Quando as
dificuldades chegam (e elas parecem sempre chegar) há em geral duas maneiras de
reagir: negação e depressão. Ambas são erradas. Ambas prejudiciais. Ambas
ineficazes para lidar com os problemas, mas ambas comuns à experiência humana.
Negação é o ato de deixar de olhar para o que esta diante dos olhos. Depressão,
por usa vez, é o ato de não conseguir olhar além do que está diante dos olhos.
O que nega faz de conta que não vê, acha que se não reconhecer a crise talvez
ela vá embora. O deprimido só vê a dificuldade e em seu entendimento é tudo que
há e nada jamais haverá além disso. Os que negam precisam de ajuda para ver a
realidade e saber que fugir dela não a muda, não a faz menos real e certamente
não a transforma. Os deprimidos precisam ajuda para ver além de dificuldade e
descobrir que há vida, há mais que aquilo que os cerca nesse momento mal. E
para isso o que temos? A Palavra!
Palavras?
Será a pergunta incrédula de muitos. Precisamos muito mais que palavras para
vencer crises. Pode ser que sim, mas o que mais precisamos é de palavras e
antes de termos as palavras certas não iremos a lado nenhum. Isso porque não
está a se falar de quaisquer palavras. Não são palavras vazias, humanas,
lançadas ao vento a ver se alguma resulta ou ajuda. Não são as palavras ocas e
sem conteúdo que costumam encher nossos dias. São palavras de Vida. É a Palavra
da Vida, vinda daquele que criou todas as coisas.
No princípio,
antes de Deus criar o Universo, era tudo caos e confusão. Não havia organização,
nem sentido, nem vida, nem sequer luz. Deus então falou! Sua Palavra criou
todas as coisas. Criou a organização incrível que vemos no mundo. Criou as leis
magníficas que regem a natureza e a física e a matemática. Criou a luz, o
tempo, o nosso mundo e suas estações e criou a vida e o homem. E tendo criado o
homem á sua semelhança Deus lhe deu o dom da palavra e a capacidade para
entender que pela palavra pode também viver ou morrer, criar ou destruir, fazer
ou desfazer.
Ezequiel
37:1 a 14 deve ser um dos textos mais significativos sobre o poder da palavra.
O profeta tem a visão terrível e assustadora de um vale seco cheio de ossos
esturricados pelo sol. Ali não há vida, só devastação. Haveria alguma
perspectiva ali? Humanamente não. Tudo estava perdido, morto, seco, acabado. O
Senhor pergunta ao profeta: há algo a fazer aqui? E este sabiamente responde:
Tu sabes Senhor. E então vem a ordem: Fala, profetiza. Repete as palavras de
vida que te dou e verás o que acontece. E Ezequiel obedeceu. Ele não podia
antecipar o que viria. O texto nem sequer diz que ele cria que seria possível
acontecer algo. Mas viu os ossos se juntarem, a carne voltar, os corpos se
formarem e então novamente a questão: e agora? Agora que voltaram a ser corpos
inteiros poderão viver? E a resposta foi novamente: fala, profetiza. E Ezequiel
viu então o ES de Deus encher aqueles corpos de vida e os transformar num
exército poderoso.
A isso somos
chamados. A um mundo mal, perdido e desorientado, caído em decadência moral e
desordem espiritual, ao homem desobediente e pecador, ao que nega e ao
deprimido, somos chamados a falar. Profetizar as palavras do Senhor. Deixar que
essa palavra entre em vidas, famílias, comunidades e as renove. Traga de volta
o que ser perdeu. Junte o que estava separado, revista o que ficou sem conteúdo
e encha de vida e espírito o que se julgava sem força ou alento.
Sem a
Palavra ficamos sem fundamento, sem base ou direção. Sem a Palavra fazemos de
Deus algo pequeno e humano. Algo que podemos manipular e controlar. Algo que
podemos carregar e descartar. Algo vazio como nosso coração sem a Palavra. É a
Palavra do Senhor que nos mostra quem é o Deus verdadeiro. Que nos chama a
responder em humildade e contrição, em obediência e alegria. É a Palavra que
nos coloca no caminho certo para a vida abundante.
A Palavra
que veio e se fez carne em Jesus, essa palavra encarnada na cruz mostrando o
amor do Pai, é essa que somos chamados a falar. Porque a fé vem por ouvir a
Palavra, a Palavra de Deus. E é nessa Palavra que conhecemos a verdade que nos
liberta. A Palavra traz a voz de Deus, aplica a presença de Deus, dá-nos
condições de responder a vontade de Deus.
Ora a
Palavra é mais que palavras exatamente porque não somos chamados apenas a
ouvi-la, lê-la, decora-la ou recita-la, mas a viver por ela e então, ela se
torna vida, ela enche a nossa vida, ela nos mostra a vida, nos leva a vida, se
torna a vida que deveríamos ter vivido desde o começo. O maior problema que
temos não é, então, a falta de vida ou de palavra, mas a simples, e na maioria
das vezes, inexplicável, maneira pela qual conhecemos a Palavra, mas não a
vivemos. Vejamos algumas dessas:
A Palavra
diz: Pedi e dar-se-vos-á (Mateus 7: 7). E nós? Não pedimos. O principal empecilho
as nossas orações é o simples fato de que não oramos. Não é que oramos pouco,
ou mesmo que oramos erradamente (o que também fazemos), mas simplesmente que
não oramos. Em seu discurso final com os discípulos Jesus insistiu nisso. Em 3 capítulos
(João 14 a 16) ele repete 6 vezes essa questão. Pedi em meu nome... e
recebereis. Quando é que vamos começar a usar a Palavra? Quando é que vamos
começar a pratica-la? Quando é que a igreja vai despertar e orar?
A Palavra
diz que o Senhor deseja nos dar sustento e nada nos faltará (Malaquias 3:10).
Mas a promessa vinha com a condicional de sermos fiéis no dízimo. Então o
Senhor repreenderia o devorador (Malaquias 3:11). E nós? Deixamos o devorador a
vontade. Já reparou que o dinheiro não chega ao fim do mês. Já notou que mesmo
quando recebe mais parece que dinheiro desaparece por entre os dedos? Há sempre
um imprevisto e lá se vai a reserva. Sabe o que se passa? Não estamos cumprindo
a Palavra e obedecendo ao Senhor. Guardamos o que é dEle é o devorador faz a
festa. Que fechar a boca do maldito? Então ponha a palavra em prática e seja
fiel.
A Palavra
diz que a Paz deveria ser o juiz em nossos corações (Colossenses 3.15). E nós?
Mantemos raiva, ressentimento e zanga para com meio mundo. Sabe quantos crentes
zangados há no mundo? Infelizmente milhões. E não sabem porque o louvor não
parece soar bem, não entendem porque a adoração não flui e não sentem o Senhor,
não percebem porque não se dão bem com ninguém na igreja e só encontram
defeitos. A paz que deveria dominar nem sequer está presente. Ora, se queremos
ter a plenitude do Espírito que o Senhor promete então devemos ouvir sua Palavra e
começar a praticá-la. São muito mais que palavras e podem nos levar a vencer
qualquer crise, qualquer depressão ou dificuldade. Milhões, pela graça, já o
experimentaram. E nós? Vamos fazê-lo também?
3 comentários:
Deus não precisa de dinheiro para nos sustentar! O que Ele quer é um coração amoroso e honestidade! Nem tudo o que parece é a Sua vontade. Já agora: até o apóstolo Paulo passou fome e não consta que fosse infiel nos 10%. . Isto não é um toma lá dá cá! Ele só abençoa a quem dá com alegria e NUNCA POR OBRIGAÇÃO! MUITO MENOS POR NOS INCUTIREM, COM HABEIS PALAVRAS, ESSA OPÇÃO. Palavras, palavras . . .
Concordo com anterior comentário. E acrescento que o " devorador" vem frequentemente de dentro da igreja. E que festa grande lá faz. Até Deus permitir, claro!
Caros leitores anónimos, gostaria de lembrar que o texto acima fala em muito mais do que o dízimo. Fui filho de missionários e sou missionário, médico e pastor. Aprendi a viver com pouco e com muito, aprendi que mais vale ser fiel do que reclamar, mas é preciso levar em conta o artigo como um todo. Assim como é perigoso separar apenas um versículo da Bíblia e tomá-lo como doutrina sem olhar o contexto.
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