Precisamos Comer Mais... Precisamos Comer menos...

Afinal em que ficamos? É para comer mais ou menos? Na verdade creio que como igreja precisamos das duas coisas. Comer é muito mais que um ato de sobrevivência. Desde sempre que comer é um modo de confirmar amizade, de selar pactos, de mostrar intimidade. Convidamos para comer em nossa casa apenas quem faz parte de certo círculo de amizade. Biblicamente o comer sempre foi parte dos rituais de adoração, já que o ofertante e o sacerdote comiam parte do sacrifício.

Precisamos comer mais
A Igreja nasceu em Atos com um cariz doméstico. O número de convertidos tornou-se logo tão grande que era impossível junta-los num só lugar. As reuniões aconteciam nas casas, possivelmente usando as casas maiores e/ou os que tinham dom de hospitalidade e incluíam uma refeição conjunta (Atos 2:46). Essa refeição veio a ter o nome de ágape, que é a palavra grega para amor, porque representava uma das bases para o amor comunitário na igreja primitiva.

Sabemos o quanto uma refeição conjunta pode ajudar na formação de laços de amizade e comunhão. Nossas igrejas promovem almoços comunitários exatamente por isso. Vemos claramente que durante a refeição conversamos mais, nos abrimos, falamos de coisas corriqueiras, contamos histórias familiares, compartilhamos casos e acontecimentos de nossas vidas. Quando o fazemos ficamos conhecendo melhor uns aos outros e o conhecimento é o primeiro passo para a comunhão que precisamos ter.

No entanto, apesar de sabermos isso, a verdade é que os almoços de igreja são cada vez mais raros. Acontecem uma vez por ano, se tanto, ou em festas como aniversário da igreja, quando a refeição não é de garfo e faca, mas de bolo rápido num canto do salão. As desculpas são muitas. O tempo é curto, a logística é complicada etc. Na realidade até em casa parece que juntar a família para comer é algo que vai ficando raro. Cada um come no seu horário, ou então adotamos o hábito funesto para a família, de comer em frente à TV. Matamos a comunhão!

Precisamos comer mais em família. A refeição familiar deveria ser sempre algo especial, local de falarmos das nossas coisas, de ouvirmos as questões de cada um, de darmos oportunidade para um tempo de louvor como família. Precisamos comer mais com os irmãos da igreja, convidar mais para nossas casas, fazer piqueniques, passeios, encontros onde podemos com calma falar de nossas vidas, compartilhar bênçãos e problemas. Precisamos comer mais como igreja, vencendo as dificuldades logísticas e partilhando mais refeições como comunidade. Não é a única maneira de crescermos em comunhão, mas é provavelmente a mais saborosa...

Precisamos comer Menos
Por outro lado, setores importantes da igreja moderna têm negligenciado uma arma espiritual poderosa e importante: O Jejum.
Em certos meios, a mera menção do jejum já desperta olhares atravessados. Parece que essa prática ficou conotada com extremistas radicais perigosos que devem ser evitados a todo custo. No entanto, a igreja primitiva praticava o jejum de modo prático. O Senhor Jesus ensinou claramente sobre o jejum (Mateus 6: 16 a 18) e falando de jejum deixou claro que seria algo que seus seguidores fariam (Mateus 9: 15).

O grande movimento missionário encetado pela igreja de Antioquia surgiu na sequência de um tempo de jejum (Atos 13:1 a 3).

O jejum não é algo mágico, nem é fanatismo. Trata-se de uma disciplina espiritual. Nele mostramos a importância de negar ao nosso corpo o controle da vida. Vivemos num mundo em que a carne manda, os desejos reinam, mas aprendemos na Palavra que o Espírito domina a carne e controla seus instintos, mesmo os mais naturais. No jejum desenvolvemos a arte de negar os desejos e isso nos faz amadurecer. Ao fortalecermos o Espírito aprendemos a dar a vida o foco bíblico que o Senhor deseja.

No jejum consagramos tempo para o Senhor em oração específica. Demonstramos a importância dos assuntos levados em oração na medida em que até a atividade básica de comer deixamos de lado para nos dedicarmos a oração. É um ato de sacrifício vivo que pode agradar a Deus quando feito no intuito e no espírito certos. Lembremos que os muçulmanos conhecem e praticam um jejum rigoroso durante um mês a cada ano e quem já viveu ou vive entre eles sabe o que isso representa a nível espiritual.

O jejum pode levar a orgulho espiritual talvez mais facilmente do que outras disciplinas. Era o caso dos fariseus, duramente criticados por Jesus. Mas não deveria ser isso a nos dissuadir de o praticar. Antes, cientes dessa possibilidade, blindamos nossos corações e almas e deixamos que o Espírito faça a obra em nós. Até do ponto de vista físico essa pratica será bênção, pois a medicina sabe que um período regular de jejum  liberta-nos de várias toxinas.

Podemos praticar o jejum de várias formas: deixando de comer e beber por 12 horas,  24 horas ou nos abstendo de comidas sólidas por 1 ou mais dias. O importante é separar o tempo que seria dedicado as refeições para orar e buscar a face do Senhor e não nos vangloriarmos disso para não cairmos no erro condenado por Jesus. O certo é que essa prática é cristã e faz falta na igreja de hoje.

Precisamos comer menos...

Aplicação: Se foi tocado por esta reflexão então tome medidas práticas para vivencia-las. Estabeleça como meta ter pelo menos uma refeição diária em família, onde poderá melhorar a comunhão interna, decida convidar alguém da igreja para comer com você e sua família uma vez por mês. Se tem possibilidade de influenciar sua  igreja, então motive sua comunidade a fazer refeições em comum. Quem sabe algo do tipo amigo secreto, almoço mensal ou outro método que melhor se adapte à sua igreja. Lembre-se: Precisamos comer mais!

Se entende que o jejum é algo que deve passar a fazer parte da sua armadura espiritual então marque um dia por mês para fazê-lo. Comece suavemente. No dia anterior jante normalmente e no dia estabelecido não tome nada de manhã e não almoce. Beba água ou um sumo de frutas se ficar com baixa de açúcar. Separe tempo para orar e escolha um tema especial, algo importante para interceder. Quebre o jejum no jantar consagrando a Deus esse dia diferente. Mas comece logo! E lembre-se: precisamos comer menos.
Que o Senhor nos abençoe.

3 comentários:

Maria Luiza Mazoni Porcaro disse...

Concordo!! Temos que comer mais e temos que comer menos...muito menos!!
Experimentamos um jejum maravilhoso aqui em BH, quando nossa igreja toda (IBC) jejuou por 21 dias. Fizemos como Daniel e cortamos todos os manjares: carnes, doces, refrigerantes, pizzas, etc, etc... E além disso cortamos a TV e a internet ( apenas usamos para trabalhar).
O resultado?? Foi um verdadeiro milagre na vida da igreja. Alcançamos muitas almas perdidas, tivemos muito mais comunhão e o fogo de Deus nos acendeu cada vez mais. Foi sobrenatural.
O jejum é uma prática que realmente temos que colocar nas nossas agendas e praticar...
Muito abençoado o seu texto.
Um abraço da prima
Maria Luiza

Anônimo disse...

Não sou cristão, mas gosto do seu blog.

Joed Venturini disse...

Cara prima,
Agradeço por compartilhares experiências tão marcantes. Achei ótima a idéia de incluir o jejum de tv e internet, realmente potecializa o efeito. Vou compartilhar na igreja e com meus alunos, futuros pastores.

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