O PASTOR QUE PRECISAMOS!

CARÁTER OU CARISMA?
A crise tem atingido a Igreja e o Ministério e hoje, mais do que em outros tempos procura-se pastores. Igrejas procuram, ovelhas procuram, até pessoas de fora da igreja procuram. Mas, que tipo de pastor?
Hoje muitas vezes, quando se trata de uma sucessão pastoral os critérios para a escolha de um pastor passam por um bom currículo (leia-se: ter sido pastor de igrejas grandes), fama denominacional, títulos (quanto mais, melhor), pregação agradável, nível salarial aceitável e sucesso no ministério anterior (leia-se: número crescente de membros na igreja anterior). Mas será que é isso que precisamos num pastor? Pensemos naquilo que realmente fará a diferença no reino espiritual:

1)Compromisso com Deus
Precisamos de um pastor que tenha, acima de tudo, um compromisso com o Senhor. Um homem com uma vida de oração marcante, que conhece o jejum e a intercessão, que separa tempo para ouvir o Grande Pastor em primeiro lugar. Normalmente as igrejas não contabilizam as horas de oração que seu pastor gasta por semana, mas esse deveria ser o primeiro critério de seleção.

Poderemos notar esse compromisso na formação da agenda: esse pastor é do tipo que marca as coisas porque há espaço na agenda ou ora primeiro antes de aceitar novos compromissos? Decide a linha ministerial por livros de sucesso no mercado ou depois de um tempo de busca do Pai? Enfatiza o uso de técnicas sociais na vida da igreja ou dá importância à oração da congregação? Prega de acordo com os temas da moda ou daquilo que tem convicção que o Senhor lhe mandou?

Se procurarmos bem, saberemos onde achar essas respostas. Não virão no boletim da igreja, nem possivelmente da liderança da igreja. Há que procurar mais perto, na esposa, filhos, amigos, vizinhos, funcionários da igreja que convivem no dia a dia com o homem de Deus . São esses que conhecem seu comportamento sob pressão. São esses que o vêem quando as luzes estão apagadas. São esses que nos poderão confirmar ou não o compromisso do homem com seu Senhor.

2) Compromisso com a Palavra
Precisamos de um pastor que tenha um compromisso vivo com a Bíblia. Que a veja como o livro de Deus, inspirado pelo Espírito Santo, enviado pelo Senhor como revelação direta de seu Ser e sua vontade para a vida humana. Esse compromisso tem que se mostrar na prioridade do estudo e meditação da Palavra. Um pastor que não tem tempo para ler a Bíblia está em maus lençóis.

O compromisso bíblico se revela da vida e na pregação. Numa vida pautada pelas orientações bíblicas, que faz decisões baseadas nos princípios da Palavra, que tem as prioridades definidas pelas escrituras e que não condescende para agradar. Mas também numa pregação em que a Palavra é central. Estamos cheios de sermões/ discursos de auto- ajuda, que falam de tudo e de todos, que usam técnicas de psicologia e outras ciências sociais mas que não alimentam porque não saem da revelação escrita.

Um pastor bíblico corre o risco de ser considerado um tanto retrógrado, um quadrado ou antiquado, mas trará à vida de seu rebanho o alimento verdadeiro que refrigera e dá orientação segura para as escolhas do cotidiano.


3) Compromisso com a Família
Precisamos de um pastor que saiba colocar seu casamento e sua família na ordem certa das prioridades do ministério. A Bíblia nunca pediu o sacrifício de matrimônio e de filhos no altar do ministério. Um casamento feito na orientação divina é o maior apoio para um pastor dedicado. Os filhos são benção de Deus e não empecilho para a ministração. Os que compõem a casa do pastor são seu primeiro e mais precioso rebanho.

Quando Paulo orientou a Timóteo na escolha de líderes para as igrejas, deu ênfase na família.  Deveriam ser maridos e pais cujo testemunho pudesse servir de base ao ministério. Perdemos a confiança quando vemos pastores cujas esposas não aguentam ouvir seus sermões e filhos que preferem o mundo à igreja. Um compromisso com a família é relativamente fácil de verificar. Veja seu casamento, entreviste seus filhos. O que têm a dizer sobre o pastor? Esse não tem sido um dos critérios muito procurados, mas é biblicamente um dos mais importantes no pastor que precisamos.

4) Compromisso com as Ovelhas
Precisamos de um pastor que entenda o que significa cuidado pastoral. Antes de ser benção no púlpito há que ser benção nas casas, no escritório, nos contatos pessoais. É aqui que muitos pastores se perdem. São ótimos de púlpito diante das multidões, mas não têm tempo para o discipulado e o acompanhamento. Pastores só serão pastores quando as ovelhas perceberem seu cuidado.

Precisamos regressar às décadas passadas para conhecer os pastores de então. Não é que não os encontremos hoje, mas é mais difícil. Hoje os pastores são avaliados por critérios públicos e a maioria das coisas que realmente fazem o pastor que precisamos são bem particulares como oração, estudo da Bíblia e aconselhamento. Pastoreio pode até acontecer do púlpito, mas acontece mesmo é nas conversas individuais, no discipulado, nas visitas e nas horas de aconselhamento.

Conclusão: Recentemente um seminarista me entrevistou acerca do ministério e o que seria mais importante, carisma ou caráter? O simples fato de precisar fazer a pergunta me entristeceu. Não deveria ser óbvio? Parece que não. Na vida ministerial (e em tudo o mais também) o caráter tem primazia sobre qualquer tipo de carisma. Caráter sem carisma pode fazer um grande ministério. Talvez pouco notório, mas seguro, valioso, agradável a Deus. Carisma sem caráter pode até levantar muita poeira, mas será só isso mesmo, poeira.

Caráter é vida, carisma é Show. 
Caráter é fundamento, carisma é decoração. 
Caráter é constância, carisma é explosão.
Caráter é fruto de comunhão com Deus, princípios claros e perseverança no caminho.
Carisma é genética, temperamento e muitas vezes manipulação. Junte os dois com base no caráter e poderá ter um grande líder, mas prefira sempre o caráter ao carisma.
... 
Quando tudo for pesado e avaliado, as luzes da festa estiverem apagadas e cair o pano, quando chegar a hora de uma avaliação real e duradoura, o pastor que precisamos é aquele de quem se possa dizer: Era um Homem de Deus!
...

(Se gostou, apreciou ou sentiu empatia com esta meditação saiba que nas próximas semanas falaremos sobre a Igreja que Precisamos, o Sermão que Precisamos e o Louvor que Precisamos)


2 comentários:

Ida disse...

Este parágrafo final ficou tão lindo que coloquei no blog poesias e contos. Realmente é preferível investir no caráter, que transparece à vista e no fim é o que torna o pastor autêntico!

ARACampos disse...

Obrigado Joed!
Pelo enfoque tão importante no carácter! Sem dúvida o mais importante. No meu entender o carácter revela (ou não) exactamente Cristo nas nossas vidas.
Obrigado também pelo teu exemplo de carácter. Que Deus te continue a abençoar e que possa sempre moldar o carácter de cada um de nós. Tão somente o busquemos a cada dia.
Que Deus vos abençoe também como família!
André.

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