Jonas – Um Retrato da Igreja Actual


Related image
Imagine um pregador que só tem um sermão, pobre de imaginação, com conteúdo limitado, pois só fala de condenação e que deve ser transmitido a um povo que lhe é contrário numa cidade que considera sua inimiga. Que possibilidade de sucesso teria tal pregador?

Agora imagine que não somente é bem-sucedido mas que a cidade inteira se converte com sua pregação. O que isso faria de tal pregador? O maior da história, certo? Pois, essa é a história de Jonas e, no entanto, não é nem de perto famoso por seu sucesso. Por quê? O que há de errado nele que seja digno de nota? Na verdade, muito e, infelizmente, muito que se aplica à actual condição da igreja de Cristo no mundo.
De modo resumido podemos dizer que Jonas foi desobediente, reticente, displicente, rabugento e egoísta e passamos a explicar:

Desobediente: na verdade Jonas tinha muitas coisas a seu favor. Ele viveu no período de maior prosperidade do Reino de Israel, o reino do norte. Foi um profeta respeitado e famoso. Não tinha falta de revelação – ele entendeu muito bem o que Deus queria dele. Não tinha falta de boa teologia – ele entendia bem que o Deus de Israel era um Deus de graça e paciência. Não tinha falta de recursos – ele tinha dinheiro para pagar a viagem a Tarsis que deveria ser bem cara. Mas foi consciente e deliberadamente desobediente. Mais ainda. Sua desobediência não lhe tirou o sono pois dormiu durante uma tempestade. Ele sabia perfeitamente que era desobediente e o disse quando interrogado. 

Reticente: mesmo depois de tudo que passou ele ainda teve muita dificuldade em cumprir sua missão. É verdade que se arrependeu e pediu perdão, mas quem não o faria na barriga de um peixe no fundo do mar? Não se pode dizer que tenha sido um coração contrito que o levou a Nínive mas a extrema paciência de Deus para come ele e mesmo assim não fez o trabalho com convicção ou prazer. 

Displicente: sua pregação deixou muito a desejar. Ele apenas falou de destruição anunciando a condenação da cidade aparentemente com satisfação. O resultado foi obra do Espírito de Deus e não devido à qualidade do pregador. Sua pregação falhou em revelar toda a verdade. Não falou do pecado que condenava a cidade, não falou do amor e da graça de Deus, não mencionou a soberania de Deus que lhe dava poder sobre um povo que não o adorava, não apresentou a possibilidade de arrependimento. Simplesmente foi um pregador pobre e displicente que se limitou a cumprir calendário.

Rabugento: Jonas era um homem sem compaixão e ficou muito rabugento quando o seu conforto foi retirado. Ele logo se irritou com o sol e o calor sendo que o sofria por escolha própria porque Deus não lhe disse para ir para a montanha esperar a destruição da cidade. Essa não era sua missão. Foi opção dele e mesmo assim reclamou o tempo todo.

Egoísta: Diante da possibilidade de destruição de milhares de pessoas a única coisa que Jonas pensava era na sua situação e no seu conforto. Ele não estava minimamente sensibilizado pela possibilidade da cidade ser destruída. Tudo que lhe importava era que tinha deixado de ter sua sombra favorita quando estava tão quente. O mundo se centrava nele e certamente Deus só existia para cuidar de suas necessidades e problemas. 

No fim percebemos que o livro de Jonas não é sobre os Assírios ou Nínive. O livro é sobre Israel e Jonas. Sobre o modo do povo de Deus perceber quem Ele é e como age. Jonas até conhecia bem sua teologia. Sabia que Deus era um Deus de misericórdia, mas não percebeu que isso deveria permear o coração do povo de Deus também. E qual a ligação disso tudo com a igreja de hoje? Toda!

Desobediente: tal como Jonas não nos falta hoje revelação. Temos a palavra completa e um nível de conhecimento bíblico sem precedentes. Também não nos faltam recursos e a igreja de modo geral tem muito mais condições do que as suas congéneres do passado. Falta é obediência pura. Falta parar de olhar as ordens do Senhor como se fossem orientações vagas para dias difíceis ou sugestões a merecer nossa ponderação. Falta parar de chama-lo de Senhor e aplicar princípios democráticos naquilo que são ordens de marcha a que só se pede cumprimento. 

Reticente: muitas vezes, apesar da clara expressão da vontade Divina nas escrituras, percebemos uma relutância marcada por parte da igreja em seguir adiante. Há demasiada preocupação em ser politicamente correctos e em dar ao mundo explicações. Mas não fomos chamados a isso mas a obedecer sem questionar. Fomos comprados e pertencemos a outro Senhor.

Displicente: muita de pregação que se ouve por aí falha redondamente na expressão da teologia claramente revelada na palavra. Percebemos uma preocupação em tornar a mensagem “relevante” quando essa não deveria ser nossa preocupação. Ouvimos ciências socias nos púlpitos onde a Palavra deveria ser anunciada. Há mensagens de auto-ajuda em vez de evangelho. Relevante é a vida obediente e na busca da santidade. Relevante é aquele que vive como bem-aventurado e se torna sal da terra e luz do mundo. Relevante é a pregação da mensagem de Deus que é a única que fala do real problema do homem e lhe mostra a única saída. O que tem feito a diferença no mundo não é uma igreja que tenta agradar mas aquela que se mantém fiel à palavra.

Rabugentos e Egoístas: vivemos um tempo em que mesmo os chamados cristãos só parecem se preocupar com suas vidas e necessidades. Crentes que reclamam por qualquer limitação física ou económica quando estão rodeados de necessidades imensamente maiores. Ao menor problema reclamam com Deus por aquilo que supostamente acham que têm “direito”. Pela Palavra nós só temos direito a uma cruz… mas essa Jesus levou por nós. Mas isso não nos faz merecedores de nada. Recebemos pela graça e pela justiça ganha por outro.

Vivemos um tempo que que muitas Igrejas só investem no conforto de seus membros quando deveriam investir em missões e nos campos vastos com necessidade de obreiros. Mais facilmente se coloca um ar condicionado na igreja do que se adopta um novo missionário. O conforto dos bancos vale mais que a ajuda aos carentes. Estamos a viver a teologia de Jonas. 

E que soluções existem para o nosso caso estudando as semelhanças com a situação de Jonas? Certamente algumas.
·      O que se pede de servos é obediência e não discussão. Escravos não questionam e não votam, servem o melhor possível com os recursos que são dados. A função da igreja é entender a vontade do Pai e cumpri-la com a capacitação do Espírito Santo. Felizmente o Senhor deixa sua vontade expressa de modo bem claro. Cumpre a cada um dos seus vive-la.

·         O Serviço do Senhor tem que ser feito sempre no seu melhor. Não no nosso melhor que é sempre aquém do necessário, mas no melhor do que Ele nos permite e capacita. Isso inclui uma pregação vivida e falada que seja coerente com as escrituras e que expresse toda verdade bíblica incluindo a que não é politicamente correcta. Ser perseguidos pode ser o resultado mas está previsto e faz de nós bem-aventurados. 

·      O filho de Deus como imitador de Cristo vive para o Pai e ama o próximo. Centra seu amor prático no serviço sacrificial aos outros. Não vive para seu conforto ou prazer mas para o bem alheio e mantém um coração manso, misericordioso, puro e pacificador. 

Related Posts with Thumbnails

Manual do Corão - Como se formou a Religião Islâmica

Como entender o livro sagrado do Islão?  Origem dos costumes e tradições islâmicas. O que o Corão fala sobre os Cristãos?  Quais são os nomes de Deus? Estudo comparativo entre textos da bíblia e do Corão.  Este manual tem servido de apoio e inspiração para muitos que desejam compreender melhor o Islão e entender a cosmovisão muçulmana. LER MAIS

SONHO DE DEMBA (VERSÃO REVISADA)

Agora podes fazer o download do Conto Africano, com versão revisada pelo autor.
Edição com Letra Gigante para facilitar a leitura do E-Book. http://www.scribd.com/joed_venturini