O Meu Deus


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O MEU Deus
Um dos textos mais belos da Bíblia é aquele que contém a declaração de Rute a sua sogra Noemi. Num momento de drama poético a moabita declara: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.” Rute 1:16,17. Saliento aqui a verdadeira declaração de conversão de Rute quando ela diz: o teu Deus é o meu Deus. Esta jovem tinha o seu deus moabita. Fora criada a adorar Quemos e Baal e, possivelmente, outros deuses menores da mitologia cananita. Mas, vira em Noemi algo diferente e aceitara Jeová, o Deus de Israel como seu Deus. Sua declaração de fé revela sua conversão.
Hoje, porém, vivemos um tempo em que no meio evangélico será mais fácil ouvir algo diferente da afirmação de Rute. Uma frase que vem se tornando banal entre os crentes (conscientemente ou não) é: O meu Deus não é teu Deus. E com isso falamos sobre a diversidade de teologias pessoais que vão tomando conta do universo evangélico. Parte por culpa de muitas igrejas e denominações sem raiz histórica que vão surgindo como cogumelos após o começo das chuvas trazendo mensagens as mais variadas e teologias as mais absurdas. Mas também, em boa parte por causa do individualismo moderno que faz com que pessoas que se dizem cristãs e carregam a Bíblia adoptem posições anti- cristãs e antibíblicas em nome da liberdade de expressão pessoal. Vejamos exemplos concretos para ajudar a definir o tema.

Exemplo 1: o crente passa por dificuldades na vida. Pode ser um problema de saúde com o diagnóstico de um cancro espalhado pelo corpo que já não tem tratamento. Pode ser uma crise familiar como um filho drogado que não se arrepende. Pode ser o desemprego que surge sem aviso e que ameaça a estabilidade do lar. O crente ora, pede intercessão, faz jejum e clama a Deus. Mas, a doença não cede, o filho não volta e o emprego não aparece. E o crente vai abaixo e passa a blasfemar. Reclama desse Deus que não ouve as orações e conclui que o seu Deus não pode ser esse. O meu Deus é Deus que cura sempre, restaura tudo e nunca deixa que haja necessidade. Logo, deve ser diferente do que se prega numa igreja bíblica. Ele ouve o pastor pregar a Palavra que declara um Deus soberano, mas decide: o meu deus não é esse deus.

Exemplo 2: um casamento começa a falhar. Há desavenças, brigas constantes e ameaças no ar. O ambiente em casa é de cortar à faca e já não há alegria ou sequer uma paz básica que permita a continuação da vida. E um, ou os dois cônjuges crentes, chegam à conclusão que o melhor é a separação. Quando falam com o pastor e expõem o caso ouvem que Deus odeia o divórcio, que há necessidade de arrependimento e contrição e que é dever do casal lutar para preservar o que Deus uniu. E reagem imediatamente: o meu Deus não é assim, o meu Deus não vai querer que eu viva essa miséria, este sofrimento, o meu Deus não pediria isso de mim. O meu deus não é o seu deus.

Exemplo 3: um jovem se apaixona fortemente por uma colega de escola ou trabalho (poder uma jovem crente por um colega também). De repente toda a sua vida roda em torno dessa paixão. Ele sonha com a moça dia e noite, dormindo e acordado. Mas há um senão, ela não é crente. Ele busca o pastor e fala de seu amor. Expressa sua convicção que essa paixão é a coisa mais linda que já viveu e que certamente vem de Deus. Ouve o pastor ler a passagem sobre jugo desigual e fica aborrecido. Mas Deus não é amor? Então o amor não vem dele? Todo amor? Porque ele só poderia amar uma jovem crente? O que há de errado em se dedicar a alguém que ainda não se converteu? Não seria o caminho para a salvação dela? Conclusão final: o meu Deus não é esse que impede e limita. O meu Deus é amor e graça que se estende a todos, sem limitações.

E poderíamos continuar falando de situações que se multiplicam com a mesma conclusão: o meu Deus não é o teu Deus. Em que ficamos então? Haverá saída para esses dilemas? E a reposta é naturalmente SIM. A resposta está na Bíblia e é bem clara. O Deus da Bíblia é o Deus que fala, que se revela, que se comunica e que nos deixou todo um conjunto de 66 livros para nos mostrar quem Ele é. Mas com sua revelação em mãos não podemos escolher o que aceitar ou não. Ninguém nos deu autorização para separar as passagens “boas” das que não apreciamos. Não somos livres para definir a nossa teologia em detrimento da revelação. Certamente podemos até definir o nosso Deus, mas se Ele não corresponde à revelação bíblica, não será Jeová o Grande EU SOU e nosso fundamento será tão vazio e frouxo quanto nossa própria habilidade. 

O Senhor declara na sua palavra: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55:6-9. Temos um Deus grandioso e seu caminho é muito superior ao nosso. Muitas vezes não entendemos o que está a acontecer. Resta a fé na sua bondade, sua sabedoria e seu amor. Ele realmente cuida e o faz para o melhor mesmo que não o consigamos perceber ou ver claramente. E nas vezes em que tudo parecer escuro a resposta não será fugir e criar uma ilusão de Deus, mas em contrição nos rendermos ao grande EU SOU porque sua graça é infinita e nada pode nos separar de seu amor, nem mesmo a morte.

O Jogo


O Jogo
Reflexões sobre o relativismo


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     Uma das formas de percebermos a contradição da cultura marcada pelo relativismo positivista que nos cerca é olhar para um jogo popular com o futebol. Eis um jogo que movimenta milhões em dinheiro e pessoas e levanta paixões, muitas vezes exageradas mas, verdadeiramente arrebatadoras. Imaginemos o diálogo entre um amante de futebol e um relativista, que nunca viu um jogo de futebol antes.

     O estádio está cheio e há electricidade no ar. As equipas se esforçam para vencer as defesas adversárias com lances técnicos e tacticamente treinados à exaustão. O público reage a cada lance com emoção contida comentando e gritando. Os personagens que queremos ouvir estão numa das laterais observando. O amante de futebol será F e o relativista moderno R.

R: isto é tudo muito interessante, o povo parece mesmo envolvido
F: é claro, joga-se um clássico que vai decidir o campeonato…
R: o que são aquelas linhas a volta do campo e dentro dele?
F: são os limites do campo e das áreas de jogo
R: Como assim limites?
F: o jogo só pode acontecer dentro delas. Se a bola sair o jogo para até que volte ao campo dentro das linhas.
R: mas, isso é muito limitativo. Linhas são barreiras, fronteiras que impedem o progresso, cerceiam a liberdade.
F: pois mas é obrigatório ficar dentro das linhas
R: e porque só há uma bola? Alguma dificuldade financeira?
F: não, o jogo se joga com apenas uma bola
R: mas isso significa que a maioria dos jogadores só toca nela de vez em quando, é muito limitativo
F: mas é assim que funciona. Cada um tem seu lugar e há posições que jogam com a bola mais que outras
R: parece muito injusto, claramente uma má distribuição de recursos. E porque só usam os pés para rematar a bola
F: Porque isto é futebol, como o nome indica no seu original é bola no pé. Só se pode tocar com o pé.
R: e se alguém quiser “sair da caixa”, ser criativo e pegar a bola com a mão?
F: é falta e dependendo de onde for ou como for merece uma sanção disciplinar ou mesmo uma penalidade máxima
R: isso é horrível, significa que não há liberdade de expressão para os jogadores, estão presos em regras predefinidas, não podem se expressar ou ser criativos (e nesse momento a bola chegou ao guarda-redes que a tomou nas mãos tranquilamente). Mas veja, aquele jogador com roupa diferente, ele pegou a bola com a mão, e não foi falta
F: é o guarda-redes, é suposto ele usar as mãos.
R: mas isso é descriminação. Só ele pode usar as mãos e os outros não. E ele pode usar os pés também?
F: sim claro. Pode pegar com a mão e rematar para a frente. É parte da sua função no jogo
R: E os outros jogadores não ficam irritados com a diferença de critérios? O guarda-redes é claramente beneficiado
F: não há discriminação, são as regras do jogo (nesse momento o juiz apitou uma falta e o jogo parou, o árbitro aproximou-se do jogador faltoso e lhe mostrou um cartãozinho amarelo ao que o público reagiu)
R: O que foi aquilo? Porque aquele jogador está de preto?
F: não é um jogador é o juiz, o árbitro do jogo.
R: como assim?
F: a função dele é fazer cumprir as regras. Se algo for feito fora das regras ele para o jogo e administra as devidas sanções como agora mesmo
R: porque mostrou aquele cartãozinho amarelo?
F: O jogador fez falta e foi punido. Se receber outro cartãozinho terá que sair do jogo.
R: Que cena perturbadora. Que figura macabra e retrógrada. Julga-se superior aos outros. Uma atitude castradora e antiquada. Claramente um símbolo da velha guarda, do paternalismo machista. Mostrar cartões é simplesmente horrendo.
F: Mas ele é fundamental para que se cumpram as regras, para que haja disciplina. Sem ele os jogadores fariam o que queriam e seria o caos
R: haveria liberdade de expressão, deverias dizer… haveria a possibilidade de cada jogador ser ele mesmo sem limitações e castigos estabelecidos por regras antigas criadas certamente por mentes malignas e viciadas. Aquilo a que chamas disciplina eu declaro como limitações castradoras e repressoras (e nesse momento aconteceu um golo e a multidão explodiu em alegria e comemoração). O que foi isso?
F: foi gol, um golaço!
R: como assim?
F: não vês as balizas, servem para a marcação de golos. O objectivo do jogo é colocar a bola na baliza adversária. Vence quem fizer mais golos
R: que coisa horrível!
F: como assim?
R: isso significa que uma equipa pode perder?
F: claro, senão onde estaria a graça?
R: isso é terrível. A equipa que perde fica marcada, classificada como perdedora, já imaginou o trauma que isso pode representar. Isso pode deixar cicatrizes psicológicas tremendas que não se recuperam facilmente.
F: o que proporias então? Quem leva a taça no fim?
R: devia haver taças para todos. São todos vencedores.
F: isso seria falso porque sem regras e sem golos não haveria só vencedores mas na verdade só haveria perdedores. Todos teriam perdido seu tempo
R: pois eu acho que este jogo deveria ser proibido
F: mas isso não seria estabelecer uma regra? Que o jogo não deve existir?
R: sim, mas com razões devidamente estabelecidas
F: e quem decidiria isso?
R: mentes superiormente esclarecidas
F: um juiz, um árbitro
R: sim, mas legitimado pela maioria que elegeu essa forma de política
F: então haverá perdedores…
R: naturalmente aqueles que estão na contramão do sucesso devem ser vencidos pela força do progresso positivo
F: e as marcas psicológicas da derrota?
R: fazem parte do jogo…

     E a conversa poderia certamente se estender por mais algum tempo. E todos acharemos que foi uma conversa meio louca, ridícula mesmo. É evidente que o jogo precisa de regras, limites no campo, objectivos claros, um juiz para manter a disciplina e golos para que no fim se saiba quem ganhou. Se o relativista pudesse levar suas ideias adiante não haveria linhas definindo o campo, nem balizas, cada jogador teria a sua própria bola e cada um poderia fazer o que quisesse com ela e certamente não haveria juiz. Ou seja, não haveria jogo. Acho difícil que alguém pagasse para ver isso. Tiraria todo o propósito do jogo e sem propósito não há jogo e nem como definir verdadeiramente sucesso ou fracasso.

     Muitas vezes, a vida é comparada a um jogo. Pode ser uma comparação boa ou má, mas até faz sentido. Na vida há limites, regras e objectivos. Não se pode fazer o que se quer sempre. Há disciplina, e certamente há um juiz. E qualquer pessoa que pensar um pouco vai perceber que é mesmo assim. A vida não existe com liberdade total. Não podemos voar (só os pássaros o fazem) e nem respirar dentro de água (é para os peixes) por mais injusto que pareça. Não podemos prejudicar o próximo porque há sanções. A vida tem sentido e razão e fazemos bem em conhece-los para usufruir mais e melhor deste tempo maravilhoso que temos. Querer tirar as linhas do campo e abolir as regras trás apenas confusão e falta de sentido. Podemos tentar viver como apetece mas as consequências serão graves para nós e para os outros. Podemos querer negar a existência do juiz e fazer de conta que Ele não apita nada, mas isso não muda o facto de que há disciplina e no fim o Juiz vai passar uma sentença.

     Esta cultura moderna que quer abolir todas as regras como castradoras e impor uma liberdade de expressão total sem disciplina vai levar o mundo ao caos e a um crescimento da violência. Em vez de paz e prosperidade, expressão livre e maior realização, vamos ter muita gente ferida sem saber para onde ir e com angústia crescente. É o que vemos acontecer diante de nossos olhos numa cultura onde cresce a depressão, os distúrbios de ansiedade e de burnout. O que precisamos não de uma suposta liberdade que nos torna ainda mais escravos, mas a liberdade que vem de conhecer a Verdade que é Jesus. Nele, em sua vida, sacrifício por nós, morte e vitória na ressurreição recuperamos a ligação com Deus e o sentido que perdemos por causa dos nosso pecados e podemos entrar no jogo da vida conhecendo as regras, amando o Juiz e certamente jogando para vencer.

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