O SERMÃO QUE PRECISAMOS!

Ouço falar de crise ministerial, mas o que vejo é um aumento do número de pastores nos bancos das igrejas. Antigamente eram comuns casos em que um pastor tinha que dar assistência a várias igrejas. Hoje vemos uma igreja com vários pastores assistindo ao culto. E não estou falando de pastores aposentados, que já fizeram seu trabalho e agora descansam de um ministério abençoado. Falo de jovens pastores, de homens ainda na flor da idade que se acumulam em igrejas quando há falta de líderes em outros lados.

Com a inflação de pastores veio a necessidade de agradar. Quando o individuo tem a oportunidade de pregar tem que aproveitar bem a chance. Tem que agradar o auditório ou fica sem hipotese de voltar. Temos assim uma crescente tendência para ouvir discursos que divertem e agradam. Devem ser curtos (para não cansar), alegres (para não deixar o povo em baixo), motivadores (para preparar a semana) e agradaveis . Mas serão esses os sermões que precisamos? O que tem faltado em nossos púlpitos? Reflitamos um pouco nas caracteristicas do sermão que precisamos:

1)Bíblico
O sermão que precisamos tem que ser baseado na revelação escrita de Deus. A tendência moderna é fazer discursos de auto ajuda, baseados em ciências humanas, citando autores e filósofos atuais, sugerindo técnicas psicológicas recentes e deixando de lado a Palavra. O texto bíblico é citado como "desculpa" ou apenas para concordar com os pontos do pregador, mas um estudo sério e sistemático da Bíblia não é feito.

Precisamos voltar à Palavra. É ela que traz vida, que transforma, que regenera. A fé vem pelo ouvir da Palavra e não outras coisas. Paulo já enfatizava a necessidade de fugir de argumentações meramente humanas e se concentrar na cruz, no evangelho. Precisamos regressar as palavras do Mestre, à segurança de Jesus.  Ele não fazia sugestões, não fazia especulações ou propostas. Fazia afirmações eternas começando com "Na verdade vos digo..."

O sermão que precisamos tem que ser retirado da palavra porque sua verdade é eterna e eficaz. Não podemos usar a Bíblia para defender nossos pontos de vista. Isso é o que fazem os criadores de heresias. Temos que estudar a Palavra, ir fundo nela, meditar sobre seus conceitos, principios, ensinos e exemplos e tirar então as lições que vivificam. O pregador deve sempre se arguir: Esta mensagem é realmente bíblica ou a tirei de meus próprios pensamentos e idéias? Lembremos de algo fundamental:  a Palavra de Deus (contrastando com outros tratados religiosos) não apenas nos ensina sobre a verdade mas nos capacita para vivê-la.

2) Inspirado
O sermão que precisamos é fruto de um tempo de comunhão com o Pai. Vem do céu para o povo de Deus. Surge da meditação na palavra e na situação da igreja. O pregador tem que conhecer o texto biblico e a situação de seus ouvintes. Nesse contexo, e em oração e busca, o Senhor revela o que tem para seu povo. Esse sermão é inspirado e eficaz.

Preocupa-nos ver jovens pregadores ansiosos sobre o que pregar, procurando estudos na internet, questionando como é possível ter sempre mensagens novas. Aquele que medita na palavra tem sempre novidade do Senhor.  A riqueza da Bíblia é inesgotável. Mas a procura tem que ser no lugar certo. Não é possível pregar o sermão de outro. Para ser válido, tem que primeiramente ser próprio do pregador, ser parte de sua vivência com Deus. Pode até acontecer de ouvir outro pregar e então me apropriar das verdades citadas a ponto de vivê-las e então pregar sobre isso. Mas nesse caso, o sermão não é plágio, é apenas comunhão de experiências com Deus.

Sermões inspirados são aqueles que falam ao povo. Que no seu término nos dão a sensação de que estivemos realmente em contato com o céu. Suas palavras, apesar de humanas, vão além do escopo da carne e entram na realidade do Espirito e então sim, temos sermões que fazem a diferença nas vidas.

3) Relevante
O sermão que precisamos tem que ser atual, relevante aos ouvintes. Podemos pregar a Bíblia, mas por vezes o fazemos de modo tão desligado da realidade dos ouvintes que aquilo que falamos nada representa para eles. De que serve ouvir e conhecer profundamente sobre a realidade e gente que viveu a milênios se isso nada me diz? Para que gastar espaço em meu cerebro com informação sobre acontecimentos de séculos atrás se isso não vai me ajudar hoje?

Há que perguntar: como vivem os ouvintes? O que marca suas vidas? Que aspectos são importantes em sua realidade? Quais suas perguntas? Quais seus dilemas? O sermão de algum modo responde a uma pergunta,  mas que pergunta?  Se me dou ao trabalho de responder a uma pergunta que não estão fazendo, estou na verdade perdendo meu tempo.

Isso significa que além de gastar tempo com a palavra, o pregador precisa gastar tempo com as ovelhas. Saber que tipo de situações estão dominando seus dias e ocupando suas noites. Conhecer os problemas, dilemas, questões. Só assim o estudo da Bíblia lhe trará as respostas que o povo precisa e quando respondemos as perguntas que estão sendo feitas o rebanho quer ouvir, quer saber, pede mais.

4) Prático
Muitas vezes ouço um bom sermão, na medida em que foi um bom discurso.  Foi bíblico e parece inspirado. O pregador falou de coração, mostrou vivência do que proclamou e até procurou falar aos problemas dos ouvintes. Mas quando o sermão acaba fica aquela pergunta desagradavel: e agora? O que faço com tudo isso? Como aproveito esse ensino? Como o posso usar para de modo direto ajudar em meus problemas?

Imagine que vai ao médico. Ele o observa, faz as peguntas certas e no fim lhe dá o diagnóstico seguro. O que você tem é isso! Ótimo, e agora?  Agora vai para casa e medita nisso, pensa em sua situação e reflete sobre seu diagnóstico... O que você diria? Que médico mais maluco! Onde já se viu diagnosticar e não prescrever?  O que queremos é uma receita. O que precisamos é saber como tratar da doença. De nada me serve um diagnóstico sem a cura.

Há sermões assim. Dão o diagnóstico correto, mas não falam da cura, não apresentam uma solução viável e o crente sai frustrado convicto de que há um problema mas sem saber como resolvê-lo. Ora o sermão que precisamos tem que ser prático. Tem que dizer o que fazer. O ouvinte atento deveria saber dizer na saída do culto exatamente o que pode e deve fazer com tudo o que ouviu.

Concluindo:
O sermão que precisamos mais que entreter deve nos comover, mais que informar deve nos transformar, mais que motivar deve nos regenerar. Não deve ser passatempo ou obrigação religiosa. Não é diversão ou palco para divulgação pessoal. O sermão que precisamos vem de Deus, para nossas necessidades, orienta, guia, exorta, aconselha, consola e até motiva. Trás-nos mais perto de Deus, leva-nos a um maior envolvimento com o Senhor pede uma mudança de atitude para mais perto daquilo que devemos ser e mostra de modo prático como obter tudo isso. Que o Senhor inspire seus servos a pregarem mais sermões desses para o bem de seu povo.

4 comentários:

Ida disse...

O sermão tem que passar autenticidade. Louvo a Deus porque durante os 19 anos que acompanho as mensagens de Joed sempre senti a realidade e autenticidade de suas palavras, seus sermões são transparentes, profundos e nos tocam no fundo da alma e espírito.

Leonardo Martins disse...

Assino em baixo Ida.

Durante os meses que esteve conosco suas mensagens (do Joed) sempre foram inspiradas.
Marcaram o nosso coração.

Que Deus continue abençoando o seu ministério,

Leo.

IEBPV - Minstério de Adoração disse...

Subscrevo o texto e os comentários! :)
Toda a relevância nos dias de hoje.

Joed Venturini disse...

Obrigado Luísa, pelo teu apoio e por sempre estar atenta às nossas postagens.

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