imperio romano

IMPÉRIO ROMANO DE NEW YORK


Durante alguns séculos Roma governou o mundo de modo aparentemente justo, estabelecendo o que ficou conhecido por “pax romana”. Vivemos hoje tempos muito semelhantes. A similitude entre a cultura e modo de vida do império romano e dos nossos dias é assustadora e deve nos dar que pensar. Alguns dos aspectos em comum são flagrantes e preocupantes:

Casamento
No império romano a centralidade do casamento foi desaparecendo. A certa altura casar e divorciar-se era algo que levava apenas alguns meses. Há relatos de nobres romanos que tiveram mais de 10 casamentos, todos eles legítimos e todos eles acabados em divórcio. A banalidade da instituição minou toda a sociedade romana, deixando gerações inteiras sem pais que os criassem. As crianças eram entregues à escolas, amas e mestres desde muito cedo. Cresciam sem amor, sem disciplina e sem bases. Revivemos hoje em nossas cidades essa realidade com metade dos casamentos acabando em divórcio e crianças sendo criadas por creches e amas porque os pais não têm tempo para seus filhos.

Sexualidade

O Sexo tomou lugar central na vida romana e as orgias passaram a ser algo comum e desejável. A prostituição foi exaltada a ponto de algumas dessas mulheres freqüentarem o senado, sentarem-se nos banquetes reais e até no trono de Roma. O homossexualismo era banal, depravado e aberrante bem como o sexo com animais. A exaltação da pornografia e do corpo nu é vista nas esculturas que chegam até nós e nos afrescos que sobreviveram ao tempo. Revivemos hoje essa realidade com a TV e Internet cheios de pornografia, o sexo idolatrado como centro e objetivo da vida e a prostituição e homossexualismo invadindo a sociedade e se impondo como algo normal e até mesmo obrigatório.

Violência
O Império Romano foi possuído de extrema violência que se notava nas cidades e nas guerras de conquista. A violência urbana estava fora de controle em muitas cidades grandes como Roma, Alexandria e Éfeso. Gangues dominavam ruas e bairros controlando o comércio local e impondo regras. As guerras alimentavam a máquina de estado empregando muita gente e trazendo muito despojo à capital do império. Revivemos hoje o mesmo cenário. Nossas cidades estão nas mãos de malfeitores, traficantes e chefes de gangues. As guerras se multiplicam por interesses nacionais como petróleo, gás e pedras preciosas. O mundo é do mais forte e o governo americano, por exemplo, depende dos esforços de guerra para manter boa parte de sua economia de pé.

Corrupção

Roma se tornou com o tempo sinônimo de corrupção e suborno. As estórias de governantes ladrões que enriqueciam ilicitamente se multiplicavam. No senado os cargos eram comprados e as votações marcadas. Designações de posições políticas de governadores e prefeitos eram feitas por amizade e interesse e não por capacidade. Vários imperadores ocuparam o trono depois de distribuir dinheiro entre as legiões, guarda pretoriana e senado. Parece até que estamos falando da ultima campanha política ou das ultimas eleições que assistimos. Hoje nos orgulhamos da nossa democracia mas a verdade por trás dela é a podridão da corrupção que a cada dia chega aos jornais. Já nos acostumamos com o mal cheiro nem notamos mais os subornos, desvios de verbas e simonia e reelegemos aqueles que meses antes deveriam ter sido presos por roubo.

Comércio
Tirando suas legiões, o poderia de Roma se estabeleceu pelo comércio que passou a dominar em todo o mundo mediterrânico. A força do materialismo cresceu no império e as pessoas se dedicavam à produção e troca de produtos os mais variados.  Os romanos propriamente ditos se regalavam de todo tipo de novidades. Cidades como Pompéia revelam em seus escombros a superficialidade e futilidade da vida dos patrícios que investiam no luxo e no lazer. Exatamente como hoje em nosso mundo.  Compramos e acumulamos todo tipo de coisas independentemente de nossa real necessidade. O comércio é de tal modo importante em nosso mundo que uma crise ameaça toda a nossa forma de vida.

Entretenimento

Para os romanos o entretenimento se tornou uma industria. Era muito mais que algo para matar o tempo ou gastar horas vagas. Tornou-se uma forma de vida, um alvo da existência. A fórmula da governação passou a ser “pão e circo” exatamente porque se o povo tivesse isso estava feliz. As produções romanas do coliseu em nada ficariam a dever a Hollywood.  Eram empregues milhares de trabalhadores, centenas de gladiadores e animais. Os lutadores mais famosos foram imortalizados em canções e pôsteres que chegaram até nós.  Eram ídolos do povo.  Os jogos eram muito mais que divertimento, se tornaram a vida.  E hoje revivemos tudo isso.  A indústria do entretenimento consome milhões e lucra bilhões porque o homem moderno quer anestesia para sua vida sem propósito.  Os atores, atrizes e jogadores famosos, qual gladiadores do passado, são famosos, idolatrados e suas vidas são ambicionadas.  Somos romanos outra vez, apenas temos o circo em casa, numa caixa em cima do móvel da sala.

Natureza
A natureza era deificada na cultura romana.  Havia deuses para todos os aspectos da natureza e ela era adorada em várias formas.  Os animais de estimação recebiam cuidado extra, havendo relatos de senhores romanos com verdadeiros zoológicos particulares. As senhoras de rama apreciavam vários tipos de animais de estimação que eram tratados com requinte tendo escravos só para tratar de suas necessidades.  Na mesma Roma que tinha centenas de “pets”,  milhares de escravos tentavam sobreviver. Voltamos ao endeusamento da natureza em nosso dias, com a conservação da mesma à cabeça das agendas políticas. Tratamos certos tipos de plantas e animais em extinção bem melhor que a maioria dos seres humanos e muitíssimo melhor que os milhões que morrem de fome. Animais de estimação em nossa cultura tem novamente lugar de honra.  Há lojas, boutiques, clinicas, salões de beleza e hospitais para eles. Na mesa cidade em que milhares de cães e gatos vivem no ócio e na obesidade, crianças e idosos dormem nas ruas procurando no lixo algo para matar a fome.

Religião

Roma era o paraíso das religiões exóticas.  Todo tipo de culto florescia nela. Qualquer charlatão com algum carisma conseguia arrecadar dinheiro e seguidores.  As religiões de mistério do oriente como o culto de Isis e de Mitra tinham milhares de fiéis. Organizações secretas proliferavam dentro e fora das legiões.  Os romanos amavam a magia, o ocultismo e as coisas da espiritualidade.  Nossa cultura adotou tudo isso.  As religiões estranhas florescem hoje.  Os ritos orientais invadem o ocidente e recebem grande aprovação. Religiões e seitas de mistério estão em alta bem como o renascer de cultos antigos como os cultos celtas.
A magia, bruxaria e espiritualismo tem grande aceitação. O homem moderno (como o romano) valoriza a espiritualidade e as organizações secretas (maçonaria e companhia) ganham adeptos e até publicidade (inclusive no cinema).

Tolerância
O governo romano sempre se orgulhou de sua tolerância. Dentro do império romano havia lugar para tudo e todos. Praticamente qualquer tipo de culto, prática, crença ou hábito era tolerado e aí residia, pelo menos em teoria, a grandeza de Roma. O império só não pode tolerar a nova fé cristã com sua afirmação de senhorio de Cristo. A exclusividade da salvação pela fé em Jesus foi ofensiva demais para a tolerância romana e o império respondeu aos cristãos co tortura e morte em massa.

Revivemos hoje essa experiência. A nova era é tolerante com tudo e todos. As “escolhas” individuais tem que ser protegidas e a privacidade tem que ser respeitada. As religiões, modos de vida, opções de sexualidade, etc, são consideradas terreno intocável. A única exceção parece ser o cristianismo bíblico. Todos tem direito ao seu lugar menos o crente que afirma a sua fé em Jesus. Tudo é tolerado menos o cristão que declara sua crença num Deus criador e salvador da humanidade. Mesmo as religiões mais “tolerantes” como o hinduísmo e budismo (tão fortes na Índia) atacam os cristãos massacrando crentes e destruindo igrejas. Parece mesmo que Roma renasceu.

Diante de um panorama como esse de que serve o paralelo?  Qual a utilidade de verificarmos a semelhança entre o mundo greco-romano e o nosso?  Muita!  Sabemos o que aconteceu com o mundo romano e podemos aprender com a história.  Tiramos três conclusões maiores dessa reflexão:

1) O Império Romano caiu.
Apodreceu na base porque destruiu o casamento e permitiu a proliferação da corrupção, da violência, da depravação moral e da superficialidade da vida humana. O grande império foi derrotado pelos desprezados bárbaros do norte que levaram o mundo para uma era de trevas. Nosso mundo está a caminho da queda. Não podemos continuar minando as bases sem sofrer as consequências devidas. Nossas bases estão também apodrecendo e a queda é só uma questão de tempo. Já vimos um pouco do que uma crise econômica mundial pode fazer quando ameaça o consumismo, nosso modo de vida. As crises voltarão e a queda será inevitável.

2) O Império perseguiu furiosa e cruelmente os cristãos e o cristianismo.
O mesmo sucederá conosco. Não nos enganemos. As leis se tornarão cada vez mais restritivas e a liberdade crescerá para todos menos os cristãos. A tolerância se tornará lei e será imposta. A nossa firmeza nos pontos básicos da fé cristã será cada vez mais interpretada como teimosia e intolerância e isso será punido severamente. A igreja que deseja permanecer fiel à palavra e o crente que quiser viver de acordo com a vontade do pi devem se preparar para tempos difíceis.

3) O Novo Testamento foi escrito no contexto do mundo greco-romano e para crentes que viviam nessa realidade.

 A nossa proximidade a esse contexto sócio cultural deveria nos levar a entender a atualidade e relevância das escrituras. O que Jesus ensinou e os apóstolos reiteraram foi para uma cultura idêntica à nossa. Paulo, se fosse trazido hoje ao século XXI estranharia a tecnologia, mas se identificaria plenamente com nossas dificuldades culturais.

O texto sagrado que temos é atual, útil e relevante para a vida no século XXI. Louvemos a Deus por isso e dediquemos tempo à palavra. Aquilo que Paulo escreveu aos romanos a 2 mil anos continuam perfeitamente atual: “não vos conformeis a este mundo mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Missionário de Curto Prazo


Missões de Curto Prazo:
Solução ou Aventura?


Alexandre (nome fictício) era um jovem entusiasmado. Tinha muita convicção de seu chamado missionário. Era viciado em tóxicos e Jesus o libertou. Dois anos depois da conversão já estava numa escola de missões se preparando para o campo missionário. Seis meses de curso e ele seguiu para a obra de ganhar o mundo para Cristo. Não faltava alegria e expectativa e até uma estrutura razoável de suporte a seu trabalho. Ano e meio depois dava tristeza falar com ele. Tornara-se irônico quanto ao ministério e cético quanto à missões. Voltara ao Brasil e estava desorientado em relação a seu futuro. Era mais uma vítima do novo paradigma de missões de curto prazo.


A experiência de Alexandre não é única e nem isolada. Infelizmente tem se repetido com inquietante regularidade. Conheço casos extremos como o de um jovem missionário que se converteu ao islamismo e de outro que se suicidou. A questão que se coloca é séria. O Brasil é hoje um dos países que mais envia missionários e as organizações missionárias parecem se inclinar para os projetos de curto prazo. Criou-se a idéia de que missões de curto prazo é o novo paradigma e a solução. Será assim mesmo? Quais as vantagens e desvantagens desse tipo de missões? O que podemos fazer para minimizar os riscos e maximizar as oportunidades?


MISSÕES DE CURTO PRAZO:
A SOLUÇÃO
Os defensores desse tipo de projeto tendem a apresentá-lo como o paradigma que permitirá o alcance do mundo para Jesus. Tirando os exageros próprios dos mais exaltados, a visão de curto prazo tem hoje muitos adeptos e tem sido implementada pela maioria das organizações missionárias. Quando falamos de missões de curto prazo estamos falando de projetos que podem levar de 6 meses a 4 anos. Nesses projetos o missionário se compromete antecipadamente por um período definido e não há a idéia de uma carreira missionária. Pensemos então no potencial de tais projetos e seus pontos positivos:

Compromisso
Na mentalidade pós-moderna é muito difícil se conseguir compromissos de longo prazo. Os jovens querem ter opções, e a idéia entregar a vida inteira a um projeto é algo difícil de ser aceito pela maioria. Com o advento dos projetos de curto prazo foi possível recrutar todo um exercito de jovens que dificilmente aceitariam um desafio de missões para a vida, mas que estão dispostos a dar alguns meses ou mesmo anos de sua vida para a obra de missões. Mesmo as organizações missionárias mais conservadoras se viram na obrigação de abrir projetos desse tipo para não perderem a onda dominante.

 Treinamento

O treinamento e experiência exigidos a um candidato para missões de longo prazo são um obstáculo para os mais apressados. Normalmente se exige curso teológico e algum tipo de prática pastoral. Com os projetos de curto prazo venceu-se essa dificuldade na medida em que as próprias organizações missionárias dão um treinamento aos jovens que em regra não passa de um ano e em alguns passos é de apenas 3 meses. Isso encurtou bastante o tempo entre vocação missionária e envio para o campo permitindo que o vocacionado mantenha o primeiro amor por missões e o sonho de ser benção no campo.

Custo
Um dos maiores atrativos dos projetos de curto prazo é a promessa de menor custo. Uma família missionária custa caro. Só o envio para o campo de 4 ou 5 elementos de uma família com sua bagagem , já representa despesa alta. A imagem do jovem apaixonado por Jesus que vai com a Bíblia na mão e a mochila nas costas, além de aliciar a juventude, agrada a tesouraria das organizações de missões. O custo do envio é menor, a instalação é bem mais barata (afinal só vai ficar um período curto) e o salário é bem mais baixo. Tudo isso é ideal inclusive para as igrejas que apóiam o missionário e podem fazê-lo por menor dinheiro.

Adaptação
Parece ponto pacifico que os jovens se adaptam mais facilmente e mais rapidamente que os adultos às culturas diversas. O jovem desperta menos resistência por parte da população hospedeira. Afinal, é apenas um jovem. Os mais novos rapidamente fazem amizades com os jovens e adolescentes locais através de lazer e da pratica de esportes que são um atrativo forte no mundo quase todo.

Feedback
As informações que retornam do campo missionário com um obreiro de curto prazo são mais rápidas que as de um missionário de carreira. O jovem tem mais tempo livre, tem mais conhecimento e hábito na utilização da tecnologia de comunicação como Internet, skipe, MSN e etc. o que leva a maior fluxo de noticias do campo. Além disso o missionário de curto prazo volta do campo mais cedo e desse modo os enviadores tem mais rapidamente a noção do que foi o trabalho e a experiência no campo missionário.

Tudo isso aliado ao impacto positivo que estes jovens tem normalmente na juventude das igrejas que visitam tornou o projeto de curto prazo quase obrigatório para as organizações que trabalham com missões. Pensando em tantas vantagens podemos nos entusiasmar e entender todo o investimento que esses projetos levantam. Mas a questão permanece. Será este o novo paradigma que vai mudar a história de missões? Para sermos realistas temos que pensar no outro lado da moeda e analisar as dificuldades inerentes aos projetos de curto prazo bem como verificar na prática a veracidade de suas apregoadas vantagens. Já temos tempo suficiente de projetos de curto prazo para entender como funcionam.

MISSÕES DE CURTO PRAZO:
A AVENTURA
Comecemos aqui por definir Missões. Estamos pensando na obra geral de alcançar os perdidos, mas, de modo particular, nas partes do mundo que realmente necessitam  maior investimento missionário, a saber, o mundo muçulmano, hindu e budista onde o evangelho está menos difundido e a carência de pregação é maior.  Muitos projetos de curto prazo visam estas regiões do mundo e temos que pensar nas particularidades de cultura, sociedade e história para entender como o projeto de curto prazo se dará nesse ambiente. Pensaremos também de modo breve nas vantagens apresentadas fazendo uma crítica às suas colocações:

Compromisso

A pouca exigência de compromisso neste tipo de ministério favorece o surgimento de candidatos menos sérios.  Serão jovens com pouco tempo de vida cristã, sem maturidade espiritual.  Alguns se apresentarão por falta de saída profissional ou por incapacidade de entrar em instituições de ensino superior.  Já ouvimos de um candidato: " Deus não me ajudou a passar no vestibular, então deve ser porque quer que eu seja missionário". Muitos desses jovens irão com uma visão romântica de missões, uma percepção errada de que o trabalho missionário é a panacéia dos problemas da humanidade. Outros se apresentarão pelo puro exotismo da coisa, pela proposta de aventura e olharão para o projeto como um possível trampolim para outras paragens. Fica no ar a noção de que, se não der certo, sempre podem mudar de planos, escolher outro campo ou simplesmente voltar ao Brasil.  Essa percepção retira da obra missionária uma de suas mais necessárias virtudes: a perseverança.

Treinamento

Regra geral o treinamento de projetos de curto prazo é bastante limitado sendo intenso demais, pequeno demais e com muita ênfase nos conhecimentos intelectuais e pouco na prática e no caráter. Sabendo das exigências do campo missionário mas tendo pouco tempo para a formação de obreiros, as organizações missionárias investem em cursos de intensidade exagerada, que dão um conteúdo que ultrapassa a capacidade de absorção dos jovens e que negligencia o aspecto espiritual e do caráter do obreiro. Como maturidade não se produz em microondas os resultados são muitas vezes jovens confusos, sem saber bem o que fazer com tanta informação, mas ainda longe da vida espiritual que seria necessária para a atuação no campo. A abordagem necessariamente superficial dos temas passa aos jovens a noção de terem estudado e aprendido muito quando na verdade nem sabem o valor ou a aplicabilidade da maior parte das coisas que ouviram.


Sustento

A questão do sustento menor nestas situações pode se tornar uma falsa vantagem. Por um lado porque pode se chegar a ponto do sustento precário que deixa o obreiro no limiar da necessidade. Por outro lado o engano existe porque os projetos em geral funcionam com grupos e a comparação não pode ser feita entre família missionária e o obreiro de curto prazo, mas entre família missionária e equipe de curto prazo e aí a tal vantagem diminui chegando mesmo a desaparecer. O envio, sustento e manutenção de uma equipe de 3 ou 4 jovens equivale e muitas vezes excede o de uma família missionária na maioria dos casos.


Adaptação

A suposta adaptação fácil dos jovens ao campo missionário é outra falácia da missão de curto prazo. A adaptação que se deseja e que se necessita em missões nunca será de curto prazo.  Quando o missionário vai para outra cultura precisa de tempo para compreender a visão de outra religião, precisa aprender outras línguas e o ministério de curto prazo nega-lhe a possibilidade da adaptação realmente necessária.


Alguns meses ou mesmo 2 anos numa realidade transcultural é manifestamente pouco para quem precisa conhecer a cosmovisão do povo a alcançar. Nesse tempo o missionário só teve oportunidade de avançar um pouco na língua e de conhecer um pouco da cultura em seus aspectos mais superficiais.


O ministério missionário é um ministério de comunicação. A comunicação depende de um conhecimento o mais profundo possível dos interlocutores. Isso requer tempo, um tempo que não se pode apressar. Não é possível correr com o conhecimento de uma cultura, não é possível apressar o estabelecimento de confiança entre pessoas de raças diferentes e costumes por vezes opostos.


Parte significativa do sucesso de um missionário em situação transcultural está no papel que ele consegue ocupar nessa sociedade.  O povo só ouvirá sua palavra quando ele ocupar uma posição que lhe dê status para pregar.  O evangelho pede mudança de vida. Não é qualquer um que tem status para fazer essa reivindicação numa cultura.  Ora, os missionários de curto prazo são jovens, na sua maioria moças, sem formação superior, solteiras e sem filhos e que avisam logo à chegada que vão ficar pouco tempo.  Na maioria dos casos, esses jovens são enviados para culturas que valorizam os idosos, os homens, os casados e com filhos e os que tem boa formação.  Como uma jovem solteira vai obter status para ministrar nesse contexto ainda por cima com o calendário na parede marcando os dias para o regresso à casa?

Não estamos aqui desvalorizando as jovens que se apresentam para missões. Devemos é ser honestos no entendimento de que temos pedido a missionários de curto prazo que façam o que não é possível nesse tipo de ministério.  A adaptação necessária ao alcance de povos distantes culturalmente exige muito mais tempo do que temos dado a esses jovens. Eles merecem mais! Os povos a alcançar precisam de mais!

Feedback
A noção de que os missionários de curto prazo dão maior feedback que os missionários de carreira é também ilusória. É verdade que o de curto prazo mantêm maior contato com as bases até porque não chega a cortar o cordão umbilical. Temos visto jovens que passam o tempo na internet falando com o Brasil e nada tem para falar de seu trabalho porque não sobra tempo para fazê-lo. As noticias e relatórios no curto prazo serão na maioria dos casos superficiais ou então fictícios. O próprio missionário com pouco tempo para conhecer o povo não entende realmente o que está acontecendo e confunde muitas vezes as reações que vê nos evangelizados. Em um caso que conhecemos o jovem missionário escreveu que toda uma aldeia tinha aceitado a Jesus. Quando o obreiro de carreira chegou lá descobriu que o que o povo tinha dito é que concordavam todos com a construção de uma escola na localidade.


Precisamos de retorno dos campos até para poder interceder melhor e de modo especifico. Mas esse retorno tem que vir de missionários maduros que conhecem a realidade onde ministram e realmente alimentam os intercessores com fatos e realidades.


Conclusão
O que desejamos então? Acabar com as missões de curto prazo? O que estamos dizendo? Que todos esses obreiros tem sido um fiasco? Que seu trabalho não tem valor em missões? Evidentemente que não! O Senhor na sua misericórdia nos usa apesar de nossas limitações e faz maravilhas onde lhe apraz. ELE não se limita a nossas premissas e idéias. Dá-nos no entanto a capacidade para usar o raciocínio da melhor maneira. Deixamos então algumas sugestões para um melhor uso das missões de curto prazo:


Melhor Seleção
Devemos escolher melhor o candidato a missões. Valorizar a vocação missionária séria e aqueles que mostram disponibilidade para o trabalho local. Jovens entusiastas, mas que nada fazem em suas igrejas, já dão sinais de problemas no futuro. Devemos aproveitar todos esses voluntários que aparecem mas entender que nem todos estão em condições de ir para campos transculturais. Maturidade espiritual não se desenvolve à pressa. Uma seleção mais cuidadosa poderá poupar as missões, o campo e os próprios indivíduos de experiências traumáticas e que por vezes inutilizam um jovem com real potencial.


Melhor Treinamento
Temos que reconhecer que 6 meses a 1 ano de treinamento é muito pouco para jovens seguindo para ministração transcultural.  É nosso dever dar a esses jovens maiores bases, mais tempo para amadurecer os conceitos e aprender as bases da missão.  Precisamos inclusive de mais tempo para que a verdade sobre caráter e vida espiritual venha à tona. Um treinamento mais tranquilo e mais voltado para a vida com Deus nos dará obreiros mais preparados e menos susceptíveis.


Melhor Sustento
Não é por serem jovens e porque ficarão pouco tempo, que qualquer coisa serve. Os missionários precisam de condições para atuar e para manter a sua vida num nível aceitável. Grandes cortes orçamentais agradam os que fazem balancetes, mas prejudicam, por vezes, até a sobrevivência no campo e deixam o obreiro com gosto amargo na boca. Digno é o obreiro de um salário decente para viver sem a ansiedade do fim do mês.


Melhor Apoio
Missionários de curto prazo como todos os outros necessitam de apoio espiritual e pastoreio. Temos errado ao julgar que a oração de dedicação de vidas para o campo confere aos obreiros poderes sobrenaturais. Isso não é verdade. Missionário é gente, também sofre, também sente saudade, também chora, e erra e também desanima. Jovens em ministérios de curto prazo necessitam de pastoreio, de apoio em oração e de conversa. O contato com obreiros de mais experiência pode ser benção e pode evitar muitas crises maiores. Apoiemos nossos jovens e teremos menos dores de cabeça e mais gente sendo abençoada.


Maximização de esforços
Se o ministério transcultural exige trabalho de longo prazo e os ministérios de curto prazo não o podem dar, qual a solução? Formar equipes onde os obreiros de prazo limitado servem ao lado de missionários de carreira. Desse modo os resultados não se perdem, o trabalho tem continuidade e os mais jovens recebem e dão apoio aos mais experientes. Colocar obreiros de curto prazo em campos pioneiros trará muito mais dificuldades. Colocá-los junto a equipes de longo prazo vai maximizar esforços e resultados.


Há lugar para vários tipos de ministérios em missões assim como há lugar para vários tipos de dons e ministérios na igreja. Não foi nosso desejo neste artigo desvalorizar o trabalho de ninguém, apenas falar a verdade e recordar algumas situações que tem se repetido sem necessidade. Longe de desonrar aqueles que tem se apresentado para ministérios de curto prazo, nosso objetivo é protegê-los ajudá-los, dar-lhes condições para serem realmente benção. Vamos usar os recursos humanos que missões tem recebido, mas vamos usá-los da melhor maneira, de um modo sábio e proveitoso e para a Glória de Deus.

Voltar

O Marketing de Jesus!

A Propaganda é a alma da Igreja?

"A Publicidade é a Alma do negócio", parece ser uma das máximas que domina hoje o meio evangélico. Num mundo que vive de intenso consumismo, as igrejas tem bebido com sofreguidão na fonte das ciências sociais na busca de sucesso (leia-se templos superlotados e receitas altas). Imbuídos desse espírito de concorrência, os ministérios recorrem ao marketing com freqüência cada vez maior a fim de "bombar".
Os líderes evangélicos modernos têm que ser mestres na arte da comunicação de massa conhecendo bem os princípios psicológicos e sociais de manipulação de multidões.

Parece que o objetivo é ser cada vez mais conhecido, mais convidado e com cachê mais alto. Bandas, cantores e pastores vão cobrando cada vez mais para "abençoar" o povo de Deus. E esse caminho tem realmente produzido mega igrejas. Será esse o rumo certo? O que diria Jesus disso tudo? Quais os princípios de marketing que Jesus seguia? Há quem queira nos convencer que Jesus era um líder no estilo moderno já no primeiro século. É isso que os evangelhos mostram?

Meditemos em alguns dos princípios de marketing à luz do ministério de Cristo:

1) A propaganda é a alma do negócio.
Afinal de que serve ter um bom produto se as pessoas não o compram? E só o comprarão se houver uma publicidade adequada. Não interessa se nesse afã de vender exagerarmos um pouco. Afinal ninguém presta muita atenção ao que se diz nas propagandas. O importante é "passar a mensagem", ganhar o cliente. A Igreja tem embarcado nessa onda e muitos ministérios tem orçamentos espantosos só para a propaganda.

Jesus nos aparece nos evangelhos bastante avesso à publicidade. Ele censurou os fariseus exatamente porque eram os mestres do marketing de seu tempo. Na cabeça do fariseu a questão era: de que serve ser piedoso se ninguém vê? Eles teriam amado a Internet... Jesus orientava o contrário e insistia para que se fizessem devoções em particular e mesmo atrás de portas fechadas (Mateus 6:5). Vários milagres mais marcantes de Jesus foram feitos da forma mais discreta possível. Ele tirou o cego de Betsaida do meio do povo (Marcos 8:23), tirou o mudo e gago da multidão (Mateus 7:33). Curou o cego de nascença só diante dos discípulos (João 9) e ressuscitou a filha de Jairo com o menor auditório possível (Marcos 7:37 a 40). Jesus se transfigurou no monte e só Pedro, Tiago e João o viram e ele ainda insistiu para que não contassem a ninguém (Mateus 17:1 a 9). Até os espíritos maus que queriam anunciar sua soberania eram repreendidos por Jesus (Lucas 4:41).

Essas e outras ocasiões teriam sido ideais para fazer publicidade. Os irmãos de Jesus discutiram com ele exatamente porque não fazia mais milagres em Jerusalém. Mas não era esse o método de Cristo e se sua fama se espalhou pelo mundo não foi porque fizesse da publicidade a alma de seu negócio ou ministério.

Há lugar para a publicidade na igreja. Mas esse deve ser um lugar subalterno e controlado. Fazer da propaganda o segredo do sucesso é armadilha mundana que devemos evitar. O principio de Jesus é o de trabalhar para Deus e este que vê tudo em todo lugar e em todo tempo. Para receber o galardão do pai não precisamos publicar nossas atividades na Internet.

2) O visual é Fundamental
O líder moderno gasta muito com seu visual. Há hoje especialistas que  trabalham na elaboração da imagem das personalidades públicas. Há que vestir de certo modo, ter o carro de tal marca, morar em tal bairro, usar este e aquele produto, etc. Infelizmente já vemos muitos líderes evangélicos copiando o mundo nisso também. Até parece que é um terno de marca ou um carro de tal empresa que vai mudar o ministério. A procura fútil por visuais que ajudem mostra falta de conteúdo e evidencia vaidades mal controladas.

Jesus era um judeu em meio a judeus. Não tinha casa própria, não tinha vistosidade e já Isaías profetizara que el não chamaria a atenção pelo visual (Isaías 53:2 e 3). Cristo chamou a atenção de seus discípulos para isso quando os instruiu a não buscarem títulos (Mateus 23:8 a 10). O Senhor não queria nem que os discípulos assumissem títulos relativamente simples como mestre ou pai. Como se sentiria nosso salvador diante da onda atual de bispos e apóstolos?

O ensino bíblico sobre o visual dos profetas nos mostra que os servos de Deus vestiam de modo simples (Isaías 20:2). A moderação é o mote a a contextualização o principio. O servo de Deus não deve se vestir de modo a usar o visual para impressionar ou se distinguir. O que o eleva no meio do povo deve ser seu caráter e vida, seu serviço e humildade. O visual não é fundamental.

3) Não desperdice os grandes momentos
O momento pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Essa é uma lei da liderança moderna que coloca o peso dos resultados sobre o bom ou mau aproveitamento de momentos que são pouco definidos mas considerados fundamentais. Há que criar o momento e há que aproveitar o momento. Esta visão tem algo de verdade no sentido em que há que fazer a coisa certa na hora certa. Mas seu risco é colocar peso demais em momentos, que como todos sabem, são passageiros.

Jesus foi perito em desperdiçar aquilo que os lideres modernos chamariam de grandes momentos. Dois dos mais significativos foram a multiplicação dos pães e a entrada triunfal. No primeiro o povo queria fazer dele Rei. Era o momento. O auge de seu ministério. As multidões estavam com Ele. Mas Jesus praticamente foge do povo e se isola para orar (João 6:14 e 15). O Mestre sabia que simplesmente não dá para confiar nas multidões. A reação do momento não representa, 99,9% das vezes, a verdade do coração.

Na outra ocasião Jesus foi aclamado pela multidão. Jerusalém estava repleta de gente que aceitaria prontamente sua liderança. Os discípulos pareciam esperar que isso acontecesse (Mateus 20:21) os fariseus estavam pressionados pelo apoio que Jesus obtinha do povo. Era o momento. Mas Jesus fura o balão com a expulsão dos vendedores no templo e a retirada para Betânia (Mateus 21:17). Analistas modernos diriam que perdeu o momento.Em outras ocasiões também o Mestre agiu assim quando rejeitou o moço rico e antagonizou Nicodemos (que belas aquisições eles seriam) e quando se indispôs com o fariseu rico que o recebia em casa (Lucas 7:36 a 50). Jesus nào se preocupava nada com a aprovação popular.

Devemos cuidar para não manipular situações e para não sermos encontrados tirando partido da sensibilidade do povo que confia em nosso ministério. Usar momentos para crescer é arriscado. Nós lidamos com a eternidade e com o Espírito o que exige bem mais que meros momentos mesmo que especiais.

4) Grandes Eventos, Grande Sucesso
As coisas se medem matematicamente. Quantas pessoas estavam no culto? Quanto se arrecadou? Quantos por cento crescemos neste ano? Reuniões de multidões atraem multidões. As multidões não tem alma e nem espírito, apenas impulso e por vezes histeria. O mundo vive de eventos e a igreja quer seguir seus passos. Conta mais a igreja que junta mais gente. Toda uma lista de estrelas está pronta a participar de seu evento mediante o pagamento de uma quantia certa. Mas muitas dessas "estrelas"evangélicas já lhe perguntarão quantos membros tem sua igreja porque não se deslocam a igrejas menores. Muitos pastores têm acreditado que o que falta em seus ministérios é a capacidade de produzirem eventos. Culpam essa falta de recursos pela falta de crescimento da igreja. Acabam investindo na contratação de "nomes" para poder competir com a igreja mais próxima que tem cultos mais mediáticos.

Jesus viveu boa parte de seu ministério cercado de multidões mas não protagonizou nenhum evento. Aquelas ocasiões que poderiam ter sido eventos (como a transfiguração ou a entrada triunfal) ou aconteceram por acaso ou então foram presenciadas por um grupo bem pequeno porque Jesus não confiava em manifestações.
Há apenas um momento da vida e ministério de Jesus que se encaixa na definição moderna de evento. Foi planejado com bastante antecipação, foi anunciado com freqüência, foi protagonizado como previsto diante de uma grande multidão e teve grande impacto. Esse "evento" foi a crucificação. Não me parece que seja o tipo de evento que interessa os lideres modernos.

Eventos podem ter seu lugar e utilidade. Não podemos é viver deles. Podem ser benção no sentido do despertamento, mas raramente mudam vidas. Vidas são feitas de princípios e hábitos e nem um nem outro mudam do dia para a noite mas através de um processo em geral demorado e doloroso que exige disciplina. O evento pode catalizar o inicio da mudança e nesse sentido pode ser valioso. Ministérios que vivem de eventos não geram discípulos de Jesus e sim dependentes psicológicos desses eventos. Não é isso que queremos se temos por objetivo seguir os ensinamentos de Cristo. Igrejas não crescem solidamente com base em acontecimentos pontuais. Criemos e usemos eventos na sua utilização correta e eles poderão até ser benção.

5) Apareça sempre no seu Melhor
Este princípio está ligado ao do visual e diz que devemos sempre mostrar em público o nosso melhor.
O líder moderno não mostra fraqueza. Ele é perito em esconder defeitos, poupar-se diante do público e só apresentar sua face mais positiva. Mesmo os momentos mais "sinceros" ou "familiares" dos famosos são, na verdade, representações muito bem orquestradas. Não dá para aparecer sem maquiagem. Não dá para baixar a guarda.  Mostre sempre seu lado brilhante. E novamente verificamos que lideranças evangélicas incorporam um princípio do mundo. Temos lideres que parecem grandes atores com representações bem ensaiadas e até uma vida familiar orquestrada.  Mas será que o povo não vê a diferença? Será que a igreja não percebe as coisas na hora da verdade?

Jesus tinha o persistente hábito de ser autêntico onde quer e com quem quer que estivesse. Isso implicava em fugir de representações e negar orquestrações. Ele agia não para agradar ou mostrar a face que os outros mais apreciariam, mas de acordo com a verdade e a vontade do Pai. Sendo assim nós o vemos em vários momentos que poderiam ser considerados menos bons. Ele expulsou os vendedores do templo nem ataque de ira justificada (Mateus 21: 12 e 13 e João 2: 13 a 16) e repreendeu os principais lideres do povo publicamente em clara demonstração de desgosto com eles (Mateus 23). Jesus repreendeu seus discípulos mais de uma vez e duramente bem como pregou sermões que ninguém queria ouvir (João 6:60) e quando muitos o deixaram ao ver essa faceta menos agradável ao publico Ele não se incomodou e até convidou os poucos restantes a se retirarem (João 6:67).

A representação não cai bem na vida dos servos de Deus. O que se pede de nós não é que sempre agrademos mas que sejamos sempre fiéis e autênticos. Líderes que só mostram seu melhor podem encantar e até encher auditórios, mas dificilmente poderão ajudar na hora das dificuldades. Dificilmente chorarão com os que choram ou terão tempo para acompanhar as ovelhas nas horas de mais luta e tribulação.

O homem de Deus não se preocupa em mostrar-se 
sempre no seu melhor,
mas em viver de tal maneira que agrade a Deus!

ENTRE O "SE" E O "QUANDO"

Crônica do Doente que Jesus Não Curou!

Manaim mancava...mancava muito, desde pequeno, e isso sempre o definira. Quando criança havia sido o garoto que não participava das brincadeiras realmente interessantes. Quando jovem, era o moço que não atraía as jovens casadoiras. Como adulto, era o aleijado da aldeia, ao mesmo tempo foco de alguma misericórdia e muito desprezo.
Manaim ouvira falar de Jesus. Um profeta milagreiro, de Nazaré, que andava pela região e curava todo tipo de enfermidade. Um amigo chegou a lhe dizer que deveria tentar sua sorte com Jesus, mas ele não era do tipo afoito. Seu defeito físico o tornara introvertido e medroso. Detestava multidões, porque despertavam nele todos aqueles sentimentos de rejeição que tanto o magoavam, e Jesus vivia cercado de multidões.

Manaim pensava muito no encontro com o rabi Galileu: “Se eu fosse até Jesus, é provável que me curasse..; se eu tivesse quem me levasse até ele, alguém que me apresentasse, afinal não posso simplesmente ir chegando....Ah, se eu tivesse a certeza de que me atenderia, afinal ele vive cheio de trabalho... se tivesse a certeza de que poderia me curar...acho mesmo que nunca curou ninguém com esse tipo de defeito. Se eu conseguisse apanhá-lo um momento sozinho.

E pensando assim Manaim esperava e adiava: “Quando tiver mais tempo irei procurá-lo; quando ele passar por aqui certamente irei vê-lo; quando tiver tratado de arrumar a casa irei convidá-lo; quando puder andar um pouco menos inclinado eu o encontrarei; quando....se...”


Assim andou durante anos até que ouviu que Jesus fora morto e mais ainda, ele ressuscitara! Mas já não andava neste mundo. Milhares foram curados por Jesus. Milhares tinham visto e recebido dele a solução para suas vidas, mas Manaim nada recebeu. Ele ficara preso entre o “se” e o “quando”.


Este lugar (entre o se e o quando) é mais comum do que pensamos. Multidões freqüentam-no e muitos vivem nele constantemente. Como Manaim, deixam de ser, de fazer, de obter e até mesmo de tentar. São as duas posições que representam a hesitação humana da pior maneira.


1) O “SE”


O Se representa o senso de incapacidade. Se ao menos...se eu fosse...se eu pudesse...se eu tivesse... E a marca dominante desta condicional é o medo de errar, de não ser capaz, de não ser aceito, de sofrer rejeição. Num certo sentido, todos nós vivemos esses “ses” em um ou outro momento de nossas vidas, mas viver nessa eterna condicional é abrir mão de tentar, mesmo porque, no final, também temos o direito de errar.


O senso de incapacidade pode ser debilitante e paralisador. Aquele que vive no “se” descobre um dia que não viveu, por puro medo, por pura tolice, por não ter sido capaz de ousar o mínimo.


2) O “QUANDO”

O Quando é irmão do Se.  Trata-se do adiamento justificado que, por ser sistemático, resulta igualmente em abdicação da vida. O Quando é a espera danosa pelas condições supostamente ideais que, na verdade, nunca vão acontecer nem aparecer, porque, nesta vida, nada é perfeito, e o ideal é apenas sonhado, mas não concretizado. A não ser em raros momentos de bênção divina ou pura epifania.


O adiamento constante tem sido o alicerce do extremismo. Muito do que os extremistas conseguem, se deve à hesitação dos moderados. Quando aqueles que podem fazer a diferença ficam esperando o momento perfeito para agir, o extremista entra em ação e ganha o dia! Ronald Macmilan escreveu que “os extremistas florescem onde os moderados fracassam.”

Na graça de Deus podemos e devemos sair desse território ingrato e estéril entre o se e o quando. Incapacidades todos têm! É fruto do pecado, mas perdoados pelo sangue de Jesus podemos crescer na virtude do Espírito e deixar as incapacidades naturais de lado. Moisés e Paulo, os expoentes do antigo e novo testamento tiveram suas incapacidades, mas descobriram a força maravilhosa da Graça, saindo do “se” e fazendo diferença!


Na visão da obra de Deus vencemos o adiamento. Nossa agenda não deve ser ditada pelos espaços em branco, pelos dias ocupados ou capacidades acumuladas, mas de acordo com a orientação do Senhor. Nossa agenda deve ser a do Espírito e Quando Ele diz , nós obedecemos, quer sejam as condições ideais ou não.


     “Quem olha o vento nunca semeará e
       quem olha as nuvens nunca segará”
               Eclesiastes 11:4.
Related Posts with Thumbnails

Manual do Corão - Como se formou a Religião Islâmica

Como entender o livro sagrado do Islão?  Origem dos costumes e tradições islâmicas. O que o Corão fala sobre os Cristãos?  Quais são os nomes de Deus? Estudo comparativo entre textos da bíblia e do Corão.  Este manual tem servido de apoio e inspiração para muitos que desejam compreender melhor o Islão e entender a cosmovisão muçulmana. LER MAIS

SONHO DE DEMBA (VERSÃO REVISADA)

Agora podes fazer o download do Conto Africano, com versão revisada pelo autor.
Edição com Letra Gigante para facilitar a leitura do E-Book. http://www.scribd.com/joed_venturini