Jesus, o Solucionador de Problemas

O homem acordou lentamente, à medida que o sol ia entrando pela janela da humilde casa junto ao Mar da Galiléia.  Sentiu o ar fresco vindo da praia trazendo o cheiro de peixe que os pescadores tinham apanhado de madrugada e a barriga deu sinal.  Sentou-se no velho catre e ainda tonto, percebeu aquele vazio próprio da fome incomodando.

Veio-lhe à mente o dia anterior quando também sentira  fome depois daquela longa caminhada para ir ver o rabi de nazaré. mas o homem era mesmo milagreiro e com 5 pães e 2 peixinhos alimentara uma enorme multidão. Ele também comera. Comera bem e matara a fome. Mas este era outro dia e a fome apertava novamente...

Este episódio, tirado da imaginação, é apesar disso, provável e mesmo garantido.  Aqueles a quem Jesus alimentou voltaram a ter fome no outro dia.  O cego e o leproso curados tiveram que procurar trabalho, porque não podiam mais depender da beneficência pública.  Zaqueu teve que se explicar aos seus superiores, porque já não podia roubar nos impostos e o discípulo zelote teve que lidar com a ira de seus antigos correligionários.  Jesus curava, libertava, alimentava e ensinava.  Nesse ministério resolvia muitos problemas, mas não todos.  Em vários casos, sua atuação levantou outros problemas, como nos casos do moço rico ou de Nicodemos.  Jesus não era, na verdade,  um solucionador de problemas!

Hoje, há uma forte tendência na igreja para apresentar Jesus como aquele que vai resolver todos os nossos problemas.  Há pastores que, na hora do apelo e diante da "necessidade" de verem resultados, fazem qualquer tipo de convite e um dos mais comuns é exatamente esse: _Venha pra Jesus que Ele vai resolver a sua vida!

Quem não quer isso? Quem não tem problemas para serem resolvidos?  Quem não gostaria de ver suas questões tratadas por um passe de mágica? A única dificuldade é que essa mensagem e esse apelo não fazem parte do verdadeiro evangelho, desvia a fé e prejudica a Igreja.

Ver Jesus apenas como um solucionador de problemas coloca o foco da atenção no homem e não em Jesus. Tira a glória do Senhor e dá um valor errado a criatura quando o foco da mensagem da cruz é a graça e o amor do Criador.

Ver Jesus como solucionador de problemas coloca o foco nos problemas e não no pecado que é regra geral a origem deles. fala das consequências (problema) deixando de lado a causa (pecado) e impede uma verdadeira resolução da situação do homem.

Ver Jesus como solucionador de problemas coloca o foco no alivio imediato da crise em vez de enfatizar a salvação eterna.  Um alivio momentaneo pode até ajudar, mas o que o homem precisa é resolver sua questão para a eternidade.

Jesus não se apresentou como o solucionador de problemas. Ele era o Messias de Deus, o enviado com a missão da salvação da humanidade.  Problemas, por mais graves que sejam, são passageiros comparados com a situação do espirito afastado de Deus. 

O foco de Jesus era o homem como um todo, a sua completa restauração ao estado de comunhão com Deus onde então sim, poderia se tratar de problemas de forma séria e profunda e não apenas passageira.  Diante da fratura da alma humana Jesus não receitava ligaduras rápidas, ele propunha a cirurgia radical que resolveria a situação.

Precisamos fugir da visão superficial de Jesus como um mero solucionador de problemas. Devemos evitar a todo custo proclamá-lo como tal.  Nosso ministério (na semelhança do de Cristo) não deve ser voltado apenas para o apagar de incêndios ou resolver crises pontuais. Visamos a alma, e o espirito! Visamos o homem como um todo. Devemos apontar para a renovação do ser por inteiro numa comunhão prática e diária com Deus que leva à maturidade.

Esse cristão maduro terá, no Senhor, a capacidade de lidar com suas dificuldades, mas não como um dependente emocional de soluções rápidas às crises da vida.

Um comentário:

Unknown disse...

Pois é.
Lamentavelmente, a grande maioria dos que se aproximam de Jesus, o fazem motivados por intereses não compativeis com a espiritualidade relacional necessária à comunhão com Deus. Pensa-se mais no aqui e agora e não no porvir. Querem Jesus o Salvador, mas não Jesus o Senhor, querem a graça de Deus, mas não o Deus da graça, querem apenas os beneficios da cruz, como se o evangelho fosse um artigo tipo self service.

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