Gostamos de arquivar, catalogar e explicar as coisas porque isso nos traz um estranho sentimento de controle, de domínio, de conhecimento. Usava as mnemónicas sobretudo quando lidava com temas que não conseguia dominar. A criação da fórmula permitia “agarrar” o assunto e desse modo controlar a sua utilização. Era útil, sobretudo em provas e exames orais. Mais de uma vez fui ajudado por fórmulas que hoje já nem recordo.
Algo parecido se dá com a teologia. Temos a tendência de querer catalogar e arquivar o Senhor. Arranjamos seus atributos e grupos reconhecíveis e os postamos em ordem alfabética. Decoramos os respectivos versículos e os credos necessários. Não é assim que passamos nas provas do seminário? Não é assim que acontece a avaliação de um candidato ao ministério pastoral? Se souber responder bem, então está pronto a ser pastor! Queremos Deus numa mnemónica...
O problema é que ELE se recusa a ser catalogado. Não cabe numa fórmula, por mais magnífico que seja o intelecto que a crie. Quando achamos que já o entendemos, surge uma situação e ficamos perplexos, confusos e até irritados. Como pode o Senhor sair de nosso arquivo? Como ousou fugir de nossa conveniente explicação? Porque não se sujeita a nossa bela fórmula?
Muito se poderia escrever em resposta. Darei apenas a pergunta que Jesus fez aos discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” Eles conheciam a catalogação dos outros. Sabiam como o mundo classificava e interpretava Jesus. Eram capazes de explicar e discorrer sobre a visão mundana de Cristo. Mas o Senhor buscava uma relação pessoal. Queria uma convicção própria. Não interessava as explicações dos outros. Ele queria o amor deles.
A única resposta válida que podemos dar ao Senhor é um amor que conduza a adoração genuína. Tudo o mais poderá ter utilidade como exercício mental e como ensino da verdade, mas nada pode substituir a necessidade de uma relação pessoal e íntima com o Senhor. Jesus morreu para que pudéssemos tê-la. O Espírito veio para que a pudéssemos desfrutar. Nada menos que isso satisfaz o coração. Nada menos que isso deveríamos buscar.
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