A notícia chocou o
país. Trouxe inquietude e ansiedade a cidade e ao bairro onde trabalho. Um
homem foi baleado junto ao caixa multibanco de um posto de gasolina em frente
da esposa que tentava proteger. O assassino que o matou a sangre frio
afastou-se tranquilamente e sem medo. Isso talvez nem fosse notícia de primeira
página no Rio de Janeiro, em Joanesburgo ou em New York, mas na Reboleira é.
Todos ficam indignados e prontos a condenar. O crime é evidente. E o castigo? O
que diz a filosofia moderna que vai dominando os meios de comunicação e a vida
citadina?
A filosofia vigente
atualmente é dominada pelo evolucionismo, relativismo, pluralismo e
pragmatismo. Tudo isso nos é imposto como a verdade do homem moderno. Diante
desses princípios como julgar o assassino? Na verdade, segundo essas filosofias
ele nem deveria ser julgado. Vejamos porque:
Primeiro porque o
crime foi cometido em certo contexto social. A psicologia nos explicaria que o
assassino é na verdade produto da sociedade em que vivemos e do meio em que foi
criado. Culpados talvez sejam seus pais, seus avos, sua escola, seu bairro, ou o
próprio governo que não lhe proporcionou condições melhores. Ele precisaria de
uma boa medicação e psicoterapia e não prisão. (É claro que neste caso a
psicologia dirá que há também responsabilidade pessoal... mas na verdade não se
pode defender posições diferentes só quando nos parece mais interessante. A
posição oficial da psicologia é a que citamos.)
Segundo, ele não
merece condenação porque é fruto da evolução. Segundo esta, os mais fortes
sobrevivem. Os mais capazes seguem adiante. Se o criminoso se saiu tão bem é
porque está mais bem adaptado a nova realidade. A vítima é que falhou porque
não desenvolveu capacidades para reagir as novas necessidades e desafios. O
assassino que escapa impune é produto de uma evolução requintada que o preparou
para isso. (É claro que os evolucionistas nos dirão que a teoria não serve para
isto. Mas a teoria não é ética ou social, fala de algo puramente físico,
químico e biológico e as conclusões não levam em conta a moral ou a psique do
homem. Logo, a explicação que demos é plenamente válida na evolução e fala do
progresso do homem na sociedade urbana moderna.)
Terceiro, o castigo
não tem cabimento porque vivemos num mundo de relativos. Somos chamados a não
estabelecer dogmas ou verdades. Tudo é relativo. Num mundo assim não há moral,
ou melhor, há muitas morais e a de cada um é tão válida quanto a do outro. Não
se deve classificar de bom ou mal porque isso também é relativo. Esse mundo que
aceita o aborto e a eutanásia como naturais, não pode condenar o homicídio.
Simplesmente não é coerente. Segundo o relativismo não se pode classificar o
assassino de mal. A verdade dele é essa. (É claro que o relativista nos dirá
que aqui isso não se aplica e que na verdade há coisas que são más em absoluto
e essa é uma delas... o que só prova a incoerência da posição. O relativista
não quer ouvir do cristão porque o julga pernicioso e dogmático, mas quer ver
punido quem lhe faz mal e elogiados seus esforços. Incoerência máxima. Devemos
viver pelo que defendemos ou então reconhecer que não é realmente válido.)
Quarto, o assassino
não deveria ser condenado porque na visão pragmática moderna, ele só comete o
crime porque o crime compensa. O ato praticado, de acordo com as filosofias
modernas do pragmatismo, funcionou, trouxe vantagem a quem o praticou, logo foi
inteligente e superior. Como condenar então o crime? (É claro que o defensor do
pragmatismo dirá que a filosofia só serve para coisas boas e não para fazer o
mal. Mas novamente se nota a incoerência. Se dá certo, se funciona, se traz vantagem,
como pode ser mal? isso exige uma moral, um princípio definido de certo e
errado, e isso é contrário ao próprio conceito do pragmatismo.)
Que não fique
nenhuma dúvida. CREIO QUE O ATO PRATICADO FOI UM CRIME HEDIONDO E DEVE SER
PUNIDO. Essa é a minha posição. Mas eu a tenho porque sou cristão assumido
e não advogo as filosofias modernas. Creio na necessidade da punição porque:
Primeiro, o homem é
criação de um Deus de amor e bondade. Foi feito a imagem e semelhança de Deus e
tem todas as condições de viver em paz com Deus e seu próximo, e se não o faz,
a isso se chama pecado, e biblicamente o salário do pecado é a morte.
Segundo, o homem foi
criado e é livre para escolher. Independentemente de sua criação, pais, meio
ambiente, escolas, etc., ele tem condições de optar pelo bem e não pelo mal.
Tem as condições e o dever de o fazer. Se opta pelo mal deve também estar
preparado para lidar com as consequências disso. Há multidões de exemplos de
pessoas criadas em condições muito difíceis e que se tornaram pessoas de bem. A
sociedade e a criação podem explicar mas não desculpar o crime.
Terceiro, há regras,
leis e princípios morais universais e que não podem ser mudados ou trocados
conforme meus desejos ou vontades. Matar é errado, seja no caso em foco, seja
um bebé por nascer, seja um idoso com doença terminal ou um doente mental.
Creio que essas leis são universais e que há distinção clara entre bem e mal
que serve para guiar nossas vidas.
Quarto, as coisas
não se tornam certas só porque funcionam ou me trazem vantagem, mas se são
moral e espiritualmente certas, se agradam ao meu Criador e servem de bênção
para o meu próximo. Esse é um princípio cristão e vai contra o pragmatismo frio
da modernidade, mas condena o assassino por seu ato criminoso.
Uma filosofia ou
forma de vida deveria ser avaliada pela sociedade que cria. As filosofias
modernas com ênfase na evolução, relativismo, pluralismo e pragmatismo têm
criado uma sociedade em que o homem é egoísta e egocêntrico, vive para seu bem
e seu prazer e onde a criminalidade cresce a medida que a solidariedade
diminui. Seria bom olharmos para isso antes de fazer decisões e optar pela
nossa forma de viver. Não é coerente aceitar as filosofias modernas para depois
pular para princípios cristãos quando nos der mais jeito.
Jesus é o caminho, a
verdade e a vida, para ontem, para hoje e para amanhã. Conhecê-lo como salvador
e Senhor da vida é a melhor maneira de viver e, na verdade, a única que realmente
fará sentido nesta vida e na próxima.
3 comentários:
Mais um belo artigo. Parabéns!
Não pude deixar de pensar em duas perguntas dentro dessa linha filosófica moderna:
1 - Como fica a família (esposa, filhos, etc.) do homem assassinado por motivo fútil?
2 - Os defensores desses princípios manteriam suas opiniões se eles fossem essa família (esposa, filhos, etc.)?
Mas quem disse que o homicida não foi ou vai ser punido? Que confusão aí vai! No sistema jurídico-penal português essas filosofias que o autor condena, e bem, não têm, e nunca tiveram, qualquer fundamento! Com o devido respeito, deve estar mal informado.
Se o leitor anónimo ler com mais atenção verá que este texto foi um exercício mental acerca da filosofia do relativismo. Relativismo este que está nos meios de comunicação e muitas vezes na justiça, dependendo do procurador ou advogado. Evidentemente o leitor chegará ao final do artigo a pensar que este tipo de raciocínio relativista torna tudo possível e é exatamente este o meu objetivo ao ser tão absurdo...mas num futuro próximo..infelizmente, será possível.
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