A Era dos Especialistas

O senhor João caiu na rua. Não sabe dizer se foi uma tontura, uma distração ou simplesmente um tropeço. Caiu sobre o braço e foi ao seu médico de família porque doía e estava escuro na região da pancada. O médico disse-lhe que como clinico geral devia mandá-lo a um especialista. Devia fazer radiografia e ecografia das partes moles da região. A radiografia foi feita sem dificuldade já a ecografia foi complicada. Radiologista que fizesse eco das partes moles do braço era difícil de achar. Tinha que ser um especialista. Por fim o encontrou, fez o exame e levou tudo ao ortopedista.
O ortopedista disse que não havia nada partido, mas devia ir com a ecografia a um reumatologista, um especialista em músculos e tendões. No reumatologista ouviu que havia uma lesão muscular que exigia fisioterapia. Logo foi enviado a outro especialista. Mas o fisioterapeuta ao ler a prescrição do reumatologista disse que precisava ir a outro fisioterapeuta que fosse especialista naquele tipo de tratamento. Por fim o Sr. João já cansado chegou ao 6º especialista de seu percurso ouviu que não era nada de grave e que o médico de família podia perfeitamente ter tratado de tudo. Conclusão: é melhor não cair mais!
Vivemos numa era de especialistas. Hoje queremos sempre ouvir os melhores. Entrevistas na TV ou nos jornais, são feitas com os peritos na matéria. Temos gente que se especializa em tudo. Se antigamente fazer doutorado era considerado o máximo, hoje o especialista tem um ou vários pós doutorados, e a cada avanço sabe mais de cada vez menos. Essa é a nossa era, a era dos especialistas, onde sabemos cada vez mais de cada vez menos.

É claro que há um lado positivo nisso. Todos queremos os melhores. Quero a melhor opinião, a melhor explicação, o maior conhecedor. Seja a minha saúde, o meu investimento, a minha aula ou curso, quero receber de quem realmente conhece e para isso busco os melhores especialistas. No entanto, a segurança que era suposto encontrar nem sempre aparece no fim dessa estrada. A especialização nunca responderá todas as questões e aqui chego a duas conclusões sobre esta era em que vivemos e que nos deve afectar a todos.

Primeiro precisamos entender que o fato de haver especialistas não significa que entenderemos tudo. Partimos do princípio que o perito tem sempre uma explicação e a verdade é que a vida é demasiado complexa para que tudo se entenda ou se explique. Há um mistério implícito em muitas coisas da vida e não vamos conseguir vencê-lo por mais que procuremos entendidos na matéria. Nossa sociedade acreditou no avanço da tecnologia como uma promessa de que tudo seria explicado. Mas a ciência trabalha essencialmente com teorias. Umas são provadas, outras nem tanto. Umas são provadas no laboratório para depois falhar na vida. Outras parecem erradas e depois se confirmam.
Na era dos especialistas vamos deixando a fé cada vez mais para segundo plano. Parece que a fé só serve para o que os especialistas não explicam. Nesse caso, a medida que as explicações aumentam diminui a área de acção da fé. Mas na verdade não temos todas as explicações e nunca teremos. A era dos especialistas criou uma certa dependência da explicação. Quando não temos uma agenda bem definida ficamos perdidos. Mas o cristão não vive pela vista. Pode até procurar a explicação mas não precisa depender dela. Sabe que o mistério da vida está nas mãos de um Pai de amor que é Deus soberano.

Em segundo lugar a era dos especialistas tem levado a um jogo de empurra -empurra. Como a exigência é cada vez maior e as cobranças também, o especialista se livra da responsabilidade passando a bola a alguém que supostamente sabe mais que ele. Ninguém se satisfaz com o generalista e ele mesmo sacode a água do capote passando a bola ao “especialista”. Com isso temos cada vez menos gente assumindo responsabilidade. Ninguém quer pagar o preço de dizer as coisas como são ou assumir os riscos de as nem sempre tudo correr bem. Mas na prática todos podemos e devemos assumir responsabilidades. Todos podemos e devemos ajudar. Posso não ser perito mas se calhar sou mais humano, mais caloroso, mais disponível e vou acabar ajudando mais que o famoso perito.
Não estou preconizando a ausência de especialistas, mas a disponibilidade do auxílio. Não usemos o especialista como uma fuga da responsabilidade do que chega a minhas mãos. Posso e devo auxiliar, ser útil, ser bênção, mesmo que não seja o maior perito na matéria a nível mundial.

Um comentário:

antónio santos disse...

liberato.santos68@gmail.com
OBRIGADO SENHOR PELA EXCELENTE MENSAGEM INSPIRADORA,QUE ME ENVIASTE ATRAVÉS DO TEU SERVO PASTOR JOED.CARO PASTOR JOED OBRIGADO PELO SEU TRABALHO ESFORÇADO.UM ABRAÇO.

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