AMARGURA - Como a Fé na Justiça Divina nos ajuda a vencer a amargura


Os exames da faculdade de medicina eram orais e eram abertos. Muitas vezes assistíamos às provas uns dos outros até por solidariedade. Os exames de Psicologia Clínica foram abertos, e nós vimos as provas uns dos outros. Fiz uma prova boa e respondi com segurança na mesma medida dos demais colegas. Mas, na hora de dar a nota, eles receberam 16 e 17 e eu 12. Veio a revolta. Porque isso? Porque tinha me mostrado cristão e contrariado várias das teorias da professora. Mas eu sabia a matéria e respondera bem. Era injusto receber aquela nota. Era perseguição e prejudicava meu futuro em termos de média e colocação. O que fazer quando isso acontece?
O que fazer quando somos claramente lesados por pessoas más que nos querem mal? E quando somos tratados de forma injusta e recebemos mal pelo bem que fizemos? E quando há evidente perseguição contra nós pelo fato de termos um comportamento cristão? Estamos falando de coisas pequenas comparadas com ataques brutais que muitos irmãos em Cristo sofrem no mundo perseguido. E o que fazer quando os governantes são maus e matam os crentes? O novo testamento foi quase todo escrito sobre esse panorama. E o que nos foi dito? Para vencer a amargura e não deixar que ela nos torne azedos. E como?

Se possível, vivam em paz com todos. Paulo escreve isso a igreja que morava no centro do império e sentia a corrupção de perto. Ele escreve para uma igreja que era perseguida e em breve seria dizimada pela maldade de imperadores loucos. Nesse contexto mais que difícil ele dizia: ”Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Romanos 12:18. Isso quer dizer que devemos da nossa parte trabalhar no sentido de não dar lugar a inimizades. Se antagonizarmos de propósito não podemos depois dizer que fomos perseguidos. A nossa parte é fazer tudo para ter paz. Essa é nossa parte. E se não funcionar?

Não retribuir mal por mal. A reacção natural é revidar. Essa é a resposta do homem natural e que o mundo entende e aplaude. Mas é outra a regra bíblica. “Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos.” 1 Tessalonicenses 5:15. A retribuição só leva a escalada da situação. Quando nos fazem mal a primeira coisa é não retribuir ou estaremos nos colocando no mesmo nível. E então o que fazer?

Dar a outra face. 
Esse foi o ensino claro do Mestre. Jesus não nos deixou palavra filosóficas intrigantes para decifrar. Ele foi bem prático e direto. “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.” Mateus 5:38-41. Jesus não vivia um tempo fácil. Estava cercado de gente que se fazia inimiga. Foi perseguido pelos seus e pelos de outras terras e no entanto nos ensinou a ter essa resposta. Essa é a resposta cristã.

Abençoar quando a vontade é amaldiçoar.
 “Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” Romanos 12:14. Amaldiçoar é a reacção da carne, do homem natural que não pensa, não faz nada a não ser reagir como animal. Somos convocados a ter outra resposta e a reagir mais ainda. Não é só a politica de não-violência de Gandhi ou de Martin Luther King, é mais que isso. É fazer mais ainda. É abençoar os que nos querem mal. E como fazê-lo?

Orando por eles
Foi o Mestre quem nos mostrou na prática como fazer pois ele o fez e disse como fazer. Seu ensino foi: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mateus 5:43-44. Abençoamos quando oramos pelos que nos fazem mal e essa arma é tão tremenda porque o inimigo não a pode bloquear. Nem o maligno e nem os que nos odeiam. Não podem evitar que os abençoemos orando por eles. E ainda mais…

Trabalhando para a sua salvação. 
Note o que Paulo dizia fazer pelos que o perseguiam e queriam matar: “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação.” Romanos 10:1. A verdadeira vitória contra o mal não é a morte mas a salvação. Queremos derrotar nossos inimigos? A maior derrota para o mal é quando alguém que perseguia o cristão aceita o evangelho. Por isso a história de Paulo é tão marcante. É possível. Deve ser nosso alvo.
Devemos relembrar que estes escritos não vieram de gente que vivia nos EUA em casas de classe média alta com excelente qualidade de vida. Jesus ministrou e amou até morrer em tortura. Paulo escreveu muitas vezes da cadeia. Eles sabiam o que era sofrer mas também o que era serem dirigidos pelo Espírito de Amor de um Deus justo. 

O que nos esmaga muitas vezes é a sensação de justiça que nos apela a agir. Sentimos que temos razão e que o outro não merece perdão e isso nos faz afundar na amargura, na auto comiseração. Mas quem somos nós para exercer justiça? Quem somos nós para falar sobre merecimento? Na verdade o Senhor nos livra do peso terrível de ser juízes e executores. Nos livra de fazer muito mal a nós mesmos e aos nossos na sede de vingança que sempre excede os limites. 

A capacidade para vencer o mal dessa maneira vem de 3 fontes principais: 
O exemplo extraordinário de Jesus. 
Quem sofreu mais do que ele? Quem sofreu mais injustamente do que ele? E no entanto a palavra nos diz: “Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” 1 Pedro 2:21-24. E nós recebemos não só o seu exemplo mas a sua capacitação, o seu Espírito em nós a sua mente para ser a nossa. É nele que podemos encontrar a capacidade para viver assim, bem acima do padrão do mundo.

A certeza da Justiça Divina. 
Temos a confiança de que o Senhor, de forma perfeita e perfeitamente justa irá tratar de todas as ofensas, todas as maldades, todas as coisas que nos entristeceram. Jesus nos garantiu essa justiça: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça”… Lucas 18:7-8ª. O Apostolo Paulo reiterou essa certeza aos Romanos: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.” Romanos 12:19. Mais tarde, um livro inteiro foi escrito segundo a revelação de Deus para que a Igreja soubesse, em meio a tribulação e perseguição tremenda, que o Senhor faria justiça sobre seus adversários. Eis como é descrita a queda dos maus e inimigos da igreja: “Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas; porque já Deus julgou a vossa causa quanto a ela.” Apocalipse 18:20. Era alegria porque a Justiça de Deus triunfava.

Mas a última e mais forte razão para termos a atitude que a Palavra ensina é o facto de que nós também recebemos o perdão da nossa ofensa e do nosso mal. 
Nós também merecíamos a pena, o castigo e fomos salvos, libertos, resgatados pelo sacrifício de Jesus. Eis como Paulo colocou essa verdade quando escreveu aos irmãos de Éfeso igreja que logo sentiria o peso da perseguição. “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” Efésios 4:31 a 5: 2

Somos assim chamados a deixar a amargura que nos persegue e que pode nos fazer tanto mal e a confiar na graça e justiça de Deus seguindo o exemplo de Jesus na gratidão pelo seu amor e perdão. Deixemos de tentar ser juízes e executores. Larguemos mão da vingança. Deixemos de carregar o fardo do querer mal e entreguemos ao Senhor. Ele nos capacita para isso. Que o seu perdão possa se tornar o padrão para o nosso. 


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