Deus numa Mnemónica

Quando andava na escola aprendi a criar fórmulas mnemónicas para decorar assuntos difíceis ou listas complicadas. Podia ser os nomes dos planetas ou os reis da primeira dinastia em Portugal. Na faculdade, com todos aqueles nomes impronunciáveis, próprios da medicina, a necessidade se tornou ainda maior. Até hoje recorro a elas para informações diversas, como lembrar a localização dos impérios da meso América. Do norte para o sul seria AMI (Astecas, Maias e Incas) sendo os primeiros no México e os últimos no Peru.
Gostamos de arquivar, catalogar e explicar as coisas porque isso nos traz um estranho sentimento de controle, de domínio, de conhecimento. Usava as mnemónicas sobretudo quando lidava com temas que não conseguia dominar. A criação da fórmula permitia “agarrar” o assunto e desse modo controlar a sua utilização. Era útil, sobretudo em provas e exames orais. Mais de uma vez fui ajudado por fórmulas que hoje já nem recordo.

Algo parecido se dá com a teologia. Temos a tendência de querer catalogar e arquivar o Senhor. Arranjamos seus atributos e grupos reconhecíveis e os postamos em ordem alfabética. Decoramos os respectivos versículos e os credos necessários. Não é assim que passamos nas provas do seminário? Não é assim que acontece a avaliação de um candidato ao ministério pastoral? Se souber responder bem, então está pronto a ser pastor! Queremos Deus numa mnemónica...

O problema é que ELE se recusa a ser catalogado. Não cabe numa fórmula, por mais magnífico que seja o intelecto que a crie. Quando achamos que já o entendemos, surge uma situação e ficamos perplexos, confusos e até irritados. Como pode o Senhor sair de nosso arquivo? Como ousou fugir de nossa conveniente explicação? Porque não se sujeita a nossa bela fórmula?

Muito se poderia escrever em resposta. Darei apenas a pergunta que Jesus fez aos discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu Sou?” Eles conheciam a catalogação dos outros. Sabiam como o mundo classificava e interpretava Jesus. Eram capazes de explicar e discorrer sobre a visão mundana de Cristo. Mas o Senhor buscava uma relação pessoal. Queria uma convicção própria. Não interessava as explicações dos outros. Ele queria o amor deles.

A única resposta válida que podemos dar ao Senhor é um amor que conduza a adoração genuína. Tudo o mais poderá ter utilidade como exercício mental e como ensino da verdade, mas nada pode substituir a necessidade de uma relação pessoal e íntima com o Senhor. Jesus morreu para que pudéssemos tê-la. O Espírito veio para que a pudéssemos desfrutar. Nada menos que isso satisfaz o coração. Nada menos que isso deveríamos buscar.

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails

Manual do Corão - Como se formou a Religião Islâmica

Como entender o livro sagrado do Islão?  Origem dos costumes e tradições islâmicas. O que o Corão fala sobre os Cristãos?  Quais são os nomes de Deus? Estudo comparativo entre textos da bíblia e do Corão.  Este manual tem servido de apoio e inspiração para muitos que desejam compreender melhor o Islão e entender a cosmovisão muçulmana. LER MAIS

SONHO DE DEMBA (VERSÃO REVISADA)

Agora podes fazer o download do Conto Africano, com versão revisada pelo autor.
Edição com Letra Gigante para facilitar a leitura do E-Book. http://www.scribd.com/joed_venturini