Vivemos escravizados pela razão, obcecados por explicações, dominados pela mente pseudo científica. Multiplicam-se os cursos, as faculdades, os MBA e o homem sabe cada vez menos e vive cada vez pior. No tempo em que meu pai era jovem, fazer faculdade era um luxo, no meu tempo de juventude (recente) tirar um curso universitário já era relativamente comum e considerado bom, hoje o jovem tem que pensar em fazer no mínimo um mestrado. Porque será então que os jovens de hoje parecem mais perdidos que os de há 100 anos?
Temos que concluir com Lewis Thomas:"Em nenhum outro século de nossa breve existência os seres humanos aprenderam de forma tão profunda e dolorosa a extensão e a profundidade de sua ignorância".
Parece que nossa geração não chega a vencer a idade dos porquês. Há uma idade certa para se perguntar porque a tudo. Não estamos com isso negando o uso da razão e nem declarando que devemos simplesmente parar de tentar entender. O que questionamos é nossa dependência de explicações. Uma verdade clara da vida é esta: nunca chegaremos a entender muitas das coisas que acontecem conosco e com os que estão a nossa volta. Quanto mais cedo aceitarmos isso melhor.
Abraão foi louvado na Palavra por ser o pai da fé. Ele seguiu a voz de Deus e deixou sua terra sem saber para onde ia. Moisés foi desafiado por deus para libertar o povo de Israel do Egito e ele seguiu para a corte e faraó sem saber como isso aconteceria. Davi se dispôs a lutar com Golias e acreditou que o venceria, mas não sabia como seria. A lista poderia continuar com todos os heróis da fé. O Senhor raramente deu explicações claras e especificas a seus servos. Afinal Senhores não precisam se explicar...
Em meio a nossa angústia existencial as palavras de Jesus sempre trazem alento e esperança. Ele afirmou em sua oração sacerdotal por nós: "A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste" João 17:3. Afinal a vida está mesmo em conhecer. Mas não tanto em conhecer as coisas, os fenómenos e os porquês, mas em conhecer quem conhece.
Posso crescer no meu entendimento de tudo o que me cerca e pode até ser bastante útil, mas não preencherá o vazio de minha alma. Posso me desenvolver no conhecimento humano e até dominar muitas áreas. Isso não será mal em si, mas não me trará paz. O conhecimento não tem fim e a máxima filosófica é verdadeira: quanto mais soubermos, mais entenderemos o quão pouco sabemos.
"O Temor do Senhor é o princípio da Sabedoria" Provérbios 1:7 disse aquele que foi considerado o mais entendido. O mais importante de tudo é conhecer quem conhece. A mensagem bíblica é essa e o evangelho (boa nova) é exatamente que ELE se pode conhecer e se deixa conhecer de quem o busca com vontade.
Mais do que tentar explicar o inexplicável meu tempo deveria ser usado para conhecer o Senhor, meditar nEle e sem sua Palavra, conversar com Ele e viver em companheirismo. Muita alegria, bênção e paz, muita doce comunhão e vigor há em conhecer... conhecer aquele que conhece!
3 comentários:
Excelente reflexão. Numa tradução para o Português um pouco puritana, Martinho Lutero disse “A Razão deveria ser destruída em todos os cristãos (A razão é uma prostituta). Ela é o maior inimigo da Fé. Quem quiser ser um cristão deve arrancar os olhos de sua Razão.” Claro que essa citação não pode ser interpretada de forma radical, negando toda a razão, mas que as tentativas de explicar a fé das pessoas e o natureza de Deus através da pura razão e do Escolasticismo são tremendamente infrutíferas e frustrantes.
Belo texto.
Para mim que estou na "academia" o mais complexo é perceber que nem mesmos estes (os Drs. das mais elaboradas respostas) sabem do que falam.
Temos que ser críticos, mas se alguém critica a academia... Isso não pode, é "pecado". Nem eles se levam a sério.
Um estudante mais atento vai perceber isso muito rápido. Basta começar a fazer perguntas.
Caros Claudio e Leo, na verdade não estamos negando a necessidade da razão, apenas a dependência dela que é tão relativa e falha. Um Cristão não abdica da razão mas não é escravo dela porque vive simultaneamente em duas realidades. Abraço
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