Testemunhar: Chamado Universal dos Crentes

EU SOU UMA TESTEMUNHA?


Luís estava tranquilamente sentado na padaria da esquina tomando seu café da manhã quando tudo aconteceu. Bem ali na sua frente, em pleno cruzamento, um carro prata ultrapassou o sinal vermelho e bateu violentamente no lado de uma van cheia de crianças que seguiam para as aulas num colégio próximo.

A confusão foi grande. Policia, ambulância, gente gritando, sangue e ansiedade. No fim, os agentes precisavam de testemunhas. Quem tinha visto tudo? Quem podia atestar da verdade dos fatos? Quem podia por fim à discussão entre o motorista do carro e o da van? Ambos se pronunciavam inocentes. Quem estava com a verdade? Só uma testemunha poderia resolver a questão. Era dever do Luís falar. Ele vira tudo. Conhecia a verdade. Não podia se calar.

Creio que todos concordarão que Luís tem a obrigação de testemunhar. Quem conhece a verdade não deve se calar diante da necessidade de falar. Mas essa não é uma questão que podemos encarar como se não tivesse nada a ver conosco. Somos chamados diretamente a fazer exatamente isso: testemunhar. A obra de Jesus foi completa. Foi uma obra perfeita. Ele ganhou a salvação para todos os que crêem. Isso não quer dizer que todos estão salvos. Deus deseja a salvação de todos, mas para que o homem seja salvo, ele precisa ouvir do caminho da salvação e decidir tomá-lo. Por isso Jesus nos deixou uma responsabilidade.

Testemunhando: Atos 1:8 nos diz que devemos ser testemunhas. O momento era solene em extremo. Jesus faz uma segunda despedida de seus discípulos em pouco menos de dois meses. Na primeira despedida ele ia para a Cruz e sabia que logo os tornaria a ver e a ser visto. Agora não. Sua obra está terminada e Ele sobe ao céu de onde só descerá na sua vinda gloriosa para reinar. Ele sabia que os discípulos nunca mais o veriam face a face. Havia uma forte tensão no ar. Os apóstolos e demais seguidores podiam perceber que algo de muito especial e definitivo iria acontecer.

 Ao contrário da primeira despedida, desta vez não há a sensação de medo e de morte iminente. Há paz e segurança total nas palavras de Jesus e nos corações dos discípulos também. Ele então declara a missão dos seus seguidores. Era simultaneamente muito difícil e muito fácil. Teriam que alcançar o mundo todo (Mateus 28:19). Isso era quase impossível. Mas teriam que alcançar as etnias apenas sendo testemunhas. Teriam que falar do que tinham visto e ouvido. Isso era fácil. Muito fácil mesmo porque o coração não podia deixar de falar do que tinham visto. A imagem da testemunha usada por Jesus nos remete a um tribunal. Imaginemos então as várias figuras que aparecem num tribunal. Pensemos nos elementos de um julgamento e vejamos o que nos compete e o que não nos compete fazer por Jesus.

1) Não somos os réus (Romanos 8:1).

Em qualquer julgamento há um réu que é acusado. A posição do réu é a pior em todo o tribunal. Sua vida está pendurada por um fio. Ali se determinará sua culpa ou inocência e também se saberá sua punição, caso seja achado culpado. Não há nada mais desagradável do que se achar no banco dos réus.
A Bíblia diz que o salário do pecado é a morte. Somos pecadores, logo merecedores do castigo.

Diante de um tribunal justo e que olhe bem as evidências, não há alternativa para nós. Somos culpados de desobedecer a lei de Deus e de ir contra sua santa vontade. A sentença já está também estabelecida pela palavra – a morte. Separação de Deus nesta vida e morte eterna uma vez saindo deste mundo.
Mas, em Cristo fomos declarados justos. Já não há condenação para nós. Isso significa que não devemos ficar aceitando as investidas acusadoras do inimigo.

O Crente que vive em pecado nega ação do Espírito Santo (I João 3:6). O pecado ainda nos ataca e por vezes caímos, mas nesse caso devemos confessar e abandonar o erro como a palavra nos ensina. Ele é fiel para nos purificar de todo pecado (I João 1:7). Não aceitemos então as acusações do inimigo. Por outro lado, eu sei o que é ser réu, estar condenado e experimentar a libertação e é exatamente isso que me torna uma testemunha tão importante.

2) Não somos Promotores (Efésios 4:29, 31 e 32).

Em todo julgamento há um promotor cuja função é acusar o réu. Seu trabalho é provar a iniquidade do réu de modo a obter a condenação. Sua função é denegrir a imagem do acusado até o ponto de não restar dúvidas quanto à sua culpa. O trabalho do promotor ou advogado de acusação é colocar o réu o mais baixo que puder. Seu trabalho é vasculhar a vida do acusado e encontrar tudo que possa ser usado contra ele para garantir a sua condenação.
Essa função, na vida espiritual, é o trabalho do inimigo (Apocalipse 12:10). Ele é o acusador, o promotor. Ele acusou Jó diante de Deus (Jó 1: 9 a 11; 2: 4 e 5) e o Sumo Sacerdote Josué (Zacarias 3:1). O inimigo gosta de denegrir e mostrar o mau nos corações. Esse é seu trabalho. Ele visa rebaixar o homem ao ponto mais vil que puder.

Os crentes em Jesus não devem se juntar ao inimigo. Nossa função não é condenar, acusar, falar mal, criticar com severidade e maldizer. Cada vez que entramos nesse caminho, nos juntamos a satanás e suas hostes. Devemos procurar a sabedoria de Deus para abençoar e não maldizer. Deveríamos evitar ficar concordando com o maligno e denegrindo nosso país, nossa política, nossos amigos ou familiares. Isso não é fuga, não é negar a verdade. É apenas o reconhecimento que falar mal não pertence ao ministério de Deus. O inimigo gosta do crente que entra nesse caminho, pois se sente à vontade com ele. Lembremos que nas listas de dons que vem no Novo Testamento nunca encontramos um dom de crítica. Muitas vezes a chamada crítica construtiva é apenas uma maneira velada de falar mal. Nós não somos acusadores, mas abençoadores. Lembremos disso e mantenhamos nossos lábios santificados.

3) Não somos Advogados de Defesa (I João 2:1).

A figura do advogado é central num julgamento. Ele é o contraponto do promotor. Nos filmes ele é normalmente o mocinho, o bom da fita. Seu papel é o de defender o réu, desculpá-lo, dar motivos para suas atitudes que minimizem um possível erro. Ele quer que todos vejam o réu como inocente e essa será sua vitória. A especialidade do advogado é arranjar álibis e outras desculpas para o envolvimento de seu cliente, o réu. Muitas vezes ele é mesmo chamado a defender criminosos e o faz com vigor porque é seu trabalho.

Nós não somos chamados a acusar, mas também não somos chamados a defender. Não é nossa função passar a mão na cabeça do pecador e desculpá-lo ou lhe dar razões para acalmar a consciência que tantas vezes o perturba. Por vezes, o crente em sua vontade de ajudar alguém acaba minimizando seu pecado e procurando mostrar ao pecador que ele não é tão mal assim. Essa, porém não é nossa função.

Na verdade, o Espírito Santo convence o mundo do pecado (João 16:8). Quando isso acontece não devemos ser obstáculo. Não somos chamados a denegrir pessoas mas a reconhecer o pecado como errado e a reconhecer também a necessidade suprema do arrependimento (Atos 2:38). Sem arrependimento não há salvação. Lembremos disso e não desculpemos nossos amigos. Se eles forem tocados pelo Espírito para sentir seus pecados, nosso dever é mostrar a Eles Jesus o único advogado que pode defender porque Ele o faz baseado em seu próprio sacrifício. Jesus não desculpou nossos pecados. Ele os levou na cruz e desse modo pode defender os pecadores que crêem e aceitam sua obra.

4) Não somos Juízes (Mateus 7:1; Tiago 4:12)

Todo tribunal tem um juiz. A palavra final é dele. Ele julga os argumentos dos promotores e advogados e no fim decide quem é culpado. Ele avalia, analisa e passa a sentença. De modo geral o Juiz é a personagem central e mais importante do tribunal. Nele reside autoridade e a sabedoria. Normalmente chegou a esse posto depois de muitos anos de trabalho e por ser reconhecido como alguém capaz em sua área.
O Juiz deste mundo espiritual é Deus. Porque? Porque apenas Ele é justo e santo. Só Ele pode julgar. Só Deus conhece todas as coisas e circunstâncias e por isso só Ele pode tomar uma decisão justa baseada em toda a informação. Muitos processos humanos falham exatamente porque os juizes não têm conhecimento de todos os fatos e esse é o principal argumento contra a pena de morte. Só Deus pode julgar porque Ele é o único que sabe de todos os fatos sem falha.

Nós não somos juízes. Não fomos chamados a passar julgamento. Julgar é muito perigoso, pois sempre traz consigo um forte elemento de orgulho e hipocrisia. Orgulho por se achar superior, hipocrisia porque na grande maioria dos casos somos culpados do mesmo erro. Nesse sentido é bom relermos o que Jesus ensinou em Mateus 7:1 a 6. O Mestre é bem claro ao condenar o julgamento precipitado e hipócrita. De referir também o verso 6 normalmente mal interpretado. Jesus não está nos dizendo que podemos chamar alguns de cães ou porcos. Ele acabara de dizer para não julgarmos. O que o Mestre ensina é exatamente o cuidado e o respeito pelos demais. Cães e Porcos tem suas necessidades e não vale a pena alimentá-los com pérolas que eles não vão poder aproveitar. Dê a eles o que podem usar.

5) Somos Testemunhas (Atos1:8)

Nossa função é então a de testemunhas.Ela relata o que viu o mais fielmente possível. O que se pede de uma testemunha é que tenha presenciado aquilo sobre o que o tribunal está deliberando e que seja fiel e verdadeira em suas palavras. A testemunha não precisa ser perita nem estudada. Não precisa der bonita ou intelectual. O que a torna uma boa testemunha é ter visto de primeira mão e ser verdadeira em seu relato.
A Testemunha só pode falar do que experimentou e por isso mesmo Jesus só apelou a seus discípulos para que fossem testemunhas. Só eles tinham visto e ouvido Jesus. Só eles podiam falar. Nós temos experimentado Deus em nossas vidas? Ele fez diferença em nós? Então é disso que somos chamados a falar. Um testemunho fiel vale mais que mil discursos de teologia. Na teologia se fala de Deus em teoria. No testemunho se fala de Deus em prática. O Teólogo sabe falar sobre Deus, a testemunha fala com Deus e por isso pode falar a outros dEle.

Conclusão:
Cada um de nós é o maior perito mundial num tema – nosso testemunho pessoal. Meu conhecimento pode ser ultrapassado. Meus argumentos podem ser rejeitados. Minhas idéias podem ser até ridicularizadas. Mas meu testemunho é vida. Podem até não aceitar, mas não podem negá-lo. Jesus me chamou a falar daquilo que Ele é e faz por mim. Essa é a mais poderosa verdade. A verdade viva de Deus agindo na minha vida, nas nossas vidas. Sejamos testemunhas e deixemos que o Espírito Santo faça a obra.

Um comentário:

Unknown disse...

Foi bom encontrar o blog. Esse deve ser o início de muitos outros bons artigos. Continue. Deus o abençoe!
Ezequiel Mangueira - Rio/RJ.

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