Peixe, Perfume, Madeira e Fumaça!

Nossa memória olfativa é extraordinária. Somos capazes de guardar muitos cheiros e por meio deles nos recordarmos de lugares, ocasiões e pessoas. Algumas de nossas melhores recordações estão ligadas a cheiros. Pense no cheiro do seu quarto, no perfume de sua avó querida ou no aroma da cozinha em dia de festa!  Pode ser a colónia que usamos em certa ocasião ou que a pessoa amada usava quando nos conhecemos. Não é comum cheirarmos a roupa de um ente querido que partiu na tentativa de senti-lo perto de nós?

Que cheiros cercariam Jesus? Que aromas encheriam o ar perto dele quando andou por este mundo? Por qual cheiro recordaríamos a presença do Filho de Deus neste nosso planeta e o que esses odores nos ensinam sobre o que Ele representa? Meditando nisso pensei em 3 cheiros que certamente marcaram a vida de Jesus e pelos quais o conheceríamos ou lembraríamos. Pense comigo.

1) Madeira
Jesus foi carpinteiro até os 30 anos. A maior parte de sua vida foi gasta numa oficina rude trabalhando madeira. O cheiro de madeira recém cortada certamente seria uma de suas marcas.

Tenho recordações gostosas do cheirinho de madeira da oficina de meu avô Edmundo, que foi marceneiro. No Alto da Lapa, em São Paulo, eu me sentava no chão sob o efeito macio de um montinho de serradura brincando com os pedacinhos de madeira que sobravam de seus trabalhos. Até hoje tenho que parar quando passo por uma oficina de carpintaria e, apesar de entender pouco do assunto, amo trabalhar com madeira, em boa parte por causa dessa recordação.

O Cheiro a madeira em Jesus nos lembra Trabalho. Ele sempre valorizou o serviço, sempre trabalhou e parte de suas analogias do reino foram sobre trabalhadores. Deus nos criou com a capacidade de ocuparmos nossos dias com algo produtivo e desse modo também somos bênção para o próximo. Lembrar que meu Senhor cheirava a madeira me faz valorizar meu trabalho diário. Ele o fez, certamente quer que eu o faça!

2) Peixe
Jesus escolheu seus discípulos de entre o povo simples da Galiléia. Seu núcleo mais chegado era formado por Pedro, Tiago e João (num barquinho) e eles eram todos pescadores. Jesus fez de Cafarnaum, cidade piscatória, seu quartel-general. Ministrou junto ao lago, usou um barco como púlpito e multiplicou peixinhos. Sabemos que o peixe tem um cheiro forte que se impregna e dificilmente sai. Perto de Jesus cheirava a peixe!

Saber isso me faz pensar na simplicidade do Senhor. Ele não escolheu os palácios de Jerusalém ou Roma para circular. Viveu, trabalhou e ministrou entre o povo simples. Não se importou de cheirar a peixe mesmo que isso representasse algum desprezo de seus adversários. Ele veio exatamente para esse povo simples e oprimido que mais facilmente se aproximava da mensagem do evangelho. Meu Senhor cheirava a peixe e isso me faz lembrar de manter a simplicidade quando o mundo pede sofisticação.

3) Fumaça
Muitas vezes vemos nos evangelhos o Senhor ministrando à volta de uma mesa de refeição. Nesse local privilegiado de convívio Ele falava de coisas profundas e mexia com os corações. Os recintos onde se reunia com as pessoas eram iluminados por lâmpadas de azeite que deitam uma fumaça característica que enche o ar e fica nas roupas dando-lhes um aroma distinto de fumo que o Senhor conhecia bem. Jesus cheirava a fumaça!

Lembrar disso me faz ver o quanto era importante para Jesus a comunhão. Ele instituiu a Ceia no meio de uma refeição comunitária. Não foi um pedacinho de pão ou um gole de vinho. Foi um banquete de celebração em que esses elementos em abundância serviram para falar de seu sacrifício. Os ágapes da igreja primitiva eram assim também, festas com mesa farta e a celebração da ceia no seu contexto.

Jesus desejou que a igreja fosse uma família, uma comunidade onde a unidade fosse marca distinta e atrativa. Ele não nos legou uma instituição, uma organização ou um projeto social, mas uma irmandade unida pelo seu amor a nós, o nosso amor ao próximo e a busca de viver dentro de sua vontade. O cheiro a fumaça nas vestes de Jesus eram o cheiro dessa comunidade.

4) Perfume
Sendo verdade que Jesus cheirava a madeira, peixe e fumaça também é bíblico dizer que muitas vezes cheirou a perfume. No seu nascimento os magos trouxeram perfumes caros como presente e Maria pode ter usado isso para perfumar a casa. Na sua vida e ministério lemos das ocasiões em que mulheres banharam seus pés com perfumes caros em testemunho de seu amor pelo Mestre e o texto diz que esse cheiro encheu a casa. Em sua morte foi untado com esses odores ricos para retardar uma decomposição que nunca aconteceria. Meu Senhor cheirava a perfume caro também!

Verificar isso me recorda o sacrifício, a dedicação extravagante de quem era capaz de despejar num único ato de amor todo um ano de salário aos pés do Senhor. Esse mesmo amor extraordinário que ELE retribuiria de modo perfeito e cabal dando sua própria vida por nós. O cheiro de perfume nas vestes do Mestre nos lembram que servi-lo requer dedicação, serviço altruísta, amor extravagante e apaixonado. Conhecer Jesus de verdade é ficar louco por Ele!

Os cheiros à volta de nosso Senhor são paradoxais como sua vida e mensagem. Aparentemente peixe e perfume não combinam. Mas ELE veio combinar o incombinável, juntar o aparentemente irreconciliável e nos ensinar a viver de verdade.

Respire fundo, sinta os cheiros e VIVA!

2 comentários:

Ida disse...

Vibro quando Joed voa com sua imaginação e nos faz retornar aos tempos bíblicos de um modo bem original. Sou muito sensível a cheiros e minha memória olfativa é muito boa. Lembro do cheiro do talco de rosas que minha bisavó Helena usava. Lembro do cheiro a verde, chuva e grama molhada da Fazenda (acampamento batista carioca) onde nossa família passava o ano novo. Mas, sentir os cheiros dos lugares onde Jesus andou deve ser mesmo especial.

Anônimo disse...

Amém!! Que realmente ELE venha combinar o incombinável, juntar o aparentemente irreconciliável e nos ensinar a viver de verdade!
Bjinhos e obrigada.
Lina.

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