A Igreja em nossos tempos, se quiser continuar fiel às escrituras e às leis de Deus e, ao mesmo tempo evitar confrontos com as autoridades seculares deverá caminhar no sentido da clandestinidade. Essa é a conclusão lógica que chegamos se avaliarmos a direção que as legislações tem tomado e a necessidade de sermos, por um lado, fiéis às leis dos homens sem por outro lado irmos contra a lei de Deus.
Durante as últimas décadas a Igreja se beneficiou do estatuto de pessoa jurídica que lhe deu vantagens diante das leis com benefícios fiscais diversos e isenções de taxas. Os governos estão agora mudando de atitude e apertando o cerco à Igreja. Acham-se no direito de exigir das igrejas certas atitudes que não condizem com as escrituras. Em muitos lugares do mundo ocidental, por conta de um crescente liberalismo, vemos governos começando a querer impor à igreja leis e regras que a levarão a atitudes anti-bíblicas.
Tomemos um exemplo simples: o casamento homossexual. Alguns países já o tornaram legal, como é o caso recente de Portugal. As Igrejas reconhecidas pelo estado, por outro lado, tem o direito de fazer casamentos religiosos com valor civil, ou seja, se as regras forem cumpridas o casamento feito na igreja pode valer pelo do cartório. Se somarmos essas duas coisas poderemos chegar ao dia em que uma dupla homossexual pode exigir fazer seu casamento numa igreja, com pompa e circunstância. Terão direito legal a isso. E a Igreja que se recusar estará indo contra a lei. O que faremos?
A Bíblia é clara no seu ensino sobre as autoridades. Somos chamados a ser cidadãos exemplares. Devemos ser os primeiros a obedecer, pagar os impostos, seguir as regras. Paulo deixou isso claro em Romanos 13:1 a 7 por exemplo. Mas a mesma palavra nos diz que quando as leis humanas nos querem forçar a ir contra as leis divinas devemos dar preferência sempre ao Senhor. Basta lembrarmos um exemplo do Antigo e outro do Novo Testamento: Em Daniel 3 lemos da recusa dos amigos de Daniel em se curvar diante da estátua de Nabucodonosor; em Atos 4:19 Pedro responde ao Sinédrio que mais vale ouvir a Deus do que aos homens. Em ambos os casos o Senhor abençoou seus filhos.
A solução parece bastante óbvia. A Igreja, para se manter fiel à palavra e não se tornar anti-bíblica vai caminhar para a clandestinidade. Teremos, provavelmente, que voltar aos primórdios, quando a igreja se reunia nos lares. Esse foi o inicio do Cristianismo e foi exatamente por causa desse inicio que o evangelho prosperou e ganhou o império Romano.
Desde Jerusalém até às cartas de Paulo encontramos registros da Igreja fazendo seus cultos nos domicílios dos crentes. Notemos algumas vantagens significativas desse tipo de reuniões:
- Oferecia um ambiente caloroso para a comunhão dos crentes;
- Dava à igreja uma experiência prática de família de Deus;
- Favorecia muitíssimo a integração dos novos convertidos;
- Permitia uma entreajuda muito mais significativa dos crentes de cada pequeno grupo;
- Fortalecia muito o senso de pertença ao grupo;
- Servia de base para a formação de líderes permitindo a muito mais crentes exercerem seus dons e talentos;
- Vencia o problema da construção e manutenção de prédios que tanto dificulta as igrejas modernas;
- Incorporava de modo magnífico as virtudes da hospitalidade Cristã;
- Era um modelo que permitia um crescimento e multiplicação mais rápido pois adaptava-se em qualquer cultura e lugar do mundo;
- Era muito mais eficaz no ensino e no discipulado por permitir uma interação mais próxima entre pastor e ovelha;
Conscientes dessa realidade as igrejas devem começar a se ajustar. Algum tipo de encontro doméstico deve ser iniciado. Podemos chama-lo grupos familiares, pequenos grupos, igrejas nos lares, grupos de comunhão ou outro nome que ajude a entender seu objetivo. As Igrejas que tiverem esse tipo de ministério poderão mais facilmente se adaptar a uma provável mudança. As que insistirem em manter apenas o estilo tradicional correrão riscos, porque quer queiramos ou não o caminho para nós é o da clandestinidade.
2 comentários:
Excelente texto! Muito oportuno mesmo! Que a glória de Deus se manifeste nas atitudes de sua igreja.
Verdade. Não há outra saída. Tenho pensado nisso há tempos...
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