CRISE DURADOURA !

COMO ESCAPAR DA CRISE FINANCEIRA?

Meu melhor amigo perdeu o emprego. Depois de 32 anos de serviço à mesma empresa, viu seu ganha pão desaparecer. Ele e mais 120 colegas estão agora dependentes de fundos do governo para os desempregados. Esta é a situação em Portugal, na maior parte da Europa e Estados Unidos da América. 

A crise não é ilusória.  Ela está aí e veio para durar, independente do que dizem os especialistas em economia.   A palavra crise vai mesmo perdendo sua força e outras mais dramáticas vão sendo usadas para provocar no expectador uma reação mais viva.  Mas o que vem na mente do trabalhador, do pai de família é a pergunta:

Como aconteceu esta crise?
Que acontecimentos precipitaram estes eventos?

Analisando a história do século XX não deveríamos nos surpreender com esta crise. Afinal, nos últimos 100 anos foram várias as situações em que o mundo financeiro tremeu e ameaçou mesmo ruir. Poucos se lembrarão da crise mundial de 1921 ou do crash da bolsa de Nova York em 29 de Outubro de 1929 ou mesmo dacrise pós segunda grande guerra , mas muitos se recordam da crise dos anos 60, relacionada com o petróleo, da crise inflacionária da década de 70 ou da crise asiática, na década de 90 bem como da paranóia do bug do milênio.

Respostas nas áreas econômica e administrativa já foram dadas.  A crise foi devidamente prevista e anunciada.  Não foi surpresa. Era apenas uma questão de tempo para que acontecesse.  Mas, o que esteve por trás do encadeamento dos eventos propriamente ditos? Proponho 3 razões principais:

1) A desobediência da lei de Deus que diz "Não cobiçarás".

O mundo moderno vive de aparências e de consumo.  Não é só ter casa, é tê-la no bairro e no condomínio de luxo.  Não é só ter carro, é ter carro de marca famosa e o mais recente possível, cheio de acessórios que na verdade nem sabemos usar.  Não é só ter roupa, mas ter a marca certa, a cor da moda, o estilista do momento.  O homem moderno cobiça tudo.
Cobiça a casa, o carro, a roupa, a mulher, as férias, os brinquedos do seu vizinho e na sua ganância por viver a vida de outros ele gasta.  Gasta mais do que pode.
Endivida-se para gastar.  Compromete-se com cartões de crédito, iludido com condições de pagamento especiais.  Vive muito acima do que poderia pagar com seu salário.

A quebra desse sistema é inevitável.
A cobiça é o oposto da gratidão
e da satisfação.

O homem vive insatisfeito e em estado de permanente ingratidão. Ele inveja, anseia mais e se enforca conscientemente, sabendo que o fim virá, até mais cedo que seria de supor.   Esta cobiça não é apanágio dos ricos, como alguns gostam de dizer, atinge todas as classes sociais, todas as raças e etnias, todos os países.    Em alguns, talvez , seja mais evidente, porque há mais recursos e os sinais de riqueza são mais notórios, mas é um problema do coração humano e é geral.  Foi a cobiça desenfreada de milhões, alimentada também pela cobiça de uns poucos que controlavam os meios financeiros, que levou a esta crise. O mal está no coração e não serão planos financeiros emergenciais que modificarão o panorama. Os planos virão, mas a cobiça continuará preparando o terreno para novas crises.

2) O total esquecimento da regra áurea que diz que devemos amar o próximo e fazer a ele o que queremos que seja feito a nós.

Isso se manifesta por um lado, pelo modo egoísta e egocêntrico pelo qual vivemos e por outro lado, pelo desperdício trágico que é protagonizado por boa parte da população.
Quando desperdiçamos, esquecemos que há outros que nada têem e que nosso desperdício pode significar a ruptura do sistema que mais cedo ou mais tarde afetará a nós também.
Consumimos sem qualquer preocupação com as gerações futuras ou mesmo com as atuais que são menos privilegiadas. Gastamos apenas conosco, sem olhar ao redor e sem distribuir um pouco do que nos sobra.

Há comida no mundo suficiente para alimentar toda a população, no entanto, milhões passam fome nas mesmas cidades em que as lixeiras já não comportam mais os excedentes dos mais ricos. Há roupa no mundo para cobrir decentemente cada habitante do planeta, no entanto, milhões se vestem com trapos, enquanto muitos lutam com falta de lugar para guardar mais uma roupa comprada que talvez nem venham a usar.

Se o homem olhasse um pouco mais para o próximo, não teria levado o sistema à falência,
porque reduziria gastos, compartilharia mais recursos, reutilizaria muito do que joga fora e o mundo seria um lugar melhor para viver.

3) A crescente onda de ateísmo e materialismo no mundo ocidental.

A principal lei da vida humana é amar a Deus acima de tudo. Fomos criados para a Glória de Deus e devemos viver para Ele. O homem ocidental porém, cresceu com a teoria da evolução  e os filósofos ateístas ditando as regras.
Pode até ser que a maioria diga crer na existência
de um ser supremo, mas na prática vive como se não houvesse Deus.


À falta do Criador o homem coloca-se a si mesmo no pedestal como figura máxima do universo, digno de louvor por sua suposta evolução e senhor absoluto dos recursos que estão à disposição no planeta. Essa cosmovisão dá abertura e justifica a cobiça , que já citamos e à luta pelos bens materiais como alvo da vida terrena. A insatisfação que se segue é anestesiada com diversão, entretenimento e químicos.

O homem sem rumo e sem propósito nào tem como evitar andar de crise em crise, porque desconhece a razão da vida e nào consegue encontrar satisfação.
Um dos pontos que sobressai na negação de Deus e que liga o ateísmo à crise é a visão moderna do trabalho.  O homem atual quer ganhar sem trabalhar. Admira e idealiza os ricos e poderosos que tem tudo sem precisarem se esforçar.   Hollywood imortaliza em filmes os ladrões profissionais, que vivem no luxo à custa do furto dos bens de outros. Isso estimula desde os mais variados tipos de jogos e loterias até o mais sofisticado mercado de valores.  O princípio é o mesmo: ganhar muito de modo fácil! Isto é negação de Deus e do fato de que o homem foi criado para algum tipo de ocupação.   O criador o fez com o propósito de trabalhar e se realizar neste trabalho.  A negação disso é parte da raiz da crise atual como o foi das anteriores.

Planos surgirão para equilibrar as contas mundiais. Alguns países se recuperarão melhor e mais depressa que outros. A economia se restabelecerá e voltará a crescer e o otimismo das bolsas regressará.  Mas a crise vai continuar subjacente.  Ela vai permanecer na sombra do sistema por mais uns anos até ressurgir mais forte.  A solução não está na matemática ou na administração, mas na mudança do coração do homem.
Essa mudança exige reconhecimento do erro, arrependimento e alteração do coração em relação a Deus, através da fé em Jesus.   Isso o homem moderno não quer fazer!

HÁ SOLUÇÃO PARA VENCER A CRISE?


Todos os anos a história se repetia. Durante os meses de chuva a aldeia tinha água abundante e os poços estavam cheios. Assim que as chuvas cessavam a situação se complicava. No meio da época seca já não se podia retirar água dos poços, obrigando a população a grandes deslocações para obter o precioso líquido.
Até que um dia surgiu a grande idéia! Construiriam um grande reservatório no meio da aldeia e, na época das chuvas, todos os dias, cada pessoa da aldeia se responsabilizaria por acrescentar um balde d'água ao reservatório. Assim, quando chegasse o tempo seco utilizariam o que tinha sido reservado, facilitando a vida de todos. 

Então o reservatório foi construído e cada um assumiu o compromisso de fazer a sua parte. As chuvas foram abundantes e os poços transbordaram.  Mas, como sempre, a seca chegou e o nível de água foi descendo até que a situação ficou crítica. Como planejado, o chefe da aldeia convocou a população para a abertura solene do reservatório. A expectativa era grande!  Enfim, a solução que precisavam! 

Mas, que surpresa!! Quando abriram o reservatório não havia uma gota d'água. O que acontecera? Aos poucos e um pouco envergonhados, os habitantes confessaram sua falha. Cada um esperou que os outros fizessem sua parte e com certeza sua pequena participação não seria necessária, assim poderiam se excusar da responsabilidade, visto que todos iriam contribuir.   Mas, como ninguém reservou água, ficaram com sede!

Quando falamos em Crise Econômica Mundial a primeira impressão é que isto pouco tem a ver conosco.  Mas, quando percebemos que, afinal, todos somos afetados, chegamos à conclusão que nada podemos fazer para mudar um panorama que é internacional. O que é que "euzinho" pode fazer que faça diferença? Como entendo que meu esforço não é suficiente, deixo de fazer aquilo que poderia. Que sejam os outros que procurem a solução para mudar o rumo das coisas...!

       Na verdade, eu sou apenas mais um...
    Não há muito que possa fazer...
    Mas, sou 1 !
    E posso fazer alguma coisa!!


Exatamente pelo fato de ser apenas um e estar limitado no que possa fazer é que preciso pensar bem no que faço. Afinal, é importante, e pode fazer a diferença! Lembremos que todo problema tem uma solução. Toda solução passa por uma ação correspondente. Toda ação tem, obrigatoriamente, uma pessoa por trás dela. E eu mesmo posso ser essa pessoa!!

Diante das grandes histórias de fé, de pessoas que fizeram a diferença, devemos recordar que cada história de fé é única, original. Deus não se repete, ele é tremendamente original! A sarça só ardeu uma vez diante de Moisés e o burro de Balaão não encontrou com quem dialogar no reino animal. Minha história nas mãos de Deus será especial, única e original!

Dito isto, há muito que podemos fazer para reagir à crise que tão de perto nos assusta. Segundo nossa pesquisa 70% afirmaram que sentem medo do que possa vir a acontecer no mundo, em suma, sentem medo do futuro! Tendo identificado que a primeira razão da crise está no coração do homem, a solução também terá que sair do coração. A crise se originou na cobiça que hoje domina a mente humana. A solução terá que trabalhar esta questão.

Propomos dois princípios bem práticos para combater a crise no âmbito pessoal e familiar que podem ter grande efeito a nível global:

PRINCÍPIO I - GRATIDÃO / SATISFAÇÃO

Na experiência humana, de modo geral, parece que não há nada mais difícil de se aceitar do que a própria vida. Vivemos num estado de inquietação que demonstra uma forte insatisfação com nosso viver. Gastamos muito tempo na vã percepção que a vida dos outros é melhor que a nossa e passamos o tempo a tentar vivê-la, apenas para descobrir , afinal, que não traz satisfação.

Por outro lado, pesquisas médicas chegaram à conclusão que a gratidão é o traço emocional com maior probabilidade de favorecer a saúde e a recuperação de um paciente. O Senhor, nosso criador, já sabia disto e é talvez por isso que deu ao povo de Israel tantas festas comemorativas. Cada festa servia para recordar um evento salvífico de Deus, visando desenvolver a gratidão no coração dos israelitas. A cada festa o povo lembrava que Deus havia providenciado o salvamento e os livrara do mal. A cada comemoração exerciam a gratidão que os levava ao contentamento e ao louvor. Essas ocasiões eram propícias para entenderem que o Senhor nem sempre nos dá o que queremos, mas sempre nos supre com o que precisamos.

Jesus deixou à Igreja o mesmo princípio. Na celebração da Ceia lembramos a maior de todas as dádivas, a Salvação, que nos traz vida eterna. Esta celebração deveria ser um momento pleno gratidão que deveria fluir para toda a vida!

O contrário da cobiça é a satisfação que provém de um coração grato. Não se trata de falta de ambição ou conformismo, nem de simples passividade, mas da capacidade de aproveitar bem o que temos e de sermos felizes com o que nos toca. Pensemos em formas práticas de desenvolver essa satisfação:


  •  Criar ocasiões freqüentes para recordar as bênçãos e agradecer. Pode ser durante os cultos domésticos, nas refeições dos domingos ou mesmo registrar em diários pessoais. Seja como for, o objetivo é trazer à luz os motivos de gratidão e se alegrarem com eles.


  • Aproveitar ao máximo os recursos que temos. Quantas vezes trocamos de aparelho de som, computador, celular ou outro utensílio só porque surgiu um modelo mais recente no mercado, quando na verdade, nem sequer aprendemos a utilizar em pleno o modelo que dispensamos. Devemos ser práticos, não nos deixando influenciar pela mídia nem por amigos. Sejamos prudentes!

2) PRINCÍPIO II - AUTODOMÍNIO / MODERAÇÃO

A capacidade de controlar os próprios gastos está na raiz da crise mundial. Chegamos no limite do caos, porque a sociedade passou a ser dirigida para o consumo. E por que isto é prejudicial? O consumo aquece a economia, não é? Gera mais empregos? Enfim, quanto mais consumo, mais contribuo para o enriquecimento da sociedade! Mas o consumo descontrolado de milhões gerou o caos!

Nos E.U.A, por exemplo, estima-se que, diariamente, 12 bilhões de anúncios são veiculados. Dentre eles contamos 3 milhões de comerciais por rádio e 200 mil comerciais de TV ("A Igreja emergente", Dan Kimbell, p. 195). Toda esta propaganda é lançada no inconsciente da população, e esta reage com níveis de consumo alarmantes. A cada ano as empresas são obrigadas a apresentarem relatórios de crescimento de vendas, para o qual utilizarão todas as armas de ataque ao consumidor que encontrarem, sem se preocuparem com o limite da sociedade! Conseqüentemente, o crescimento do comércio mundial é estonteante!

No entanto, o Criador nos fez com a capacidade de escolher. O livre arbítrio diz respeito também ao consumo. Antes de comprar deveria ter o poder de raciocinar, controlar as emoções e usar minha vontade para uma decisão correta. Preciso mesmo disto? Tenho condições de comprar neste momento? Posso esperar? Irei realmente utilizar este produto? Pode ser bonito, desejável, interessante, útil e estar num preço incrível, mas isso não significa automaticamente que preciso comprar!

Preocupados com o descontrole orçamental da sociedade, muitos economistas aconselham os consumidores a deixarem de usar os cartões de crédito. Há programas e entrevistas em que especialistas explicam como fazer um orçamento doméstico. Surgem grupos de apoio para consumidores compulsivos e médicos que tratam o problema, pois se tornou uma doença da sociedade atual. Mesmo assim, milhares de pessoas se endividam muito acima da sua capacidade de resposta, por quê? Pela incapacidade de controle, abandono do raciocínio e total falta de moderação.

Algumas medidas práticas para trabalhar o autocontrole e a moderação seriam:

  • Fazer um orçamento doméstico a sério e permanecer dentro dos seus limites, priorizando os gastos fixos, como aluguel, prestações e contas; e a seguir os essenciais, como alimentação, transporte e educação. 
  • Avaliar cuidadosamente antes de comprar, fazendo as perguntas básicas, como: _ preciso mesmo disto neste momento? Fazer isto é essencial , principalmente nas compras que envolvem prestações que afetarão o orçamento por muitos meses. Lembre-se: mesmo depois de inutilizado ou colocado de lado, tem o compromisso de pagar as prestações até o fim.
  • Lembrar que o supérfluo é isso mesmo, supérfluo, dispensável! Não devemos torná-lo essencial nem prioritário para nossa felicidade!
E é aí que a crise começou a se tornar uma bola de neve, pelo simples fato de desprezarem estas simples regras. Os clientes deixaram de se preocupar com o pagamento das prestações, renegociando dívidas, na esperança de conseguir o perdão através de processos demorados e complicados. Infelizmente, os mais ricos e poderosos deram o exemplo, sempre se julgando no direito de não honrarem seus compromissos. Esse exemplo foi transferido, em escala e exponencialmente para o operário e a vendedora, que na ânsia de aparentarem prosperidade também se acharam no direito de não pagarem suas prestações.


Hoje vivemos as consequências deste descontrole. Somente com uma conscientização e atitudes firmes poderemos recuperar o domínio da situação. Devemos encarar a cobiça como um sentimento a ser vencido e a moderação como uma qualidade a ser desenvolvida. Devemos, a começar em nós, resgatar os valores há muito perdidos como: honestidade, solidariedade, simplicidade e contentamento. Ser, neste sentido, instrumentos de Deus na missão de restaurar o homem à sua dignidade plena. O amor ao próximo é o único caminho para uma humanidade em crise.


Lembre-se : "o sentido da vida não consiste no que fazer dela, mas no que Deus faz com ela"


      (Ronald Mac Millan)

2 comentários:

Claudio Chagas disse...

Análise brilhante! Prendeu minha atenção até o fim. Seria perfeito se todos tivessem essa visão do mundo e a colocassem em prática. Paz.

Mauricio Jaccoud da Costa disse...

Olá pastor. Excelente texto! Reflexão profunda de um tema atualíssimo! Que Deus continue o abençoando! Saudades...

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