Porta dos Fundos – Uma Resposta Cristã


Este fim de ano de 2019 ficou marcado em certos círculos pelo filme produzido pelo grupo humorístico brasileiro “Porta dos Fundos” em que Jesus é caricaturado como gay, entre outras coisas. Tem havido muitas respostas, mais ou menos indignadas e até um atentado à bomba por um grupo de extrema-direita. Desejamos deixar aqui uma resposta cristã bíblica.
 
Caricaturar e ofender a figura de Jesus não é propriamente novidade. Ele é a maior figura da história da humanidade e fazer algum tipo de arte aludindo a ele é garantia de notoriedade e dinheiro. Não há um ano que passe sem um filme, livro, artigo ou peça de arte polémica em que Jesus é apresentado de forma totalmente diferente dos evangelhos e registos históricos. De certo modo, já estamos acostumados, o que não significa que estejamos acomodados.

Durante sua vida Jesus foi ofendido e caricaturado por seus inimigos. Foi chamado de beberrão e comilão, de pecador e até de demónio e chefe de demónios. A Igreja Cristã sofreu com heresias sobre Cristo logo na sua origem e o tema principal de debate de seus maiores concílios iniciais foi a figura de Jesus. Logo, não é algo novo lidar com mais um grupo que resolve agredir para ganhar fama e dinheiro com isso, às custas da imagem de Cristo.

O que tem sido feito e o que foi apresentado este ano entra na categoria da liberdade artística e de expressão. Interessante esse conceito de liberdade que vemos hoje e que claramente não é nada democrático. Se um pastor se levantar no púlpito de sua igreja, para algumas centenas de pessoas e declarar que a prática homossexual é pecaminosa será considerado ofensivo e discurso de ódio. Mas, se um grupo humorístico ofender gratuitamente milhões de fiéis no mundo inteiro, isso é liberdade de expressão? Quem é que decide essas coisas? Qual o critério? Desde quando agressão barata é liberdade? 

Dir-se-á que se trata de arte e que a arte exige liberdade para se exprimir. Ora a arte é também alvo de crítica. Há críticos que, por vezes, classificam um filme, uma peça, um disco ou um livro como lixo. Faz parte da sua liberdade classificar. Se o filme em causa é arte podemos ter dúvidas, mas a verdade é que, se assim for, também temos de lembrar que em qualquer expressão artística podemos ver muito do próprio artista. Ele se revela em sua arte. E o que esse filme faz é mostrar o coração de quem o fez. Na verdade, nada mostra sobre Jesus, porque é uma caricatura grosseira e infeliz, mas nos revela muito do coração de quem fez o filme. E o que revela? O que nos fala sob sua postura na vida? Sobre sua reação a maior figura da história? Sobre sua resposta a maior expressão de fé do planeta?

Confesso que admiro bons comediantes. Fazer humor saudável é até um serviço público. Infelizmente, não é fácil e nem comum. Infelizmente, a maioria dos comediantes têm o hábito de cair em temas a beirar a grosseria e o baixo nível para manter as audiências. Neste caso, fala-se de Deus de forma leviana e blasfema. Mas este não é um tema qualquer. Alguém pode até ser ateu e tem o direito de o ser, mas terá que reconhecer que o tema Deus é algo sério. Sua existência tem implicações as mais graves e significativas para a humanidade. É assunto que deve motivar reflexão, meditação e raciocínio sério e aplicado e não piadas abjetas. 

Fica então a pergunta: como um cristão responde a essas provocações? Como reage a estes ataques ofensivos à sua fé? Há quem julgue que o que fizeram nos dá direito de devolver o troco com ofensas e ataques também. Há quem ache mesmo que é legítima a violência e já ouvi crentes a defender o ataque que foi feito contra o grupo. Mas se somos seguidores de Jesus temos de responder como Ele respondeu e como Ele disse que devíamos responder. Vem à minha mente duas passagens para isso:
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;” Mateus 5:38,39. Dar a outra face nem sempre é bem entendido. Jesus não chamou os seus discípulos para serem um bando de tolinhos, capacho da humanidade. O que ele fala nesta passagem é sobre como reagir corajosamente a ofensas. Bater na face direita é difícil. A maioria das pessoas é destra e naturalmente bate na face esquerda de outra pessoa. Para bater na direita tem de fazer um movimento invertido que perde força e leva a dar com as costas da mão na face direita do outro. Este gesto era considerado extremamente ofensivo na cultura de Jesus e é sobre isso que ele fala aqui.

Dar a outra face exige coragem. A coragem de não fugir, não se intimidar. A coragem de encarar o agressor e mostrar que não nos colocamos no seu nível, que não respondemos do mesmo modo. Afinal o que é uma ofensa? Falta de argumentação. Quando alguém parte para a agressão, o deboche, a ironia, é porque não tem mais argumentos. Quem consegue discutir racionalmente em superioridade não precisa debochar. Quem parte para a troça já não tem o que dizer a não ser fazer pouco do que não entende e o irrita.

Nossa resposta é encarar os ofensores e ajudá-los a raciocinar. Porque fizeram o que fizeram? Porque essa necessidade de agredir, de troçar? Não são capazes de dialogar? Não têm recursos para a conversa? Não conhecem formas mais elevadas de comunicação? O que foi que os magoou ou ofendeu tanto na fé cristã que sentiram necessidade de reagir assim?

“A outra passagem usada por Jesus é: Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mateus 5:43,44. Quando olhamos para o que foi feito em nome da liberdade artística percebemos, por um lado, o estado do coração daqueles que fizeram o filme e por outro o estado do mundo em que vivemos, da cultura que nos cerca. E a resposta tem de ser a oração. Oramos para que Deus tenha misericórdia daqueles que acham que podem blasfemar de seu nome como o fizeram, que estão em tal escuridão que seu humor é sujo e podre. Precisam muito de ver a luz, de conhecer o verdadeiro Jesus. 

Também o nosso mundo precisa de intercessão. Um mundo que aceita este tipo de arte precisa de oração. Um mundo que acha natural se fazer deboche do que é mais precioso para um segmento tão grande da sua população está em situação grave e em decadência. Precisa de misericórdia para não afundar totalmente e é nossa responsabilidade interceder. Quanto a nós, e ao Senhor Jesus, vamos continuar a adorá-lo. Ele é o nosso Salvador e Senhor. Vamos continuar a declarar com total ousadia que é o único caminho de salvação e a resposta que todo o homem precisa. Até e talvez sobretudo daqueles que o ofendem e diminuem. Esta é a nossa resposta cristã e bíblica. 

3 comentários:

Maria disse...

Muito obrigada, pastor Joed pelo ensinamento sempre à luz da Palavra de Deus. Que seja sempre para honra e glória de Deus, como diz sempre.

Anônimo disse...

Olá Pastor Joed,

Li a sua Mensagem com toda a atenção, e estou em Total Acordo. Precisamos mesmo de INTERCEDER.
Desejo UM BOM ANO 2020, PARA SI E SUA FAMÍLIA.
AMÉN.
Abraço. - Guilhermina Correia - Amadora

Unknown disse...

Estou muito comovida por ter lido a respeito do querido Pastor Reis. Fui membro da Igreja do Rocha nos anos de 1955 quando tinha 15 anos . Hoje com 83 anos sou da Igreja Batista do Catete. No RJ Cantei no coro guardo foto do coral . Convivi com a Heleninha e Clovis tenha foto em frente à Igreja com ele. Pastor Reis me ensinou a nadar quando do passeio da igreja na Ilha de Governador. Saudade

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