuqena porta.

A professora era Edna Ferreira Dias, missionária dos batistas brasileiros. O ano era 1997. A Escola era uma iniciativa humilde transformando uma casa nativa em escola e clinica médica. Numa sala contígua, outras missionárias, as irmãs Ida Helena e Analita dos Santos davam aulas às outras turmas. Noutra sala ainda, doutor.Joed Venturini atendia os doentes. Assim começou a Missão Batista em Bafatá, no interior da Guiné-Bissau.

O fim do primeiro ano letivo foi dramático, com uma guerra civil estourando na capital e ameaçando toda a leve estabilidade do país. A equipe missionária tinha recebido o acréscimo de Edna Ferreira Dias, mas a certa altura tornou-se impossível continuar. Os obreiros deixaram a escola e o país com o coração apertado. Mas voltaram no ano seguinte e a escola não fechou. Logo as instalações ficaram pequenas demais e outra casa nativa foi usada até que em 2002 passaram para suas próprias instalações construídas com a oferta de um crente fiel no Brasil.

Os anos se passaram. Analita nos deixou porque o Senhor a chamou em 2007 e já goza da glória na presença do Pai. Pr. Joed e Ida Helena tiveram que sair em finais de 2007 para dar seguimento aos estudos dos filhos. Só Edna ficou da equipe inicial.  No entanto, a Igreja fundada em 2000 cresceu e hoje tem 150 membros. Os obreiros da terra, treinados pelos missionários, foram assumindo suas responsabilidades e a escola chegou a 700 alunos com classes de jardim de infância a fim de segundo grau.


O ano de 2009 trouxe a festa de formatura da primeira turma que fez toda a escolaridade no Colégio Batista. Eram aqueles alunos que em 97 não tinham grandes ambições. A formatura mobilizou a cidade. Alguns pais ofereceram até vacas para a festa e a comida foi tanta que tiveram que voltar no dia seguinte à festa para terminar de comer tudo. Durante um mês não se falava de outra coisa na cidade. Nunca haviam presenciado uma cerimônia tão bela!

Aquelas crianças que em 97 tinham perspectivas tão limitadas agora eram jovens com novos sonhos. Na capital submeteram-se às provas para a entrada nas faculdades (equivalente ao vestibular no Brasil). E os resultados surpreenderam! Dos 20 formandos da Escola Batista de Bafatá, 98% ingressou na faculdade, sendo metade do sexo feminino (o que é muito raro acontecer na Guiné-Bissau).
 

A primeira aluna aprovada passou com louvor para Medicina! No total 8 alunos passaram para Medicina, 2 para Economia, 2 para Enfermagem, 1 para Farmácia e 1 para Pedagogia, 1 para informática, 1 para jornalismo, 1 para administração, 1 para Sociologia. Apenas dois alunos não tiveram condições financeiras de estudar na capital, pois só há faculdades em Bissau.    Antes da Escola Batista, primando a  excelência no ensino, estes alunos do interior simplesmente não teriam condições de competir por essas vagas, pois só os da capital entravam nas faculdades.

Por dois anos seguidos a Associação Islâmica de Bafatá reconheceu o trabalho da Escola Batista entregando-lhe um prêmio de excelência pela sua contribuição para o desenvolvimento da região, mas o melhor ainda estava por vir.

Nesse momento estão sendo desenvolvidos vários projetos empreendedores na Escola Batista, que conta com 692 alunos do jardim ao 11º ano, entre os quais a implantação de Pepes nas aldeias, apoio às escolas filiadas, campeonatos desportivos e sonha-se até mesmo com uma Faculdade Batista!

A Escola Batista recriou os sonhos, abriu as fronteiras das possibilidades, deu vida a uma região empobrecida e esperança para inúmeras famílias que não encontravam perspectivas para o futuro de seus filhos. Afinal, o evangelho é isso! Possibilitar nova vida, nova dignidade para o homem, nova visão do futuro.

A Escola da Missão Batista é hoje referência nacional sob a direção do Professor Demba Canté e da missionária Edna Dias. E continuará crescendo mais ainda com o apoio da missionária pedagoga Adriana Justino, que se juntou à equipe em setembro de 2009.


A Obra de Missões é também isso!


Soli Deo Glória.

(artigo baseado em depoimento de nossa amiga e colega Edna Ferreira Dias)

Meus Natais Inesquecíveis!

O mundo ocidental vive um momento de frenesi  na época de Natal.  Todos querem comprar presentes, roupas novas,  fazer uma ceia em grande estilo, reunir ao máximo os parentes e amigos, afinal, é festa! É Natal!

Sozinho com meus pensamentos procuro me lembrar dos natais passados e tenho que fazer grande esforço para recordar o que comi e o que vesti na ocasião.  Curioso, essas coisas não me marcaram a lembrança,  porque  isso realmente não é o mais importante!  No fundo, nós nos lembramos mais dos natais de quando éramos crianças, não é mesmo?  E nestas lembranças não entram as roupas e as comidas, mas as impressões, os sentimentos, a alegria e o espírito de natal que sentimos então.

Creio que muitos irmãos e amigos lembram-se de um natal que passamos nos Açores, quando meus pais foram missionários na ilha Terceira.  Estava com 12 anos, e minha irmã Lília tinha apenas 8. O salário estava muito atrasado, pois naquele tempo o correio para as ilhas era muito demorado.  Mamãe já havia nos prevenido:
_ Queridos, neste ano não vai  dar para presentes, vamos fazer uma ceia simples e talvez, quando o salário chegar, dê para comprar alguma coisa.  Tenham paciência!

Lembro-me bem que nós, crianças, não ficamos nada satisfeitas e logo fizemos uma reuniào para resolver o problema...mas o que fazer?  Lília, em sua simplicidade de criança apenas disse:
_Vamos orar e pedir pra Deus nos dar um bom natal ?  Eu não quero ficar sem presentes neste natal!
Ok! respondi, vamos orar e esperar o que Deus vai fazer...você ora primeiro e depois eu termino...
E assim cada um de nós orou e pediu a Deus que fosse possível ter um natal, não era preciso muitos presentes, mas em nossa visão infantil  isso era muito importante!    Bem, Deus não nos respondeu imediatamente...e a ceia do dia 24  foi sendo preparada com o frango e purê de batatas, sem refrigerante, apenas suco de laranja...
Próximo das 16 horas  um amigo  americano, que trabalhava na base aérea das Lajes, bateu à porta. Inicialmente, não conseguimos ver seu rosto, pois na frente, havia uma enorme caixa de papelão!
_ Ho, Ho, Ho...Merry Christmas!  Feliz Natal!  Isto é para vocês!  Deus abençoe a todos!
E saiu tão rápido quanto entrou.  Ficamos um tempo sem perceber o que havia acontecido, quando mamãe começou a abrir a caixa e a chorar de alegria.

Dentro havia um enorme peru de natal, com muitas guloseimas acompanhando: refrigerante, bolo instantâneo, cookies de chocolate, nozes, castanhas e caramelos. Havia também roupa de cama, toalhas, livros e para nós...brinquedos!
Bonecas para Lília e carrinhos de corrida espetaculares para mim,  canetas e cadernos, jogos e muito mais coisas maravilhosas!  O peru da ceia rendeu até ao ano novo, de tão grande que era!  Juntos, à volta daquela caixa ríamos e chorávamos ao mesmo tempo. Aprendi que nosso Deus se preocupa com a oração das crianças e para nós esse foi um natal inesquecível!

Muitos anos mais tarde lembro-me de um natal também inesquecível, mas bem diferente, pois foi dos primeiros que passamos em Bafatá, na Guiné Bissau.  Andávamos na rua, no mês de dezembro e ninguém se lembrava que dali a uma semana seria natal.  Numa cidade onde 98% da população é muçulmana não há natal.  Não víamos enfeites nas janelas, nem música natalina  no ar.  No dia de  natal as lojas estavam abertas normalmente, pois não fazem feriado...o que fazer?  Como comemorar o natal numa terra onde nem sabem o que é?

Fizemos de tudo para que em nossa casa tudo lembrasse de maneira marcante o natal.  Ida, Analita e Gabriel desenharam e fizeram enfeites para a sala e conseguimos um pinheiro de verdade no projeto agrícola chinês, próximo à cidade. Foi curioso, porque eles também não se lembravam que era natal, pois a china comunista também não comemorava.  Ida embrulhou várias caixinhas de fósforo e rolos de papel higiênico para compor a base da árvore, que Gabriel insistia em querer abrir, pensando que eram presentes de verdade!

Havia muito pouco o que comprar na feira, mas fizemos o melhor possível! Ida correu atrás e procurou artigos para festejar a ocasiào. A ceia constou de biscoitos, salada de atum e um pequenino frango!   Com o gravador à pilha, colocamos música de natal todo o tempo!  Analita, com sua bela voz cantava e ensaiava um lindo hino.

A noite do dia 24 transcorreu à luz de velas, pois nosso gerador estava danificado! Sentei-me no chão e Gabriel foi sentar-se no meu colo.  Abri um grande livro com figuras e comecei a contar-lhe a história do Natal.  Para nós, os adultos, fiz uma pequena meditação e oramos, rogando a Deus sabedoria para conquistar o povo Fula, que nem se lembrava da vinda do Salvador.

Louvamos a Deus cantando todos os hinos tradicionais que nos lembrávamos.  Eu e Ida chorávamos emocionados enquando Analita cantava "É meia noite...instante augusto é este", meu hino preferido!
Sabíamos que nossas vozes eram ouvidas por toda a rua, pois no silêncio de Bafatá qualquer som é percebido.  De nossa varanda o som repercutia por toda a vizinhança e logo vimos que muitos meninos estavam quietos, escutando as canções na nossa varanda.

É difícil explicar a sensação que sentíamos... sabíamos que éramos os únicos da cidade a comemorar o Natal de Jesus.  Orava e Clamava:
_ Senhor, que um dia muitos desta cidade possam entender o que é o verdadeiro Natal!

Hoje, passados 12 anos deste primeiro natal alegro-me em dizer que neste natal será feriado em Bafatá.  Na feira,  já encontramos árvores de natal e enfeites à venda.  Na rádio o chefe da mesquita local avisa a todos que se quiserem, podem fazer a festa de natal, desde que não tomem bebidas alcoólicas nem comam carne de porco.  Muitas famílias  já comemoram o natal com frango e suco de laranja!  E na Igreja Batista de Bafatá, hoje com 150 membros, as comemorações duram todo o mês, com peças natalinas, cantatas, mensagens especiais e  encontros festivos.

O Senhor é Bom, e  no Natal devemos recordar Sua bondade e Misericórdia!
Desejamos que este natal seja realmente inesquecível!
A todos os queridos amigos e irmãos, um FELIZ NATAL!
     
                                          Joed, Ida, Gabriel e Rebeca   

Jonas: O Profeta que Fundou o Greenpeace!

O profeta Jonas foi, possivelmente, o primeiro que se insurgiu contra o desaparecimento de uma espécie vegetal.  Reagiu de forma dramática e violenta mesmo diante da morte de uma especie de aboboreira e encontramos isso em seu livro no Antigo testamento capitulo 4 versos. Em sua atitude exagerada Jonas deu o mote para uma série de organizações que hoje se espalham pelo mundo na defesa de quase tudo que existe na natureza, desde plantas a animais os mais variados, a água e a ar.

Nestes dias em que a Cimeira das Nações Unidas, em Copenhagen, tenta limitar o dano futuro ao nosso planeta, muito se fala de conservação do ambiente. É claro que o Greenpeace é uma dessas organizações ecologistas, fundada em 1971 no Canada por Bob Hunter, Jim Bohlen, Dorothy Metcalf e Irving e Dorothy Stowe. O Greenpeace conta hoje com cerca de 3 milhões de apoiantes em 41 países e é conhecido por suas intrevenções espalhafatosas que na maioria dos casos acabam em prisão de manifestanrtes e imagens no telejornal da noite. Uma coisa que todas essas organizações tem em comum é a preocupação em preservar a natureza a todo custo.

O Cristão e o Cristianismo não podem ficar alheios à situação do planeta. O Cristianismo não se trata apenas de uma religião que nos prescreve alguns rituais para os domingos. Trata-se de toda uma cosmovisão, ou seja, um modo de olher e entender todos os apsectos da vida à nossa volta. O Cristão tem na Biblia a orientação para se posicionar em relação a cada assunto de modo racional e prático. No que diz respeito a conservação da natureza temos duas posições extremas que como cristãos devemos evitar:
 A saber, a natureza como nossa escrava e a natureza como nossa deusa.

NATUREZA ESCRAVA
A atitude mais comum, hoje em dia, é ver o mundo como um playground,  um quintal particular.  Essa atitude é produto de uma sociedade de consumo que se preocupa com o prazer que advém de mais e mais produtos consumidos. Nessa linha de pensamento, não interessa o que gasto ou como gasto, ou  mesmo que dano isso causa à natureza, desde que seja o melhor para mim.

O homem que vive assim nem sequer avalia a situação da natureza e pouco se importa com relatórios alarmistas sobre aquecimento global. Sua atitude é: issso já não será para o meu tempo.  É por isso que se gasta anualmente 8 bilhões de dólares nos EUA em cosméticos, 12 bilhões em perfumes e na europa se gasta 50 bilhões em cigarros e 105 bilhões em bebidas.   Se contarmos que apenas 28 bilhões seriam suficientes para fornecer educação, saneamento, água potável e alimentação a todo o mundo subdesenvolvido, ficamos com muito que pensar. Biblicamente essa atitude está totalmente errada e deve ser combatida.  Nesse sentido o cristão deve estar na linha da frente da preservação da natureza.

NATUREZA DEUSA

Essa é a atitude de muitas organizações ecologistas.  Trata-se de uma visão derivada da teoria da evolução, em que se tem pela natureza um respeito e uma admiração praticamente religiosa. Esses ambientalistas tratam a natureza (florestas, plantas, animais) como se fossem algo de valor transcendental. Lutam pela preservação de uma espeÉcie ameaçada a ponto da violência enquanto são capazes de nem reparar no sofrimento intenso de seres humanos nas mesmas regiões.

É a atitude de Jonas (nosso fundador do movimento de preservação).  Ficou furioso com a morte de uma planta, mas nem ligava ao extermínio de milhares de inocentes em Nínive.  E, por isso, foi repreendido por Deus.  Esta visão religiosa da natureza,  que apela para salvar as baleias e concorda com abortos em massa, luta pela preservação dos gorilas em países onde crianças morrem de fome, sem assistência e se preciso for pressionarão os pais dessas crianças para deixar tudo e cuidar dos macacos!  O Cristão também não pode aceitar essa atitude se deseja viver biblicamente. A natureza é criação e não criadora, é subalterna e não senhora.  Endeusá-la não é a solução,  porque é uma visão contrária ao que aprendemos na Palavra.

PRESERVAÇÃO DA NATUREZA À LUZ DA BÍBLIA

Temos muitas bases bíblicas para cuidar da natureza e preservar nosso planeta. Vejamos:
1) A Bíblia diz que Deus criou o mundo para o homem (Gênesis 1:26).  Somos a jóia da criação e a natureza é nosso presente. Ninguém estraga um presente de valor que recebe, antes o guarda com carinho, por amor ao doador e por valorizar o que recebeu.  Devemos cuidar de tão magnifica dádiva de Deus.

2) A Bíblia diz que Deus deu ao homem a responsabilidade de cuidar da natureza (Gênesis 2:28 a 30). O primeiro homem foi jardineiro. Essa ordem de Deus (de cuidarmos da natureza) não foi revogada. O pecado a tornou mais dificil de ser cumprida, porque afetou a natureza e nos tornou mais egoístas, mas a ordem permanece! O Cristão deve lembrar-se desse mandato.  Muito antes de sonharem com ONG's de preservação, a Igreja teve o cuidado de ensinar a salvaguarda daquilo que o Senhor colocou em nossas mãos.

3) A Biblia nos ensina que a criação sofreu por causa do pecado do homem (Genesis 3:17 a 19 e Romanos 8:20 a 23). Ora, a salvação restaura o homem e um dia restaurará a natureza também.  Por isso, o homem resgatado pelo Senhor e sob a orientação do Espirito Santo trabalha para o resgate da humanidade e da criação e também  luta pela conservação da natureza.

4) A Biblia nos ensina que devemos viver para a Glória de Deus! (I Corintios 10:31 e Colossenses 3:17)  Qualquer pessoa,  mesmo o mais obstinado ateu, se maravilha diante daquilo que podemos ver na natureza.  Degradá-la é estragar aquilo que o Senhor deixou para sua exaltação.  Preservá-la é guardar o testemunho de Deus na criação e trabalhar para que seu Nome seja exaltado.

5) A Biblia nos ensina a amar o próximo como a nós mesmos e isso inclui as próximas gerações (Mateus 22:39). O Cristão não pode viver hoje sem se preocupar com aqueles que virão amanhã.  O Fruto do ES em sua vida exige que demonstre caridade e benevolência para com as gerações futuras, por meio também da preservação desse bem comum, que é o mundo em que vivemos.

Temos então excelentes motivos para estar na vanguarda da luta pela preservação da natureza, porque isso tem bases profundas em nossa cosmovisão.  Em prol disto podemos e devemos trabalhar!  Além das muitas organizações que atuam na defesa do meio ambiente, podemos, individualmente e como família, fazer a diferença adotando 3 princípios simples:

1) Rever as nossas prioridades em compras. Podemos deixar de comprar produtos que poluem e que são fabricados por indústrias poluentes. Podemos diminuir nosso consumo de coisas industrializadas e investir no natural. Podemos poupar em produtos plásticos e outros que se degradam com dificuldade e estragam a natureza. Uma reavaliação de nossa lista de compras certamente ajudará o ambiente;

2) Reutilizar o que temos. Há muitos produtos em casa que podem ser reutilizados poupando a compra de novos objetos e utensilios. A reutilização diminui o lixo e o consumo e ajuda na preservação;

3) Reciclar nossso lixo, tendo o cuidado de separar cartão, plástico e vidros, levando baterias e pilhas usadas para os lugares de recolha ou adubando a terra do quintal com restos orgânicos. A quantidade de lixo se reduziria e muita seria reutilizado.  Recicle e use produtos reciclados, seja criativo e perceberá que o empenho de cada um fará diferença no final!

A preservação da natureza parece um tema tão atual, mas afinal está plenamente contemplado nas páginas da Bíblia. Confirma-se novamente que o Cristianismo tem uma Cosmovisão completa, mesmo para o homem moderno.

O MENINO DO COMBOIO




O comboio corria veloz em passo ritmado, rumo ao Norte
Aqueles que dentro estavam se consideravam com sorte
É que lá fora o vento uivava feroz e cortava a respiração
Já dentro, o clima era gostoso devido à calefação

Uma mãe viajava com seus dois filhos no vagão principal
Formavam uma cena bonita, tocante, quase angelical
As crianças ouviam-na contar histórias com atenção dedicada
E a mãe se esforçava para manter a prole concentrada

A história em pauta era a do natal que se aproximava
As crianças sorviam as palavras com o cuidado que a mãe desejava
Nada perdiam de todos os pormenores da narração deliciosa
E a contadora se esmerava nos detalhes, era mesmo caprichosa

Tão concentrados estavam, que nem chegaram a reparar
Num novo passageiro que lentamente se viera a aproximar
Era um menino de pele morena, olhos escuros, ar assustado
Mas que se achegava devagarzinho, claramente interessado

Então, num susto meio alarmante a filha mais nova o notou
Chegou-se à mãe um tanto apavorada e nela se aconchegou
O menino moreno esbugalhou os olhos e abaixou o rosto
Estava acostumado à rejeição, e a olhares de contragosto

Em sua face curtida do sol, do frio e do vento invernal
Apagou-se a luzinha que brilhara de modo pouco habitual
É que a cena daquela família à sua frente reunida
Parecia a resposta de uma prece tantas vezes oferecida

Mas o olhar assustado, a testa enrugada em desaprovação
Recordara o garoto de sua triste, amarga e injusta posição
Não deveria ter saído da terceira classe onde se escondera
Ele e o pai,que já dormia, vitima de mais uma bebedeira

Antes porém que o menino pudesse se afastar tristonho
A mãe recuperou o ânimo e o chamou com ar risonho
Não gostaria ele de se juntar ao grupo para ouvir continuar
A linda história que a pouco se estivera a contar?

E o menino acanhado, mas com novo alento se aproximou
Timidamente se foi sentando e logo com um sorriso se acomodou
A mãe mantinha a filha no colo e o filho à sua frente
Respirou fundo e voltou à história que não saíra da mente

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Lembranças da Guiné I

"O silêncio que incomoda!"

Muitos amigos e irmãos pedem-me que coloque minhas experiências da Guiné em um livro biográfico.  Inicialmente registrarei em artigos minhas lembranças mais marcantes da Guiné. Creio que ainda não dei por terminada minha carreira como missionário e espero poder ser útil à causa de Cristo por muitos anos.  Tendes aqui o relato de uma de nossas experiências mais marcantes, quando Gabriel, na época com 5 anos, ficou muito doente.

(Este é o relato da mensagem do Pr. Joed Venturini de Souza proferida em agosto de 2007, em Belo Horizonte, MG)

Após o momento da coreografia, um missionário amigo Pr. Joed Venturini, que atua em Guiné-Bissau, pregou sobre um tipo de silêncio que incomoda: o de Deus.

Ele entrou vestido com trajes do povo fula e descalço, como costume daquele povo com o qual trabalha. Antes de ler a Palavra de Deus em Salmo 28 "A ti clamo, ó Senhor, rocha minha, não emudeças para comigo..." , o missionário ficou em silêncio durante 45 segundos e percebeu que os congressistas já estavam incomodados.

Então ele disse: "Vocês já estavam ficando incomodados? Agora, imaginem o silêncio de Deus. É insuportável! Se o Senhor se calar, quem vai guiar nossos passos, quem vai nos consolar nas horas de aflição? Nós precisamos que o Senhor fale conosco! Mas o silêncio da igreja também é insuportável para Deus. Se nós nos calarmos, quem irá falar do amor de Deus? Quem irá interceder?"

O missionário falou do poder da oração intercessória, que rompe o silêncio, como exemplo de uma forma concreta de se fazer missões.  A seguir, o Pr. Joed contou uma experiência vivida no campo quando seu filho, Gabriel, estava muito enfermo e começou a interceder pela sua cura.
Como médico, dr. Joed havia ministrado a Gabriel  todos os medicamentos a seu alcance e nada surtira efeito. A cada dia Gabriel definhava, já não podia levantar-se da cama nem para ir ao banheiro e gemia baixinho com as dores, a febre e o corpo enfraquecido.  Perdera muito peso e não conseguia se alimentar.

Ele orou: "Senhor eu não estou preparado para perder o meu filho. Eu não vou agüentar se alguma coisa acontecer ao meu filho..." e clamou para que o Senhor curasse Gabriel. Em Bafatá, na casa vizinha, sua esposa e as duas missionárias também oravam e clamavam de joelhos por Gabriel. 

Milagrosamente, na manhã seguinte Gabriel começou a melhorar e depois de dois dias estava completamente curado!

Dois anos depois, ao chegar ao Brasil, uma irmã quis saber o que acontecera com Gabriel, pois ela tivera um sonho em que o nome do filho do missionário vinha à sua mente e ela, então, começou a interceder por ele. Sentira um peso de morte sobre a vida de Gabriel. Telefonou a outras irmãs que logo começaram a orar e só pararam quando o peso de desfez. Compararam as datas do acontecimento e elas coincidiram! Elas estavam intercedendo por Gabriel!

Com essa experiência o missionário reforçou a importância e o poder da intercessão dos irmãos, mesmo longe dos campos.

"Não há honra maior do que levar o Evangelho de Cristo aos povos que estão perdidos"
Joed Venturini

POSTADO POR ALABASTRO

Cristãos elaboram a Declaração de Manhattan

SUBSCREVA A
DECLARAÇÃO DE MANHATTAN


Diante da crescente pressão da cosmovisão moderna sobre a igreja de Jesus os cristãos tendem a se encolherem e a se refugiarem em trincheiras. Há porém aqueles que entendem que nosso melhor contributo é responder com clareza, razão e ciência às alegações das filosofias modernas que querem calar o Cristianismo.  Um grupo de eminentes figuras de vários quadrantes do mundo cristão (Católico, Ortodoxo, Protestante e Evangélico)  reuniu-se para elaborar uma declaração nesse sentido, defendendo a cosmovisão cristã diante de ataques externos.  Esses líderes emitiram a  Declaração de Manhattan no dia 20 de Novembro de 2009.

A todos aqueles que clamavam por uma reação digna dos cristãos digo que agora é o momento de nos manifestarmos e respondermos aos que menosprezam e tentam refrear nossa fé e nossas liberdades.
O texto foi subscrito por 152 lideres religiosos que incluiram reitores e professores universitários, pastores de igrejas evangélicas, arcebispos católicos e primazes ortodoxos.  Dos nomes mais conhecidos entre os batistas estarão J.I Packer, Josh MacDowel, Phil Maxwell. Jack Graham e James Dobson. 
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Consagração anti-bíblica?

Consagração anti-biblica é aquela em que alguém é dedicado ao ministério da palavra contrariamente às instruções da Bíblia. Devemos refletir sobre o atual estado de coisas tendo a Palavra como base e a história da igreja como explicação das tendências. 

Pensemos agora na nossa realidade. O quadro seguinte é muito comum. Temos um adolescente na igreja que se envolve com os trabalhos e mostra interesse no ministério. Um dia, num culto, ele aceita um apelo para ser pastor e passa a ser tratado de modo diferente. Afinal ser pastor é mais importante que ser médico, advogado, engenheiro, professor, pedreiro, mecânico ou eletricista, certo? Será mesmo? Todos podem exercer o pastorado? O pastor não pode ser um profissional de outra área como acontecia no NT?

Mas voltemos ao nosso adolescente. Evidentemente que não irá para a faculdade. Nesse “antro de perdição” poderia deixar a vocação. Logo, ele vai cedo para o seminário. Com 18 já está na escola de profetas. Com 22 está formado. Não conheceu a vida universitária e o que significa defender sua fé num meio ateísta. Não conheceu a vida profissional, nunca teve um dia de trabalho das 8 as 18, não conheceu a pressão de patrões blasfemos e colegas descrentes. Não se casou ou então é recém casado, não tem filhos ou então os têm ainda nenéns. Mas, baseados em seu curso, vão consagrá-lo ao ministério da palavra e ele será pastor.

Pergunta: Por que os evangélicos costumam criticar o celibato dos padres católicos? Porque defendem a idéia que padres solteiros não têm como aconselhar pessoas casadas e com filhos, por falta de experiência.  Mas,  nosso jovem pastor também não tem experiência universitária, nem profissional, nem de casamento, nem de criação de filhos!  Isso em teoria e pela linha de argumentação usada contra os padres, o desabilita a tratar da grande maioria de suas ovelhas. 

Muitos desses jovens pastores, bem intencionados e cheios do saber do seminário irão pregar sermões repletos de referências aos grandes nomes da teologia, mas que nada dizem à sua congregação.  Seus sermões serão irrelevantes e seu aconselhamento ingênuo.  A culpa será dele ou de quem o consagrou contrariamente aos princípios bíblicos?

O que estamos defendendo aqui é um regresso aos padrões bíblicos para a consagração ao ministério. Se desejarmos essa volta não deixaremos de ter seminários, mas aprenderemos que seminários não formam pastores!  Procuraremos ser mais exigentes com nossos vocacionados e enviaremos menos gente despreparada para o seminário. Teremos mais pastores profissionais no ministério. Alguns dirão que pastores com outras profissões não darão conta do ministério. A resposta está na visão de pastorado. As igrejas do NT tinham ministérios coletivos e bem sucedidos.

Ler Artigo Completo:

Missionários Aposentados: há vida depois do campo?

Aprendendo com os mais experientes!

Pr. Silva  (nome ficticio) serviu em missões por mais de duas décadas. Trabalhou em vários campos com excelentes resultados. Plantou igrejas, dirigiu trabalhos sociais, deu aulas em institutos biblicos, ganhou e discipulou muitas dezenas de convertidos. Agora está de volta à casa, aposentado e esquecido. Seus dias são passados em leituras diversas e programas de TV sem graça. De vez em quando prega em alguma igreja. Sonha muito com seu tempo na ativa e vive apertado com a aposentadoria.  É um exemplo do que acontece com missionários em fim de carreira, um misto de ingratidão e desperdicio. Ingratidão pelo muito que ele fez, desperdicio do muito que ainda poderia fazer.

Os missionários regressados (não uso o termo ex-missionário, porque isso não existe) têm sido uma dificuldade na realidade das missões brasileiras. Não sabemos o que fazer com eles. Enviamos muitos missionários e começamos a ter muitos missionários aposentados em fim de carreira. O que fazer com eles? Defendo que esses servos de Deus são uma força extraordinária que temos desperdiçado. Sugiro algumas das áreas onde eles deveriam ser aproveitados.

Promoção Missionária

Com o crescimento da obra de missões no Brasil mais e mais igrejas tem se inclinado para a responsabilidade missionária. Na hora dos programs de missões e dos cultos especiais e congressos o problema é sempre o mesmo. Quem vai falar? Não há missionários de férias que cheguem para todas as igrejas. Não há dinheiro para trazer os missionários do campo para promoção. No fim, as igrejas grandes levam os poucos palestrantes disponiveis e as igrejas menos grandes tem que se contentar com noticias de segunda e terceira mão.

Os obreiros aposentados podem ser grande benção nessa área. As igrejas valorizam o testemunho de primeira mão. É evidente que fala muito mais alto a palavra de quem esteve lá, quem fez a obra, quem pode falar na primeira pessoa. Os missionários aposentados poderiam ser fonte de muita inspiração nessas ocasiões. São histórias e testemunhos incriveis que se perdem. Por vezes o missionário está ali sentado no auditório enquanto a igreja tem que se contentar com um filme ou um power point. O Espirito Santo usa homens e mulheres, não tecnologia. Temos muitos desses homens e mulheres disponiveis para a promoção missionária que deveriam ser aproveitados. Todos sairiam lucrando, a igreja, as organizações missionárias e o próprio obreiro que se sentiria valorizado.

Ensino Missionário

Se desejamos enviar mais obreiros aos campos deveriamos prepara-los melhor. Para isso precisamos que nossos seminários e escolas separem mais tempo para as matérias missionárias. Aqui novamente entrariam os missionários aposentados com grande mérito. Quem melhor para falar e ensinar de missões que o missionário que fez o trabalho bem feito e viveu na prática as realidades do campo?

A missiologia tem crescido bastante. Temos professores excelentes no Brasil, mas são poucos. Por outro lado nada substitui a prática. Se os nossos obreiros aposentados tivessem mais oportunidades poderiam trabalhar um pouco os principios teóricos da missão aliados à sua experiencia prática e seriam uma benção enorme. Os alunos apreciam muito mais as histórias e as lições de quem fez do que a simples teoria. Para alguém que se prepara para o campo vale muito poder perguntar: Como foi em seu trabalho? Como lidou com esta questão? Como resolveu este dilema?

Nossas escolas deveriam valorizar todo esse rico material humano. Por vezes nos concentramos demasiado em titulos e formações academicas. Muitos de nossos obreiros aposentados podem não ter titulos e cursos de missões, mas o que aprenderam e viveram vale mais que muitas mestrados e deveriam ser usados para a formação de nossos missionários e a glória de DEus. Novamente muitos sairiam lucrando: as organizações missionárias teriam novos obreiros com melhor formação, as escolas teriam excelentes professores da prática missionária, os alunos aprenderiam pela vivência e os obreiros sentiriam a alegria de continuar sendo benção.

Aconselhamento de liderança

No mundo secular, quando um administrador ou profissional de qualidade se aposenta é muitas vezes aproveitado para consultoria. As empresas sabem que não podem desperdiçar todo esse saber. Os novos administradores e lideres podem aproveitar muito dos conselhos desses veteranos que já passaram por situações as mais variadas. Não seria interessante aprendermos com essa prática?

Temos hoje muitas organizações misionárias no meio evangelico. Existem organizações para todos os gostos, umas de ambito nacional, outras de ação internacional. Várias vezes verificamos que as lideranças desses organismos não tem experiencia de campo missionário. São lideres de missões mas nunca foram missionários. Tomarão decisões sobre realidades que desconhecem e muitas vezes ficarão em dificuldade porque é dificil opinar sem conhecer. Aqui entrariam os missionários aposentados.

Os nosso lideres de missões poderiam aprender e lucrar muito com os obreiros em fim de carreira. Eles conhecem as realidades no campo, as politicas locais, as lideranças evangelicas da região, as tendecias do povo e da cultura de cada zona. Seus conselhos poderiam poupar dinheiro, facilitar estratégias e guiar planos. Como consultores esses obreiros usariam todo o conhecimento adquirido de modo a abençoar as lideranças missionárias. Algumas dessas organizações tem missionários em tantos lugares diferentes que é impossivel um lider conhecer bem cada realidade. Os conselhos de quem viveu lá e ministrou lá seriam certamente valiosos como ouro.

Pastoreio de Missionários

Uma das grandes deficiencias das organizações missionárias é a falta de pastoreio dos seus obreiros. Ainda continuamos com a estranha idéia que missionário é superhomem. Parece que no momento em que é consagrado ao ministério para o campo de missões passou a ser um gigante espiritual. COntinuamos não aceitando dos missionários coisas que consideramos normais em outros obreiros como depresão, desanimo ou esgotamento. Precisamos de pastores para nossos missionários.

As organizações missiopnárias nos dizem que pastoreiam seus obreiros. Com isso estão falando de viagens esporádicas (com muitos anos de intervalo) de um lider ao campo ou então de cartas (tambem esporádicas) de quem tem que lidar com várias dezenas de missionários de cada vez. Isso não chega. Isso não é o pastoreio que os obreiros precisam e os resultados se vem no regresso prematuro dos campos, coisa em que o Brasil continua sendo campeão.

Os missionários aposentados são uma força tremenda nessa área que simplesmente tem sido ignorada. Esses homens e mulheres de Deus sabem o que é missões. Sabem o que é sofrer nos campos, conhecem as lutas, os dissabores e as alegrias. Criaram seus filhos nas zonas por vezes remotas de missões. Viram o trabalho crescer e minguar. Eles realmente podem dizer ao obreiro no campo: sei o que voce esta passando, já estive aí. E o missionário na ativa aceitaria essa palavra porque reconhecira a verdade das palavras.

Poderiamos perfeitamente aproveitar os obreiros aposentados para esse tipo de apoio e pastoreio. Esse pastoreio se daria via carta, email, msn etc. Os meios hoje disponiveis para o contato com o campo são muito melhores. Desse modo poderiamos ter uns poucos missionários ativos ligados a cada obreiro aposentado o que facultaria um aconselhamento e pastoreio verdadeiro e regular. A oportunidade de receber alimento espiritual, ter com quem abrir o coração, poder compartilhar dificuldades do campo, seria algo maravilhoso. Quantas vezes o obreiro no campo se sente perdido. Não tem com quem se abrir. Não pode faze-lo com novos convertidos e não pode faze-lo com outros colegas (infelizmente), mas poderia vir a faze-lo com um mentor que conhece missões na vivência e no coração.

Conclusão
Voltamos ao inicio. Nossos missionários em fim de carreira tem sido tratados com ingratidão e desperdicio. Podemos e devemos mudar isso. Apresentamos maneiras bem práticas de aproveitar todo esse potencial. Oramos para que nossas lideranças abram os olhos e ouvidos para essa verdade e passem a ser mais gratos por aqueles que deram tanto ao reino e os aproveitem para que todos saiam lucrando. Uma vez missionário, sempre missionário. Vamos dar aos nosso obreiros aposentados a oportunidade de serem a benção que todos precisamos.

Histórias que Salvam

O MISSIONÁRIO CONTADOR DE HISTÓRIAS

“O Vento, as árvores, a atmosfera eram controlados pelo poder da Palavra. Mas a Palavra não era algo que se pudesse ver. Era uma força que permitia que uma coisa criasse outra.”   (parte do mito Wapangwa -Tanzânia- da Criação)  (FORD 1999:177)

Tive o privilégio de ser criado por uma das maiores contadoras de histórias que conheci.   Minha mãe, Márcia Venturini de Souza.  Ela não apenas contava histórias, ela as tornava vivas na minha imaginação. Cada inflexão, gesto, mudança de ritmo, alteração de voz, cada pormenor serviam para dar cor, textura e mesmo paladar e perfume às histórias. 

Recordo-me que no culto infantil da Primeira Igreja Batista de Nova Iguaçu, mamãe sempre começava  dirigindo-se aos adultos e pedindo que fizessem de conta que eram crianças.  Achava divertido o pedido, mas era na verdade desnecessário, pois qualquer pessoa que a ouvisse contar histórias tornava-se criança na hora, e com todo gosto!

Lembro-me ainda de a ver contando histórias a rudes pescadores da aldeia de São Mateusnos Açores em Portugal. Aqueles homens curtidos pelas tempestades do Atlântico Norte terminavam os episódios com lágrimas nos olhos.

Uma boa história rompe barreiras, ganha corações, é universal.

Vivendo no contexto de Missões em África, aprendi que a habilidade de minha mãe era uma das mais valiosas para os missionários.  Na grande maioria dos casos, o evangelista terá muita dificuldade em pregar um sermão ou passar os famosos três pontos da homilética anglo-saxônica.  Mas, se souber contar e aplicar bem uma história, estará garantido.  Qualquer auditório pode ser ganho e elucidado se o orador for um bom narrador de casos e é por isso que vejo o missionário (e porque não dizer o pastor) como um contador de histórias. Nessa arte, creio que o missionário deve se desenvolver em três caminhos principais que passaremos a considerar.

Trabalharemos o contexto Africano que é o que conhecemos melhor, mas na perspectiva que as verdades expressas sobre os povos africanos podem ser extrapoladas para outras partes do planeta.

O primeiro caminho a ser seguido pelo missionário contador de histórias é o do garimpo de histórias tradicionais que servem para comunicar o evangelho. Um estudo cuidadoso providenciará muito material de valor. Quase todas as etnias do mundo têm histórias da criação do mundo e do homem, algumas com expressões surpreendentes como a citada no inicio deste artigo.


Também interessante é notar que muitos desses chamados mitos, falam de algo que o homem fez que afastou Deus de seu convívio. Para os Mende (Serra Leoa) Deus se foi porque ficou cansado dos pedidos constantes do homem. Os Ashanti (Gana) dizem que Deus foi embora porque a mulher o incomodava batendo com seu pau de pilar na sola de seus pés. Os Banyarwanda (Ruanda) crêem que Deus ia acabar com a Morte, mas enquanto Deus a caçava houve uma mulher idosa que se apiedou dela e a escondeu. Deus se irou com isso e deixou o homem ficar com a morte.

Já os Bambuti (Congo) dizem que o pecado original foi a curiosidade da mulher que queria ver o homem. Ela levava água até a cabana de Deus diariamente e a deixava na porta. Um dia se escondeu para ver quando Deus sairia para pegar a água e desse modo viu quando a divindade colocou o braço de fora para alcançar o balde. Deus se irou com isso e foi embora.

Muitos outros povos contam a queda do homem em termos muito próximos do relato de Gênesis. O homem pecou ao comer o que era proibido. Para os Pare (Tanzânia) o fruto proibido era o ovo, para os Chaga (Tanzânia) o nhame, para os Barotse (Congo) foi a carne dos animais que Deus dera como companheiros e não alimento, para os Mbuti da floresta de Ituri (Congo) foi o “tahu”. Já na etnia Fang (Gabão) o pecado original foi o orgulho do homem que se deixou encantar pela força e beleza que Deus lhe dera.

Em outros contextos, além do pecado encontramos contos messiânicos extraordinários. O povo Sonjo (Tanzânia) tem um herói nacional chamado Khambageu. Ele viveu entre os Sonjo fazendo milagres de cura e maravilhas, mas foi morto por homens maus. Ressuscitou e foi para o Sol e um dia voltará, antes do fim do mundo, para levar todos os que tiverem a sua marca. Por isso cada Sonjo recebe uma cicatriz no ombro esquerdo para estar preparado para a vinda de Khambageu. Vários outros povos africanos contam de crianças messiânicas que tiveram nascimento milagroso e que vieram ao mundo para acabar com o mal na figura de um monstro ou feiticeiro. É o caso do mito de Lituolone dos Basuto (África do Sul), de Mwindo dos Nyanga (Congo) e de Bagoumâwel dos Fula (Mali). Em todos esses mitos, a criança milagrosa vem ao mundo para vencer o mal, sofre morte atroz, mas renasce para ser vitoriosa e libertar o mundo.

Há histórias tradicionais comoventes como a que os Ila (Zâmbia) contam sobre uma mulher que queria ver a Deus. Inicialmente ela construiu várias torres para tentar chegar ao céu, mas em cada caso a madeira da base apodrecia antes de ela chegar a seu objetivo. Por fim ela resolve andar até encontrar o ponto onde o céu e a terra se tocam para achar o caminho até Deus. Ela nunca chega a esse lugar e morre sem solução. Dificilmente poderíamos criar um conto mais vivo para falar da inutilidade das nossas obras na busca da salvação.

Encontramos igualmente, inúmeras histórias morais na tradição dos povos, que servem para transmitir verdades sobre questões sociais diversas.  Na Guiné-Bissau onde trabalhamos, são comuns as histórias usando animais.  Um grande número delas usam como personagens principais o lobo (no caso guineense a hiena) e a lebre.  Nesses contos, o lobo (símbolo da força bruta) é sempre derrotado pela lebre (símbolo da esperteza) e desse modo se demonstra a superioridade da inteligência sobre a massa muscular. 

Os provérbios pictóricos também são úteis para ilustrar princípios vitais. “A tartaruga quer dançar mas não tem cintura” é um dito crioulo que explica que muitas vezes querer não é poder. “Janti i ka nada, tchiga ki tudu” (adiantar-se não é nada, chegar é que é tudo) é outro dito que ressalta a importância da finalização dos projetos. Outra maneira de colocá-lo em linguagem popular brasileira seria “Iniciativa não é nada, acabativa que é tudo”. Estes são apenas uns poucos exemplos de como contos e provérbios da terra podem ser usados pelo missionário.

O obreiro que souber procurar, certamente terá à sua disposição um rico arsenal de histórias, lendas e provérbios que podem ser utilizados para falar de verdades bíblicas. O seu uso o tornará simpático à população local, demonstrará sua valorização da cultura da terra e fará com que sua mensagem seja entendida mais facilmente. É uma excelente opção na busca da transmissão contextualizada da palavra.

Veja mais exemplos práticos de histórias que dão muito resultado!

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crucifixo proibido

Abaixo o Crucifixo!


O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, sediado em Estrasburgo, decidiu que a exposição do crucifixo em escolas públicas, na Itália, é um atentado à liberdade religiosa e optou por orientar a sua retirada.  No entanto 87% da população italiana concorda com a exposição do crucifixo!

Lembra-nos realmente a expressão de Paulo que dizia pregar a cruz que era “escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (I Corintios 1:23). Refletindo sobre o assunto é fácil entender porque o crucifixo pode ser tão incomodo para os senhores do tribunal europeu.

Sofrimento

O crucifixo é símbolo máximo do sofrimento causado pelo pecado. Na cruz Jesus sofreu a tortura física, psíquica e espiritual extrema por causa do pecado da humanidade. Ora, a filosofia que governa o mundo atual recusa essa explicação do sofrimento. Não a recusa porque seja irracional ou não faça sentido. Na verdade ela é fácil de entender, e faz bastante sentido.
A explicação cristã do problema do sofrimento é rejeitada porque é desagradável e obriga o homem a aceitar a sua culpa. Isso não é considerado “dignificante” e fere o orgulho humano, logo, abaixo o crucifixo!

Injustiça

O crucifixo é o símbolo máximo da injustiça humana. Mesmo o mais desatento percebe que na cruz se deu um ato de profunda injustiça. Jesus não merecia. Sua vida, seus atos, suas palavras eram tais que deveria ter sido recebido em glória. Ao invés disso foi crucificado pelo grito de uma multidão ingrata, ignorante e influenciável.

A história de como as lideranças religiosas da época por inveja e orgulho, levaram Jesus à cruz, incomoda nosso brio e recorda muitas experiências de injustiça que vemos repetidos dia a dia. Os senhores do tribunal europeu que acham o crucifixo incomodo, certamente participariam de bom grado no ato de condenar Jesus, porque ele era muito “intolerante” afirmando-se o único caminho para o céu. Por lembrar-nos de toda a injustiça humana que preferíamos esquecer...abaixo o crucifixo!

Auto-suficiência

O crucifixo é o símbolo máximo da incapacidade humana de resolver o seu maior problema. A cosmovisão cristã diz que o homem foi criado perfeito e em perfeita comunhão com Deus. Ele pecou e o pecado o separou de Deus e é o maior problema da humanidade. O homem sozinho não consegue resolver essa questão. A divida é grande demais, a ofensa é profunda demais. Foi preciso que outro levasse a culpa e o castigo, que outro pagasse a divida. Isso fere o desejo de auto-suficiência do homem. Os orgulhosos senhores que pretendem decretar as leis da Europa não gostam de se sentir “insultados” em sua capacidade de dirigir suas vidas, por isso... abaixo e crucifixo!

Incompreensão

O crucifixo é símbolo de uma salvação que o homem não pode entender. Todas as religiões criadas pelo homem se baseiam no mesmo principio: as obras. O que muda é o sistema, o tipo de sacrifícios e penitencias, as exigências maiores ou menores a que o homem deve se submeter para ganhar a salvação. O homem sempre visualizou Deus como poderoso o que significava distante, alheio, desinteressado.
No Cristianismo descobrimos um Deus que ama o homem ao ponto do auto-sacrificio e isso é loucura para a filosofia. A mente humana não entende racionalmente um Deus criador poderoso que se rebaixa ao ponto de ser morto em tortura para a salvação da criatura. A cruz é a lembrança desse ato salvador tão estranho para a racionalidade humana e que incomoda as mentes modernas, por isso também... abaixo o crucifixo!

Identificação / Amor

Mas o crucifixo é, provavelmente, mais que qualquer outra coisa, o Símbolo Maximo do amor de Deus.  A cruz nos fala da identificação de Deus com o sofrimento humano.  É comum o homem se revoltar contra Deus quando sofre e o acusar em ato blasfemo de não se importar e ser cruel. 

A cruz nos lembra que Deus se importa, se importa de tal maneira que se fez homem e se identificou com todo tipo de sofrimento que a humanidade conhece. Foi perseguido político e religioso, vitima de preconceito de raça e província, exilado, desprezado pela origem e profissão, alvo de inveja e ciúme, traído pelos amigos mais íntimos, julgado injustamente, morto da forma mais cruel e sádica. Tido por amor, tudo pela salvação do homem.

A cruz é um símbolo religioso estranho mas poderoso. O instrumento de tortura se tornou símbolo de amor. O objeto de morte produziu vida. À sombra da cruz o homem que se rende encontra paz, salvação e significado.

Ora a cruz fala de um Deus criador que ama a criatura e tem um propósito para ela. A filosofia vigente diz que somos produto do acaso, sem propósito, sem significado numa vida sem sentido. Por apresentar o significado da vida humana a cruz incomoda, então... abaixo o crucifixo!

Como Cristão essa medida do tribunal europeu não me surpreende. O mundo não entende as coisas de Deus e se julga superior classificando a fé cristã de superstição. Na verdade, a cosmovisão cristã é a única que explica toda a nossa realidade e dá à vida sentido superior que o homem deseja e almeja justamente.

Por tudo o que a cruz representa, nós amamos seu formato e vivemos à sua sombra.  Ela é a recordação de nossa salvação, a esperança do céu, a garantia do amor de Deus, a indicação de nosso valor eterno.  No ato histórico da crucificação de Jesus, Deus se reconciliou com a humanidade!  Por tudo isso amamos a cruz e respeitamos o seu símbolo.

Sonetos de Lisboa


Em 1999 , Pastor Joed Venturini decidiu voltar sozinho à Guiné Bissau, que estava em guerra há nove meses.

Não era possível deixar de apoiar a pequena igreja de Bafatá, que neste momento estava sem o seu pastor.
Sua filha Rebeca, com apenas 3 meses de idade, sua esposa e seu filho de 5 anos teriam que esperar até que os conflitos terminassem.

Em Lisboa, e mais tarde na Guiné passou 4 meses de solidão. Foi neste tempo que escreveu uma série de sonetos que ficariam marcados pela dor e pela saudade de sua eterna namorada, Ida.

Leia Mais Sonetos de Lisboa

SONETO I

SAUDADES DO PARAÍSO

REFLEXÕES DE ADÃO...



Tenho saudades da Inocência ...Hoje fui até lá, não sei bem o por quê.  Não disse nada a Eva.  Já fazia tanto tempo que não ia...
No princípio passávamos por lá muitas vezes, mas a luz da espada flamejante nos mantinha distantes e ela chorava.   Depois paramos de ir.  Não fazia mais sentido.
Mas hoje fui lá... Está tão mudado...
O mato cresceu tanto que há uma verdadeira floresta onde antes havia só um belo jardim. Logo estará perdido.  Bem, acho que para nós esta perdido há muito tempo...

Creio que queria recordar. Lembrar a liberdade, a paz, a inocência, a comunhão. Tudo parece hoje tão distante que nem me lembro mais como era. Depois que Abel morreu, ficou ainda mais difícil. O erro de tudo aquilo parecia pesar ainda sobre nossas cabeças, como se a culpa no fundo fosse nossa. Não sei se é isso que os pais devem sentir ao ver os erros dos filhos, mas é o que sentimos.

Então Caim foi embora. Agora raramente ouvimos falar dele. É verdade que outro dia um filho de seu filho passou por aqui. Estranho, é homem crescido. Estou ficando velho e cansado e nem sabia.

Tenho saudade! Saudade da força, da vitalidade que tinha com Deus no jardim. Ele nos perdoou mas as consequências são terríveis e mesmo o perdão não as pode apagar.
Os sacrifícios aliviam, a esperança traz algum consolo, mas a comunhão nunca mais será a mesma e meu coração parece não ter parado de murchar desde aquele dia fatídico. Maldito dia, terrivel dia. Tanto engano e mentira!

A serpente ainda vai aparecendo de vez em quando. Já não fala, mas o veneno está lá. Tenho matado algumas, mas parecem renascer com facilidade e sua malícia não diminuiu nada com o tempo. Como fomos enganados!

"Conhecereis a verdade", disse ela. Sim, mas não explicou como iríamos lidar com ela. "Sabereis a diferença entre o bem e o mal", sim, mas quem disse que teríamos a força para escolher o certo?  Sereis como Deus!  Ah!  Como se isso fosse possível ...como se isso fosse desejável...

Quanto mais o tempo passa, mais parece grande a tolice daquele dia, mais parece incrível que tenhamos caído tão facilmente. Mas, a verdade é que caímos. E o peso dessa escolha vai manchar meu nome por toda a eternidade. Multidões de gerações me amaldiçoarão ao saber como fui enganado. Ninguém estava tão habilitado a resistir... e é isso o que mais me dói. Ter caído sem necessidade. Ter caído podendo ter ficado de pé.

Tenho saudades da inocência, do riso alegre e sem malícia que enchia o rosto de minha mulher, dos sonhos tão doces à noite, do trabalho tão recompensador, da natureza tão amiga. Saudades da sensação de pureza e santidade que me enchia cada vez que o Criador vinha nos visitar.

Aqueles momentos eram tão plenos.  Sua presença era a razão de toda a existência, o motivo da vida, a causa de nos sentirmos desfalecercom sua ausência. Não se pode mesmo viver sem a Sua presença. Simplesmente tudo deixa de fazer sentido.


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