Marcia Venturini de Souza, é o nome de mamãe. Ela não tem cursos, nem títulos ou posições. Nunca foi doutora, mestra, pastora ou outra coisa assim. Simplesmente Márcia. Mas, que Márcia! Onde esteve deixou saudades profundas e marcas indeléveis. Mamãe tinha o dom de conquistar. Um sorriso meio tímido, uma boa voz de contralto, e uma simpatia natural, pura, genuína, sem enganos ou tentativas de agradar. Mas era quando contava hstórias que ela se transformava! Bastavam duas crianças e a paixão dela subia como um vulcão. Mamãe era capaz de contar histórias como ninguém! Ela fazia 3, 4 até 5 vozes diferentes, voz de criança, de idoso, de homens bravos ou medrosos apenas mudando o tom, o jeito e até acrescentando um certo tremor na voz. Dava vida aos cenários, encontrava os pormenores mais incríveis e tornava tudo mágico e especial. Quem alguma vez ouviu mamãe contar uma história nunca mais esqueceu.
Após 15 anos morando fora de Portugal voltei ao país. Onde vou as pessoas me falam da Márcia. A maioria com lágrimas nos olhos. Mamãe tinha caracteristicas que fazem falta em nosso mundo e em todas as mães. Em primeiro lugar ela era uma mulher de Deus. A vida espiritual para mamãe não era algo para apenas alguns dias, era diário, constante, permanente. Ela não filosofava, não se preocupava com discussão doutrinária. Apenas vivia com Deus e para Deus a cada momento. Respirava essa relação e transmitia realidade ao contato espiritual, o que nos marcava profundamente.
Mamãe era uma missionária que amava missões de todo coração! Ela não se limitava a estar no campo missionário e trabalhar. Ela amava as histórias misionárias, os heróis de missões, tudo que fosse relacionado com o alcance daqueles que ainda não conheciam seu Mestre amado. Ela nos fazia entender que não havia nada mais valioso neste mundo que levar alguém a Jesus e que tudo o mais era passageiro e fugaz.
Mamãe era incansável! Fazia 2 e 3 coisas ao mesmo tempo e fazia parecer que era fácil. No meio de tantas atividades preparava um almoço gostoso e ainda era capaz de fazer uma sobremesa saborosa que ela mesma nem podia comer, por causa de sua diabetes. Ela nunca reclamava, apesar dos seus vários problemas de saúde. Quando mamãe precisava parar e se deitava era melhor correr para o hospital porque era grave. Mas, para ela os outros estavam sempre em primeiro lugar.
Mamãe não escondia que a vida do obreiro era dificil e dolorosa. Seu grande amor foi traído muitas vezes por pessoas a quem se dedicara com sacrificio. Se minha irmã e eu seguimos para os campos missionários não foi por ilusão de facilidades ou de glória. Aprendemos com nossa mãe que a obra requer desprendimento material, entrega total e que muitas vezes ainda traz dor, lágrimas e sofrimento.
Mas também aprendemos com seu salmo favorito, o 126:
"Aquele que leva a preciosa semente andando e chorando voltará sem dúvida
com alegria trazendo consigo os seus molhos".
Apesar das muitas desilusões mamãe também deixou muitos apaixonados, de todas as idades e de várias raças diferentes.Foi um grande privilégio ser filho de Márcia. Que falta que ela faz! Quando acompanhava seus últimos dias no hospital em Campinas, a médica que a atendia veio falar comigo. Era uma professora universitária, acostumada a ver de tudo e experiente. Conhecia bem a medicina e estava familiarizada com a morte. Porém,quando me falou de mamãe, chorou. Ela me disse entre lágrimas: "Conheci sua mãe e depois de 20 minutos e já estava apaixonada por ela... não vamos deixar que ela sofra mais". Mamãe era assim, ela sempre conquistava por sua beleza e simplicidade. E ela já não sofre mais. Desde 28 de fevereiro de 2007 que está na paz de seu querido mestre.
Depois que mamãe se foi já sonhei muitas vezes com ela. Numa dessas vezes tive um vislumbre de como pode estar. Eu a vi no céu, rodeada de crianças, contando uma história bíblica. As crianças a acompanhavam hipnotizadas, como sempre vi acontecer. A única diferença é que ela não estava usando figuras, apenas apontava para o personagem biblico alí perto e contava sua história. Ela estava feliz, muito feliz. Estava radiante! Estava onde nunca mais sofreria dor ou desilusão. Estava junto de seu amado Salvador onde será para sempre, simplesmente Márcia.
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21 comentários:
QUERIDO JOED,
AMEI O TEU ARTIGO SOBRE A TUA MÃE,DE FACTO APRENDIAMOS MUITO COM ELA.TU QUERIDO JOED SAISTE Á TUA MÃE,TENS SIDO UM EXEMPLO E UMA BENÇÃO NA NOSSA VIDA.É POR ISSO QUE TENHO FEITO E CONTINUAREI A FAZER TUDO O QUE ESTIVER AO MEU ALCANCE POR TI.TU SABES O QUANTO TE AMAMOS....
MIZÉ E VALDEMAR
Olá meu amado irmão Joed, profundo e tocante teu testemunho acerca de sua mãe.
Gostaria de publicá-lo no Veredas Missionárias, aproveitando a ocasião da proximidade do Dia das Mães.
Deus lhe abençoe meu amado irmão.
Continue nos edificando!
Pastor Joeb. Não conheci sua mãe, mas a minha mãe, sempre nos falava das histórias de sua mãe e como ela conquistava as pessoas, agora lendo, posso também conhecer um pouco mais dessa maravilhosa mulher! Deus abençoe a você e sua familia ai em Portugal.
Abraços,
Alessamdro Esteves e familia, IBFAROL - Maceió - Alagoas - Brasil
Amado Joed! Comecei a ler teu artigo cheia de curiosidade e terminei as lágrimas. Te confesso que muitas coisas passaram em minha cabeça, mas a mais forte foi... a de imaginar o quê meu filho Matheus e minha filha, que está em formação, um dia poderão escrever a meu respeito. Imaginei tua mãe contanto histórias com muitas "vozes", tbm orando por ti, e tbm com as "desilusões"...e refleti... - "Deus me ajude a deixar marcas similares a estas em meus filhos". Obrigado pela reflexão. Um forte abraço gaúcho dos irmãos Jarbas, Laura, Matheus e bb (sem definição de nome, ainda!!!).
Olá Joed,
Bonita e oportuna homenagem a querida Marcia. Vamos sempre sentir a sua falta. Não podemos deixar de lembrar que ela seguiu os passos e conselhos da vovó Lilia, que apesar de não estar envolvida com Missões diretamente, foi uma missionária urbana em toda a sua vida. Essa influência transmitiu para a Marcia, que por sua vez transmitiu a vocês. Louvado seja o Senhor Jesus por nos ter dado a oportunidade de conviver diretamente com essas pessoas tão especiais.
bjos
Vinicius
Pastor Joed,
Agradeço-lhe ter trazido à nossa memória a figura ímpar de sua mãe.
Tive o privilégio de a conhecer e de lhe querer muito,a sua vida inspirou o meu caminhar
até hoje.
A. Santos
Hola hermano.....
Pude entender un poco de lo que escribio de su mamá y es muy lindo, espero que pronto pueda leer en español todo lo que escribe en su blog.
Dios los continue bendiciendo...
Pastor Joed, "meu primo"
Sim somos da mesma origem, a família Kerr.Sua bisavó era irmã de meu avô, Rev. William Kerr. Sou da mesma geração de sua mãe Marcia apesar de não ter podido conviver com ela, pois fomos crianças em cidades diferentes, nascemos no mesmo ano. Emocionei-me muito com seu artigo "Simplesmente Marcia" e com a biografia escrita com tanto amor. Copiei para meus arquivos da família. Meu filho mais velho é pastor presbiteriano: Paulo Severino da Silva Filho e professor no Seminário Simonton, no Rio de Janeiro.
Um prazer conhecê-lo, Pr. Joed Venturini, ainda que virtualmente!
Em Cristo, Marcia Brochado Severino da Silva
Cara Marcia:
Prazer conhece-la mesmo que por este meio um tanto impessoal. Obrigado pelo comentário. Não tenho tido muitas oportunidades de conhecer o lado Kerr da familia mas prezamos muito nossas origens. Abraço fraterno
Joed
lilistar54bol.com.br/ lmunizdacruz@yahoo.com.br
Tive o grande prazer em conhecer tua maravilhosa mãe!
Grande mulher!
Um abraço.
Pr. Joed, Muito nos emocionou a homenagem que o senhor fez a senhora sua mae, tivemos o prazer de conhece-la no final de 1997, ocasiao em que viajamos juntos para o Brasil, ela estava acompanhada de seu pai, foi a unica vez que a vi, realmente ela era de personalidade cativante,parece que a vejo andando pelo corredor do aviao e conversando com todos. sem duvida, ela deixou marcas por onde passou...
Pr. Pedro e Rachel
Jane Dantas comentou:
Graça e paz Pastor Joed, eu tive a honra de conhecer sua mãe e poder chama-lá de tia Marcia na EBD da PIB DE NOVA IGUAÇU. Amei essa homenagem hoje sou missionária de missões nacionais e saiba que sua mãe fez parte da minha historia. Um grande abraço para sua familia.
EU QUERO SER UMA MARCIA...OBRIGADO
Comecei a ler seu artigo não com a intenção de terminar a leitura, mas terminei e me emocionei de saber que a Marcia foi grandemente usada por Deus!
Abraços pastor!
Me converti ao Senhor Jesus aos 11 anos ouvindo a querida irmã Márcia em um acampamento de mensageiras do Rei...Um exemplo para todas nós mulheres e mães.
Parabéns Pr. Joed, pelo artigo.
D.Márcia é uma inspiração para toda a mulher cristã, sou testemunha de vê-la a orar sentada na cama, de cativar crianças e adultos com as suas histórias biblicas.De encher a casa de Barcelos com os jovens e consolidar a fé de todos.D. Márcia não ensina religião mas sim vivência com Cristo!
Isabel Silva
Caríssimo Joed,
Missões é certamente algo que se vive e não algo que se faz ...obrigado por abrires o teu coração de filho e revelares o que vistes e viveste.
Pr. Joed,
Chorei ao ler a mensagem sobre a vida de D.Márcia, que linda!
Mães com D.Marcia, D.Maria Montanheiro,nos dexaram com muitas saudades, e muitas e muitas lembranças maravilhosas!
Ana Márcia Montanheiro
Caro Pastor:
Tenho uma amiga, que quando menina, só uma vez, se encontrou com Dna. Marcia e que até hoje, tem na memória, a lembrança de uma pessoa maravilhosa...
Gosto muito de ver em si, a memória e o exemplo de sua mãe. Tomara, fossemos todos, filhos de mães especiais...
Gostei de seu texto sobre família e devo dizer-lhe, sua Igreja é tambem minha família.
JOed, confesso que chorei, Márcia foi muito especial para mim. Sou de Fátima do Sul, 1ª Igreja Batista. Eles passaram uma temporada conosco. Minha sogra tem uma foto até hj, exposta na estante. Márcia e meu filho Vinicius, o qual ela gostava muito por ter o nome de Vinicius, acho que igual de um irmão...ai saudade de Márcia...ahhh se ela estivesse aqui...se eu pudesse ve-la;ouvir seus conselho...minha querida Márcia.
Tia Márcia foi minha professora em dois niveis. Contou histórias pra mim e me ensinou a contar histórias. Em Dourados, Seminário Ana Wollermann, foi onde a conheci já aposentada. Depois que foi pra Hortolandia, voltou para dar cursos rápidos de revisão ou atualização... eu estava lá entre os muitos ex alunos apaixonados por ouvi-la. Numa petição unânime, ela cedeu e nos contou inteiramente O SONHO DE DEMBA (ainda com recursos visuais improvisados) e ao final não houve ninguém que não chorasse, inclusive ela!
Tia Márcia, um presente de Deus a quem a conheceu.
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