"Dar o dízimo é coisa do Antigo Testamento" diz um irmão com o rosto vermelho de convicção. "Dar o dízimo é a maneira certa de garantir a prosperidade" diz outro pregador prometendo o céu na terra. "Deixar de dar o dízimo é roubar a Deus" assevera um terceiro. "O que os pastores querem é o nosso dinheiro" reclama ainda outro cheio de indignação. Parece que este assunto é "quente" no meio evangélico atual.
Na verdade, as várias posições sobre o dízimo são todas passiveis de defesa com a Bíblia na mão. Tanto o que prega o dízimo como o que o combate pode usar base bíblica. Mas as mais diversas heresias têm feito o mesmo, sem surpresa, porque as interpretações variam e o uso indiscriminado da Palavra é antigo. Afinal, em que ficamos? Damos ou não o dízimo? E se o damos, porque o fazemos? Pretendo deixar aqui as minhas razões para dar o dízimo, mas antes vamos esclarecer algumas questões.
O dízimo não é instituição cristã. Sua primeira utilização bíblica é tão antiga quanto Abraão que deu o dízimo a Melquisedeque (Gênesis 14:20). Abraão era um forasteiro da Mesopotâmia dando a décima parte de seus ganhos a um rei-sacerdote cananeu de quem sabemos pouquíssimo. Pelo menos desde então e em meios que não eram nem cristãos, nem judeus, já se usava essa prática.
A prática tornou-se tradição entre o povo de Israel de tal modo que o Senhor considerava roubo a não aplicação do dízimo nas palavras bem conhecidas do profeta Malaquias (3:8 e 9). No tempo de Jesus o dízimo era comum e certamente tanto ele como seus discípulos acatavam esse principio. A única referência de Jesus ao dízimo não foi a condená-lo, mas a repreender a forma como os fariseus o praticavam (Mateus 23:23). Ora Jesus condenou os fariseus por sua forma de orar e de jejuar e ninguém entende disso que o cristão deva abster-se de orar e jejuar. Porque então interpretam erradamente a menção ao dízimo? Jesus não o aboliu, antes corrigiu a maneira de ser aplicado.
No restante do NT não há menção ao dízimo. Muitos tomam isso como uma desculpa para o abandonarem. Afinal não há menção clara do uso dele na igreja primitiva. Podemos então riscá-lo? A esses eu sugeriria então que praticassem o que o texto deixa claro sobre as ofertas na igreja primitiva em Atos 2:45 e 4:32. Ao que parece em Jerusalém não se usava o dízimo. Ninguém dava 10%, davam 100%, davam tudo. Vamos aplicar isso a nossas igrejas hoje?
Permitam-me então enumerar as razões pelas quais dou o meu dízimo:
1) Dou o dízimo porque é parte do meu louvor e da minha gratidão a Deus pela saúde, pelo trabalho e sustento. Creio que tudo vem de Deus e não fazemos mais que devolver a ELE em gratidão e em atitude de louvor a décima parte.
2) Dou o dízimo porque é meu modo de trabalhar para o suprimento da obra de Deus. A Igreja de Jesus não é uma organização com fins lucrativos, não é um clube com cotas e nem uma empresa com fonte de rendimento seguro. Seu trabalho, no entanto exige recursos e creio que somos nós os salvos que temos o privilégio de sustentar essa obra.
3) Dou o dízimo porque é uma forma equitativa de contribuição. Na igreja de Jesus que utiliza esta forma de contribuição ninguém pode levantar e dar ordens aos demais baseado na quantia que oferta. Os ricos não têm direito de mandar porque tem mais. Todos dão igualmente 10% do que recebem, logo, todos dão de modo equitativa e todos tem igual direito.
4) Dou o dízimo porque por meio dele me junto a meus irmãos e posso abençoar outros de um modo que sozinho não poderia. Só, meus recursos são escassos, Juntos sustentamos missões, ajudamos os carentes, construímos templos etc.
5) Dou o dízimo porque ao fazê-lo estou investindo da melhor maneira possível. Todo investimento se mede pelos lucros e pela durabilidade. O investimento na obra de Deus é eterno. Invisto no céu e esse investimento dá dividendos que não acabam. Poderia haver melhor modo de empregar meus recursos?
6) Dou o dízimo porque isso fortalece a minha fé. A vida é difícil para todos e não tenho necessariamente muito mais que outros. Quando faço as contas vejo que provavelmente teria onde gastar os 100% do que ganho. Ao limitar meu orçamento a 90% confio que o Senhor vai prover e nada faltará. É incrível ver como Deus faz com 90% mais do eu faria com 100% e assim cresço na confiança na provisão Divina.
7) Dou o dízimo porque isso desenvolve a arte de dar e quebra a minha dependência das coisas materiais. Poucas ilusões são tão passageiras quanto à provocada pelas coisas que adquirimos. Num momento parecem excelentes e resolver nossas vidas e no outro já nem lembramos porque as compramos. Dizimar é um modo de ir me disciplinando contra essa dependência.
8) Dou o dízimo porque a Palavra de Deus é clara quanto ao modo como o Senhor nos abençoa. Há promessas bíblicas que são condicionais e uma delas esta ligada ao dízimo como vemos em Malaquias 3:10. Quero estar habilitado a fazer prova de Deus. Quero estar habilitado a ver os céus se abrirem sobre minha vida, então procuro cumprir a condição que o Senhor estabeleceu.
Quero terminar deixando claro que o dízimo não é tudo o que o crente deve dar à causa do Mestre, é o mínimo. O dízimo para mim é dívida. O mais devo dar conforme minhas possibilidades e em alegria.
Afinal há muitas razões para contribuir.
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Um comentário:
Olá, a paz Joed!
Em face do artigo veiculado acima - Por que dou o dízimo? - gostaria de convidar o amigo a ler um TCC acadêmico/teológico sobre o dízimo que está postado no site [ www.reformaja.org ] no link "arquivos": A sombra do Templo no Dízimo e na Igreja.
Também acreditamos que o material produzido faça parte do vosso ambiente de estudo e análise. Por esta razão, leia a pesquisa até o fim se for possível, pois o desenvolvimento do texto é realmente "desafiador" principalmente daquilo que você enumerou por (oito razões)...
Um grande abraço!
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