QUAL O VALOR DE UMA VIDA? Reflexões sobre a morte de Michael Jackson


Joed Venturini de Souza

Quando morre uma celebridade é sempre a mesma coisa.
Surge uma onda de paixão e os fãs se manifestam ruidosamente.
Os jornais vendem mais falando dos pormenores da vida e morte do astro, mesmo que as "noticias" sejam as mais triviais.
Ouve-se testemunhos sobre a importância da estrela falecida e como o mundo
não será o mesmo sem ela.
Os funerais são eventos com grandes auditórios, uma espécie de último show.
Depois o assunto vai morrendo até que se completem aniversários da partida.

Com Michael Jackson, devido ao escopo mundial de sua fama, o barulho tem sido maior
que o habitual. Criança prodígio, ele sofreu o que todas as crianças artistas sofrem.
Na infância, foi obrigado a trabalhar como se fosse um adulto. Na idade adulta não conseguia evitar o desejo irreprimível de brincar. Michael despertou paixão com sua música ritmada, seu estilo mágico de dançar e clipes musicais caríssimos. Nas pessoas que o conheciam de perto porém, ele despertou um misto de repulsa e pena. Sentimentos pouco dignos para uma estrela mundial à volta de quem as cifras sempre rondavam os milhões.

Nosso objetivo não é discutir seu legado musical. Muitos o têm feito. Eu era adolescente quando do lançamento de Thriller e sei o efeito que esse álbum teve (naquele tempo era de vinil). Minha preocupação é pensar biblicamente no valor de vidas como a de Michael Jackson, Princesa Diana ou Ayrton Senna. Qual o valor dessas vidas?
Biblicamente creio que podemos avaliar a partir de três textos bem conhecidos:

1) Em Mateus 16: 25 e 26 Jesus disse: "Quem quiser salvar a sua vida
perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa achá-la-á. Pois, que aproveita o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?".

MJ foi alguém que tentou salvar sua vida de muitas maneiras. Até para dormir usava uma câmara especial para não envelhecer. Submeteu-se a tantas cirurgias que ficou desfigurado na tentativa de se manter com aparência jovem e deixar de ter a cor própria de sua raça . Interessante que milhões o idolatram pelo que ele, supostamente, fez pelo avanço da valorização dos afro-americanos, mas ele gastou uma fortuna para deixar de parecer negro.

Se alguém ganhou o mundo podemos dizer que esse alguém foi MJ. Fez uma fortuna que é difícil de calcular, detêm o Record do disco mais vendido de todos os tempos, é idolatrado desde as Américas ao extremo oriente, foi sempre perseguido por uma legião de fãs e viveu uma vida de aparente glamour e luxo só fazendo o que lhe apetecia.

No entanto, fica difícil achar alguém a quem as palavras de Jesus se apliquem com mais autoridade. Tentou salvar a vida e prolongar a juventude e morreu novo. Ganhou o mundo de muitas maneiras, mas perdeu a alma. Tinha tudo aos olhos de alguns, mas vivia rodeado por aproveitadores, sem amor, sem amizades genuínas, sem a noção clara de quem era e para onde ia. Vida sem grande valor, por esse critério.



2) Jesus definiu o valor da vida pelo cumprimento da lei que se resumia em "Amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento e ao próximo como a si mesmo" (Mateus 22: 37 a 40).

Do amor a Deus falaremos ainda no último ponto. Do amor ao próximo, MJ era tão carente quanto do amor a si mesmo. Muitos se levantarão para falar das doações que ele fez a fundos beneficentes ou campanhas para ajudar causas nobres. O mesmo se diz da princesa Diana e de outras estrelas. Na verdade, esse tipo de "amor" passa longe daquele que Jesus falava.
Esse tipo de caridade poderia ser mais bem descrita pela expressão "Filantropia Telescópica" cunhada por Charles Dickens em seu romance Bleak House.

Nessa obra, Dickens cria um personagem, Mrs Jellyby, que se dedica totalmente a um projeto na distante África. Mrs Jellyby nada conhece das pessoas que supostamente ajuda, nunca foi até elas, não gastou nem um dia em seu ambiente e não faz idéia de como as verbas serão gastas. Sua filantropia é telescópica e a satisfaz plenamente.

O amor que Jesus descreve, e do qual ele foi o expoente máximo, exige encarnação.
Encarnação tem a ver com familiaridade, com partilha, com conhecimento íntimo e resulta no serviço mais valioso exatamente por ser encarnado. MJ e uma hoste de celebridades que enchem tablóides não conhecem o que seja amor ao próximo. Sua caridade é distante, envolta num manto de superioridade e feita para chamar a atenção. Do ponto de vista bíblico, trata-se de um gesto sem valor real.

3) Quando Jesus estava já à sombra da cruz e as palavras contavam como gotas de ouro, afirmou categoricamente "a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste" (João 17:3).

Michael Jackson não conheceu o Deus verdadeiro. Veio até de um meio em que o evangelho poderia ser citado e certamente Jesus não lhe era um desconhecido. Mas ele não conheceu a verdade de Deus, não conheceu a salvação em Jesus, não viveu a vida plena do Espírito.
Não se trata de uma afirmação preconceituosa ou superior. É o veredito da palavra. Independente de alguma forma de religiosidade que MJ possa ter tido, ele não conheceu a vida com Deus.

O problema maior do homem é o pecado. Essa é a mensagem da Bíblia. O pecado afasta o homem do propósito principal de sua vida que é glorificar a Deus. Se o homem não vence o pecado, nunca chega a experimentar a vida em sua plenitude. Pelas palavras de Jesus, o valor de uma vida está em conhecer a Deus e ao Salvador e em viver para sua glória. MJ se tornou uma estrela da musica pop e é idolatrado por milhões, mas sua vida não deu glória a Deus, foi egoísta e sem sentido, cheia mesmo de aberrações e sofrimento. Seu valor pelos parâmetros bíblicos é bem pequeno.

Esta reflexão não tem por alvo diminuir a importância de Michael Jackson diante de seus fãs, até porque isso seria uma tolice. Também não temos o intuito de desvalorizar suas realizações na área musical, pois foram significativas e mesmo impressionantes. Nosso propósito foi mostrar que, do ponto de vista bíblico e cristão, a vida de MJ foi um grande desperdício de talento e vigor.

MJ não contribuiu para o avanço da humanidade ou para o conhecimento de Deus. Foi uma vida cheia de contradições, sem rumo, repleta de desperdícios enormes e marcada por confusão.
O menor no reino de Deus vale bem mais aos olhos do Senhor. Lamentamos a morte de MJ e o fato de não ter conhecido o Senhor, mas valorizemos aqueles que são realmente jóias para a vida e para a humanidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

O tratamento da mídia nesses eventos é sempre o mesmo. Parece que Michael Jackson vale mais morto do que vivo. Está entre os “trends” que lideram na Internet no momento e suas músicas nunca venderam tanto num espaço tão curto de tempo. Um fã até chegou a dizer: Michael Jackson = Jesus Christ. O pai de MJ aproveita a entrevista coletiva para fazer propaganda da gravadora que ele vai lançar. Com uma família como essa, não era de se admirar que agora eles fossem aproveitar a oportunidade de ganho - o que sempre fizeram gerenciando a carreira dos filhos. É claro que isso é apenas uma pequena amostra do quanto as pessoas não tem mais a noção exata da realidade. Valorizam mais a criatura do que o Criador, e com isso idolatram e roteirizam qualidades de uma vida conturbada e personalidade destrutiva, como se isso fosse a natureza do gênio. É bem verdade que este é um padrão já conhecido - Marilyn Monroe, Elvis Presley, Janis Joplin, Bob Marley e agora Michael Jackson. Muitos ainda esperam a honra de se juntar a esta galeria....

Anônimo disse...

A morte de um famoso nos faz enxergar a futilidade de tantos que se espelham nos Pop Stars e imitam seu modo de vida, esperando encontrar a felicidade. São poucos que enxergam a desesperança de viver entre calmantes e estimulantes.
Ida Venturini

Anônimo disse...

É uma pensa, pastor Joed, que pessoas como MJ, que tive oportunidade de conhecer o Evangelho, tenha seguido um caminho completamente diferente daquele que Deus estabeleceu para todo aquele que O tem como Senhor e Galarduado de sua vida. MJ certamente teve a oportunidade de conhecer a verdade, mas optou por viver distante dos proósitos de Deus. Fátima Pimentel

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