Eu, Boa Nova

Certamente já lhe aconteceu mais de uma vez. Ao longe viu uma pessoa que conhece se aproximando. Sabe que é uma pessoa desagradavel. É o tipo de pessoa que gosta de fazer de conta que são grandes amigos quando na verdade mal se conhecem. Sua falsa intimidade constrange. Seus comentários são sarcásticos e de mal gosto. Suas piadas são sujas e sem graça. Seu hálito é horrível e sua presença o repugna. O que faz? Quase que inevitavelmente foge. Arranja uma maneira de escapar do encontro. Aquela pessoa para você é simplesmente má noticia.

Agora imagine o contrário. Aquela pessoa gentil, de palavra animadora, que sempre o elogia, que parece brilhar a cada encontro, cuja presença é um bálsamo. Aquele tipo de pessoa que realmente ouve o que dizemos, que empatiza com nossas situações, que sabe dar conselhos sábios sem os impor, cuja palavra faz diferença para nós. Aquele tipo de pessoa que nos faz sentir importantes a cada vez que nos encontramos. É uma pessoa limpa, que veste bem sem exagerar e traz consigo um agradavel cheiro de perfume. O que faz? Inevitavelmente se aproxima. Deseja o encontro. Essa pessoa é simplesmente boa nova.

Esta perspectiva tem tudo a ver com o evangelho e sua propagação. Jesus era o Verbo que se fez carne. Ele encarnou, "habitou entre nós e vimos a sua glória". Antes de proclamar a boa nova, Jesus era a Boa nova. A boa nova encarnada. Ele atraía as pessoas e elas se aproximavam dele com prazer. É claro que os hipócritas o adiavam, ou antes odiavam o que deles se percebia quando se aproximavam de Jesus. Mas o povo o amava e dele se acercava com naturalidade e alegria desde crianças a idosos, ricos e pobres, sábios e ignorantes. Sua palavra era única, sua capacidade de amor inigualavel, sua visão daquilo de bom que cada pessoa podia ser nas mãos de Deus, seu investimento mesmo nos casos considerados perdidos. Tudo nele atraía poderosamente. ELE era Boa Nova.

Se há uma coisa que tem prejudicado a Igreja e a proclamação do evangelho é crentes que querem anunciar as boas novas mas que são má nova. Suas vidas, atitudes, palavras e modo de falar, tudo causa afastamento. São desagradaveis, com ar de superioridade de quem diz saber tudo, atitude condenatória que pensa poder julgar e a prépotencia de entender que todos tem que os aceitar como são porque eles são donos da verdade. Grandes ateus e agnósticos tem criticado o Cristianismo (e nesse caso com razão) exatamente porque não tem conseguido ver Cristo ou seus ensinos nesses cristãos.

Vejamos brevemente algo que a Bíblia diz sobre os verdadeiros discipulos de Jesus. Eles devem ser:

1) Sal (Mateus 5:13)
O Sal dá à comida o seu sabor. O mais saboroso prato sem sal fica totalmente sem graça, sem interesse. Os ingredientes mais caros desperdiçados porque faltou aquele toque, pequeno mas fundamental que realça o valor de tudo. O sal preserva, mantém , impede a degradação. Seu valor ainda hoje é muito estimado em várias partes do mundo e há mesmo lugares onde serve como moeda de troca.

O Senhor disse que deveriamos ser sal. Onde estivessemos traríamos sabor, realçaríamos o gosto, impediriamos a degradação, serviríamos de preservante. O Cristão tem que fazer a diferença em seu meio dando-lhe o que o mundo não pode dar. Se nossa atitude for de condenação ou superioridade como poderemos influenciar? Como conquistar a confiança se não soubermos ganhar o respeito? Perguntemo-nos a nós mesmos: dou sabor aos lugares onde vou? Tenho ajudado a impedir a degradação de pessoas e ambientes onde chego?

2) Luz (Mateus 5:14)
Segundo Jesus deveríamos ser luz. Dar côr, brilho, vida onde quer que fossemos. Só com a luz podemos apreciar as maravilhas da criação. Uma das maiores riquezas do homem é ver o nascer do sol quando a terra se enche de luz. A luz permite a orientação, a escolha clara de uma direção segura. Com luz evitamos os buracos, a sujeira, os espinhos. Com a luz vemos as belezas, retiramos as manchas, embelezamos nosso mundo.

O Cristão tem que ser luz. Onde vai reflete a glória de Deus. Onde chega faz realçar as maravilhas da criação. Ajuda a que as pessoas vejam as cores em suas vidas. Auxilia o desorientado, mostra o caminho ao perdido, livra dos buracos o desencaminhado e ajuda na limpeza das vidas. Um Cristão luz será atrativo de um modo irresistivel como uma farol no meio de uma tempestado ou o brilho no fundo de um tunel.

3) Perfume (II Corintios 2:15)
Paulo usou a figura do perfume para falar do crente. Ora perfume é algo que todos gostam. Torna um ambiente agradavel, retira os maus cheiros presentes e faz com que o próprio ar pareça mais respirável. Um bom perfume atrai, seduz, encanta, chega a ser enebriante num bom sentido. Um perfume gostoso faz com que o local fique em nossa memória já que a recordação de cheiros agradaveis perdura em nossa mente e olfato.

Um Cristão genuíno é perfume de Cristo. Onde chega traz um ar novo, limpo, agradavel. Sua presença é gostosa, marcante, suave mas penetrante. Um Cristão perfume de Cristo se torna memorável porque sua presença traz à mente coisas boas, recordações belas e abençoadas. Um Cristão assim atrairá as pessoas a Cristo tão certo como um bom perfume atrái a nossa atenção.

Aplicação: Antes de poder proclamar a boa nova da salvação eu tenho que me tornar a boa nova. A Palavra diz que somos feitos novas criaturas, filhos de Deus, propriedade particular do Senhor, herdeiros do céu. Feitos novos por dentro devemos mostrá-lo por fora. Nossa presença deveria ser desejada e abençoada. Em vez de criticar, elogiar. Em vez de condenar, abençoar. Em vez de rebater, encaminhar. Nossa palavra, nosso ouvido, nossa orientação e conselho, nossa capacidade de amar, deveriam ser de tal maneira desenvolvidos no Senhor que fizessem as pessoas sentir a atração daquele que os amou até a morte. Quye as pessoas possam desejar a minha presença. Que onde eu chegar possa ficar conhecido como boa noticia. Eu, Boa Nova.

Narciso de joelhos (oração auto-centrada)

Na mitologia grega Narciso era um jovem de beleza rara filho do deus-rio Cefiso e da ninfa Liríope. Há várias versões da sua história, mas todas concordam em que ele se apaixonou pela própria imagem refletida no rio e aí permaneceu em admiração permanente definhando e por fim morrendo ficando em seu lugar uma flor a que se denominou narciso. Esse mito deu origem ao termo narcisismo que é definido como vaidade, orgulho, auto-admiração.

Nos nossos tempos, o narcisismo deixou de ser algo visto como errado e passou mesmo a ser requisito fundamental para se triunfar na vida. Em filmes, e músicas se admite e defende que o mais importante de tudo nesta vida é amar-se a si mesmo. A cantora Whitney Houston teve um grande sucesso nas paradas com uma música que dizia exatamente isso. A mensagem é: o fundamental é amar-se, aceitar-se e estar seguro de si mesmo. O homem com dúvidas a respeito de si mesmo já está em desvantagem. O mundo moderno admira o homem totalmente seguro mesmo que isso implique em grau elevado de vaidade e auto-admiração. Narciso reina!

Preocupante é notar que por meio das ciências comportamentais, essas ideias tem penetrado sorrateiramente na Igreja. Passamos nós também a admirar líderes "fortes" e com isso estamos falando de homens e mulheres com um discurso de auto-aceitação marcante e em quem se pode notar altos índices de vaidade. Líderes que estão totalmente seguros de sua chamada, de sua superioridade, de sua pregação. Líderes que apresentam ao público uma face sempre altiva e dominadora, que sabem sempre o que querem e como consegui-lo. Narcisos no púlpito!

Evidente será referir que é benéfico ter um líder seguro, pois ninguém seguirá um comando frouxo, o que rejeitamos é a auto-suficiência pregada pelo mundo. Paulo era um homem de Deus poderoso em ações e palavras, mas dizia "não julgo que o haja alcançado" (Filipenses 3:13). Ele instava seus discípulos a se "examinarem" a ver se ainda estavam no caminho. O salmista tinha comunhão profunda com Deus, mas clamava "sonda-me ó Deus e conhece o meu coração" (Salmo 139: 23). O profeta referia que nossas obras são como "trapos de imundície". Esses líderes eram fortes, mas não tinham a atitude narcisista dos líderes modernos influenciados pelo mundo.

Grave também é perceber o quanto essa visão do homem moderno tem tomado conta de nossas orações. Quando ouvimos muitos irmãos orarem ficamos com a impressão que Deus só existe para nos salvar e depois fazer tudo que quisermos lhe pedir. É um deus menor, um deus servo. Ouvimos orações onde parece que o crente exige de deus certas atitudes, demanda tomada de posição e chega a decretar ou declarar aquilo que acha que deve acontecer. Muito distante da oração valorizada por Jesus: "Tem misericórdia de mim pecador" (Lucas 18:13). Nessas orações pseudo-poderosas o que vemos claramente é Narciso de joelhos!

Jesus ensinou seus discípulos a orar (Mateus 6: 9 a 12). Mais que uma reza a oração conhecida como "Pai Nosso" é uma lição na arte da oração. Um guia direcionando o seguidor de Cristo a orar. Nessa oração tudo é direcionado ao Senhor. Começamos por lembrar que é ELE o foco da oração e não nós. Mesmo quando pedimos perdão, livramento ou sustento devemos ter consciência de que estamos na dependência total da misericórdia de Deus que é a razão de não sermos consumidos (Lamentações 3:22).

Precisamos deixar de ouvir o mundo e sua mensagem antropocêntrica e ouvirmos mais a Palavra. A glória de Deus é a razão de nossa existência e é nele que encontramos a verdadeira vida e a verdadeira satisfação. Nossa visão tem que crescer no sentido da grandeza de nosso Deus e então narciso nos parecerá aquilo que realmente é: um tolo inútil. Quero enterrar o meu narciso e crescer na graça. Convido-o a fazer o mesmo.

Escondido no Tempo...Deus tarda,mas não falha!?

Lembra do jogo de esconde-esconde que jogava quando criança? O objetivo era escolher um lugar onde não imaginavam que estivéssemos e ficar o mais quieto possível para não sermos encontrados. Era um jogo meio parado e que tinha muito a ver com temperamentos. Os mais afoitos não aguentavam muito tempo escondidos. Alguma vez perdeste um jogador? Sabe aquele companheiro sossegado que se escondeu e esqueceu do tempo e passada meia hora de todos terem saído do esconderijo ainda não tinha aparecido? Estava escondido no tempo. Já sentiu isso em relação a Deus? Não parece que por vezes o Senhor brinca de esconder conosco?

Em Génesis lemos sobre a criação do mundo e do homem. A Ciência tem feito muitas descobertas interessantes sobre os primórdios do planeta e até do universo. Quanto mais descobre mais relevante o relato de Génesis fica. Uma das coisas mais importantes desse relato diz respeito ao tempo. Nós medimos o tempo em dias, horas, minutos. Mas onde começou o tempo? Existiu sempre? Segundo Génesis não. Foi Deus que criou o tempo. Foi ele que separou luz e trevas, criou dia e noite e desse modo preparou o mundo para que o homem chegasse numa realidade ligada ao tempo (Génesis 1: 5). Mas ELE, Deus, ficou de fora. Não se submeteu e nem podia porque existe numa realidade fora da temporal.

Quando meditamos sobre isso muita coisa parece ficar mais clara. De repente entendemos melhor essa questão do Deus escondido.. na verdade, Ele esta escondido no tempo. Nossa noção de tempo e nossa relação com o tempo é motivo de stress acentuado, ansiedade marcada e uma das principais razões para sofrermos com os aparentes desaparecimentos de Deus. Meditemos brevemente:

1) Se Deus está fora do Tempo não pode se atrasar
Atraso é definido por alguém que chegou fora de horas, perdeu o tempo certo de chegar. Varia de cultura para cultura. No Brasil meia hora pode não ser considerado atraso, já no norte da Europa meia hora de atraso é má educação. Atraso pode ir desde desentendimento a perda de oportunidades e mesmo a fatalidades. Mas Deus vive e existe fora do tempo. Costumamos dizer que Deus tarda, mas não falha, porém, para Ele não se coloca essa questão. Não há atraso! Ele está sempre na hora certa!

Abraão certamente pensou que Deus estava atrasado no envio de seu prometido filho. Afinal, ele esperou 25 anos por Issac. Ana desesperava pela demora em engravidar. José deve ter julgado longo o tempo na prisão e Davi ficou esperando para ser rei por longos anos. O povo de Israel esperou o Messias por séculos e certamente julgou que havia muito atraso de Deus, mas Jesus veio no Kairós de Deus, no tempo exato, certo, perfeito (Gálatas 4:4). Tudo foi preparado, tudo concorreu para que Jesus viesse no momento certo da história para causar o maior impacto e permitir o maior crescimento da igreja. Deus nunca se atrasa.

Quando estamos aguardando uma bênção, esperando uma cura, desejando uma resposta, muitas vezes parece que Deus emudeceu, que esta no mínimo atrasado. Nossa noção de timing pede e por vezes exige que Ele faça as coisas não somente do nosso jeito mas no nosso tempo. Será bom lembrar no entanto que ELE é Senhor. ELE é soberano. ELE criou o tempo e nunca está atrasado.

2) Se Deus está fora do Tempo não pode se adiantar
Outra questão ligada ao tempo é a precipitação. Por vezes fazemos algo bom ou dizemos uma coisa que até era certa mas antes da hora. Faltava preparação, faltava as bases para que aquilo fosse 100% eficaz. É um defeito nosso e acontece com frequência por ansiedade ou mera pressa.

Acredito que muitas vezes os servos de Deus acharam que Ele estava se precipitando, que ainda era cedo demais para agir. Lembro de Gideão perante os midianitas, de Moisés na convocação para livrar Israel, de Filipe chamado para ir ao deserto em meio a um avivamento e uma dezena de outras ocasiões em que parecia que não era ainda tempo de agir. Parecia prudente esperar mais um pouco.

Quando o Senhor fala, quando Ele ordena, podemos ter a certeza que esta na hora. Ele nunca se adianta, nunca se precipita, nunca se sente pressionado pelo tempo ou pela expectativa. Vive fora da nossa pressão por cumprir calendário e age sempre na hora certa. Portanto, se Ele nos der uma ordem, é melhor cumprir logo.

3) Se Deus está fora do Tempo nunca está realmente ausente
A sensação de ausência de Deus é das maiores lutas do crente. Quantas vezes não percebemos sua presença, não sentimos seu consolo, não vemos sua mão. É claro que tudo isso é relativo porque se baseia em sentidos e sentimentos e sabemos o quanto falham tanto uns quanto outros. Mas na nossa limitação humana é comum essa sensação de abandono que nos leva a gritar: até quando? Por que me abandonaste?

Essa queixa é comum nos salmos, é frequente na boca de quem passou por aflição e surge até nos lábios de Jesus (Mateus 27:46). Na nossa dependência do tempo qualquer hora passada em sofrimento já é demais, qualquer dia a mais de espera já é excessivo.

A noção de ausência está ligada ao espaço mas também ao tempo. Quanto mais tempo ficamos sem ver uma pessoa, mais ausente esse alguém parece. Já diz o ditado: longe da vista, longe do coração! E á medida que os dias e semanas passam sem vermos ou sentirmos o Senhor, maior é a sensação de ausência. E aí lembramos novamente, ELE vive noutra esfera, fora do tempo. O que para nós parece um século para Ele é um minuto. Sentimos que Ele não nos toca há anos, quando na realidade dele foi a minutos.

Sei que esse raciocínio não ajuda muito quando estamos no meio da dor e do sofrimento. Também já clamei e o céu me pareceu de bronze. Também já gritei e Ele pareceu não ouvir. Mas a verdade é que foi o que me pareceu... na minha realidade... na minha limitação. ELE na verdade nunca esteve ausente, apenas não o via porque sou humano e limitado.

Conclusão:
Deus vive fora do tempo e por vezes nos vai parecer escondido nele. Mas o fato de lembramos disso nos ajuda a perceber que ELE nunca se atrasa, nunca se adianta e na verdade nunca se ausenta. E gostaria de deixar um último pensamento. Se você é daquelas pessoas que, como eu, vive apertado pelo tempo, será maravilhoso saber que um dia seremos livres disso. Um dia deixaremos esta realidade e entraremos na realidade em que Deus vive. Sairemos da realidade temporal para viver fora do tempo. Essa será uma das particularidades do céu. Que maravilha não? Sem stress, sem calendário a cumprir, sem datas limites, sem pressa ou atrasos. Será ótimo, será céu. E então nós também ficaremos, escondidos no tempo.

ADORAÇÃO IDÓLATRA?

" Quando as pessoas vêm as gesticulações lascivas dos cantores, os tremores e alterações adúlteras das vozes dos que cantam, não conseguem deixar de rir e pensamos que não vieram propriamente para orar, mas para um espectáculo, não para ouvir uma mensagem, mas para o teatro. Não há qualquer temor da majestade tremenda em cuja presença estão"

Estas duras palavras foram escritas por um conceituado líder religioso diante do panorama da adoração em seu tempo. Sua reflexão nos leva a meditar novamente sobre a razão de ser do louvor e a maneira como ele acontece em nossas comunidades. O interessante será saber que o excerto que colocamos acima não foi redigido por um pastor contemporâneo, mas foi escrito por um monge chamado Aelrod, no século XII. Parece que as questões ligadas à adoração são antigas...


Já na fase patrística da Igreja, Clemente de Alexandria (c. 150- c.215) era contrário ao uso de qualquer tipo de música e palmas nos cultos porque assemelhavam os encontros cristãos aos pagãos. Na época da Reforma protestante sabemos que Lutero concordava com o uso de hinos e até compôs vários, mas Zwinglio, seu contemporâneo e grande reformador do norte da Suíça era contrário ao uso de música. No período dos grandes avivamentos na América a música era muito usada, mas o pastor da Primeira Igreja Batista de Boston, Charles Chauncy (pastor nessa igreja entre 1735-43) batalhou contra o emocionalismo exagerado que essas músicas traziam aos cultos. O debate é antigo e não tem conclusão à vista.

A questão da adoração que encontramos no Antigo Testamento era ligada à idolatria. O Senhor corrigia seu povo sempre que se dedicava a adoração de falsos deuses. Mas adoração idólatra é tanto aquela que adora um falso deus quanto a que tenta adorar o verdadeiro Deus falsamente e contra isso o Senhor também falou, basta lembrarmos de Isaías 1: 11 a 20 ou 58: 1 a 14. Hoje, a Igreja corre o risco de cair em ambas as formas de idolatria: adorar líderes-carismáticos, estrelas da musica evangélica, bandas e canções de sucesso e/ou adorar por todas as razões que não a única válida, o louvor do Senhor. Recordemos alguns pontos chaves da verdadeira adoração.

1) A ADORAÇÃO TEM O FOCO NO SENHOR
Parece que cada vez mais o foco do louvor é o bem-estar do adorador. Musicas e estilos que agradem o ouvido e emocionem a plateia. Certamente vai haver emoção, mas nenhuma adoração. A pergunta certa para o louvor não é que tipo de louvor queremos, que tipo de louvor agrada o visitante, que tipo de louvor esta no top das rádios evangélicas. Isso é levar a adoração para o reino da carne e só resultará em idolatria. A pergunta certa é: Que Louvor agrada o Senhor? A Adoração é para ELE, logo é ELE que tem que ser agradado e não nós.

Por outro lado, se o foco é o Senhor, então é ELE que deve ser lembrado após o louvor. Uma adoração em que sobressai um cantor, uma banda, um líder ou mesmo uma canção rouba a honra que é devida só a Deus. Já o salmista clamava "não a nós Senhor, mas ao teu nome dá Glória". Essa prática atual de entronizar artistas e líderes de adoração é a antítese do louvor que a Bíblia advoga.

2) ADORAÇÃO É FRUTO DE EXPERIÊNCIA
Adorar (falar bem, exaltar, elogiar) é algo natural ao ser humano. Diariamente o fazemos. Quando comemos algo saboroso logo exaltamos a cozinheira. Quando vemos algo bonito logo soltamos expressões de admiração. Quando lemos um livro bom e electrizante logo recomendamos o escritor. Quando ouvimos uma música cativante logo cantarolamos o refrão. Quando vemos um atleta fazer algo extraordinário (um gol bonito, uma cesta difícil, etc.) logo louvamos seu gesto por vezes com exuberância (se for da nossa equipe). O Louvor é natural ao ser humano.

Adoração verdadeira nasce de experiência com Deus. Se lermos seu livro, se saborearmos suas bênçãos, se virmos sua glória, se percebermos sua actuação não há como não louvar. Nosso problema é passar uma semana inteira sem tomar conhecimento dele e depois irmos a um local de culto para o adorar. Não admira que nessas circunstâncias precisamos que o grupo de louvor desperte em nós algo. E esse algo dificilmente será louvor sincero. Vai ficar bem mais perto de idolatria.

Um ato de adoração experimental, comum no Antigo Testamento e muito útil para compreender o louvor, era a prática de dar nomes a Deus. Se notarmos no AT os nomes de Deus são muitas vezes compostos. Eram Jeová-Shaddai por exemplo. Esses nomes surgem de experiências práticas com o Senhor que levavam a uma nova compreensão do Senhor. Por exemplo: Jeová-Nissi, o Senhor é a nossa bandeira, depois de uma vitória militar em que a bandeira permaneceu inabalável. Nosso louvor deveria ser assim, natural, fruto de experiência e acrescentando conhecimento e compreensão do Senhor.

3) ADORAÇÃO, SEGUNDO JESUS, É VIDA!
Jesus deixou claro que tipo de adoração Deus desejava em João 4: 23 e 24. No encontro com a samaritana o Mestre explicou de modo específico que Louvor Deus deseja e procura: Em Espírito e em Verdade. Em Espírito ao contrário de em superfície, em carne. Os samaritanos, assim como nós, estavam demasiado presos às formas. Queriam saber onde adorar, com que liturgia, com que liderança, com que grupo de louvor. Jesus disse que isso não era minimamente importante. Louvor que depende de formas é proveniente da carne. Satisfaz as emoções, mas fica-se pela epiderme. É como receitar uma pomada para quem precisa de um injectável. É somente uma solução paliativa e certamente não vai curar.

Adorar em Espírito é adorar para além das emoções e do raciocínio. É adorar naquele nível que só se atinge quando nascemos de novo. Só o Espírito renascido pode ter comunhão com Deus. A Bíblia fala de paz que excede o entendimento (Filipenses 4:7) ora essa paz acontece no Espírito. O verdadeiro louvor é desse nível. É também adoração que surge na direção do Espírito Santo, e essa certamente será do agrado de Deus.

Adoração em Espírito tem, evidentemente, a ver com a Verdade. Verdade da Vida do adorador, das palavras, dos atos de louvor. Um adorador como Deus procura é alguém que vive uma vida com ELE. Conhece-o bem e por isso mesmo não pode deixar de o adorar. E quando abre a boca, seja em palavras, em cânticos ou discursos, o que sai é pura verdade, reflete experiência, mostra intimidade. Podemos tão facilmente perceber se o louvor que nos dão é genuíno ou não, porque então não somos capazes de entender o louvor que DEUS merece? Sabemos quando alguém nos quer apenas bajular e isso é, em ultima análise, ofensivo. Porque entendemos que para o Senhor não será?

4) O LOUVOR AUTÊNTICO DEMANDA EXCELÊNCIA
Uma adoração genuína e que agrade a Deus exige de nós excelência moral e artística. Excelência moral. Vidas que caminham no rumo da santificação e que por isso podem levantar mãos santas. Vidas que não fazem do louvor um comércio, mas uma forma de ser e estar no mundo. Vidas que brilham com a glória do Senhor em vista. Mas também excelência artística. Excelência da música, da letra, da apresentação. Musica para Deus tem que ser a melhor. As letras têm que ter conteúdo e valor e não apenas refrões chamativos. A apresentação tem que ser honesta, digna e não apelativa ou apeladora. Louvor ao Senhor tem que ser o melhor de tudo.

5) ADORAÇÃO É ATITUDE
As principais palavras no Antigo e Novo Testamento para adoração são Schachah e Proskunai respectivamente e são traduzidas por prostração. Proskunai é por exemplo a palavra usada em João 4 para falar de adoração. Parece que adorar tem a ver com prostrar-se. Adorador é o que reconhece a superioridade do Senhor e cai de joelhos com o rosto em terra diante da sua presença. Essa onda moderna de querer mostrar intimidade com Deus falando com ELE com palavras de gíria urbana pouco têm a ver com adoração bíblica. O Senhor é Pai mas é também o Todo-Poderoso, Senhor do Universo, Criador e sustentador de toda Vida. Como nos lembra Aelrod no texto inicial, há que mostrar temor de Deus na adoração. Intimidade não se pode inventar e não tem a ver com algo que se mostra apenas em público. Cansamos de cantar que nos rendemos, nos prostramos, entregamos a vida e depois saímos do culto e dirigimos nossas vidas em ter a menor preocupação com o que a Palavra diz ou o Espírito orienta e ainda respondemos: é a vida!

Uma adoração superficial agradará a carne e pode satisfazer a alma momentaneamente. Exatamente como um concerto de uma boa banda de pop ou a apresentação de uma orquestra conceituada. Mas isso passa rápidamente. Logo é preciso um novo concerto, um novo show para manter o nível da adrenalina. Uma adoração epidérmica deixa de ter efeito minutos após o culto, por vezes ainda no estacionamento da igreja quando alguém fecha nossa saída.

Meditemos nisso. Precisamos de aprender a adorar. Chorar nosso pecado, nossa idolatria e clamar por sabedoria e autenticidade no louvor. Há urgência de experiência genuína com Deus que resulte em adoração em Espírito e em Verdade.

Ó Pai, faz de nós verdadeiros adoradores!
Related Posts with Thumbnails

Manual do Corão - Como se formou a Religião Islâmica

Como entender o livro sagrado do Islão?  Origem dos costumes e tradições islâmicas. O que o Corão fala sobre os Cristãos?  Quais são os nomes de Deus? Estudo comparativo entre textos da bíblia e do Corão.  Este manual tem servido de apoio e inspiração para muitos que desejam compreender melhor o Islão e entender a cosmovisão muçulmana. LER MAIS

SONHO DE DEMBA (VERSÃO REVISADA)

Agora podes fazer o download do Conto Africano, com versão revisada pelo autor.
Edição com Letra Gigante para facilitar a leitura do E-Book. http://www.scribd.com/joed_venturini