Recentemente visitei uma irmã com mais de 90 anos. Ela me convidou para um chá de tarde. Fui com alegria mas também um certo receio. O que dizer para animar uma pessoa de 90 anos? O que transmitir que ela ainda não ouviu? Como ser bênção para quem já viveu por tanta coisa? Seria eu capaz de me mostrar útil? Pensamento talvez egocêntrico, mas perdoe-me o leitor, somos de carne e osso.
A experiência foi marcante pela positiva. Que irmã animada, que entusiasmo! Que vontade, que vida ela demonstra já na 9ª década de peregrinação. Durante mais de 2 horas eu e minha esposa ouvimos as histórias de vida dessa querida irmã contadas com um sorriso permanente. Nada de queixas, nada de mazelas físicas ou emocionais, nada de reclamações ou acusações. O que mais me admirou no discurso da irmãzinha foi o uso recorrente da palavra “encantada”. Ele tinha ficado encantada com a pessoa X, com a situação Y, com a experiência Z. E fiquei com a firme convicção de que a irmã realmente vivia esse encanto no Senhor.Meditando na visita pensei no quanto somos prejudicados pela familiaridade. Perdemos a capacidade de nos maravilharmos. Adão e Eva estavam no paraíso, mas se familiarizaram até com um paraíso e logo queriam o conhecimento que fora proibido. O povo de Israel viu maravilhas tais que derrotaram o Egito, mas logo se cansaram de milagres e queriam voltar aos pepinos. O povo no tempo de Jesus via o Senhor fazer coisas impressionantes para no dia seguinte procurá-lo para novo milagre. E nós?
Quando desejamos algo novo nos enchemos de vida. Pode ser uma casa, um carro, um aparelho ou outra coisa. No inicio nos deslumbramos e quando o Senhor nos abençoa ficamos gratos e louvamos. Mas depois... o tempo e a familiaridade nos fazem esquecer a maravilha. O carro que antes políamos quase diariamente, passa um mês sem ser lavado; a casa que era literalmente adorada passa a ser apenas um imóvel a ser pago; aparelhos que precisávamos ter para mudar nossa vida já têm outros modelos no mercado.E a Igreja? E a oração? Aquele pedido que fizemos durante meses e foi finalmente atendido logo fica esquecido. A igreja onde encontramos alegria e vida logo passa a ser local onde há gente que não gostamos e passamos os cultos olhando o relógio para ver a hora. O pastor que pregava tão bem há 6 meses é hoje só mais um dos que vai ocupar o espaço de tempo entre mim e o meu almoço de domingo... Familiaridade a mais. Perdemos a maravilha. Perdemos o encanto.
Aprendi com a querida irmã na visita realizada a bênção do encantamento. O segredo que a levou a viver até depois dos 90 com um sorriso nos lábios não é a riqueza (ela vive de uma magra pensão), ou a falta de problemas (teve e tem muitos ao seu redor), não é a saúde perfeita (pois tem inúmeras dificuldades físicas) ou as pessoas que a cercam (ainda mora sozinha até hoje por escolha própria). Seu segredo é que encontrou no Senhor a bênção do encantamento. Ela vive encantada com o que Deus é e com o que ELE faz. Que coisa linda. Que bênção fantástica. Que milagre do céu. Ó Pai, faz-me encantado! Dá-me a tua satisfação. “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez vos digo regozijai-vos” Filipenses 4:4
Um comentário:
Eu também quero encantar-me a cada dia com o Senhor.
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